Enquanto você morria escrita por Lara Monique


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos!!

Depois de tanto tempo - e de esperar a categoria bandas voltar - aqui estou eu, postando uma nova fic dessa banda linda... ♥

Comecei a escrevê-la em meados de 2013, mas ficou arquivada por um tempo por eu ter entrado em uma espécie de crise com a escrita.Enfim, voltei para ela e prometo que vou tentar não demorar tanto dessa vez!

Além dela, pretendo postar novamente aqui a My Almost Boyfriend, Rota 66 e a Your Almost Girlfriend.

Espero que gostem de tudo isso e...Senti saudades!É tão bom estar de volta! :')




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Não era minha intenção participar de nenhuma reunião naquele dia, muito menos de me fazer notar no escritório.Só compareci mesmo para justificar os três dias que faltara aquela semana.Gastara quase uma semana inteira para encontrar meu pai, que fugia vez ou outra da casa de repouso.Ele sempre dizia que não morreria pagando por um crime que não cometeu.Já no auge de sua velhice achava que estava em uma prisão.O que não deixava de ser verdade.

O fato é que eu estava estourando de dor de cabeça naquela segunda-feira e tudo o que não queria era mais problemas.Passei pela minha secretária ignorando sua correria em me mostrar como a minha agenda estava lotada e o quanto eu precisava urgentemente de uma maquiadora antes de começar o dia.Ajeitei meus óculos escuros e continuei segurando minha bolsa térmica azul contra meus cabelos perfeitamente escovados.

Passei pela porta da minha sala e a tranquei antes que pudesse ouvir mais um ‘A’.Afundei no meu sofá de couro preto e tirei os sapatos de salto.Liguei o som.Um pouco de Jazz e a tarde toda de sono resolveriam meu problema.Pelo menos até a hora da reunião.

Mal fechei os olhos e fui interrompida pelas batidas insistentes na porta de madeira.

—Allison!-Aquela voz muito conhecida atravessou a porta.

—Vá embora, Sara!-Gritei, apertando os olhos.

—Allison, você precisa abrir essa porta!Agora!

—Eu preciso é dormir.-Resmunguei.

—Al, não seja teimosa.Abra a porta, por favor.

Revirei os olhos e pisei descalça no carpete de lã.Abri a porta e ela entrou com seus saltos vermelhos e aquele vestido que combinava com sua pele negra.Não gostava de sua beleza e elegância.Sempre me deixava desconfortável.Tranquei a porta de novo e voltei a me afundar no sofá.

—Al, eu sei que você passou por um estresse muito grande e...-Sara começou a falar, fazendo seus cabelos cacheados balançarem.

—Estresse?Tá brincando?Aquele velho quase me fez morrer!Meu cabelo caiu mais que o normal e eu tenho um milhão de pontas duplas.Jean não terá um horário vago para mim até quinta-feira e minhas unhas estão descascando!Como você quer que eu encare os clientes assim?

—Olha Al, eu realmente estou muito interessada em seus cabelos e a quantidade de pontas duplas, mas infelizmente nem todo mundo concorda que isso é motivo para a empresa parar suas atividades só para esperar você se recompor.-Ela me olhou sem emoção e cruzou os braços.Essa era sua pose irônica, que não me deixava nada satisfeita.

—Eu estou com olheiras profundas, Sara.E ninguém vai acreditar que eu estava mesmo na casa do meu pai esperando notícias de um velho maluco que estava bebendo chá em China Town.

—Sinceramente, Al, mesmo que você tenha essa aparência e seja uma mulher muito bonita, todos sabem que você nunca pôs o pé pra fora de casa, nem na faculdade.Todos sabem que você é uma pessoa caseira e solitária.

—Ei, eu não sou solitária!-Me levantei e rodeei minha mesa, arrumando meus papéis.-E também não sou caseira.É só que trabalho muito.Essa empresa é da minha família a anos e é minha responsabilidade zelar por ela.Eu sempre soube que teria que abdicar de algumas coisas e...

—Abdicar?Você faltou à sua festa de aniversário na semana passada!

—Estava doente.

—Não.Você não quis ir.Eu te conheço.

—Eu tentei vir, mas...-Parei por um momento e tive a impressão de ter o estômago fora do lugar por dois segundos.-Sara, eu estava fazendo trinta anos!Ninguém gosta de fazer trinta anos!-Sentei na poltrona, segurando meu estômago com uma das mãos e respirando fundo.

—Você não quis vir porque é uma antisocial.Fim.

—Dá pra parar de ficar insinuando que sou solitária?Eu não sou.Eu tenho amigos.Aliás, estou pensando em dar uma festa no meu condomínio esse fim de semana.

—Ah, sim.As suas inesquecíveis festas com canapés light e suco de maracujá.-Ela deu dois passos até a porta e se voltou para mim.-Allison, ninguém diz pra você mas todo mundo odeia a sua playlist.

—Vocês dançaram tanto no meu aniversário...Do ano passado...-Argumentei perplexa.

—Sim, mas tinha wisky no seu aniversário.Por algum milagre de Deus alguém conseguiu convencer você a colocar um pouco de alegria naquele lugar.Inclusive esse alguém fui eu.

—Mas você disse que as músicas tinham sido bem escolhidas e que todos estavam adorando.

—Al, eu sou sua amiga desde o colegial, só que...Ninguém mais consegue dançar ABBA e Pet Shop Boys sem ter enchido a cara.

—Mas era uma festa temática...Anos oitenta.-Abaixei os olhos e larguei o peso de papel de vitrola sobre a mesa de vidro.

—Desculpe, Al, eu não deveria estar te dizendo todas essas coisas...Mas o fato é que sua cara não quer dizer exatamente: Ei, galera, cheguei da noitada às sete da manhã.-Ela me fez levantar, pegou nos meus ombros e me levou para encarar o meu reflexo no vidro da janela.-Mas sim:Li toda a coleção de Crepúsculo e chorei por ter dormido apenas com Michael Fitzgerald na faculdade.Nós sabemos que ele não era exatamente um Jacob.-Deu tapinhas no meu ombro e deu um sorrisinho triste.

—Ele era bonitinho.-Fiz bico.

—Ele parecia o Salsicha de Scooby-Doo, Al.

—Mas eu gostava do Salsicha quando era criança.

Suspirei e voltei para o sofá, só que dessa vez Sara não me deixou deitar e se sentou ao meu lado.

—Al, a quanto tempo você não...Você sabe...

—Ah, não faz tanto tempo.-Respondi meio risonha.

—Quanto tempo?

—Umas semanas...Alguns meses...Talvez anos.

—Quantos.

—Você está me deprimindo.-Rodeei a mesa de novo e peguei uma xícara de café.-Quer saber, eu gosto de estar sozinha, tá legal?Sem homem para reclamar da minha depilação por fazer, ou pra assistir futebol em casa...Odeio futebol!Além disso eu sou uma mulher bem resolvida e não preciso de homem pra ser feliz.Vocês é que superestimam demais eles.-Balbuciei, enchendo minha boca de café e queimando a língua.

—E quem disse que você tem que se casar, Al?Você pode continuar solteira sem estar exatamente sozinha.-Ela piscou pra mim.-Estou dizendo que, caramba, precisamos de sexo, amiga...Um pouquinho de paixão e calor humano.

—Não sirvo pra isso!

—Claro que serve.

—Não, não sirvo.Não gosto disso!Sou mais do tipo jantar à luz de velas e dançar Endless love.-Sorri, ajeitando as margaridas da minha mesa.

—Eu odeio essa vibe vintage.

—Não é uma vibe...É uma paixão!

—Tá, mas enquanto seu principe encantado não vem, o que pode significar muito tempo, você pode sair e se divertir.Faz uma era que eu te chamo pra dar uma volta e você nunca sai comigo.

—Não gosto das suas amigas.-Comentei como quem não queria nada.

—Elas são divertidas, Al.

—Elas são vulgares.

—Você devia ter ido para o convento.

—Não tenho religião.

—Sem homem, sem religião, sem vícios...Esqueceram de te enterrar.-Ela fez uma expressão de pena.

—Sara, dá pra você cair fora e me deixar dormir um pouco?-Voltei para o meu sofá.

—Adoraria.Mesmo.-Ela suspirou, sonhadora.-Mas nós temos um contrato muito importante hoje pra assinar e, não sei porque, mas esses imbecis aí de fora me escolheram pra te convencer.

—Ah, não.O rapper de novo não!Eu já dei minha resposta antes.

—Al.

—Não, Sara.Eu não vou voltar atrás.Esse cara é nojento.Você ouviu alguma música dele?Aprendi uns cinco palavrões novos.

—Viu só?Ele até ajuda as pessoas a melhorarem o vocabulário.Ele é um gênio!-Ela disse, fazendo a pose irônica de novo.-Não é pra você ouvir as músicas, Al.Você não precisa ouvir uma nota se quer.

—Sim, mas aí fora existem milhares de crianças e adolescentes que serão influenciadas por essas palavras e por essa falta de respeito.Você não tem medo de ver seu filho ouvindo esse cara e achando que é super normal transar com a mulher de alguém nos fundos de um bar sujo?

—Allison, a sua preocupação com o futuro do mundo é uma coisa linda.Mesmo.Mas sabe o que eu acho?Que você devia se preocupar primeiro com essa empresa.

—Mas eu me preocupo!Por isso me recuso a deixar o selo da empresa da minha família ser vulgarizada dessa forma.

—Sim, mas se você não fechar um contrato milionário sabe o que vai acontecer, não é?

—Eu sei, mas...

—Mas nada!Esse cara vai ser um sucesso, muitas gravadoras estão atrás dele...Só ele poderá salvar a sua família da falência.E eu faço parte dessa família, Al, então...Por favor...-Ela pegou minhas mãos e olhou nos meus olhos.-Abra um pouco a mente, vai?Pense no que Brad faria.

Brad não faria absolutamente nada.Ele conversaria um longo tempo com o produtor e o rapper, tomaria um gole de rum e convenceria toda a equipe de que o material devia retornar ao estúdio.Ele sempre tinha tato com as pessoas.Ele sempre sabia o que dizer para ser ouvido.

Eu nunca seria como ele.


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Notas finais do capítulo

Comentem!!!!



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