Mesmo se não der certo escrita por prr


Capítulo 4
4 – O treino de futebol




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Na segunda-feira depois do aniversário de Pedro, depois de dois meses sem jogar futebol, Denis foi finalmente liberado. Seus colegas de time estavam muito empolgados com sua volta, pois dali há uma semana teriam mais um jogo, e vencendo este, participariam das quartas de final do campeonato. E depois, dependendo do resultado, iriam ou não para a semifinal.

— Galera, vamos dar as boas-vindas ao nosso goleiro, que depois de dois meses volta ao seu posto. – Pedro, o capitão do Arsenal falava com a mesma empolgação dos outros colegas que estavam ao seu redor.

— DENIS! – Os garotos gritaram o nome de Denis e aplaudiram sua volta.

O professor de educação física, mandou os meninos para o meio do campo para alongamento e depois Pedro deu alguns recados ao time e deu breves instruções sobre a formação do time em campo.

Os garotos estavam em perfeita forma, correndo a toda velocidade no campo, desviando de obstáculos, tomando e passando a bola para os colegas. O problema mesmo veio quando foi a vez de treinarem chutes ao gol. Não que os garotos estivessem com problemas para chutar a bola em direção ao gol. Pelo contrário, eles estavam fazendo gols. Contudo, gols demais. Denis não conseguia defender praticamente nada. Denis não chegava rápido o suficiente para impedir a bola de entrar.

— Denis, se defende a bola agora. – Um dos garotos falou, quando se preparava para chutar um pênalti. E mais uma vez, Denis não conseguiu defender.

— Cara, enferrujou nesses dois meses que ficou de molho. Desse jeito até seu irmão consegue ser goleiro. – Bruno falou aos risos. Todos sabiam que Leonardo, irmão de Denis era uma negação no futebol, ou em qualquer outro esporte.

Denis correu em direção à Bruno e quando estava pronto para dar um empurrão nele, dois outros garotos que estavam perto seguraram ele.

— Ow! Para ai vocês dois. – Falou outro garoto do time.

— O que acontecendo? – Pedro percebeu a discussão dos garotos e foi controlar a situação. Denis começou a reclamar de Bruno, que repetia o que tinha falado. Os dois garotos começaram a discutir novamente. Pedro estava ficando vermelho de raiva. – Bruno, será que dá pra ser mais amigável com seus colegas de time? Ficar criticando toda hora não dá cara!

— Ok chefinho. – Bruno movimentou os braços em sinal de reverência à Pedro. – Agora vai lá consolar seu amiguinho.

— E o Bruno tem razão. – Pedro ignorou o comentário de Bruno e se virou para o amigo. – Denis, você ficou dois meses sem jogar, é normal ficar meio enferrujado. Só treinar mais e estressar menos.

— Eu não fiquei dois meses sem jogar porque eu quis! – Denis deixou o campo e foi embora batendo os pés, irritado.

Seguindo o exemplo de Denis, Bruno também deixou o campo. Os outros garotos do time e Pedro ficaram e treinaram mais, apesar de ninguém estar prestando muita atenção ao que estava fazendo.

No caminho de volta para casa, Pedro encontrou com Leonardo, irmão de Denis, que perguntou pelo irmão. Pedro então contou do último acesso de raiva do amigo e de como ele estava ruim para defender as bolas, como se não tivesse vendo a bola direito.

— O Denis tem andado meio estressado nos últimos meses. – Leonardo falou, pensativo. – Você tem observado isso? Meus pais acham que é normal a mudança de humor dele, porque é adolescente e tal. Bom, eu não passei por isso, mas eu sou diferente dele. Então, o que acha?

— Sabe, agora que você falou, o Denis tem estressado por conta de tudo ultimamente. Te contei já da brincadeira que ele fez no meu aniversário?

— Ouvi meu pai comentando com minha mãe.

— Pois então, só falar nisso pro Denis ficar vermelho de raiva. Parece até que ele pegou a pizza de chocolate pensando de verdade que era de atum. – Pedro ficou pensativo. – E também durante as aulas, ele parece mais desatento que antes e as notas dele com certeza vão cair.

Os garotos foram conversando até chegar em suas casas. Pedro contou à Leonardo outros episódios de estresse de Denis, que incluíam quebrar o lápis no meio da aula porque não estava copiando errado ou se perder no meio de uma conversa olhando para outro lugar sem piscar e brigar com a outra pessoa por causa disso.

Mais tarde, estando Denis em seu quarto com a porta fechada jogando no computador, Leonardo chamou os pais para conversar sobre o irmão. Ele tinha pesquisado algumas coisas e tinha uma boa ideia do que podia estar acontecendo.

— Precisamos conversar sobre o Denis. – Leonardo estava sentado em uma poltrona, ao lado do sofá que os pais ocupavam. Ele olhou sério para os dois e expôs suas observações.

— Olha Léo, eu sei que você se preocupa com seu irmão, mas é normal essa alteração no humor. Ele está crescendo. – A mãe tinha um olhar carinhoso sob o filho mais velho e um pequeno sorriso em seus lábios.

— E se não for? – Leonardo olhou para os pais, tentando convencê-los. – E eu acho que não é.

— Léo, como sua mãe disse, é normal. – O pai se levantou, dando por encerrado o assunto. – Não se preocupe com seu irmão. Você tem outras preocupações, como escolher o que vai fazer na faculdade.

— Mãe, por favor. – Leonardo olhou pra a mãe, implorando que continuasse ouvindo. – Acho que o Denis com algum problema de vista ou outra coisa. Mas que ele tem alguma coisa, ele tem. O Pedro me contou umas coisas e eu tenho observado também.

— Bom, se seu irmão estivesse com problema de vista, certamente ele pediria para ir ao médico, não acha? – O pai retornou à sala com uma garrafinha de cerveja na mão. – Você se queixou de dores de cabeça e que era difícil ler palavras pequenas quando era bem novinho.

— Eu acho que o Denis não ia falar. Não se ele tiver que usar óculos. Ele sempre fez piada comigo porque eu uso óculos, porque sou quatro olhos. E com os colegas dele que usam óculos também. E além disso, isso vai atrapalhar ele a jogar futebol. O Denis tem o olho sensível até pra pingar colírio, imagina colocar uma lente? E depois, correr o risco de levar uma bolada na cara não é bom nem com lente e nem com óculos.

— Vamos marcar um oftalmologista para o Denis e um check-up médico completo pra ele. Você vai ver que são apenas os hormônios. – A mãe sorriu. – Mas pare de se preocupar assim com seu irmão. Você tem que se decidir seu futuro profissional em breve e deve se preocupar apenas com o vestibular.


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