Dance Made escrita por Miyako


Capítulo 2
#2:Roda de olhares.


Notas iniciais do capítulo

Oiee! Queria agradecer as lindas que favoritaram a história e que estão acompanhando! Ta aí um capítulo novo para divertir vocês! Espero que goste, dá muito trabalho -.-" ♥



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A roda. Ela nunca tinha parecido assustadora antes, isso porque eu sempre soube o limite das pessoas que estavam ali comigo. Mas agora? Bom, agora eu nem sei quem elas são. Não sei se eu deveria me preocupar, o Yan disse que não teria problema algum. Mas olhar para aquelas pessoas, tão sincronizadas e com passos tão exatos. Era quase impossível não se preocupar.

Respirei fundo. Fui pé por pé até a roda. Pedir licença e me encaixar ali não funciona em situações assim, a regra é clara: Se a roda já está formada, você não pode só entrar, você deve merecer entrar. E eu vou mostrar para eles que eu mereço. Fechei os olhos. O segredo para se dar bem na roda é não pensar, apenas curta a música e deixe ela entrar em você, assim, ela vai se tomar forma nos seus passos.

Depois de pegar a essência e a batida da música, era hora de pegar meu ingresso para a roda. Passei no meio das Borges (algo que eu achava impossível de ser feito porque né) e fui direto para o centro, a menina que estava ali dançando saiu assim que entrei, ela me encarou, confusa, como se quisesse entender o motivo de eu estar ali. Mas eu sabia muito bem qual era ele.

Estava tocando Hotel, do Kid Ink, eu considero essa música bem provocante, então criei uma sequência de passos que provocariam a mente de todos ali, afinal, só o Breno sabe que eu já dancei antes. Falando nele, assim que entrei na roda ele fez um olhar surpreso erguendo suas sobrancelhas, mas, depois, foi soltando uma risadinha que mostrava exatamente o que eu estava sentindo. Essa sim era uma piada interna nossa, a cara dos veteranos quando entrei era impagável. Todos pareciam não entender o que estava acontecendo ali.

A música mudou para “Slave for you”, eu já tinha meu ingresso, então era hora de deixar outra pessoa brilhar. Para sair do centro você têm 3 opções: esperar alguém te tirar de lá (o que é algo bem constrangedor), sair dançando e achar um lugar no círculo (que é um jeito comum, mas nada especial), ou, a melhor maneira, você pode desafiar alguém para ir para o centro (o que seria outra grande surpresa para os veteranos). Com aquela música era quase óbvia a minha decisão, quem melhor do que o Breno para desafiar? Talvez assim ele pudesse ter um pouco mais de confiança em mim e não se preocupar tanto com a minha relação com os veteranos.

Comecei a seguir a batida da música e fui, devagar, em direção ao Breno. Ele estava com as mãos no bolso e me olhava como se já soubesse o que eu estava planejando. Suas mãos saíram calmamente de seus bolsos e seus braços se cruzaram, como se ele estivesse me avaliando. Mesmo assim, não pude deixar de notar o garoto de capuz que estava do lado dele, ele parecia estar na mesma sincronia que eu. Então, decidi trocar a vítima, isso seria ótimo para provocar o “senhor confiança”.

Fui até o Breno mas desviei o corpo bem na hora de desafiá-lo, ele parecia confuso, mas entendeu tudo quando eu comecei a provocar o garoto de capuz. Para minha sorte, ele comprou a ideia e começou a andar em direção ao centro, quando eu estava me preparando para entrar no círculo e observar sua performance, ele me puxou pelo braço e me girou, aquela batalha não iria acabar tão cedo. Olhei para o Breno e ele ergueu os ombros do tipo “se vira”. Não pude deixar de notar que um dos garotos deixou escapar um “vai Jake”. Ótimo, agora sei o nome do meu desafiante.

Parei bem no meio do centro, ele começou a andar em minha volta, isso queria dizer que eu devia começar. Comecei a rebolar de acordo com a música e movimentar meus braços, decidi enganá-lo, é sempre bom fazer seu concorrente te subestimar, assim você ganha uma carta na manga para usar depois. Esperei ele chegar na minha frente, então o parei encostando a ponta dos meus dedos em seus ombros, Jake parecia não estar esperando por isso (na verdade, ninguém estava), então parou e levantou suas mãos como se estivesse me mostrando que eu mandava ali. O refrão da música tem uma batida muito boa se souber usá-la, claro, e eu sabia muito bem.

Todos se surpreenderam, mas era a vez do meu parceiro. A música que começou a tocar era Dope, do Tyga. Ela dava uma vantagem muito grande para ele. Tinha uma batida forte e faria qualquer um dançar. Jake também sabia disso e fez uma sequência de passos que se encaixavam perfeitamente na batida, depois de mandar seu solo, começamos a dançar juntos e saímos do centro rindo por termos levado a batalha tão a sério.

Uma outra garota entrou para aproveitar os últimos minutos da batida, olhei para Breno esperando sua aprovação para meus passos, mas ele pareceu não se importar muito.... Talvez ele estivesse muito concentrado, certo? Bom, eu havia ganhado um novo amigo e o respeito dos veteranos naquele dia. As rodas não servem só para batalhas ou apresentações. Decidi não esquentar a cabeça e fazer aquilo que todos estavam fazendo, curtir a roda. A garota dançava muito bem, ela sabia seu estilo e senti que a conexão que ela estava passando era forte.

A música parou. Todos tiveram a mesma reação que eu, olhar para o som e ver quem foi o idiota que fez isso. Se tem uma coisa que nunca se deve fazer, é interromper uma dança. A garota que parou a música era uma bailarina e, para eu começar a entender a rivalidade com o Ballet, ela nem pareceu se importar muito.

—Nossa, não sei como vocês aguentam essas músicas. —Ela começou. —Enfim, como se eu estivesse aqui para isso. A diretora mandou avisar que a academia foi aceita, de novo, para batalhar nas regionais. Nós, bailarinas, estamos dando duro para conseguir fazer uma excelente apresentação, então é melhor vocês não sujarem o nome do estúdio e fazer algo aceitável.

Só eu ouvi isso? Todos estavam com rostos irritados, compartilhando o mesmo sentimento que eu, mas sem falar uma palavra. Eu queria chegar de voadora na cara dela, era quase impossível aceitar a situação.

—Você já deu o seu recado, queridinha. O que NÓS vamos fazer, é problema NOSSO. —Disse a mesma menina que eu tirei da roda no começo, acho que ela não gosta nem um pouco de mim, mas ela leu minha mente.

—Como? —Disse a bailarina abusada se aproximando vagarosamente da garota.

—Você é surda? —Continuou a garota sem se afastar da abusadinha.

—Meninas, não queremos briga aqui. —Disse o Yan separando as duas. —Samantha (a bailarina), não se preocupe conosco, vamos dar um show incrível como sempre fazemos. E Beatriz (a garota), não vamos procurar mais brigas.

As duas se olharam como se quisessem matar uma a outra ali mesmo (e eu compreendia muito bem a Beatriz).

—Bom... —Começou a bailarina— Não vou mais perder meu precioso tempo aqui, obrigada pelo espaço, Yan.

Ela saiu calmamente da sala, pensando que estava com toda razão do mundo. Todos a encararam. Era notável o clima pesado que ficou ali, mas ele se quebrou totalmente com uma risadinha irônica do Breno.

—Sério que vocês realmente vão dar atenção à uma garota como a Samantha? Todo mundo aqui já está ligado qual é a dela.

—Acontece que ela não tem o direito de falar assim da nossa dança. —Disse a Beatriz cruzando os braços e se irritando cada vez mais.

—Certo, ela não tem esse direito. Então porque a gente faz ela parecer que tem? —Ele continuou.

—Desculpa, eu não sei se você estava aqui há uns 30 segundos, mas a otária veio aqui só para provocar a gente. Acha mesmo que alguém assim vai ter algum bom senso para saber que isso é babaquice?

 —Se vocês só ignorassem, ela ia parar. Nenhuma bailarina enche meu saco mais.

—Ok, agora eu estou começando a concordar com a Bea. —Começou o Jake. —Você não estava aqui né? A única que disse alguma coisa foi a Beatriz. Todo mundo ficou calado.

—Ignorar não é só fingir que não está ouvindo. —Respondeu Breno. —Vocês têm que aprender a ignorar de verdade, enxergar a situação com outro olhar.

—E que outro olhar seria esse, dono da verdade? —Retrucou Bea.

—Vocês enxergam alguém insultando sua dança, provocando vocês, sendo superior. —Ele prosseguiu. —Eu só vejo uma idiota que acha que pode comparar coisas totalmente diferentes, é quase igual comparar sabores de sorvete com estilos de blusa. 

Todos deram uma risadinha, até a Beatriz que parecia que ia explodir há pouco tempo. O clima pesado foi embora e todos se sentaram para organizarmos nossa apresentação para as regionais.

A aula acabou e todos saíram de lá determinados para mostrar do que somos capazes. Passei no bebedouro para tentar dar uma esfriada na cabeça e, com certeza, não foi a melhor hora para ir lá. O Breno aparentemente teve o mesmo pensamento que eu. Nem sei direito porque estava um clima estranho entre a gente, mas ele estava ali e tinha que acabar logo. Mil coisas se passaram pela minha cabeça quando decidi pensar em como começar o assunto, mas eu nem precisei.

—E então, como foi seu primeiro dia? —Ele perguntou enquanto se soltava do bebedouro.

—Foi bem legal.... Acho que vou me acostumar logo com o jeito da galera.

Ele riu enquanto negava com a cabeça. Cruzando os braços e apoiando suas costas na parede, ele me respondeu deixando um tom sarcástico no ar.

—Sério que você ainda está pensando nisso?

—Claro que eu estou! Você falou tão sério quando disse que não se podia confiar de verdade em ninguém...

—Você entendeu assim? —Ele deu uma risadinha. —Eu quis dizer que não se pode deixar influenciar pelos outros, porque alguns acabariam se aproveitando disso para conseguir alguma coisa.

—A-ah... —Estava envergonhada demais para falar qualquer coisa.

—E se você parar para pensar, —Continuou. —Se não confiássemos uns nos outros, nossa sintonia no palco não daria certo. Enfim, acho legal você ter curtido aqui, significa que ainda vai ter que me aguentar por um bom tempo. Ah! Quase me esqueci, parabéns pela sua performance na roda. Surpreendeu todo mundo, inclusive eu. —Ele me mandou uma piscadinha e, botando as mãos nos bolsos, se virou. —Falou, Elin. Até quinta...

Ele foi andando para o final do corredor, eu fiquei meio sem palavras. Acho que nunca me resolvi tão rápido com alguém, mas isso é porque ele tem uma energia muito boa. Tive que voltar na sala para buscar minha mochila e adivinha, alguém esqueceu o casaco.

—Breno! —Gritei.

Ele se virou rapidamente e veio rápido como se já soubesse o que estava faltando. A sala estava vazia, então foi fácil saber quando ele entrou.

—Nossa valeu mesmo!!! Minha mãe ia me matar.

Deixamos escapar risadas envergonhadas e curtas.

—Bom, está aqui. —Continuei. —E vê se não esqueceu mais nada, porque eu não te chamo de novo!

—Putz, verdade! Esqueci de uma coisa sim.

Comecei a olhar ao redor procurando o que poderia ser essa outra coisa. Senti uma puxadinha no casaco e logo o soltei, só aí que fui notar que eu ainda estava com o casaco do Breno na mão. Mas ele logo voltou para o meu corpo quando Breno o envolveu na minha cintura e me puxou para perto dele.

—Esqueci de te dar tchau direito. —Ele disse.

Seus lábios tocaram minha bochecha calmamente, como se ele não estivesse com nenhum pouco de pressa para fazer aquilo. Senti eles descolando vagarosamente e indo para perto da minha orelha.

—Tchau, Elin. Legal saber que você honra seu nome. —Ele sussurrou.

Breno puxou seu casaco e botou no ombro, sem esperar uma resposta, ele foi andando para o corredor. Não sei se era possível não sentir nenhum afeto por ele nessa situação, porque suas palavras mostraram que ele me considera uma pessoa única. Não estou apaixonada. Não mesmo. Só sentindo um carinho especial por ele.... Mas eu nunca diria isso, foi só um beijo na bochecha, nada demais.

Quinta eu vou agir como se nada tivesse acontecido, até porque, não aconteceu.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiu? Se puder favoritar a história eu vou te amar para sempre!!!



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