Descendentes escrita por beccadesings11, Naty Valdez


Capítulo 2
"Friends"


Notas iniciais do capítulo

Hello Guys!
Aqui está o segundo capitulo da fic!
Quero agradecer a "Bombom de mel", a primeira a comentar aqui. Muito obrigada novamente *-*
Também agradeço a todas e todos que estão acompanhando. Muito obrigada.



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Parei ao lado do meu irmão, ambos voltados para a escola. Não olhei pra ela de fato, pois prestava atenção se meus pais diriam mais alguma coisa. A única coisa que escutei foi o barulho das rodas ao acelerarem e partirem.

— Ei, pegue leve – disse Alan, sem olhar pra mim – É só uma escola nova. Você vai se adaptar.

Olhei para ele, cruzando os braços.

— Alan, eu não sei em que planeta você viveu nos últimos, sei lá, anos, mas a minha realidade é bem diferente da sua. – acusei – Não é apenas uma escola nova. É praticamente uma vida inteira!

— Ás vezes, é bom mudar. – ele deu de ombros.

— Pode até ser. Mas foi muito rápido. Muito... De repente. Nossos pais simplesmente decidiram isso, tipo, da noite pro dia. Não acha isso esquisito?

— Talvez. – Alan deu de ombros.

Ele se mantinha desse jeito. Sem qualquer tipo de opinião. Aquilo me deixava mortalmente irritada.

— Serio? – indaguei. – Você não vai dizer nada?!

— O que você quer que eu diga, Penélope? – meu irmão voltou-se pra mim, se auto indicando, como se ele também fosse uma vítima.

Não que ele seja culpado por essa história, mas imaginei que, como ele passou a maior parte do tempo com os nossos pais – muito mais tempo que eu – ele poderia pelo menos tentar explica-los. Mas não fez isso. Parecia saber tanto quanto eu. A diferença, no entanto, é que ele não dava a mínima. Isso provava o quanto ele era diferente de mim.

Eu e Alan éramos uma mistura do meu pai e da minha mãe. Ele puxara os cabelos loiros dela e os olhos verdes de meu pai, enquanto eu saí com os olhos dela e os cabelos dele. Também havia puxado as melhores qualidades da minha mãe – o que me fazia ser inteligente o suficiente para estar no mesmo ano que meu irmão, mesmo eu sendo dois anos mais nova –, enquanto meu irmão só havia puxado o que a minha mãe, particularmente, mais detestava em meu pai: lerdeza.

— Não diga nada – falei, voltando o meu olhar pra frente – Mas não diga que eu não te avisei.

Resolvi dar um passo confiante pra frente, pretendendo deixar o meu irmão pra trás. Porem, no segundo passo, alguma coisa – ou alguém – passou tão rapidamente na minha frente que eu perdi totalmente a minha concentração.

— Mas o que...? – comecei a dizer.

— Desculpe! – disse uma voz de menina. Em meio segundo, a dona da voz estava parada na minha frente, gesticulando as mãos como se estivesse procurando alguma coisa errada em mim – Você está bem?

Por algum motivo, não entendi a reação dela. Todo o seu rosto centrava uma expressão séria, com exceção de seus olhos, que eram alegres, agitados e brilhantes. Não dava pra entender se estava preocupada – o que a agitação das mãos sugeria –, rindo da situação – o que sugeria seus olhos agitados – ou que não estava dando a mínima – o que todo o resto sugeria.

O resto da menina era normal. Cabelos castanhos e curtos, na altura dos ombros, lisos no começo e ondulados nas pontas. Os olhos tinham a mesma tonalidade do cabelo, tendo ainda agitação neles. Com relaçao ao tamanho, ela era mais alta que eu, mais não tinha altura pra ser considerada “alta”.

— Tudo bem, eu... – comecei a dizer, mas fui interrompida por meu irmão.

— Becca?! – ele chamou.

— Alan! – ela exclamou de volta.

Então, foi como se a minha pessoa não existisse mais. A menina, que provavelmente se chama Becca, correu e abraçou meu irmão na mesma hora, sendo retribuída com a mesma felicidade. Assim que se separaram, iniciaram uma conversa imediatamente – algo sobre estarem felizes de estarem aqui e tal – o que não me interessou nem um pouco.

— Parecem duas crianças – uma voz feminina, de uma pessoa que eu não conhecia disse ao meu lado, fazendo-me voltar minha atenção pra ela imediatamente – É esse tipo de comportamento que não me deixa acreditar que vocês dois são irmãos. É bom ver você, Penélope.

A dona da voz estava parada ao meu lado. Ela possuía cabelos ruivos, longos e lisos, além de ser dona de belos olhos verdes cor de esmeralda. Era maior do que eu, assim como meu irmão e a menina – que supostamente se chamava Becca –, além de ser muito mais esbelta. E, claro, um detalhe muito importante: eu nunca a tinha visto em toda a minha vida.

Então, assim que ela disse meu nome, minha reação foi dar um passo pra trás.

— Ahn... Quem é você? – perguntou – E como sabe meu nome?

A menina abriu um sorriso, que eu teria retribuído, se não estivesse tão mal humorada pelo dia horrível que eu estava tendo.

— É claro que não se lembra de mim. Nos falamos poucas vezes. – ela contou, com sua voz calma, mas firme – Éramos da mesma turma de biologia. Meu nome é Tina.

Tina tinha um rosto familiar, mas eu não me lembrava de tê-la visto em nenhuma aula de biologia. Mesmo assim, eu disse:

— Ahn... Prazer. Digo, de novo. Então... – dei um passo e fiquei ao lado dela – Você a conhece? – apontei pra menina que ainda conversava com meio irmão.

— A Becca? – Tina apontou para a menina, e abriu um sorriso – Eu tenho que conhecê-la. Ela é a minha.

Um tapa em meu rosto teria tido menos efeito. Como assim aquelas duas eram irmãs? Era a mesma coisa que dizer que o Batman e o Coringa eram melhores amigos.

Minha expressão deve ter sido engraçada, porque os cantos da boca de Tina subiram. Provavelmente, estava acostumada com esse tipo de reação das pessoas.

— Eu sei, é um pouquinho chocante. – ela disse.

Concordei com a cabeça, não dizendo nada.

— Ei, Penélope! – meu irmão chama.

Ele e a irmã de Tina, Becca, se aproximam de mim, parando em minha frente. Becca ainda possui a agitação nos olhos, mas agora não é só pela naturalidade que isso acontece, alguma coisa colaborava para sua agitação. Meu irmão, parado ao lado dela, está do mesmo jeito, mas claramente mais animado.

— Penélope, essa é a Rebecca – disse ele, animado – Nós estudávamos juntos na Califórnia.

— Oi – a menina disse – Eu quase te atropelei agora a pouco. Me desculpe por isso. Quero deixar bem claro que eu sou um desastre.

— Eu percebi. – falei.

— Penélope! – censurou meu irmão.

— O que?

Becca riu.

— Tudo bem. É a mais pura verdade!

— Acho que vou ter que concordar plenamente com você, irmãzinha – Tina entrou na conversa – Você é, basicamente, um desastre ambulante.

— Porque isso partiu para o lado ofensivo agora, em? – falou Becca, fingindo-se de ofendida, mas estava rindo.

Eu abri um sorriso, quase maravilhada com a situação. Mesmo achando estranho o fato de aquelas duas não parecerem irmãs, elas ainda pareciam mais do que eu e Alan. Estava quase ficando com inveja quando pesei o seguinte: provavelmente, ambas se viam muito mais que eu e ele.

Tina levantou os cantos da boca. Alan ria, quando, de repente, parou e olhou para trás do meu ombro. Curiosa, segui seu olhar. Um garoto e uma garota andavam apressadamente em nossa direção.

— Carlos! Melissa! – gritou Becca, com o braço erguido e acenando.

Eles finalmente chegaram ao nosso lado. Carlos mexia em um celular enquanto caminhava – o que me deu uma inveja tremenda, porque eu nunca tive um –, mas guardou-o no bolço da calça quando parou ao nosso lado. Tinha a pele morena, cabelos ondulados e – assim como todos – era mais alto que eu.

A menina, Melissa, também era mais alta que eu. Ela tinha uma postura rígida enquanto caminhava, pouco à vontade, mas relaxou um pouco quando parou ao nosso lado. Melissa era pouca coisa mais alta que Carlos. Seus cabelos eram cor obsidiana e cacheados. Olhos cinzentos escuros, também voltados para o marrom.

— E aí, pessoal? – pronunciou-se Carlos – Ansiosos para as férias?

— Sério? – disse Tina – Você perguntou isso mesmo? Carlos, você sabe que o verão é sempre a mesma coisa. Não adianta esperar nada demais. Então, não, não estou ansiosa.

Carlos olhou envolta, surpreso.

— Alguém mais está de mal humor?

Todos riram, exceto eu e Tina.

— Eu vou ter que concordar com a Tina, Carlos – falou a menina que estava ao lado dele, Melissa – Nada de especial acontece no verão. São apenas dias vagos que nós passamos o tempo fingindo que são importantes.

— Mas esse ano não serão dias vagos, Mel – intrometeu-se Becca – Nós vamos para o acampamento. Lembra?

— Ah, claro – Melissa rolou os olhos – Um acampamento. Um local no meio do mato, onde vamos dormir no chão, e nós nem sabemos onde é.

Um vulto escuro agarrou Melissa por trás. Eu tomei um susto e dei um leve pulinho no meu próprio lugar.

— Quanto drama – disse o vulto, que na verdade era uma garota. Ela possuía cabelos pretos e lisos, que balançavam soltos em seus ombros. A pele era negra, cor de chocolate. Os olhos, pequenos, tinham um tom amarelo, voltados para o dourado.  – Vamos lá, Melissa, vai ser legal!

— Duvido muito.

A menina morena largou Melissa, rindo, e cumprimentou todo mundo. Então, após isso, ela olhou diretamente pra mim e se aproximou.

— Penélope, não é?

Agora todo mundo olhava pra mim.

— Sim – respondi.

Ela abriu um sorriso simpático.

— Prazer, meu nome é Franci, mas pode me chamar de Fran. Qual é o problema? Porque está assustada?

Eu sabia do que ela estava falando. Tentei não deixar transparecer, mas eu já estava entrando em desespero. Eram muitas pessoas. Como lembraria o nome de todo mundo? E pior, será que eles ainda tinham apelidos? Todos eles?

Meu irmão olhou pra mim. Ele parecia preocupado, mas a ponto de rir ao mesmo tempo. Eu não deixaria ele rir de mim. Me concentrei e disse:

— Não, está tudo bem. – falei, abrindo um sorriso – É um prazer também. Como sabe o meu nome?

— Todos nós sabemos seu nome, Penélope – Melissa se intrometeu. – Seu irmão fala muito de você.

— É, eu até achei que já te conhecia, por isso não me apresentei – disse Carlos – Agora que me lembrei de que você não me conhece. Sou Carlos.

— Melissa.

— Oi. Eu já sabia. Digo, eu ouvi vocês. – foi o que eu disse.

Mas o que se passava na minha cabeça era: ai, meu Deus, o que o meu irmão andou falando de mim para essas pessoas que eu nunca vi na minha vida?

Quando eu pensei que não existia mais pessoas no planeta Terra para se apresentarem pra mim, alguém segura bruscamente os meus dois braços e diz:

— Bu!

Eu praticamente pulo do meu lugar mais uma vez. A arte de conhecer os amigos do meu irmão estava me deixando mais assustada do que eu gostaria de admitir. A pessoa que me assustou, que mostrou é voz feminina, começa a gargalhar e da um passo pra frente, ficando ao meu lado.

— Oi. Me desculpe por isso – diz ela, ainda rindo. Então volta-se para as outras pessoas – Oi, gente.

Todos a cumprimentam de volta.

— Que bom ver vocês. Não vejo vocês desde, sei lá, semana passada – diz a garota. Então ela volta-se novamente pra mim – Eu acho que eu ainda não te conheço. Ou te conheço?

— Ah... Creio que não – falei, ainda abalada pelo susto – Sou Penélope.

— Ela é minha irmã, Lisa – falou Alan.

— Ah, então você é a Penélope? – ela, de repente, ficou três vezes mais animada – Eu ouvi falar muito de você. Sou Lisa – ela piscou – Mas... Eu acho que Alan... Já disse isso – ela coçou a nuca. – Enfim! – ela me estendeu a mão.

Eu aceitei e ela sacudiu repetidas vezes. Lisa era mais baixa que todos ali, mas ainda era mais alta que eu. Ela era magra, tinha os cabelos encaracolados e escuros, e os olhos amendoados. Não sei porque, mas me senti confortável em sua presença.

Então, quando soltei a mão de Lisa, pensei: É a ultima. Tenho certeza disso. Não tem mais ninguém aqui. Não vai chegar mais ninguém. Não existem mais pessoas na Terra pra isso.

Foi quando escutei risadas atrás de mim. Era uma risada rouca, de garoto.

— Dei-me adivinhar: essa deve ser a sua irmã, estou certo, Alan? Não existe outro motivo pra Lisa estar assim.

— A Lisa é assim com todo mundo. – rebateu a menina morena, que me lembrava se chamar Fran.

Eu não aguentava demais. Agora, eu me viraria e diria: oi, sim, sou Penélope, sou irmã do Alan, vocês todos me conhecem, mas agora eu preciso me retirar, porque respirar é importante e eu preciso fazer isso.

Então, me virei.

A primeira coisa que vi foram os olhos. Azuis, tamanho médio, lindos. Então, vi o resto do rosto. Cabelos castanhos, cor de chocolate, pele razoavelmente bronzeada. Seus lábios carregavam um sorriso. Então, reparei algo importante: altura. Mais um mais alto que eu. Eu odiava me sentir inferior.

Mais, inconscientemente, daquela vez não me importei muito.

Foi então que percebi, depois de um tempo constrangedor encarando, que eu não dizia nada. Nem lembrava o que eu ia dizer, na verdade. Graças aos céus, e garoto disse:

— Oi, sou Perry.

Eu encontrei minha voz.

— Ahn... Sou Penélope.

— Eu sei.

— Oi, Perry! – todos cumprimentaram o garoto, que agora tinha um nome e isso me deu tempo de virar pra frente e parar de agir como uma idiota.

Então, meu irmão conferiu o relógio.

— Pessoal, acho que está na hora. Vamos entrar?

— Mas e a... – Becca começou dizer.

— Bom, vocês sabem que ela sempre chega – disse Carlos – Atrasada, mas sempre chega.

— É, isso é verdade. – concordaram todos.

— Então, vamos? – perguntou Perry, que havia parado ao meu lado sem a minha percepção. Por algum motivo, dei passo para o lado oposto.

Todos assentiram. Então, seguimos pela grande entrada da escola, os amigos do meu irmão conversando sobre algo que eu não entendia. Na exclusão em que me encontrava, caminhei com eles, tentando me lembrar qual era o nome de cada um. 


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Me digam se devo continuar, por favor.
Comentem o que acharam :)
Até o próximo!



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