Mesmo se não der certo escrita por prr


Capítulo 24
24 – O pai




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Denis estava em silêncio. Léo fazia um ou outro comentário. Sabrina parecia preocupada, tanto por não ter encontrado o pai, quanto pela situação entre os dois irmãos. Pedro tentava animar os amigos, fazendo graça e tagarelando, mas mesmo ele parecia desanimar.

Leonardo decidiu que iriam para um hotel. Estavam todos cansados e o melhor era passarem a noite em um lugar mais tranquilo. Sabrina preferia ir para a rodoviária, porque não tinha dinheiro para pagar um hotel e Leonardo já estava ajudando ela com as passagens, mas acabou indo, para não deixar Leonardo mais tenso e nervoso. No caminho para o hotel, pararam em uma lanchonete para comer alguma coisa. Já no hotel, Sabrina ficou em um quarto, enquanto os garotos ficaram em outro quarto no mesmo corredor.

Denis deitou na cama e colocou seus fones de ouvido. Leonardo desceu até o hall do hotel e Sabrina o acompanhou.

— Desculpa por ter que ir embora. – Leonardo falou sem graça para Sabrina. – Mas assim que deixar os garotos em casa, posso voltar a te ajudar com seu pai.

— Sabe Léo, acho que não vou continuar procurando por ele. Não indo de cidade em cidade. Além de não ter dinheiro para isso, é muito desgastante. A cada um que visito é uma chance de encontrá-lo, mas ao ir embora é apenas mais um riscado na lista. – Sabrina tinha o olhar triste. – Vou continuar procurando por ele através da internet, e um dia, quem sabe, posso encontrá-lo.

— Vai voltar pra casa? – Leonardo perguntou sem saber o que dizer. Ele queria incentivar Sabrina a continuar a busca, dizer que iria ajudar, que ele tinha prometido. Mas naquele momento, sabia que era impossível encontrar o pai de Sabrina, da mesma forma que sabia que era impossível fazer com que Denis fosse feliz e aceitasse sua nova condição.

— Se me aceitarem de volta. E se não aceitarem, ai eu dou um jeito. – Sabrina parecia desanimada em voltar para casa, porque sabia que quando voltasse, se a aceitassem em casa de novo, seus avôs e tios nunca parariam de falar o quanto ela foi ingrata à mãe por ter ido atrás do pai.

— Entendo. – Leonardo disse, desanimado. – Bom, se precisar, podemos ajudar.

— Eu sei que sim. – Sabrina sorriu.

Os dois ficaram sentados de mãos dadas e em silêncio. Ambos tinham um olhar triste e a mente perdida em pensamentos.

— As coisas ficam meio difíceis às vezes, mas uma pessoa me disse que sempre que algo ruim nos acontece, algo bom e maior vem para nos dar forças para seguir em frente. – Sabrina sorriu e beijou Leonardo, que depois retribuiu o sorriso e depois foram para seus quartos.

Os telefones dos garotos tocavam, mas ninguém queria atender. Não queriam conversar com os pais ainda. Leonardo sentia que se começasse a falar com a mãe, começaria a chorar e ela logo perceberia que algo havia dado errado. Não aguentando o silêncio dos colegas de quarto e as caras emburradas e entristecidas dos dois, Pedro desceu até o hall do hotel e ficou jogando no celular por um tempo, até resolver atender a ligação do pai.

— Onde vocês estão? – O pai de Pedro perguntou, preocupado. – Tentei ligar mais cedo e você não atende. E os pais do Léo e do Denis também não conseguiram falar com eles.

— Estamos no hotel. Vamos embora amanhã cedo. – Pedro falou com certa irritação na voz.

— Mas vocês tem alguns dias ainda. O que aconteceu, Pedro? – O pai falou, já imaginando o que poderia ter acontecido.

— Nada. – Pedro falou, tentando parecer indiferente. – Nada aconteceu. Só estamos cansados.

— Alguma coisa aconteceu. Vocês não viriam mais cedo por estarem cansados, porque nunca estão cansados demais para viajar sozinhos. O que aconteceu, Pedro? – O pai falou mais firme dessa vez. Sempre que ele perguntava ao filho o que aconteceu, sabia que o garoto tinha aprontado alguma e Pedro sabia que era melhor contar ao pai, antes que ele descobrisse, mas ainda assim, tentou não contar.

— O Denis e o Leonardo estão meio brigados. Mas está tudo bem. – Pedro falou na voz de quem não tem culpa na história.

— É melhor não mentir, Pedro. Por que brigaram?

— Coisa boba, pai. Já estão bem, mas resolvemos voltar porque estamos cansados.

— Meu filho, você sabe como a situação do Denis é delicada. A mãe dele está desorientada com essa viagem de vocês. Se acontecer alguma coisa com ele, é melhor que você tenha feito o que podia para impedir. Então comece logo a contar o que aconteceu, ou dou um jeito de ir buscar os três, agora.

— A gente tinha saído da casa de um cara, que podia ser o pai Sabrina, mas não era. E ai ligamos pro táxi e não atendeu, então íamos andando pra rodoviária. Eu e o Denis estávamos brincando e tal, e demos um susto no Leonardo e na Sabrina. O Leonardo ficou bravo e o Denis saiu andando estressado. Veio um carro e quase atropelou os dois. Ai discutiram mais e agora estão sem conversar um com o outro. – Pedro falou disparado.

— Quem é Sabrina? – O pai perguntou confuso, porque em momento algum os garotos contaram sobre a nova companhia de viagem.

— É uma menina que foi colega do Leonardo quando mudaram de cidade. Agora acho que estão meio que namorando. Encontramos ela na rodoviária, e ela estava procurando o pai dela, ai resolvemos ajudar, porque não estávamos fazendo muita coisa mesmo. A Sandra, mãe dela só contou o nome do pai dela quando estava quase morrendo, porque nem a mãe dela conhecia ele direito, já que uns dias depois que se conheceram ele foi pro exterior atrás da ex-namorada. Mas como ficou sozinha e a família dela não gosta muito dela, a Sabrina está procurando esse tal de Marcos Lima e a gente ajudando, mas não achamos o cara ainda.

— Vai com calma ai Pedro. – Pedro falava tão rápido que o pai não estava entendendo muito bem a história que ele contava. – Como é o nome do pai da garota?

— Marcos Lima. Mas isso não importa mais, porque não vamos mais ajudar, já que vamos voltar pra casa. A viagem tava legal, o Denis ficou feliz, a gente se divertiu muito...

— Pedro, me conte a história da Sabrina direito. Sobre o pai dela e a mãe.

Mesmo sem entender porque o pai queria saber sobre a história de Sabrina e muito menos porque a voz do pai parecia tão séria e preocupada, Pedro contou tudo o que Sabrina tinha contado, com mais calma dessa vez. Quando terminou, o pai ficou em silêncio por alguns instantes.

— Eu sou o Marcos Lima.

— Não pai, seu nome é Marcos Oliveira. A gente nem tem parente com sobrenome Lima.

— Eu não falei meu sobrenome verdadeiro para a Sandra. Eu sou o pai da garota. – Pedro se calou, não sabia se ficava feliz por descobrir que tem uma irmã, ou triste por saber que o pai tinha abandonado uma filha.

— Mas então, por que nunca falou dela? Por que nunca foi atrás dela?

— Eu não sabia. Desculpa, filho, mas eu não sabia. – Ele chorava. – Sua mãe tinha ido pro exterior e eu não queria que ela fosse. Ficamos cerca de um mês separados. Eu queria esquecer que ela existia, mas...

— Foi pro exterior atrás dela e não deixou nenhuma informação verdadeira para a mulher com quem tentou esquecê-la. É bom saber que não abandonou sua própria filha. – Pedro falou mais feliz e ansioso por ir contar à Sabrina que ela era sua irmã. – E agora, pai? Como vai ser?

— Eu serei o pai que deveria ter sido.

Pedro desligou o telefone e foi correndo para o quarto de Sabrina. Bateu na porta com tanta força e continuamente, que quando Sabrina saiu, Leonardo e Denis acabavam de sair do quarto deles também.

— Nós somos irmãos! – Pedro anunciou para Sabrina. – Seu pai é o meu pai.


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