Domme escrita por Carmen


Capítulo 7
Capítulo 7 - Strangeness and Charm


Notas iniciais do capítulo

[olás!]
[and our particles that burn it all, because they aim for each other and although we stick together it seems that we are stranging one another]



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E eu me arrependo. No instante em que as palavras saem da minha boca, eu só sinto a necessidade absurda de virar de uma vez toda a taça de vinho branco a minha frente e sorrir para o garçom que chega com as sobremesas.

Existem amores, que parecem maiores que outros - mais complexos ou até aqueles mais difíceis de desapegar, mas há uma razão
para que não aconteçam. Não podemos escolher quem amamos, mas podemos escolher como amá-los.

De certa forma, minha única real vontade é levantar e prometer a mim mesma que ficaria longe dela, que nesse instante encara minhas mãos sobre a mesa sem dizer nada desde o instante em que aleguei a sua incapacidade de ir buscar a verdade sobre o fim do nosso breve romance, mas devolvo o olhar para suas mãos, sem pronunciar nada, nenhuma das milhões de palavras que vêm em minha mente nesse instante.

E reparo que, estranhamente, Alex possui um anel no dedo anelar da mão direita. Parecido com o anel que ganhei de Larry em meu décimo sétimo aniversário, dias antes do adorável convite para que me retirasse da casa fornecido por Carol a mim.

— Alex, você está noiva? – eu perguntei, com as sobrancelhas arqueadas, eu realmente estava curiosa. E obviamente com ciúmes – o que era ridículo. Porém parece que eu não estava farta ainda de passar por ridícula no dia de hoje.

— Isso interessa a você? Aposto que adoraria que eu dissesse que sim, não é? – Alex disse sorrindo pela primeira vez. Os lábios finos rosados quando dão a chance para o lindo sorriso aberto e malicioso sorriso de Alex me faz perder por segundos a noção de que devo a odiar.

— Não estou entendendo onde você gostaria de chegar com essa conversa, eu só fiz uma pergunta. – eu disse, revirando os olhos. – E esperava uma resposta objetiva. E não outra pergunta. - Ergo a mão na altura da boca, sinalizando a qualquer um que seja capaz de me dar a conta.

— Caso eu diga que sim, Pipes, você terá, realmente, um motivo para se afastar de mim. – Alex me respondeu, pegando em minhas mãos.

— Então, pra você, eu preciso de um motivo como você estar noiva pra te querer fora da minha vida. Minha vontade simplesmente não conta? – eu finalmente pergunto de volta, quando a fúria parecia abandonar-me e simplesmente sinto o choque entre a minha temperatura e a temperatura dela. Meu tom fora ameno e encarávamos nossas mãos em cima da mesa. A alta temperatura característica que emana das minhas mãos forneceu a sua mão gélida o calor necessário para equilibrarem-se.

— É o que mais importa. E por isso, estamos aqui. – ela disse sorrindo e adorando o efeito que causava em mim – Por isso, você ainda está aqui. – E é quando o garçom retorna com a pequena carteira de couro, eu desfaço-me das tuas mãos pegando a conta. E ela a toma das minhas mãos.

— Eu sempre detestei a sua prepotência. – eu disse, por fim, levantando e pegando minha bolsa. Acabo de perceber que meu tom não é mais tão arrisco. Todos os anos em que passei longe e sem me envolver verdadeiramente com alguém parecem se tornar nada, quando sou exposta a Vause. E incontáveis foram as minhas tentativas de não ser apenas quem sou perto dela, e sim alguém forte que sabe lidar com suas mudanças de humor e provocações com a frieza necessária para não sair machucada.

Eu me levanto com a intenção de apenas sair do mesmo espaço que ela, e por algum vacilo meu, ela, ao entender minha ânsia por afastar-me da sua companhia, segura minha mão e quando me viro, nossos corpos se chocam. Alex está perto demais. Sua mão já surge em meu rosto, seus dedos passam pelos meus lábios vagarosamente e ela se aproxima ainda mais de mim.

Hálitos se cruzam enquanto os carros passam, pessoas passam, mas o mundo parece não girar mais por aquele instante. O clima em que nossos beijos acontecem nunca é de romance. É medo, ânsia, sede, ódio... Nunca simplesmente “nós”. Nossos lábios são selados num beijo, calmo e angustiante, simplesmente saudoso, e ela sussurra enquanto nossos lábios se tocam.

— Eu nunca me perdoarei por ter te perdido.

E a única frase que consigo pensar como resposta é “Eu nunca te perdoarei por te me deixado!”.

Eu entrei no primeiro táxi que apareceu, eu precisava ficar sozinha e não na sombra do mausoléu que era a casa de Celeste e pedi que me levasse para o MET. A escadaria do museu era um dos lugares que mais gostava em NY, mesmo sendo apenas escadas. Eu ficava horas apenas observando todos, me deixando levar minha mente que insistia em pensar e pensar. E lá estava eu, de novo, apenas pensando.

Odiando-me por ter me deixado levar mais uma vez, me sentindo péssima por confirmar que ainda a amava, e pior, por ter traído Stella. Eu ainda a namorava. Ou tinha algo com ela, e tinha me esquecido disso desde o instante em que Alex e ela se beijaram. E ainda tinha isso pra lidar... Quando o sol começou a se despedir, eu já tinha andando até em casa. Os saltos machucavam-me agora e tirei-os na porta de casa.

A minha vinda pra Manhattan foi planejada apenas pelas propostas de emprego que me foram oferecidas, graças ao meu trabalho árduo com as coleções do meu pai, um antigo apreciador de arte, que somado a meu currículo, me garantiram uma vaga no MoMa 3 vezes por semana, e no MET às terças e quintas.

Quando abri a porta, vi Nichols no chão da minha sala.

— Nicky? – eu tentei acordá-la. - Nicky... – falei outra vez. – Nichols! – chamei outra vê, sem resposta, ajoelhando-me ao seu lado, senti a preocupação dominar-me. – NICHOLS, ACORDA! – eu gritei e mesmo assim, ela sequer se movia, e a sacudia devagar. - Nicky, por favor, volta. Eu juro que danço toda a coreografia de Jingle Bell Rock se você acordar! – eu digo sacudindo-a rapidamente, movida pelo desespero.

— Como em Means Girls? – ela levantou, me assustando.

— NICKY! EU ACHEI QUE VOCÊ ESTAVA MORTA! Eu te odeio. – eu disse levantando, com as mãos no rosto, indignada. O humor

— Pequena Chapman, não vou te deixar tão cedo... – ela disse, pedindo ajuda para levantar e eu ofereci. - Eu só caí e como ouvi o barulho dos teus saltos, achei que ia gostar de uma gracinha pra adoçar seu dia! – ela disse, rindo largamente, e passando as mãos sobre a calça social cinza.

— Eu realmente espero que não, mas com você fugindo da Alex e deixando-me para os leões, fica meio difícil acreditar! – eu respondi encarando-a, lembrando-a sobre o acontecido no restaurante. – O destino parece encarregar-se de dificultar minha vida, não sei qual o problema comigo!

— Stella passou aqui, falei que você tinha ordens pra ela tirar as coisas dela de casa, e ela quase chorou – Nicky dizia enquanto gargalhava e me entregou um envelope preto. - Parece que teremos mais uma festa pra ir.

— E eu sequer me recuperei da última. – eu disse, jogando-me no sofá.

— Mas é numa quinta, então deve ser um coquetel só. O projeto de Justin Bieber disse que é bom pros negócios e que estava ansiosa pra te ver. – ela disse fazendo uma expressão de nojo e eu ri. – E o almoço?

— Tudo o que tenho pra dizer é: “Na vida, como na arte, alguns finais são agridoces. Especialmente quando se trata de amor. E, como eles dizem, tempo é tudo. Parece que essa história terá um segundo ato. Esperamos que não seja uma tragédia.” – eu respondo-a levantando.

Gossip Girl? – ela me pergunta voltando com duas barras de chocolate nas mãos.

Gossip Girl! – respondo rindo e subindo as escadas.


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Notas finais do capítulo

[feel it on me love, see it on me love]
[tchauzinho!]



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