Peter e Amelie se separaram. Foi uma separação amigável. Peter deixou a casa com tudo dentro, só levando seus pertences pessoais e algumas coisas que eram lembranças de seus pais. Deixou também a guarda de Tommy, pois o garoto se recusou a deixar a mãe. Levou consigo alguns dos empregados, pois esses faziam questão de ir embora com o patrão. Quanto à empresa, Amelie não tinha nenhum direito, pois Peter comprara as ações do sogro que achou melhor que estivesse nas mãos do genro do que nos da filha. Tommy teria direito quando alcançasse a idade de 25 anos.

Amelie casara-se novamente. Desta vez com um médico cirurgião, mas não durou muito, pois o homem fora transferido para outro estado e Amelie não quis acompanhá-lo por causa de Tommy. Com o tempo acabaram se divorciando. Nesse meio-tempo, Amelie teve vários relacionamentos conturbados, ia bem no começo, mas logo desmoronava, tudo por culpa dela mesma. Num desses relacionamentos, Amelie engravidou dando à luz a uma menina que chamou de Silvia. Tommy foi crescendo num ambiente instável, viu homens vindo e indo, mas nenhum lhe dava atenção. A mãe sempre o deixava de lado dando agora atenção à filha. Ele se viu sozinho e desamparado. Quando completou 16 anos resolveu sair de casa e foi morar com o pai. Lá ele conheceu a nova esposa do pai e dois irmãos. Encontrou um ambiente totalmente diferente, cheio de amor e harmonia, tão diferente de quando era criança. Isso o deixou um tanto invejoso. Mas o pai deixou bem claro as regras da casa. Ele engoliu tudo isso só pra não ter que voltar pra casa da mãe.

Peter conheceu Sally num evento beneficente em que alguns empresários de grandes empresas patrocinaram. Era para arrecadar fundos para ajuda humanitária. Sally era voluntária. Peter se prontificou a ajudar, ele estava interessado naquela moça cheia de vida e vontade de ajudar. Eles passaram a se encontrar com frequência, Peter descobriu que Sally era escritora, mas que de vez em quando estava em algum lugar trabalhando como voluntária. Convidou-a pra sair várias vezes e assim passaram a se conhecer melhor. Apaixonaram-se e casaram. Tiveram dois filhos: Perseu ou Percy, cujo nome ela tirou de suas histórias relacionadas à mitologia grega e Tyson que foi escolhido pelo pai. A família aumentou com a chegada do filho mais velho de Peter, Tommy.

Tommy tentou se adaptar àquele novo ambiente, mas o fato de ter tudo de mão beijada dificultou as coisas. Na casa de seu pai, todos se ajudavam. Percy, por exemplo, ajudava a cuidar de Tyson enquanto a mãe estava dando atenção às tarefas domésticas. Embora houvesse empregados, Sally gostava de ela mesma fazer as coisas, pois lhe dava a sensação de trabalho realizado. Ela ensinou os filhos a serem alto-suficientes, assim eles nãos ficariam dependentes de outros. Quando o pai chegava, todos o recebiam com alegria, o que era retribuído pelo mesmo. Tommy ficava um pouco sem graça, não sabia como agir, pois esse tipo de atitude não era do seu feitio. O jantar era sempre descontraído, cada um contava como tinha sido seu dia.

Peter deu tarefas para cada um dos filhos. Tommy, por ser o mais velho, tomava conta da casa e dos irmãos quando ele e a esposa estavam ausentes. Percy tomava conta de Tyson, ajudava o irmão nas tarefas escolares, brincava com ele, contava histórias para ele dormir. Os dois eram unha e carne. Tyson era uma criança adorável. Conquistava facilmente as pessoas. Era obediente, nunca dera trabalho aos pais. Tinha como modelo seu irmão, Percy, que para ele era o melhor irmão do mundo. Se dava bem com Tommy, mas não tinha a mesma admiração que dedicava a Percy.

Tommy por sua vez gostava de Tyson. Este era o irmão que sempre quis ter, já não tinha a mesma afeição por Percy. Ele morria de inveja deste, pois Percy é tudo que ele sempre quis ser. Amado, admirado e popular. Na escola, Percy era popular principalmente entre as garotas. Elas enchiam as arquibancadas da piscina da escola só para vê-lo treinar. Davam gritinhos quando ele saía todo molhado e pingando. Suspiravam ao vê-lo só de sunga. Tudo isso Tommy invejava, queria essa atenção para si. Por isso passou a hostilizar o irmão.

Depois que o pai o mandou embora de casa por conta da desobediência, ele passou a perseguir o irmão. Acusando-o de tê-lo dedurado ao pai, quando na verdade foi Tyson quem acabou entregando-o. Daí em diante, Tommy seguia Percy aonde quer que ele fosse. Ele soube que o irmão iria para o acampamento e resolveu ir atrás. Desta vez iria dar uma lição nele. E foi o que fez. Ele viu quando Percy entrou na floresta e o seguiu. Percy parecia desesperado procurando alguém.

— OLÁ. APAREÇA!                    

— ISSO NÃO TEM GRAÇA, PÂMELA. APAREÇA!

Quando ele viu que o irmão ia voltar resolveu agir. Deu um soco violento no queixo de Percy que acabou desmaiando. Levou o irmão até uma caverna que descobrira assim que chegou. E lá amarrou-o esperando ele acordar.

Depois que Percy acorda, Tommy se posiciona à sua frente.

— Você? – diz Percy arregalando os olhos.

— Olá.... irmão – diz Tommy com um sorriso sádico.

 Os dois discutem e Tommy agride Percy, dando-lhe chutes nas costelas e no peito deixando-o desmaiado. Quando vê que o irmão não se mexe mais, bateu umas fotos e foge. Ele pega sua tralha e vai embora do acampamento sem ser visto. Entra num carro que o estava espertando. Assim que entra o carro sai em disparada.

— E então? Deu uma lição no irmãozinho? – pergunta o motorista.

— Sim. Dei àquele moleque o que merecia. Espero que nunca mais acorde – disse com um sorriso maligno.

— Uau, você chegou a esse ponto? – perguntou o outro que estava no banco de trás.

— Vejam vocês mesmos – ele mostra a foto de Percy machucado – Isso vai fazê-lo pensar duas vezes antes de se meter comigo – disse convencido.

— YEAH!! – disseram todos juntos.

O carro ia disparado pela estrada. Tommy fez amizade com alguns playboys do colégio. Um bando de riquinhos encrenqueiros, eles eram o terror dos novatos. Quando Tommy viu que eram temidos por quase todo o colégio, resolveu que queria fazer parte do grupo. Mas para isso teria que provar do que era capaz. Uma espécie de iniciação. Ele teve a ideia de usar o irmão para sua entrada. Disse aos rapazes o que ia fazer.

— Tem certeza? É o seu irmão – argumenta Robert, o líder.

— Meio-irmão. E eu não tenho nenhuma afeição por ele. Por culpa dele eu fui expulso de casa e eu quero muito me vingar.

— Ok – disse o líder. – E como pretende fazer isso?

— Eu soube que ele vai a um acampamento em Long Island. Será a oportunidade de pegá-lo. Afinal, ele vai estar longe da mãezinha.

— Você é mau, cara – diz o outro.

Tommy dá um sorriso maligno.

E assim eles viajaram até o acampamento. Tommy entrou sozinho como se fosse um dos alunos. Escolheu um local para se esconder, achou uma caverna não muito longe dos alojamentos. Lugar perfeito para fazer o que planejara. Agora tinha que saber como atrair Percy até lá. A oportunidade surgiu quando o irmão entrou sozinho na floresta. Ele imediatamente agiu e levou-o até a caverna. Lá fez o que fez e foi embora.

Desde então Tommy passou a fazer parte do grupo.