— Eu também gosto de você, Kory...— Eu murmurei contente para que Kory ouvisse.

            Ficamos grudados por alguns instantes, eu ainda estava em choque. Era realmente verdade isso? Kory havia se declarado antes de mim? Kory gostava de mim? Eram tantas perguntas e mil coisas sem sentindo que corriam pela minha mente, feito um flash.

            Depois de finalmente acordar de meus pensamentos, eu levantei e ofereci minha mão para ajudar a ruivinha a se levantar. Fomos constrangidos para a sala e nos sentamos. O que eu deveria dizer agora? Bem... Acho que sei por onde eu deveria começar.

— Err... Kory?— Eu murmurei.

— Sim?

— Eu... Vou tomar um banho. – Me levantei rápido. – E-eu já volto.

— C-claro.

            Andei até o final do corredor e entrei em meu quarto para pegar uma muda de roupas limpas e dignas, além de uma cueca limpa. Fechei a porta do quarto e entrei no banheiro rapidamente para que logo pudesse voltar para a sala e falar com Kory.

            Richard, seu animal! Iria deixar a menina sozinha na sala. Nem sequer havia tomado um banho.

            Tomei um banho rápido lavando os cabelos e tentando ficar o mais cheiroso possível. Me sequei e vesti uma bermuda jeans e uma camisa seminova logo após usar o desodorante e a colônia. Arrumei meus cabelos e saí do banheiro para encontrar Kory olhando a rua pela janela.

— Oi – eu estava sem lugar – eu demorei?

— Não. – A ruiva sorriu meiga. Era a Kory que eu conhecia.

— Agora podemos conversar melhor, não acha? – Suas bochechas ficaram vermelhas e eu tenho quase certeza que as minhas também.

            Nós nos sentamos no sofá e ficamos encarando o televisor de 42 polegadas apagado. O clima estava estranho, talvez um pouco pesado. Eu não sabia onde colocar as minhas mãos, então as esfregava.

            O que eu tenho que fazer? Eu tenho que beijá-la? Não, talvez isso a assuste. Então o que eu falo? Espera... Estamos namorando? Ou eu tenho que pedir? Céus, eu não preparei nada.

— Richard...?— Me assustei quando sua voz doce chamou meu nome e suas mãos delicadas tocavam meus braços. – Você está bem?

— Eu? – Ria de nervoso, não fazia ideia do que fazer. – Mas é claro, Kory. E-eu ‘tô ótimo.

— Não parece. – Ela tinha uma expressão triste. Droga!

— É que... – Eu engasguei com as palavras e com a saliva e comecei a tossir.

— Você está bem? – Concordei e rapidamente tentei me recompor.

— Desculpe.— Silêncio constrangedor. – Kory...

— Sim?

— Eu nunca recebi uma declaração como a sua.

— Como? – Eu tentei olhá-la pelo canto do olho, mas eu não consegui.

— Já recebi algumas... Poucas declarações. – Tentei amenizar o meu erro. – Mas nenhuma fez meu coração saltar como a sua fez.

— Mesmo? – Ela soltou uma risadinha.

— Sim. – Ri também. Contei até dez e tomei coragem. – Eu estou apaixonado por você, Kory.

— É sério? – Eu a olhei pela primeira vez desde a declaração.

— Eu me apaixonei pela sua doçura. Sua bondade. Sua alegria de criança. Sua inocência e seu senso de justiça. – Eu me aproximei dela e toquei suas mãos. – Eu... Adoraria ser seu namorado. – Levantei meus olhos para seu rosto e vi que estava completamente vermelha. – Se quiser, é claro.

— Richard – ela começou com um sorriso doce e olhar amoroso – eu adoraria ser a sua namorada. – Rimos juntos.

— Então... Somos um casal? – Kory riu e assentiu.

— Somos um casal.

— E... Eu posso te dar um beijo? – Eu fiquei extremamente ansioso com essa pergunta. Meu rosto ficou vermelho e meu coração não parava no lugar. Batia tão rápido que eu tinha medo de ser ouvido. Pensei que ele iria pular de minha garganta e sair dançando por aí.

— Sim, Richard. Você pode. – Sua voz saiu extremamente meiga e eu não pude me aguentar.

            Com muita delicadeza posicionei uma de minhas mãos no seu rosto e a outra mantive em suas mãos. Fui me aproximando de leve para não assustá-la e fui fechando meus olhos. Kory também fechou os olhos e iniciou a formação de um biquinho delicado.

            Senti que meu peito iria explodir quando toquei seus lábios com os meus. Seus lábios eram o convencional: macios como qualquer um e um pouco escorregadios pelo gloss que ela usava. Sua boca tinha um resto de gosto de pasta de dente, que já não estava tão forte.

            Fiquei surpreso quando ela pediu para que eu aprofundasse o beijo. Pressionei nossos lábios com mais forças e obedeci ao seu pedido. Era um beijo de língua, mas eu me esforcei para que o beijo continuasse delicado e gentil. Queria que Kory sentisse todo o meu amor por ela.

            Quando o beijo cessou nos olhamos profundamente com carinho e amor. Tudo o que eu pude fazer foi abraça-la e sentir seu cheiro. Era tão doce quanto ela e muito agradável. Me afastei dela.

— Quando se apaixonou por mim? – Soltei enquanto brincava de acariciar nossos narizes um com o outro.

— Não sei exatamente. – Ela sorria com as cócegas da brincadeira. – Só sei que percebi quando a minha maior preocupação era que Xavier machucasse você enquanto estava nas mãos daquele monstro.

— Kory...— Eu a puxei para um abraço amoroso, enquanto beijava o topo de sua cabeça.

— E você? – Ela questionou. – Quando se apaixonou por mim?

— Desde que nos embarramos pela primeira vez. Um pouco antes, quando estava fugindo do Xavier no início do ano e você e seus amigos entraram em sala. – Sorri e beijei novamente seus cabelos cheirosos. – Acho que foi amor à primeira vista.

— Isso é tão romântico. – Ela dizia entre risadinhas. Como ela ficava linda quando sorria!

— Eu não preparei nada para a minha namorada— Eu disse sorrindo e dando ênfase ao nosso relacionamento – mas podemos pedir uma pizza e assistir filmes.

— Eu adorei a ideia, namorado. – Rimos e ela me deu um selinho demorado e amoroso.

            Eu estava nas nuvens. É oficial, sonhos se tornam realidade. Eu estou ao lado da garota mais doce e maravilhosa do mundo. Eu jamais pensei que faria isso, namorar de verdade.

            É claro que eu já namorei uma vez, mas durou apenas duas semanas. Ou menos. Não era algo sério como agora, na verdade nada nunca foi. A única coisa que eu fazia era beijar e transar com as garotas. Nunca pensei num relacionamento sério. Zombava dos meus amigos que tinham, mas agora eu entendo o sentimento.

            Eu amava a Kory e faria de tudo para jamais magoá-la. Eu iria respeitar cada pensamento seu e faria de tudo para fazê-la feliz. Eu realmente ansiava por cada momento de nosso relacionamento como as discussões por bobeiras, as brincadeiras, as conversas e as risadas. Tudo.

            Depois que pedimos a pizza fui comprar um pote de sorvete e um litro de refrigerante, enquanto Kory disse que esperaria lá mesmo. Eu só esperava ter trancado meu quarto antes de sair, não me perdoaria se ela visse aquilo tudo.

            Quando voltei tudo parecia normal o que me tranquilizou. A pizza não tardou em chegar e aquela foi a nossa comemoração de namoro. Durante o resto do dia ficamos no sofá, agarradinhos trocando beijos e palavras de amor.

            Como eu amava a Kory...

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