Caçadora da Meia-Noite escrita por Ginger Bones


Capítulo 33
Capitulo 33




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Conseguimos chegar ao galpão depois de uma longa caminhada e eu tinha me esquecido de quanto caminheiros até chegar no porto. Acabei não conseguindo encontrar o homem que poderia nos levar para a Irlanda, mas suponho que podemos fazer isso amanhã. Pelo menos consegui mais um aliado que pode ser útil para mim de verdade. E, sim, depois do que ele fez por mim essa noite, sei que confio nele de verdade. Espero que ele não me decepcione, não estou acostumada a julgar as pessoas da forma errada.
Liev, Morgan e Adam estranham a presença de Theo ali no começo, mas depois que explico-lhes sobre aquela semana na mansão dos Caçadores de Sombras e sobre o que conversamos essa noite, eles decidem confiar no meu julgamento e o aceitam no nosso grupo de bom grado. Antes de me deitar, troco aquelas roupas de camponesa pelas minhas amadas roupas de caça e deixo o vestido e o calçado no mesmo lugar onde os encontrei.
Na manhã seguinte, partimos em direção à cidade com todas as nossas coisas guardadas junto às armas mais chamativas nas bagagens de mão. Optamos por sair mais tarde, quando o movimento do Porto já era grande e uma carruagem a mais circulando na cidade era a coisa mais normal do mundo. Theo nos garantiu de que os Inquisidores estariam com ressaca o suficiente para sair dos quartos antes do meio-dia e eu estava tentando dar uma chance a ele, então resolvi confiar em sua palavra e me juntei a Liev e Morgan na carruagem instável enquanto ele seguia com o corcel negro atrás das rodas de madeira do nosso transporte.
Dessa vez não temos dificuldade de chegar até a casa do amigo do irmão de Morgan, e deixamos os cavalos seguros do lado de fora enquanto entrávamos e nos dirigíamos até a mesa de uma senhora recepcionando os possíveis clientes. Me aproximo da senhora com Morgan ao meu lado. Afinal, um de nós tem que conversar com ela.
–Com licença.-começo a dizer enquanto os outros se sentam em alguns bancos próximos da porta.-Eu gostaria de conversar com o seu...
–Você tem hora marcada?-ela me interrompe sem nem levantar a cabeça de suas anotações.
–Não, mas...-digo, mas ela me interrompe mais uma vez.
–Senhora, não posso fazer nada por você. O senhor Richards só negocia com hora marcada.
–Nós nem somos daqui.-digo.-Chegamos ontem à noite. Como quer que nós tenhamos hora marcada se nem tínhamos como.
–Você pode marcar agora e voltar quando tiver horário disponível.-ela sugere.
–Senhora, nós não temos tempo para marcar hora.-repito.-Precisamos ir embora agora.
–Sinto muito, mas não posso fazer nada sem hora marcada.-ela insiste.
–Senhora, eu...-tento explicá-la da minha urgência em ir embora, mas uma porta se abre no corredor curto e um homem com cerca de 40 anos sai da sala e nos olha intrigados. Olhando-o bem, parece bastante normal. Nem parece que negocia com lobisomens.
–O que está acontecendo aqui?-ele nos pergunta sério.-Que confusão é essa no meu escritório?
–Sinto muito, senhor Mcmillian, estas crianças chegaram aqui e exigem falar com o senhor sem hora marcada.-a senhora finalmente levantar o olhar da papelada e o olha com um sorriso no rosto. Mas que senhorinha filha da...
–Meu nome é Morgan Montrey, você conhece meu irmão Kirk.-o garoto interrompe meus pensamentos e se dirige ao homem.-Você deve ser Richards Mcmillian. Ouvi dizer que pode nos levar onde precisarmos em um de seus navios se nós...
–Silêncio, criança.-ele exclama se aproximando de nós. Olha nosso grupo e fixa seu olhar entre mim, Adam e Theo.-Vocês três, os adultos. Vou falar com vocês e só com vocês.
Quando fazemos menção de nós aproximar de sua sala, ele estende a mão e nos impede de continuar.
–Não, só dois.-ele continua.-Imagino que tenham vindo pelo mesmo motivo, vou ouvir apenas dois ou minha sala vai ficar muito cheia.
–Vão vocês dois.-Adam diz acenando em direção à sala do tal Richards.-Alguém precisa ficar cuidando desses dois mesmo. Podem ir.
–Adam...-começo.
–Vai logo antes que eu me arrependa, Saphira.-ele diz em tom sério, mas seu sorriso me diz que ele não está tão irritado assim.
Concordo em ir e sigo Richards e Theo até a sala do homem, que fecha a porta assim que entramos.
–Muito bem, vi que vocês conhecem Kirk Montrey.-ele diz se sentando e nos indicando as duas cadeiras a sua frente para fazermos o mesmo.-Devo dizer que me surpreendi por estarem aqui. O outro grupo partiu há cerca de três dias para a Irlanda.
–O outro grupo?-pergunto olhando para Theo e de volta para Richards.-Então eles conseguiram mesmo atravessar a estrada até aqui?
–Suponho que sim.-ele diz nos olhando e parecendo realmente confuso.-Tem algo que eu não estou sabendo?
–Nós, é...-começo a dizer.-Não estamos com o outro grupo que você falou. Estamos seguindo-os. Precisamos de ajuda deles, não queremos nada de ruim com eles, se é o que está pensando.
Richards parece se acalmar e para de esfregar as mãos na cadeira como estava fazendo antes de dizê-lo que não queríamos matá-los ou coisa parecida. Pelo visto o que ele tem com os lobisomens não é só uma aliança comercial, é algum tipo de desejo de realmente querer ajudá-los e vê-los bem. Ótimo. Ele não vai dar com a língua nos dentes sobre nós.
–Também sou lobisomem, senhor Mcmillian.-eu lhe explico.-Me tornei...amiga das pessoas daquele acampamento há pouco tempo. Encontrei uma carta de Ekatherine e ela nos disse para encontrá-los na Irlanda e é isso que estamos tentando fazer. Morgan Montrey me disse que você podia nos ajudar, então viemos em sua procura.
–Entendo.-ele diz.-Bem, como havia dito aos outros, as passagens para todos vocês vai sair um pouco cara e não sei se vocês podem arcar com o meu preço requerido.
–Bem, nós temos dois bons cavalos e uma carruagem lá fora. Está um pouco velha, mas pode ser restaurada com facilidade.-propõe Theo.-São seus. Pode fazer o que quiser. Venda, fique com eles. Só nos deixe entrar na sua próxima embarcação para Irlanda e são todos seus.
–Eu considero a oportunidade, mas não acho que será o suficiente.-ele insiste.
–Não será suficiente?-exclamo.-Aqueles cavalos são corcéis completamente saudáveis e você quer mais?
–Não levante a voz para mim, mocinha, ou não temos acordo.-ele me adverte.
Theo segura minha mão e a aperta pedindo-me em silêncio para me acalmar. Eu tento me acalmar, mas mesmo assim, não é algo assim tão fácil.
–Não temos tanto dinheiro assim para oferecê-lo, Richards.-ele lhe diz.
–Bem, não posso fazer nada nesse caso.-ele se levanta e abre a porta para nós.-Mas sintam-se a vontade para voltarem quando tiverem o que eu quero.
Ele gesticula para que saíamos, mas Theo me impede de levantar e tenta argumentar com o homem mais uma vez.
–Espere, senhor Mcmillian.-ele diz e tira de sua cintura uma pequena faca de caça de cerca de 25cm de comprimento e aparência bastante clara. A luz reflete no tom prateado da arma e revela algumas pedras coloridas no cabo.-Eu ofereço essa adaga junto com a carruagem e os cavalos. Sei que ela cobre sua oferta. Prata pura revestida com aço e cobre. Essa joias são raridades. Rubis e diamantes, pode ver.
Ele a estende para Richards e ele a pega com delicadeza, examinando cada detalhe com olhar fascinado.
–Onde você conseguiu uma arma dessas, garoto?-ele pergunta se sentando de novo.-Nunca vi nada tão lindo antes. Não andou roubando ninguém, não é?
–Não.-ele explica e eu o olho confusa. Nunca tinha visto essa arma antes também.-Eu era Inquisidor, senhor Mcmillian, mas renunciei. Quando um Inquisidor se forma e tem sua primeira missão, recebemos uma adaga forjada especialmente para cada um como um presente de boas vindas ao novo guerreiro. Esta é a minha. Estou disposto a dá-la a você se nos levar até a Irlanda o quanto antes.
–Theo, você não precisa fazer isso.-eu o aviso.
–Eu sei, mas eu quero.-ele me responde.-Me deixe ajudar, Saphira.
Eu assinto ficando em silêncio e o deixando negociar sozinho. Ele está indo bem melhor do que eu, admito.
–Você me parece sincero, garoto.-O homem admite e larga a adaga sobre a mesa.-Tudo bem, aceito sua oferta.
Ele suspira e eu olho sorrindo para Theo. Finalmente, algo estava dando certo para todos nós.
–Tenho um navio saindo para o porto norte da Irlanda em duas horas.-ele diz.-Vocês cinco tem entrada permitida na embarcação se estiverem lá até meia-hora antes da partida. Vou pedir que os marinheiros limpem um aposento no andar de baixo para vocês. Farei o mesmo que fiz para os outros, mas quando chegarem ao porto, estão por conta própria. É pegar ou largar.
Eu seguro o braço de Theo e o impeço de falar.
–Aceitamos.-respondi-o sorrindo e aperto sua mão em cumprimento por um acordo fechado.


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