Caçadora da Meia-Noite escrita por Ginger Bones


Capítulo 24
Capitulo 24


Notas iniciais do capítulo

E hoje tem capitulo especial de aniversário mesmo!
Sim, hoje (13/06) é meu aniversario.
O aniversário é meu, mas quem ganha capitulo novo são vcs.... Sou legal mesmo.



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Deixamos a prisão para trás e nos embrenhamos na floresta desviando dos outros fugitivos que também vieram por esse caminho. Dianna nos encontra no meio do caminho e reduzimos a velocidade dos cavalos quando estamos longe o bastante da prisão no meio da selva.
–Que bom que estamos todos a salvo agora.-ele diz olhando a floresta iluminada pelo sol. Dianna ainda parece insegura sobre a égua, mas sei que logo ela se acostumará à sensação. Tem que se acostumar.-Eu preciso agradecê-los por me tirarem de lá. Principalmente você, Saphira.
–Não precisa nos agradecer.-digo-lhe.-Eu fiz o que precisava fazer. Não podia te deixar lá.
–Podia sim, mas não me deixou.-ela rebate.-Então preciso retribuir de alguma forma. Não posso fazer muita coisa por enquanto, mas podem me chamar para qualquer coisa que quiserem. Por agora, sei de um lugar que você pode ir. Vá para oeste, seguindo sempre nesta direção pela floresta, vão encontrar um acampamento. Totalmente seguro. É uma espécie de refúgio secreto para licantropes. Permitem a entrada de qualquer um que não vá causar problemas. Minha mãe um dia foi chamada lá para curar um lobo ferido. Eu fui junto e agora eles tem uma divida com a minha família. São bastante influentes, diga-lhes que Dianna James os mandou até lá. Vão ajuda-los no que precisarem.
–É muito longe?-pergunto para ela.
–Não muito, acho.-ela explica.-Umas 5 horas a cavalo. Provavelmente.
–Obrigada, Dianna.-agradeço-lhe sincera.-Isso pode mesmo ser útil.
–Não há de quê.-me responde.-Agora eu preciso ir. Vou pra casa, graças a vocês. Obrigada por tudo e boa sorte, Saphira.
Sorrio.
–Tenha uma boa viagem para casa, Dianna.-despeço-me e ela sorri.
–Adeus.-ela diz e faz a égua começar a galopar e nos deixar para trás. Eu só volto a olhar para Adam quando seus cabelos claros e soltos desaparecessem em uma curva para fora da trilha que seguimos.
–Quanto tempo fiquei presa, Adam?-pergunto.-Tive dificuldades para contar os dias lá.
–Quase uma semana, Saphira.-ele responde.-Foram 4 dias desde a manhã que acordei e não te vi lá na floresta como combinamos.
Assinto. Não sei nem o que poderia responder.
–Para onde vamos?-ele pergunta. Parece que entendeu que não é o momento adequado para falarmos sobre o que aconteceu essa manhã. Mesmo assim, nós dois temos histórias para compartilhar.
–Vamos até o acampamento lobisomem que Dianna comentou.-digo.-Posso precisar de alguma coisa mesmo. E uma noite calma e uma comida decente não seriam má ideia, certo?
–Como quiser.-ele diz e segue a trilha para oeste. Eu não quero discutir sobre seu mau-humor agora, então apenas o sigo alguns metros atrás de seu cavalo.
*****************
Na verdade, demoramos cerca de 6 horas para chegarmos próximos o bastante do acampamento, não 5 como Dianna nos disse. No entanto, dou créditos a ela pelo chute. Quando os portões do acampamento se estendem a nossa frente, a noite já se fazia presente na mata densa. Provavelmente, em alguma clareira, o sol ainda pareceria estar se pondo, mas com a cobertura das árvores ao nosso redor, algumas tochas já se faziam necessárias. Não diria que fogo era uma boa ideia para quem quer se esconder na mata, mas não acho que posso tentar argumentar com quem quer que seja o líder desse acampamento. Ou melhor, o alfa. Lobisomens são liderados por um alfa escolhido em uma batalha de vida ou morte e esse acampamento é definitivamente um lugar para lobisomens.
–Quem são vocês?-grita um lobisomem de aparência não muito mais velha do que eu por trás de um fuzil militar de uma das torres em ambos os lados dos portões.-Desconhecidos devem ir embora. Humanos não podem entrar aqui. Só lobisomens.
Aparentemente, eles trabalhavam na lógica de um acampamento militar. E esse garoto era um guarda da cerca, hierarquia baixa, mesmo entre lobisomens. Não podíamos ver muito do acampamento além de alguns vultos seguindo suas vidas por entre a cerca que cercava todo o espaço do acampamento.
–Meu nome é Saphira Cartwright, sou loba como vocês.-digo estendendo minhas mãos em sinal de paz.-Esse é Adam, meu parceiro. Não temos a intenção de causar confusão. Só queremos entrar.
–Sim, loba.-o garoto diz.-Sinto seu cheiro. Se não for nos causar problemas, pode entrar, mas o humano fica.
–Não vou ficar sem meu parceiro.-explico-lhe discordando de sua afirmação com um balançar de cabeça.-Somos uma dupla. Não nos separamos.
–Não vão entrar, então.-ele grita ainda apontando o fuzil para nós.-Sem humanos, são as regras.
–Por favor, só queremos conversar com seu alfa.-peço educadamente.
Em uma atitude bastante sábia, Adam se mantém em silêncio, embora não pareça confortável com a situação. Isso, Adam, não fale nada, penso, deixe os lobisomens conversarem.
O garoto ia responder, mas outro lobisomem sobe as escadas por trás da plataforma na cerca e segura seu fuzil, o tirando de nossa mira e fazendo o garoto o olhar. Não posso ver muito do lobisomem, mas parece ser jovem e bastante influente, a julgar pela surpresa no rosto do garoto.
–Meu nome é Kick.-o lobisomem grita ao assumir o lugar do garoto. Pelo menos não está apontando aquela arma em nossa direção.-O que estão fazendo aqui?
–Você é o responsável?-questiono.-Quero falar com seu chefe.
–Não tenho chefe.-ele responde. Franzo as sobrancelhas em confusão.-Sou o alfa. O que querem?
Evito mostrar minha surpresa. Ele parece ser jovem demais para ser realmente o alfa. Não vou discutir. A expressão do garoto quando ele apareceu pode significar que ele está falando a verdade. Olho Adam e ele também parece bastante surpreso, só não sabe disfarçar as emoções como eu.
–Dianna James disse que poderíamos vir aqui.-explico para o tal Kick.-Disse que vocês nos ajudariam se precisássemos.
–Dianna James, a bruxa?-ele pergunta.
–Sin, ela mesma.-falo.
–Como a conhecem?-ele questiona interessado.-Ela não costuma manter contato com outros seres sobrenaturais. Não vemos a família James há meses.
–Eu ajudei a resgata-la.-conto.-Fui presa em uma masmorra não tão longe daqui. Ela era minha vizinha de cela. Quando fugimos, ela nos contou sobre esse lugar.
–O que vocês duas estavam fazendo presas?-Kick franze as sobrancelhas.-Não queremos criminosos aqui dentro.
–Eu era da Caçada da Meia-Noite.-esclareço.-Tive que desertar para sobreviver já que...bem, sou lobisomem. Eles me capturaram e me levaram até aquela prisão. Quanto à Dianna, não tenho ideia de por que razão ela estava lá.
–Muito bem.-Kick pondera.-Abram os portões!
O garoto corre para Kick e parece sussurrar algo do tipo "mas senhor, eles podem ser perigosos" de acordo com o movimento dos seus lábios, mas o tal Kick descarta seus argumentos com um aceno rápido de mãos e o garoto se cala imediatamente. Ele repete o comando e no mesmo momento o portão começa a abrir.
–Não vou entrar sem meu parceiro.-argumento.
–Tudo bem.-Kick diz.-Dessa vez, vou deixar passar. Podem entrar.
–Obrigada.-grito antes de Kick desaparecer pelas escadas. Entramos com nossos cavalos e assim que passamos pelo portão, os guardas voltam a fecha-lo. Descemos dos cavalos e caminhamos alguns passos para dentro do acampamento, deixando espaço para os guardas voltarem a circular. Os vejo correndo para seus postos até a voz de Kick chamar minha atenção e volto meu olhar para ele.
–Sejam bem-vindos ao Acampamento BlackWolf!-Kick exclama com um sorriso.-Nós criamos esse lugar para ser um refúgio para aqueles de nós que querem se afastar dos perigos presentes nas cidades e vilas. Deixem que nossos guardas cuidem de seus cavalos a partir de agora. Enquanto isso, por que não me acompanham? Venham até meu escritório, temos que conversar.
Dois lobisomens também jovens correm até perto de nós e tomam as rédeas dos cavalos de nossas mãos e começam a puxa-los para uma espécie de cabana alta e comprida no lado direito do acampamento. A julgar pelo cheiro, é onde ficam os animais. Provavelmente são os animais que abatem para comer. Por alguma razão, tenho a sensação de que os cavalos vão ficar seguros lá.
Enquanto caminhamos até o suposto escritório de Kick, temos a oportunidade de ver todo o lugar enquanto ele explica a história e o funcionamento do acampamento. Nada do que ele diz me interessa até agora, e apesar de parecer ainda um pouco desconfortável por estar aqui, Adam escuta cada palavra dita por Kick com atenção. Ótimo. Mais tarde ele me resume tudo se eu quiser.
–...e por fim, logo ali naquele estande, fica o nosso refeitório.-conclui Kick parando em frente a uma pequena casa feita de madeira e pedras e virando-se para nós.-Todas as refeições do dia são servidas ali e as portas estão sempre abertas caso queiram fazer um lanche fora do horário.
Ele aponta para a porta às suas costas.
–Aqui é a central da casa. Tudo que quiserem saber sobre o acampamento e programações, é aqui que tem que vir.-ele explica.-Os alistamentos para a guarda e os interessados por novos empregados deixam suas exigências aqui. Meu escritório também fica aqui. Digamos que essa casa é uma espécie de prefeitura. Todos somos ocupados e incentivamos todos que estão aptos a trabalharem todos os dias, exceto aos finais de semana. Quando todos tem folga. Agimos como qualquer cidade, só que só há lobisomens aqui.
Ele sobe as escadas que restam e abre a porta, sinalizando para que entremos primeiro. Assim que entramos, ele nos conduz entre as mesas de trabalho com empregados concentrados em seus serviços e abre a porta de uma espécie de sala principal. Ele mesmo se senta diante de uma mesa de madeira na sala e pede que nos sentemos a sua frente nas duas cadeiras de visitantes. Olho a sala antes de sentar. Espaçosa, uma janela grande com vista para o refeitório, uma prateleira cheia de livros de todos os tipos atrás da mesa de Kick e uma mesa bagunçada mesa de trabalho. Simples, porém prático.
–O que os trás aqui?-Kick pergunta quando já estamos acomodados nas cadeiras.-Não foi só porque Dianna pediu que viessem até aqui.
–Na verdade, não.-se manifesta pela primeira vez em muito tempo. Kick volta seu olhar em direção a ele. Pela sua expressão, Kick não parece feliz por Adam ter falado. Droga, Adam. Fique calado.
–Humano, não é porque abri uma exceção para você que estou feliz com sua presença aqui.-ele fala em um tom sério.-Perguntei para a sua amiga. Ela sim tem o direito de estar aqui.
–Não pretendemos ficar muito tempo.-digo apressada tentando fazê-lo prestar atenção em mim. Felizmente, ele o faz. Uma briga entre homens é tudo que eu não preciso agora.-Só precisamos de um lugar para ficar essa noite. Os soldados da prisão com certeza vão rodar a região à noite procurando pelos fugitivos. Não podemos arriscar. Por favor, prometemos que vamos embora em breve. Precisamos mesmo ir.
–Por que tenho a impressão de que estão com pressa em chegar a algum lugar?-ele pondera.
–Porquê estamos.-conto. Olho para Adam como que perguntando se devo dizer alguma coisa ou não e ele assente.-É uma história bem longa e complicada.
–Tenho tempo.-Kick afirma.
Conto a ele tudo que Courtney me disse naquela noite no Instituto Millenium, sobre a presença inesperada dos Inquisidores na mansão da Romckpay e a arma de destruição em massa que estão construindo. Aquela noite parece ter sido tanto tempo atrás, nem parece que tive aquela conversa na semana passada. Conto sobre o que vi na prisão a arma já em construção, sobre a invenção do tal David e os sobrenaturais sendo feitos de cobaia. Conto tudo, mas a imagem daquele corpo sob o lençol não sai da minha cabeça. Não quero voltar a ver algo assim. Nunca mais.
Quando termino, ele me olha e fica em silêncio por alguns segundos. Enquanto o deixo pensar no que acabou de ouvir, continuo em silêncio e Adam tampouco fala alguma coisa.
–Então, se nós não fizermos alguma coisa a respeito ou fugirmos, vamos todos morrer?-ele finalmente pergunta.-Todos os inocentes também?
–Sim.
Ter de dizer isso é pior do que eu imaginava.


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