A Felicidade é Logo Ali... escrita por Safira


Capítulo 15
015. A Calmaria e a Tempestade.


Notas iniciais do capítulo

Hey meus candys.
Quero agradecer a todos que esãoa companhando a fanfic e especialmente a todos que comentam e tornam meus dias magníficos (você sabe que estou falando de você haha)
Bom... Este é um cap maior que o habitual. Então... Boa leitura e não se esqueçam de ler as notas finais.
XoXo



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Estava chovendo, cada gota de água que batia contra o para-brisa era rapidamente escoado pelo limpador. Na frende do carro estava seu pai com um sorriso bobo no rosto e olhos achatados na cara fina, do lado estava sua mãe que falava algo, que Tenten jamais pode esquecer mesmo que tentasse, sua mãe estava grávida de sua irmã fazia exatamente sete meses naquele mesmo dia.

Tenten estava preocupada, ela era pequena e não entendia muito as coisas, tinha apenas cinco anos. Sua avó havia se mudado para a cidade vizinha no meio de uma crise de meia idade e eles estavam ajudando-a com a mudança, a mala do carro estava cheia de caixas com as últimas bugigangas dela.

Tenten não queria sentir a falta da avó, tinha medo de nunca mais vê-la.

 Eles já haviam feito aquele trajeto umas vinte vezes naqueles últimos meses.

Os faróis ligados ao máximo iluminavam somente alguns palmos a frente da tarde escura e tempestuosa.

Tenten sabia o que estava por vir, seu corpo ficou tenso ao ver sua mãe sorrir e virar o rosto para ela no banco de trás. Ela sorriu involuntariamente, teve vontade de gritar e tentar mudar algo, mas a voz estava engasgada em sua garganta. Ela começou a dizer algo, mas a mão de Tenten apontou para algo na frente. Os olhos do pai a olharam pelo retrovisor, o carro virou bruscamente.

PÁ.

Ela abriu os olhos.

O suor começando a brotar por sua testa, os olhos perdidos e inseguros e as mãos tremendo. Ela virou a cabeça tentando reconhecer o local, ela estava na sala de aula vazia. As mochilas e cadernos imersos pela inércia indicavam que tudo aquilo não era mais que um sonho, um sonho não, uma lembrança que vez por outra ainda atordoava seus pensamentos.

Um grito abafado ainda estava em sua garanta, não tendo forças para solta-lo ou ele próprio para sair sozinho.

 

— Tenten.

 

Neji a chamou, quanto tempo ele estava ali?

 

— Você está bem?

 

Ela queria perguntar, ela queria falar, mas ela sentia que algo em seu ser não estava nada bem. As lembranças voltaram a sua mente e por um momento ela esqueceu que ele estava ali.

 

~*~

 

Era um dia com o céu totalmente azul, nada de nuvens negras ou coisa do tipo.

Shikamaru gostava daqueles dias, nuvens brancas com formatos diferentes no céu passavam sob sua cabeça. Ele fingia que não via Chouji roubar suas batatas enquanto ele mesmo cutucava o fundo do copo de refrigerante de laranja tentando se distrair.

Fazia um tempo que o Naruto e o Sasuke já tinham saído, ele realmente queria saber quem havia sido o imbecil que enfrentou a Kurenai, mas ele estava cansado, sem nenhum motivo aparente. Olhou o líquido laranja meio borbulhante, Shikamaru queria ver Temari, porém isso havia se transformado em uma coisa impossível nesses dias.

Não pela falta de interesse da loira e sim porque ela tinha um irmão muito carrapato e protetor, revirou os olhos quando viu Shino finalmente dar a primeira mordida no hambúrguer.

Ele já não tinha tantas esperanças assim que ele a veria tão cedo novamente.

Era o mesmo sentimento que ele tinha por sua mãe às vezes, naquelas vezes quando a esperança se esvaziava e escorria por seus dedos em forma líquida, sem nenhuma ação possível para retardar ou bloquear aquele efeito.

Olhar as nuvens se tornou um hábito para renovar sua esperança e suas energias, já que toda energia que ele tinha acumulada era queimada procurando a meleca do amor que a esperança sempre lhe trazia e leva de volta como em um passe de mágica.

A ironia da situação era que Shikamaru não acreditava em mágica.

Sua visão ficou preta, um par de mãos femininas tapou sua visão. Sentiu os pelos de sua nuca se arrepiarem com o contato da boca dela no seu pescoço.

 

— Sério para com isso. Isso não é nada legal. – Ele falou.

 

Ouviu Chouji rir.

 

— Adivinha quem é. – Ele disse no meio dos risos.

— Chouji! Vamos parar com o complô contra mim? – Ele disse indignado.

 

Ele recebeu um beijo estalado na bochecha e uma risada comprometedora.

 

— Sr. Nara, você vai ficar cego até acertar meu nome. – Ela disse.

 

Ele sorriu de canto. Ele sabia quem era.

 

— Se eu acertar, eu posso ver esse seu rosto? Para sempre?

— Olha, para sempre eu não sei, mas hoje e agora, pode sim. – Ela deu uma risadinha.

— Ah. – Ele soltou um gemido fingindo estar decepcionado. – Você passa muito hidratante nas mãos Temari.

— Hey. – Ela tirou as mãos dos olhos dele. – Você espiou, não vale.

— Espiei meleca nenhuma. Você que passa mil camadas de creme nessas mãos aí.

— Eu não passo hidratante. – Ela sentou do seu lado. – Você que passa.

 

Ele curvou o canto de sua boca em um sorriso, pegou a mão dela e cheirou dando um leve beijo lá.

 

— A Ino conseguiu?

— Eu estou aqui, não estou? A gente deve uma para ela.

— Nem me lembre disso, toda vez que ela precisar de um favor ela vai me pedir. – Ele falou cansado só de pensar.

— E você vai aceitar. – Ele a olhou incrédulo. – Primeiro porque você é amigo dela e segundo porque ela é a responsável por nossa amizade continuar. – Ela o olhou e completou como se quase tivesse esquecido. – E terceiro porque ela é uma grande amiga.

 

Realmente, ele devia muitos favores para Ino, mas não porque ela estava a todo custo tentando ajudar a amizade dele com Temari e sim pelo grande apoio que ela deu para ele durante todos esses anos. Ela, mesmo longe, foi mais amiga dele do que qualquer pessoa que estava por perto, mas claro, só ela sabia o que realmente estava acontecendo. Ino sempre deu o máximo de si em todas as coisas que tentava fazer.  

 

— É. Eu realmente devo muito a ela. – Ele disse meio perdido nos pensamentos.

 

Ela o olhou enquanto ele estava brincando com seus dedos e depois olhou em seus olhos, ela conhecia aquele olhar, tristeza.

 

— Você sabe que o Chouji esta roubando sua comida, não é?

 

Ela disse risonha tentando mudar o foco da conversa. Olhou para Chouji que estava atrás dele congelado no meio de um furto de batatinhas extremamente crocantes. Shikamaru olhou para trás e Chouji teve um acesso de nervosismo, enfiou a batata goela abaixo e fez movimentos estranhos com as mãos enquanto mastigava.

 

— Que batata? Não estou roubando batata nenhuma.

 

Shikamaru riu, gargalhou olhando o amigo.

 

— Você sabia que era só pedir. Você quer o resto?

— Sério Shikamaru?

— Sério. Estou sem fome hoje e o meu amigo parece que esta com fome.

 

As bochechas de Chouji coraram, ele havia sido chamado de “amigo”. Pegou o resto das batatas e colocou em sua bandeja.

 

— Não vai querer o hambúrguer não? Vou dá pra Temari. – Ele disse sorrindo.

 

— Pode ficar Chouji. – Ela disse e sorriu para ele.

 

~*~

 

O que raios ele estava fazendo ali?

Ele queria estragar tudo?

Sua cabeça latejou.

Merda.

Naruto passou pelo vão onde ela estava escondida e um pouco depois passou Sasuke.

Merda.

Ela não pensou muito antes de agir, para falar a verdade sua cabeça esta latejando demais para ela pensar em algo plausível naquele momento. Foi por trás do moreno e como uma cobra se enroscou no seu pescoço, ele era mais alto do que ela lembrava, seu peso puxou ele para trás. Em movimentos rápidos e não planejados ela jogou ele no vácuo escuro onde ela anteriormente estava escondida, entrou de frente para ele.

 

O que você esta fazendo aqui? — Ela sussurrou com mais raiva do que pretendia.

 

Ele olhou sua boca, ele estava tentando beija-la ou ler seus lábios? Ele pareceu confuso com os acontecimentos. Ela não tinha tempo para explicar, a adrenalina estava correndo em suas veias ela molhou a boca no mesmo instante que ele sussurrou de volta.

 

O que esta acontecendo?

 

Ela sentiu a respiração dele em sincronia com a sua.

Merda.

 

Escuta, me ajuda a trancar o Naruto naquela sala... – Ela espiou para fora de onde estavam escondidos e viu que ele estava quase abrindo a porta. – Depois eu te explico. Só me ajuda agora.

 

Ele afirmou e quase instantemente depois ela o arrastou pelo pulso para fora.

 

Eu estou com a chave é só faze-lo entrar. — Ela sussurrou.

 

Sasuke em movimentos rápidos se livrou da mão da rosada e correu até Naruto que estava parado feito um idiota na soleira da porta, o empurrou e fechou a porta. Sakura com a cabeça correu até o moreno, mas antes que chegasse lá tropeçou em seus próprios pés. Sasuke fazia força na maçaneta e fez por outra na porta.

 

— Fecha logo essa porra Sakura. – Ele disse irado.

 

A adrenalina estava no sangue de ambos. Ela levantou meio cambaleante do chão e pegou rapidamente a chave no bolso de trás da calça. Ficou de joelhos na frente da porta e a fechou. Suas pernas caíram para o lado e sua bunda foi ao encontro do chão novamente.

Sasuke deslizou para baixo com as costas apoiada a porta. Sentiu Naruto bater no outro lado da porta.

 

Vocês são vacilões. Filhos da polícia.— Ele chutou a porta.

— Que merda Sakura. – Sasuke disse tombando a cabeça para trás e com a respiração acelerada.

— Desculpa, mas você se meteu nisso. – Ela tombou a cabeça e apoiou no ombro do moreno. – Você é mais alto do que eu lembrava.

 

Ele soltou um riso anasalado e eles fizeram um pouco de silêncio até as respirações de cada um se normalizar.

 

— Me conta agora.

 

Ela suspirou e tocou seu pulso.

 

— O professor de geografia não vai hoje então não se preocupe se eles perderem a aula, não vai ter mesmo. – Ela disse simplesmente.

— E você sabe disso como?

— Eu batizei a cafeteira da sala dos professores. – Ela deu de ombros. – Ele sempre bebe café aqui.

 

Ele teve vontade de perguntar como que ela conseguiu entrar lá, mas algo lhe dizia que ela não contaria, além do mais... Ele tinha coisas mais importantes para ficar curioso.

 

— E... O Naruto onde entra nisso?

— Você jura que não vai contar para ninguém?

— E para quem eu contaria? Para minha sombra só se for.

 

Ela afirmou com a cabeça e procurou as palavras certas, apoiou o seu queixo no ombro dele para que ela pudesse ver a reação dele.

 

— A Hinata esta lá dentro também. – Ele permaneceu imparcial. – Ela e o Naruto já foram namorados, mas... As coisas não acabaram muito bem.

— Eles brigaram ou coisa do tipo? – Ele a olhou meio confuso.

— Bom... Você vai saber de qualquer jeito. – Ela levantou e limpou a bunda. – Mas vamos conversar isso em outro lugar.

 

Sasuke se levantou com a ajuda da mão de Sakura, ela destrancou a porta.

 

— Do jeito que eles são, nem vão perceber que a gente destrancou.

 

Eles andaram pelos corredores e pararam perto de uma porta grande dupla que dava acesso para o pátio, algumas pessoas conversavam nos corredores. Ela disse baixo.

 

— Há muitas versões do que aconteceu.

— E qual delas é verdadeira? – Ele disse no mesmo tom dela.

— Nenhuma. – Ela encostou-se em um armário de parede. – Tudo isso começou quando a Hinata teve que fazer um trabalho em grupo na casa do Kiba...

— Quem é Kiba? – Ele a cortou.

— Não importa agora, ele esta bem longe! Enfim... O Naruto ía...

— Mas não foi.

— É. – Ela suspirou. – Dizem que ele foi visto se abraçando com a Tenten na mesma hora que ele disse que estaria com a Hinata.

— Foi só isso? – Ele disse achando tudo aquilo muito semples.

 

Ela negou.

 

— O Kiba... Era uma pessoa meio fissurada na Hinata e as coisas não andaram bem lá. O Neji ficou puto e teve que ir lá dar uns socos no Kiba. – Ela dizia da melhor forma para não ferir a integridade das pessoas envolvidas.

— E o Naruto devia estar lá, mas não estava. Aí a Hinata ficou puta da vida porque era para o Naruto estar limpando a sujeira. Certo? – Ele concluiu.

— Também. Mas o Neji não dormiu naquela noite porque a Hinata estava muito assustada, ele perdeu a prova que iria fazer no dia seguinte e foi expulso de casa. Ele esta morando com os tios até hoje.

 

Ele já ouvira falar de Neji pela boca de seu pai, ele já ouvira falar do tio e do pai de Neji, ele sabia que o menino morava com o tio, mas as notícias que correm pela Elite era que o garoto estava tentando se aproximar da prima e torna-la mais... “apresentável” ou coisas do tipo.

 

— E o Naruto é o culpado disso tudo.

— Na verdade, o culpado é o destino.

— Para de defender ele, só porque ele é seu primo não significa que ele esteja certo. – Ele disse indignado com a postura da rosada.

— Eu não estou falando que ele está certo, eu estou falando que o passado é igual a uma moeda, existem dois lados da mesma história... – Ela olhou para o lado com um pouco de raiva.

— Até parece.

 

Os olhos esmeraldas se arregalaram.

 

— Sakura?

 

— Eu... Não... Acredito. – Ela disse processando cada palavra.

 

Sasuke olhou para onde ela estava olhando e viu um menino branco como a neve e cabelos pretos. Ele era uma versão masculina da branca de neve? A branca de neve de calças andava de mãos dadas com uma menina, de cabelo vermelho e arrepiado ela estava usando um óculos preto estranho. Antes mesmo de ele perguntar algo para a rosada ela já estava no meio do caminho do casal.

 

— SAI! O que significa isso? – Ela olhou indignada para as mãos dadas deles e depois para a ruiva.

— Desculpa Karin, eu me esqueci dela. – Ele disse coçando a cabeça e olhando para a ruiva.

— Que merda é essa Karin? O que vocês estão fazendo?

— Exatamente o que parece. – Ela disse. – Me desculpa Sakura.

 

Sakura estava louca. Ele nunca tinha visto a rosada assim.

 

— Sakura... Você já conhece a Karin... A gente esta namorando agora.

 

Ela bufou.

 

— Depois a gente vai ter uma conversinha sobre isso. – Ela disse puta da vida e saiu andando.

 

Sasuke passou pelo casal, olhando cada detalhe que pode deles. Será que a rosada gostava do cara pálida vulgo, “branca de neve” de calças? Seguiu a rosada a alcançou somente porque ela havia parado em um canto qualquer de um corredor e começou a andar de um lado para o outro olhando o chão com fúria.

 

Como ele pode? Justo ela? Filho de merda.

 

Ela sussurrava coisas quando ele chegou.

 

— O chão te fez alguma coisa?

— Ahm?

— Você, queimando a sola do seu sapato, praguejando contra o vento e olhando o chão como se pudesse mata-lo. O chão te fez alguma coisa?

 

Ela até riria se sua cabeça não estivesse sendo martelada por algo invisível e sua barriga não tivesse dando voltas e doendo como se ela estivesse doendo mais ainda... Merda.

 

~*~

 

Ele pensou em ser o primeiro a chegar à sala de aula, mas Tenten já estava lá. Ele pensou em dar meia volta, mas ele não era aquele tipo de pessoa. Ultimamente ele tinha duvidas de qual tipo de pessoa ele era. Observou ela por alguns segundos antes de entrar completamente na sala e fechar a porta atrás de si. Ela acordou de um cochilo, sobressaltada.

O olhar perdido dela e as mãos sendo limpas no jeans inconscientemente indicavam a Neji que ela estava fora de seu habitual. Ele a chamou pelo nome, ela olhou brevemente para ele e depois voltou ao seu olhar perdido.

As pupilas dela tremiam.

 

— Você esta bem?

 

Ele perguntou temendo a resposta, Neji não se importava muito com Tenten, mas algo nos gestos da garota o vez lembrar-se de sua prima Hinata há alguns anos trás. Ele não sabia ao certo quando seus pés se mexeram até estar perto dela, porém ele tomou consciência de tudo àquilo quando se abaixou perto da mesa da garota.

 

— Tenten, fala comigo. – Ele quase suplicou.

 

Aquela frase trouxe lembranças ainda mais dolorosas para a menina, sua respiração ficou descompassada e seus olhos arderam.

Aquele momento era único, a trégua entre os dois e os muros abaixados. Neji se deu conta que Tenten era mais que uma menina que tirava notas boas e assim como todas as meninas que tinham decepções ela chorava quando algo dava errado.

 A primeira lágrima veio sozinha como se ela estivesse lutando contra todas as ondas de sentimentos que lhes era proposto por seu coração. A segunda era rápida como o suspiro final, triste e melancólica.

Neji não sabia ao certo em que momento entre: Tenten começar a chorar e ele achar que ela era Hinata, que ele a abraçou. Abraçou como ele abraçava sua prima nos dias mais difíceis, a abraçou como se ela fosse uma boneca de porcelana que alguém acabará de jogar no chão. Tenten chorou mais e ele sabia disso porque sua camisa estava húmida contra sua pele.

 

— O que houve? – Ele disse afagando-lhe o cabelo.

 

Ela negou com a cabeça.

 

— Eu não quero falar sobre isso. – Ela disse com uma voz abafada e embaralhada. – Dói muito Neji.

 

— Eu sei que dói.

 

Ele não tinha certeza do que ela estava falando, mas algo no fundo de seu coração começou a doer e pela primeira vez em alguns anos ele teve a vontade de chorar por outra pessoa que não fosse por ele.

 

~*~

 

Ele falou seu nome.

Há alguns anos atrás ela teria se derretido ou desmaiado por ele simplesmente dizer seu nome, mas agora era totalmente diferente. Ela devia ter desconfiado de Sakura, mas a rosada sempre fora uma de suas melhores amigas.

Mas.

Mas.

Mas ela era prima dele.

O garoto loiro a sua frente deu um passo em sua direção e ela institivamente deu um para trás. Ela queria distância dele e ele sabia disso pelo seu olhar. Ele mordeu os lábios.

 

— Nós precisamos conversar.

 

Ela nunca tinha visto ele tão sério quanto agora.

 

— Conversar sobre o quê?

 

O seu tom era frio, não porque agora ela falava assim e sim porque ela havia nutrido tantos sentimentos ruins para a figura do garoto e ela duvidava que ainda conseguisse sorrir na presença do loiro.

 

— Do nosso relacionamento...

— Do nosso relacionamento? – Ela disse indignada. – Agora há um nós, em algum momento do passado houve um nós?

 

Ele encolheu os ombros, ele havia criado várias paralelas de como tudo aquilo poderia ocorrer, mas nunca imaginou que Hinata mudaria tanto ela mesma quanto as coisas a sua volta.

 

— Vamos Hinata. Não seja tão má. – Ele disse tentando acalmar os nervos da menina.

 

Antes, tudo aquilo daria certo: as palavras ditas em tons doces e o jeito como ele dava um passo para frente se aproximando dela toda vez que ele falava.

Agora, ela estava em um impasse: as palavras em tons doces eram como dizer para uma criança que ela era diabética e não poderia mais comer coisas tão doces com tanta frequência e os passos dados em direção a ela eram respondidos com passos dados por ela para trás. O impasse estava em duas circunstâncias, à primeira era que não havia mais espaço para trás dela, ela não poderia correr mesmo que se quisesse e o segundo impasse era que cada vez que Naruto abria a boca para falar algo ela sentia o sangue ferver com as palavras inocentes de bom moço dele.

 

— NÃO SER TÃO MÁ? – Ela gritou indignada. – Acho que você esta invertendo as posições. – Ela o olhou com fúria e falou raivosa. – POR SUA CAUSA o Neji foi expulso de casa, POR SUA CAUSA o Kiba quase... quase... – Ela não estava prepara para dizer aquilo.

— Eu sei. E eu sinto muito por isso. – Ele disse sentindo um pouco de falta de ar devido ao olhar que lhe era direcionado.

— “Sentir muito” não vai fazer as coisas mudarem Naruto.

 

Ele parou de andar em sua direção, alguns palmos os separavam.

 

— E o que eu posso fazer Hinata? Você não me deu outra opção naquela época e não esta me dando muita opção agora! – Ele parecia tão indignado quanto ela.

— Para de falar como se a única culpada nisso tudo, fosse eu.

— Eu não estou falando isso, o culpado é o destino.

 

Hinata endureceu a postura.

 

— E a Tenten. – Ela disse convicta. – Você estava com ela, eu sei disso, você me falou isso.

— Eu estava. – Ele concordou. – Eu estava com ela enquanto você estava sofrendo nas mãos do Kiba, mas isso não significa que a Tenten não estava sofrendo também.  – Ela fez uma careta de desgosto. – Eu só preciso que você me ouça.

— Então vamos Naruto, estou ouvindo, me dê uma desculpa plausível para tudo isso.

— Eu sei que a gente só tinha 12 anos, mas as coisas que você me disse antes de ir embora, me magoaram muito. – Ele disse triste.

— E o que você fez não me magoou? – Ela perguntou irônica.

 

Naruto podia sentir o muro invisível que Hinata havia levantado contra ele, o muro era cheio de espinhos e impossível de tocar e não se machucar. Ele era cuidadoso com as palavras que ele dizia e a forma como ele dizia, mas nada disso parecia suficiente para abaixar um pouco daquele muro e ele sentia uma dor em seu peito cada vez que Hianta falava, ela não falava mais docemente havia algo nela que ele não reconhecia mais.

 

— O que houve com você?

— Você, houve. – Ela disse com ódio.

— Cadê a menina por quem eu me apaixonei? – Ele perguntou mais para si do que para ela.

— Você quer saber se eu ainda te culpo? – Ela ignorou o que o loiro havia perguntado. – Eu te culpo. – Ela deu um passo para frente e encostou um dedo no peito do loiro. – Eu te culpo por tudo. – Ela investiu o dedo contra seu peito com força. – Eu te culpo por Neji ter sido expulso de casa, te culpo por você não estar lá comigo, te culpo por eu quase ter sido abusada e eu te culpo porque em vez de você estar comigo você estava me traindo com a minha melhor amiga. – Ela investia seu dedo contra o peito do loiro repetidas vezes.

— Hinata! Pelo amor de Deus, você esta ouvindo o que você esta falando? – Ele disse incrédulo. – A Tenten não tem nada haver com isso.

 

Ela soltou uma risada sínica.

 

— Você sempre vai proteger ela, incrível. Vocês se merecem.

 

Hinata cruzou com ele, pronta para abrir a porta ou arromba-la se fosse preciso, mas ele segurou seu pulso. Ele suspirou, cansado do teatrinho da menina.

 

— Escuta Hinata. Eu não te falei a verdade naquela época porque a Tenten me pediu um tempo para processar o que estava acontecendo e eu achei mais do que justo dar esse tempo para ela. Eu só ajudei uma amiga, Hinata. Você quer saber o que houve? Eu te conto! Mesmo sabendo que se eu te contar e a Tenten saber, eu vou perder a amiga pela qual eu guardei esse segredo durante todo esse tempo. Não estou querendo falar que uma situação é pior que a outra, são coisas totalmente diferentes.

 

Por um segundo, um leve instante, Naruto viu os ombros de Hinata relaxar e os olhos lilás perolados se perderem em seus azuis. Um instante em que ele viu o muro lentamente descer. Ele achou que havia finalmente conseguido tocar o bom senso da garota e que de alguma forma ele poderia trazer a garota por quem se apaixonou de volta, depois de todos esses anos e depois de todas as palavras ditas e não ditas um para o outro.

Ela desviou o olhar e puxou o pulso.

 

— Eu não quero saber. É tarde de mais.

 

Ela saiu da sala. A porta se abriu desta vez, sem nenhum problema.

A cabeça dele estava quente e ele não raciocinava direito.

Que merda a Hinata havia se tornado?


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Notas finais do capítulo

Certo vamos lá:
Estou oficialmente abrindo a temporada de revelações então... Escolham algum personagem ou um casal se preferirem para descobrir os podres que eles escondem.
Mas antes que vocês se animem muito, nada de NaruHina, pois estou pretendendo fazer uma DR mais séria deles e algumas lembranças... Mas lá pra frente quando tudo estiver em seu devido lugar.
Agora as paradas aqui da fanfic vão ficar mais sérias gente, então se sentem e peguem uma pipoquinha pra ler.
Não esqueçam de comentar, favoritar e recomendar para que mais pessoas conheçam essa fiction.
XoXo.
Até a próxima!!



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