A p r i l escrita por Hamélia


Capítulo 18
D e z o i t o


Notas iniciais do capítulo

Hey, podem dar uma olhada nessa fanfic? Garanto-lhes que não iram se arrepender ;)
Link: https://fanfiction.com.br/historia/693064/Desde_Sempre/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677927/chapter/18

Desci do carro hesitante junto à América. Meus olhos percorreram toda a frente do local à procura de algo que me indicasse que eu havia feito certo em aceitar vir, porém nada me veio a vista. O local era uma enorme casa de madeira pintada de branca, com seu típico jardim repleto de grama e algumas flores que já haviam sido destruídas por marcas de sapatos, cigarros jogados e algumas garrafas de cerveja. A maioria de todos aqui eram adolescentes, porém cada um com um copo de cerveja na mão. Já e dentro da casa, pude pela primeira vez presenciar como era de verdade uma festa a qual América ia. Sinceramente? Fiquei horrorizada. Pessoas se esfregando umas nas outras, copos pelo chão, o som da música eletrônica que fazia meus ouvidos estremecerem.

No dia em que falei com Evan, após ele me convencer de ir a festa, fui com America novamente à loja de fantasias e comprei uma fantasia de enfermeira. O vestido ficava a dois palmos do meu joelho, era branco, porém todo sujo de poeira e algumas marcas de sangue falso, fora pequenas partes rasgadas. Junto um par de sapatilhas branca, porém com os mesmos efeitos que o do vestido. Vinha também o pequeno típico chapéu branco com uma cruz vermelha que elas usavam. Aos olhos de America era algo simples, porém para mim era uma roupa muito extravagante.

Já dentro da casa, America e eu tentávamos passar pela multidão, em direção ao bar onde encontraríamos Rachel, Dean e outros amigos seus e de America.
—Como era o rapaz que você disse que iria te encontrar aqui? - America falava alto em meu ouvido, porém era o mesmo que a ouvi-la sussurrar.
      Parei um pouco para tentar lembrar do rapaz, lembrei da cor do se cabelo, da cor dos seus olhos, suas roupas, a imagem dele me apareceu a mente como uma fotografia.
—Alto, cabelo meio castanho meio preto, pele pálida e... - Lembrei-me novamente dele e fiz um pausa, em seguida descrevendo o último item essencial - Ele está sempre sorrindo.
—Serio, April? - America comentou, com sua mã sobre a testa, em seguida fez uma expressão de decepção - Você tem um péssimo gosto para homens.
—Rachel disse o mesmo - Respondi sorrindo.
—E é por isso que eu gosto dela - Ela falou pincando o olho enquanto apontava o dedo indicador para mim.
     Rodei meu corpo, fazendo uma boa varredura pelo local e logo alguém me chamou atenção. Não consegui ver direito seu rosto, porém pela sua fisionomia ela me lembrava Evan. 
    Rapidamente me virei para America, entregando minha bolsa a ela.
—Eu acho que eu achei ele - Falei enquanto me afastava - Procure a Rachel, assim que eu falar com ele eu volto para ficar com vocês.
     Mesmo com a expressão confusa, America assentiu e continuou parada olhando eu me afastar.
    Passei entre as pessoas tentando me espremer ao máximo para que conseguisse andar. Vários corpos se colavam ao meu, sentia mãos apalparem meu corpo, me fazendo apertar o passo e andar mais rápido. Subi a escada e novamente tentei procurar o rapaz a qual eu havia visto e, por sote, logo o avistei perto do final do corredor, indo em direção à um grupo de rapazes e garotas que conversavam e bebiam entre si.
—Evan! - Chamei-o alto, na esperança de que ele ouvisse. Seu corpo parou e ele olhou para os lados procurando a voz, então logo chamei-o novamente - Evan!
    Ele virou-se em direção a mim, para minha surpresa seu rosto estava completamente sério, deu maxilar parecia estar travado e suas sobrancelhas franzidas, porém logo tudo isso foi substituído por um enorme sorriso assim que seu olhar chegou até mim. Correspondi o sorriso e senti um enorme alivio ao ver seu sorriso, que para mim era de certa forma reconfortante.
 " Não tanto quanto o dele"
  Evan se aproximou de mim, enquanto eu permaneci parada, não me atreveria a me aproximar desas pessoas, porém apenas porque não as conhecia. Evan era uma das poucas pessoas que eu conhecia por aqui, estar perto de um conhecido em meio à uma enorme quantidade de pessoas bêbadas e drogadas era definitivamente melhor do que estar sozinha.
—April! - Ele exclamou assim que se aproximou mais, abrindo seus braços e me abraçando forte, enquanto estranhamente depositava um beijo em meus cabelos - Então você realmente veio.
—Eu disse que iria vir - Falei sorrindo fraco.
—Eu sei, mas também pensei na chance de você vir e me ignorar, sabe... - Ele falou, enquanto colocava seus braços dentro dos bolsos de sua calça.
—E por que eu faria isso? - Questionei confusa. Por que eu iria ignora-lo?
—Não sei, você... - Ele falou sem graça, porém sua frase foi interrompida por um grito atrás de nós.
    Levei meu olhar até a pessoa e meu corpo paralisou assim que notei quem era a pessoa. Harry. Seu corpo se aproximava, seus pés davam passos pesados até nós, em uma de suas mão estava um copo transparente o qual ainda se via uma pequena quantidade de seja lá o que ele estava bebendo. Harry soltou o copo, deixando-o cair no chão, enquanto retirava seu enorme casaco verde, o qual ele também havia usado no dia em que o vi na loja de disco de vinil.
—O que pensa que está fazendo? - Harry questionou, se direcionando ao Evan. Evan franziu as sobrancelhas e, igual ao Harry, traou seu maxilar, porém a confusão em seu rosto ainda era nitida.
—O quê? - Evan respondeu.
  Harry colocou ambas suas mãos sobre o peito de Evan, dando-lhe em seguida um empurrão fraco.
—O que acha que estava fazendo com ela? - Ele perguntou. Sua voz saia arrastada, ele parecia não conseguir deixar seu corpo parado, e ver seu corpo balançar junto com o de Evan quando ele o empurrou, confirmou minhas hipóteses sobre ele estar bêbado.
—Eu estava a abraçando, oras - Evan respondeu, irritado - Não lhe devo explicação, cara. Saí fora...
—Evan, tudo bem, tudo bem ele é... Ele é um amigo meu - Falei tentando tranquilizar Evan, colocando minhas mãos sobre o seu peito, tentando fazer ele me olhar. Sei que o certo seria eu pedir para que Evan fosse comigo para outro lugar, porém eu queria só mais um pouco olhar Harry. Só mais um pouco.
—April, não vai me dizer que já me trocou por esse... - Harry falou porém não terminou sua frase, apenas fez um som estranho com a boca, abaixando a cabeça.
—Harry, por favor, vá embora... - Pedi. Céus, só de olhar para ele eu sentia aquela dor voltar, porém ao mesmo tempo sentia meu corpo esquentar e meu estômago dar voltas.
—Eu preciso falar com você, April... - Harry falou enquanto se aproximava.
—Fique longe dela, seu bêbado - Evan falou.
   Estava quase a pedir para Evan para que deixasse-nos a sós, porém antes que pudesse falar senti meu corpo ser empurrado e só pude ver Harry aproximando seu corpo de Evan, enquanto sua mão se fechava em punho e ia contra o rosto dele.
   Bati minhas costas contra a parede devido ao empurrão de Harry, porém consegui evitar um impacto mais forte colocando minhas mãos na mesma. Fechei os olhos ao senti ainda a pequena dor nas minhas costas, e assim que os abri pude ver Evan caido no chão com a mão sobre o rosto enquanto o Harry segurava pelo pulso sua mão direita balançando-a.
—Harry! - Exclamei, me aproximando deles. Harry virou seu rosto em minha direção, porém desviei de seu corpo e me abaixei ao lado de Evan - Céus, Evan, me perdoe, Harry é um babaca e... E-eu sinto muito - Falei embaralhada ignorando os murmurios de Harry atrás de mim. Ao nosso redor estavam mais ou menos apenas dez pessoas, algumas já voltando para festa assim que viram que a discussão não passaria desse soco. - Vamos, eu vou te ajudar com isso...
—April... - Evan falou, sentando-se - Por Deus, v á conversar com esse cara ou seja o caralho que ele quiser, apenas tira-o daqui antes que eu esqueça que ele está bêbado.
—Tem certeza? - Perguntei hesitante. Por mais que eu quisesse ajudar Evan, eu realmente precisava dar um jeito no Harry. 
Evan assentiu e se levantou, caminhando em direção ao seu grupo de amigos. Virei-me para Harry e tentei fazer a expressão mais chateada que podia, porém isso só fez com que Harry risse. Bufei e segurei seu braço, descendo as escadas junto à ele para irmos para fora da casa.
   Assim que cheguei com o Harry no quintal da casa, Harry se encostou na parede perto da porta e me encarou sério. Quem diria que há alguns momentos atrás ele parecia um bêbado idiota e briguento.
—Pode me explicar o porquê de você ter feito aquilo? - Perguntei calmamente.
—E você pode me explicar o porquê de estar abraçada com aquele cara? - Harry perguntou, exasperado - Por Deus, April, tenha um pouco de vergonha.
—Harry, você está esctando o que você esta dizendo?- Questionei elevando meu tom de voz - Está a praticamente me chamar de vadia!
—Eu nunca disse isso! Apenas estou irritado por ver você com ele. Feliz? 
—Não, Harry. Esse é o problema: Eu não estou feliz! - Exclamei alto, fazendo Harry franzir as sobrancelhas - Eu estou cansada. Cansada disso tudo! Se você não sente nada por mim, se você saiu do meu apartamento naquele dia como pode querer ter algum direito de bater em um cara só porque eu estou saindo com ele?!
—Você está saindo com ele? - Ele se aproximou.
—Não, Harry, pelo amor de Deus! Evan é apenas meu amigo! - Respondi levando minhas mãos até meu rosto, suspirando.
  Lágrimas teimosas insistiam em escorrer pelo meu rosto, porém eu estava ao máximo tentando evitar isso. Seria idiota chorar, ainda mais num momento como esse.
—April, eu... eu não consigo fazer isso - Harry murmurou depois de um tempo. Retirei as mãos do meu rosto e o encarei, vendo seus olhos lacrimejarem também,me deixando surpresa - Eu tentei, tudo bem? Tentei, tentei afastar qualquer pensamento sobre você, tentei afastar qualquer coisa que me lembrasse você, mas toda vez que eu deitava a noite na cama, sua voz sempre ecoava na minha cabeça. 
—Harry, por favor... - Supliquei - Não faça isso.
—Eu não tenho mais medo de falar, April - Ele falou baixo, se aproximando. Evitei recuar, apenas para acabar logo com isso. Suas mãos foram até meu rosto, onde ele passou seu polegar sobre as lagrimas que nem eu sabia que escorriam pelo meu rosto - Eu amo você, April. Nunca fui bom com sentimentos, nunca fui bom com relacionamentos e muito menos com mulheres, mas você me faz sentir algo que faz com que eu queira ser bom. Queira ser bom pra você, April.
    Eu evitava o olhar. Ver Harry falando tudo isso de uma vez era difícil de raciocinar. Milhares de sentimentos e pensamentos rodavam em minha cabeça, meus olhos derramavam lagrimas que eu nem ao menos tentava segurar mais. Meu corpo estava leve, relaxava a cada palavra que Harry proferia, relaxava ao perceber que Harry estava me tocando. Minha mente sumia com todos os pensamentos inseguros, com todas as vezes que eu havia chorado, por todas as vezes que eu havia imaginado que Harry iria me deixar, pois agora eu sabia que ele não iria. Eu sabia que, nesse momento, o olhar e a atenção de Harry estavam direcionados para mim, e somente para mim.
   Harry impulsionou suas mãos e levantou meu rosto, fazendo-me o encarar. 
—Cientificamente, é impossível amar alguém em um tempo menos que quatro meses - Ele falou inclinando sua cabeça e me olhando nos olhos - Eu estou indo contra isso e provando pra você e pra qualquer pessoa que quiser ouvir, que eu...- Soltei um soluço baixo. Harry deu mais um passo, o suficiente para cortar quaisquer resíduos de distância que havia entre nós. Ele juntou sua testa a minhas e deixou leves beijos pelo meu rosto, finalizando com um em cada pálpebra minha - Eu te amo, April Morgan.
  Harry alisava minha bochecha com seu polegar, enquanto eu chorava incontrolavelmente. As palavras não saiam da minha boca, eu apenas queria congelar o tempo para que ficássemos sentindo esse bom sentimento por um bom tempo.
—Agora eu entendo o que você havia dito no dia em que me mandou embora do seu apartamento - Ele murmurou baixo, raspando seus lábios nos meus - Doí, April. É uma dor terrível, e que jamais eu quero senti-lá novamente. E você não imagina o quanto eu me arrependo por ter feito você senti-lá.
—Está tudo bem... - Falei em meio a soluços, colocando meus braços ao redor do pescoço de Harry, levando uma de minhas mãos até seus cachos e acariciando-os - Está tudo bem agora - Ele afirmou e se aproximou para me beijar, porém coloquei meu dedo indicador em seus lábios. Tinha que dizer-lhe algo, para acabarmos logo com isso - E eu, eu amo você Harry. 
    Ele sorriu e eu comprimi os lábios, porém logo os separei assim que Harry novamente me beijou. Eu havia sentido falta de seus lábios, dos momentos ao seu lado, se sua voz, da segurança e do conforto que sentia ao seu lado. Céus, o quê apenas uma semana longe dele pode fazer comigo?
    Seus lábios se mexiam lentamente junto aos meus, para assim aproveitarmos nosso momento juntos. Não só seu corpo como também seus lábios se pressionavam de maneira intensa contra mim, demonstrando paixão. Queria que esse beijo me demonstrasse a falta que eu havia feito, e ele à mim.
  E eu espero, de todo o meu ser, que esse seja um dos milhares de momentos que irei passar com o Harry.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A p r i l" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.