Caçadora da Meia-Noite escrita por Ginger Bones


Capítulo 21
Capitulo 21


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo da semana! O proximo será na sexta feira a noite sem falta. Boa leitura ♥



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–Fico feliz que tenha decidido atender ao meu pedido.-digo sentando-me em frente a ele no restaurante barulhento.
–Bem, você se mostrou mais uma vez bem evasiva.-o fae respondeu.-E eu preciso admitir que me deixou curioso quanto ao assunto importante que você tem a tratar comigo assim tão urgente que precisava ser aqui.
–Sinto muito pelo lugar, sei que não é o tipo de lugar mortal que você gosta de frequentar.-me desculpo com ele.-Aqui era o lugar mais próximo que eu poderia chegar a tempo. Como você deve saber, já não sou mais parte do exército de Stewart Romckpay.
–Sim, a noticia chegou até mim.-falou em um tom neutro. É claro que ele não teria interesse nenhum em me levar de volta até Londres.-Mas os assuntos mortais não me interessam, a menos que envolva um dos meus.
Ele me olha esperando que eu me explique.
Eu sabia tudo sobre os fae, mas ainda me impressionava com a perfeição imortal desse povo. Seus cabelos eram de um tom de azul escuro forte, quase lúdico. As mechas repicadas caiam sobre a testa e os ombros, volumosos e brilhantes como os cabelos dos nobres. Tenho certeza de que se passasse uma das minhas mãos sobre seu cabelo, sentiria que eram mais sedosos do que pareciam. Como todos os homens fae, ele era musculoso e alto. O maxilar forte estava pontilhado por uma barba ainda crescendo. Seu rosto era de um homem formado, mas seus olhos de um tom violeta diziam que ele já havia visto muito mais do que qualquer pessoa viva. Dava para perceber a sabedoria dos anos que ele escondia sob sua mascara de indiferença.
Olho ao redor para ter certeza de que ninguém está prestando atenção à nossa conversa.
–Preciso que me escute com atenção, Meyron. Não sei se terei a chance de repetir essas palavras.-começo a dizer olhando-o com uma expressão séria.-Você me ajudou quando eu precisei sem nem mesmo perguntar primeiro quem eu era. Como retribuição, eu também te ajudei. Mas agora preciso te avisar de algo importante visando seu cargo de representante Seelie no Conselho do Submundo. Eu estou fugindo, mas meu acompanhante insistiu que eu viesse até aqui e conversasse com alguém. Tentarei ser rápida e não desperdiçar nosso tempo. Ainda com os Caçadores, descobri algumas...Coisas que podem ser prejudicais tanto para mim quanto para você.
–E eu devo saber mesmo do que se trata?-ele me interrompe.
–Sim, é bastante relevante.-respondo-lhe.-Ouça, descobri que Romckpay está criando uma nova arma. Não sozinho, obviamente. Sabe o quanto aquele homem odeia criaturas como nós. Ele fez uma aliança com Cinclair e algum inventor maníaco e está construindo uma arma de destruição em massa que pode matar todos do submundo. Creio que não é justo que todos nós devemos morrer por conta de alguns poucos que fugiram da linha. Pelo que eu soube, o alcance da maquina pode chegar a todo o Reino Unido. E nós dois sabemos o que isso significa. A arma não está concluída e não sei bem como ela irá funcionar, mas a certeza é de que irá nos proporcionar uma morte lenta e dolorosa.
–Quando você diz "nós"-ele pergunta.-O quanto isso me envolve?
–Completamente.-explico.-A arma vai ser capaz de matar todos os seres sobrenaturais. Lobisomens, vampiros, faes, bruxas, ghouls, wendigos, banshees. Todos, sem exceção. Achei que alguém além de mim tinha o direito de saber sobre isso. Não sei tudo e não posso te dar muitas informações além disso. Mas agora me sinto melhor sabendo que tem alguém importante que pode ajudar se for necessário. Pode fazer o que quiser com essa informação. Mas tente repassar, deixe que decidam o que fazer. Como represente no Conselho, você tem uma voz, Meyron.
–Eu entendo seu lado, loba.-Meyron me chama como sempre chamou. Nossa história já era longa o bastante para eu não me preocupar com esse termo. Sei que não era uma ofensa.-Com certeza irei fazer algo a esse respeito. Um humano não pode ter tamanho poder. Sabe quanto tempo ainda temos?
–Três meses, se tudo seguir a programação normal.-digo.
–Ótimo, será tempo o bastante. O Conselho irá ficar sabendo disso.-ele me assegura.-E se o vermezinho mortal quiser continuar com isso, irá enfrentar resistência.
–Obrigada.-agradeço-o.
–Eu quem deveria lhe agradecer pelas informações.-ele me diz.-Agora entendi porquê me mandou uma mensagem pedindo urgência. Ao menos posso saber para onde você está indo?
–Eu vou sair do país.-respondo a Meryon.-É tudo que posso dizer. Informação intima demais, se você me permite.
–Entendo. Você não quer chamar atenção.-ele diz.
–Não.-respondo.-Eu não quero.
–Seu desejo será respeitado. Considerarei uma denuncia anônima.-ele avisa.-No entanto, devo deixar claro que as vezes as paredes tem ouvidos também.
Ele acena com a cabeça em direção a um homem encapuzado encostado à porta da frente. Ele percebe meu olhar e se retira, silencioso como uma sombra. Estamos sendo vigiados.
Volto meu olhar a Meyron, que parece tão calmo, mas sei que ele ainda se preocupa.
–Juro pelo meu sangue que não tenho nada a ver com isso, loba.-ele explica-se.-Porém, sugiro que vá embora o quanto antes. Eu também vou. Espero que tenha sorte em sua jornada.
Ele pousa sua taça dourada sobre a mesa e estala os dedos com a mão direita levantada. Em um gesto tão rápido quanto um piscar de olhos e o fae já não estava mais na mesa. Sumindo como se nunca tivesse estado lá. Entendo seu recado. Hora de ir embora. Me levanto tentando parecer totalmente calma. Eu vou atrás do encapuzado e eu não volto até ter sua cabeça em uma estaca. Ele pode estragar tudo tão rápido.
Saio do restaurante de volta a noite gelada do lado de fora. Preocupada em olhar tudo ao meu redor em busca do homem que nos vigiava, não noto a aproximação de um caçador. Sei que é um caçador. Ele me puxa contra ele em um movimento rápido e pressiona uma lâmina afiada contra o meu pescoço.
–Eu sei quem é você, garota.-o caçador rosna próximo ao meu ouvido.-Aquele camponês idiota me avisou de sua presença. Não que eu me importasse com ele, seu corpo já deve estar boiando em algum esgoto a essa altura. Uma desertora da Caçada conversando com um fae. Você realmente chegou ao fundo do poço, não é? Agora você está nas minhas mãos e o Mestre Romckpay vai ficar tão feliz em te ter de volta.
–Eu acho que você realmente não me conhece se pensa que eu não vou fazer nada.-digo e jogo meu braço esquerdo para trás, acertando uma cotovelada forte em seu estômago. Ele grunhe de dor e me solta. Ao me afastar dele, retiro minhas espadas das bainhas em minhas costas, já pronta para a luta.
O caçador cospe no chão e me olha furioso tirando sua própria arma da bainha na cintura.
–Já que quer fazer isso do jeito difícil, então será do jeito difícil, capitã.-ele alerta antes de empunhar a arma e tentar me golpear com a lâmina. Sou mais ágil do que ele e consigo bloquear o golpe cruzando as espadas. Isso deve o irritar mais ainda, porque parece ainda mais disposto a me acertar. As pessoas notam nossa luta e começam a se afastar. Estou ocupada demais em me defender de seus golpes totalmente brutais e cheias de ódio para tentar tomar cuidado com os camponeses ao nosso redor. Consigo golpea-lo as vezes, mas enquanto ele estiver lutando com raiva e sem pensar, não posso fazer nada além de tentar desviar. Esse homem não é um dos pomposos do Instituto ou os arrogantes Inquisidores. Esse é um dos Caçadores da Meia-Noite que ficam mais tempo em campo, fazendo o trabalho sujo que deveria ser de outras pessoas. Não é tão fácil vencer alguém que está acostumado a lutar contra todo tipo de monstro poderoso. Baixo na hierarquia, porém mais forte. Em um movimento rápido com sua espada, ele a gira contra a lâmina em minha mão direita e a arranca com força o bastante para fazê-la rolar alguns metros longe de mim. O olho assustada e passo a lâmina para a mão que tenho mais controle, tentando fazer algo além de me defender. Outro caçador irrompe do meio da multidão com uma expressão de choque ao me reconhecer. Provavelmente seu parceiro de lutas. Ótimo. Eu não vou conseguir lutar contra dois caçadores excepcionais como eles. Eu tento acompanha-los, mas logo o primeiro consegue me acertar com a parte mais grossa da lâmina com força na lateral do meu corpo e eu caio no chão, não sangrando, mas com muita dor. É provável que eu tenha inclusive quebrado alguns ossos. Um deles arranca a espada restante de minhas mãos enquanto o outro junta o par do chão.
–Você lutou bem, vadia, mas não o suficiente.-diz o caçador com quem estava lutando primeiro enquanto me levanta e faz uma dor disparar pelo meu corpo a partir das minhas costelas. Eu não lembro de sentir tanta dor antes.
Ele me segura contra seu corpo prendendo minhas mãos nas costas para impedir que eu tente voltar a lutar. Seu parceiro junta minhas espadas do chão e me olha com um sorriso maníaco no rosto.
–Belas espadas as suas, garotinha.-ele comenta levantando as sobrancelhas grossas.-Vocês da cidade grande realmente tem tudo o que querem, não é mesmo?
–Eu mereci essas espadas.-grito. O caçador que me segura aperta mais ainda meus braços nas costas e tento evitar gritar de dor.
–Eu duvido muito que tenha.-ele diz muito perto do meu rosto.-Vocês não precisam ralar para ter o que querem e nem se eu fosse o melhor caçador do mundo eu receberia essas espadas como presente, então duvido que você seja.
–Sim, Brad, mas veja o prêmio que conseguimos.-o parceiro diz examinando minhas armas.-Ela vai nos render vários pontos com o chefão, talvez ele até nos dê alguma arma decente ou um lugar melhor para morarmos quando a entregarmos. Imagine só, nós dois finalmente saindo deste fim de mundo.
–Vocês dois não merecem nada, seus imbecis.-exclamo.-Vocês não passam de brutamontes burros.
–Cale a boca, sua vagabunda.-O tal Brad grita me apertando mais ainda.
Fecho os olhos pela dor que sinto.
–Mantenha ela calada, caso contrario vai nos dar trabalho no caminho até o chefe.-diz o parceiro.
–Tem toda a razão, Derek.-Brad diz e me larga no chão.
–Você não passa de um idiota sem cérebro que serve para seguir as ordens do próprio parceiro.-observo com uma careta de dor e segurando a lateral dolorida do corpo. Não adianta mais tentar lutar. Eles venceram.
Brad solta uma risada louca e levanta sua espada, segurando-a com o cabo exposto.
–Tenha uma boa-noite, desertora.-ele exclama e tudo que vejo antes de apagar são seus olhos cheios de ódio quando ele gira a espada e me golpear com toda a sua força.


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