Eu escolhi você! escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Continuando... Demorei porque não vi interesse. Será que depois desse voubter mais reviews?



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Capítulo 2

– Prim! - Katniss gritou ao chegar em casa. - Prim! - insistiu, enquanto pendurava sua jaqueta no cabide e descalçava suas botas. - Prim! Cadê você?

– Estou aqui, Katniss. - Prim respondeu descendo as escadas, correndo. - Que bom que você chegou!

Katniss sorriu, mas quando seus olhos se depararam com o que Prim segurava nos braços, sua expressão deu lugar a uma carranca. Tratava-se de um gato. O mais feio do mundo, diga-se de passagem. Raquítico, nariz esmagado, metade de uma orelha arrancada, e olhos da cor de abóbora podre.

– O que você está fazendo com esse bicho? - Katniss indagou Prim, que logo se pôs a implorar.

– Kat, eu posso ficar com ele? Por favor! Eu o encontrei na rua. Ele estava sozinho e com muita fome. Não consegui abandoná-lo.

– Não, Prim. Fora de cogitação. Tudo que eu menos preciso agora é mais uma boca para alimentar!

– Oh, Katniss, por favor! Eu prometo que eu cuido dele e o alimento. Sozinha. Você nem vai notar que ele existe. Eu juro.

Katniss revirou os olhos. Não. Sua irmã não podia estar falando sério. Apoiou as mãos nos ombros de Prim para tentar persuadí-la. Mas teve de retirá-las de imediato ao ouvir o gato chiar em protesto.

– Prim, esse gato está imundo e deve tá cheio de vermes. Você vai acabar pegando uma doença. E você sabe muito bem da nossa dificuldade em conseguir remédio por aqui. Não, Prim, esse gato não pode ficar! - Reiterou Katniss, mas se arrependeu quando lágrimas começaram a se formar nos olhos cristalinos de sua irmã. - Ah, não, Prim, não chora, por favor! - Entretanto, era tarde, Prim já se debulhava em lágrimas. Então, por amor, Katniss teve de recuar. - Tá bom! Tá certo! Você venceu! Esse gato idiota pode ficar. Mas aviso que, se ele começar a trazer problemas, eu afogo ele numa bacia com água.

Prim sorriu satisfeita. Mas diante da ameaça, tapou os ouvidos do gato.

– Não se preocupe, Buttercup... - Ótimo, ela colocou o nome de uma flor no gato, bem como fizeram os nossos pais conosco, pensou Katniss, revirando os olhos. - A Katniss não falou isso por mal. Vai ver que logo, logo, ela vai acabar se acostumando com você. E eu tenho certeza que vocês ainda se tornarão grandes amigos. - Prim falou para o gato e Katniss se perguntou se havia mesmo feito o certo ao aceitá-lo.

– Cadê a mamãe? - Katniss perguntou, mudando de assunto.

– Lá em cima. - Respondeu Prim, apontando para escada com a cabeça. Katniss fez menção de subir, mas parou na metade do caminho, quando ouviu Prim continuar a falar. - Katniss, ela disse que queria ficar sozinha. Está naqueles dias...

"Naquele dias" a que ela se referia era o momento em que sua mãe escolhia para se esconder do mundo e sofrer pela perda do marido.

– Entendi. - Katniss respondeu, mas continuou subindo.

Depois de subir, ela atravessou o corredor e foi direto para o quarto de seus pais. Chegando lá, abriu a porta bem devagar. E se deparou com sua mãe sentada em uma cadeira de balanço, em frente à Janela. Sua expressão era de dar dó. Então, Katniss se aproximou, ficando na sua frente.

– Mamãe, já chega disso! Você tem que reagir. Não por mim que já aprendi a me virar, mas por Prim. Eu sei que você perdeu seu marido, mas a gente também perdeu o nosso pai. Você acha justo a gente perder a nossa mãe também? - katniss instigou sua mãe a responder. Mas ela continuou imóvel, olhando para janela, como se não tivesse escutado uma só palavra.

Katniss balançou a cabeça, impaciente. Então, deu um suspiro profundo, vencida.

– Tá certo... Cansei de insistir. Fica aí se lamentando, se quiser. Vou tomar um banho. Estou imunda. - Disse e dando meia volta, abriu a porta para sair. Entretanto antes de ir embora, avisou. - Eu trouxe pão para o jantar. E queria muito que a senhora descesse para comer com a gente. A Prim iria adorar e... Eu também. - Conseguiu concluir com um pouco de receio, afinal, não costumava expressar seus sentimentos tão abertamente. Muito menos com sua mãe. E depois fechou a porta atrás de si.

A água da banheira em que Katniss se banhava não estava tão quente. Pois, depois de ter saído do quarto de sua mãe, ela não teve coragem de ir esquentar uma panela com água, como era de costume. Sem problema. O importante é que agora se sentia relaxada e limpa depois de um longo dia de caça.

Foi aí que, enquanto esfregava seus pés com uma escova, seus pensamentos voaram em direção a uma certa cozinha em que conhecera um certo garoto de olhos azuis. Os olhos mais lindos que já vira em sua vida. Então, um sorriso se formou em seus lábios quase que involuntariamente ao se recordar do momento em que o garoto segurou sua trança com carinho. E seus olhares se encontraram. Qual seria o nome dele? E por que será que ela nunca se deparou com ele em alguma de suas andanças? O que ele fazia ali na cozinha do prefeito? Será que era um de seus empregados? Pobrezinho, devia sofrer muito tendo que servir aquele prefeito beberrão, ela pensou e se fez mais umas dez perguntas. A última delas foi: Por que será que estou tão interessada em saber quem é o garoto com o pão? O que a fez se sentir estranha, franzir a testa e balançar a cabeça como se assim pudesse espantar qualquer tipo de pensamento relacionado ao garoto.

Terminou de esfregar os pés e mergulhou-os na água. Depois se levantou e pegando uma toalha, que ficava pendurada ao lado da banheira, enxugou-se. Então foi até o armário e escolheu uma de suas camisetas velhas que usava para dormir. Penteou os cabelos, deixando-os soltos para secar. E enfim saiu do quarto, indo em direção à cozinha.

Chegando lá, um aroma delicioso de sopa ganhou suas narinas. Aspirou o cheiro com vontade, fechando os olhos. E ao abrí-los, para sua imensa surpresa, sua mãe estava em frente ao fogão mexendo o conteúdo de uma panela. A sopa, com certeza. Era dali que vinha o cheiro. Ficou feliz. Sua mãe finalmente havia se dado conta de sua importância na vida de suas duas filhas. Chegou perto dela e tascou um beijinho singelo em seu rosto, sem dizer nada. O gesto dizia tudo.

– Katniss, onde conseguiu esse pão? - Prim perguntou, olhando fixamente para o alimento que era raro naquela casa.

– Lá na casa do prefeito. Greasy Sae me deu em troca de alguns morangos.

Katniss não quis entrar em detalhes sobre o garoto. Era melhor assim. Gale não agira bem quando lhe contara sobre ele. Apostaria mil tésseras que sua mãe e irmã também a encheriam de perguntas. E ainda levariam para um tal lado sentimental que ela odiava.

– Que bom filha! - Disse sua mãe, segurando as abas da panela e levando-a para mesa. - Vamos comer? O pão vai cair muito bem com a sopa que fiz. - Continuou, enquanto observava suas filhas se sentando à mesa. Serviu-as e depois ela mesma se sentou e se serviu. - Ah, Prim, depois do jantar, vou ajudá-la a dar banho no gato. E vou dar a ele uma mistura de ervas que acabará com todos os vermes que ele possivelmente adquiriu nas ruas.

Prim sorriu feliz. E Katniss sorriu ainda mais feliz ao ver o sorriso de sua irmã, que era o que mais importava pra ela.

Depois disso, todos comeram em completa harmonia. Sim. Essa era a primeira vez que isso acontecia desde que seu pai morrera naquela mina.

Logo pela manhã, Katniss tratou logo de ir até à casa do prefeito. Precisava encontrar o garoto para agradecê-lo pelo pão. Só para isso. Bom, pelo menos era assim que tentava se convencer.

– Bom dia, Greasy Sae! - katniss cumprimentou ao entrar pela porta dos fundos que dava direto na cozinha.

A velha senhora levantou a cabeça. Ela estava sentada à mesa, picando tomates.

– Bom dia, menina! O que faz aqui tão cedo? - Greasy perguntou apesar de saber exatamente o que a trazia ali.

– Eu vim para... - Katniss começou a responder, esticando o pescoço e percorrendo toda a cozinha com o olhar. Ele não estava ali. Precisava inventar uma desculpa qualquer. Não queria que Greasy Sae pensasse besteira. Mas antes que pudesse continuar, Greasy Sae a interrompeu, pegando-a de surpresa com o que ela disse.

– Ele foi embora. - katniss franziu a testa, fingindo não ter entendido do que ela falava. Então Greasy Sae explicou. - O menino que você conheceu ontem. Ele foi embora hoje cedo. Para Capital. Foi obrigado por forças maiores. - Katniss baixou o olhar, triste. - Mas antes de ir, ele me pediu para te entregar... - Greasy parou de picotar os tomates, limpou as mãos no avental e se dirigindo a ela, retirou do bolso um pequeno objeto redondo. - Isso. Abra a mão.

Mesmo sem entender, Katniss fez o que a velha senhora havia pedido. Então ela depositou a pérola na palma de sua mão.

– O que é isso? - Katniss sabia do que se tratava, só não entendia o seu significado.

– Algo de muita estima para ele. Pertenceu ao colar de sua mãe que morreu. - Katniss levantou uma sobrancelha. - Ele disse que queria que ficasse com ela, como uma lembrança, porque não queria que você o esquecesse.

Katniss deu um meio sorriso e assumiu uma expressão sonhadora.

– Eu nunca vou esquecer o garoto com o pão. - Katniss soltou essa frase quase que como um suspiro. E fechou a mão, segurando bem firme a pérola que iria guardar para sempre se fosse preciso. Ou até... Reencontrá-lo novamente. Se é que isso um dia pudesse acontecer. - Mas... Eu posso, pelo menos, saber o nome dele?

Greasy Sae arregalou o olhar. Não havia se preparado para aquela pergunta. E prometera a Peeta nunca revelar quem ele era. E agora? O que faria? Pensou, pensou e pensou. Então resolveu usar um nome qualquer. O nome de alguém com quem ela nunca se depararia. O único nome que lhe veio à mente foi o de um grande amigo de Peeta que morava no distrito 5, e o visitava constantemente nas férias.

– Finnick Odair. - Greasy Sae respondeu, mesmo temendo as consequências dessa pequena mentira. - Esse é o nome dele.

Katniss sorriu. O garoto com o pão agora finalmente tinha um nome. E um nome muito bonito, por sinal... Assim como ele.

Seis anos depois...

– Acho que seu talento definitivamente não é a espada. Seu talento é a força mesmo. - Finnick comentou ao derrotar pela terceira vez seu amigo Peeta no treino com espadas.

– É. Mas isso não me ajudaria nunca se me jogassem numa arena. - Respondeu Peeta, depois de jogar sua espada no chão, e enxugar o suor da testa com um toalha.

– Cara, você se subestima muito. Eu já te vi carregando bolas de toneladas de peso e jogando ela bem longe. E isso, meu amigo - Finick segurou o ombro de Peeta, apertando-o com força - conta muito em uma briga corpo a corpo.

– Claro que conta. Se antes o outro cara não tiver enfiado a espada no meu estômago.

Finick bufou, derrotado. Nunca conseguiria convencer o amigo de seu real valor. Peeta era muito derrotista.

– Será que as menininhas já pararam de brincar e estão a fim de tentar uma luta de verdade? - Perguntou Cato, o garoto mais odiado do centro de treinamento.

– Ih, Cato, fica na tua! A gente tá quieto aqui no nosso canto. Nem vem provocar! - Respondeu Finnick, chateado com a intromissão.

– Estão com medinho é?! - Cato provocou. Mas foi Peeta quem se inquietou, pegando sua espada e se dirigindo até ele.

– Quer lutar? Então vem que eu tô preparado! - Peeta trovejou.

Cato deu uma risada sarcástica e desembainhou sua espada. Finick imediatamente se colocou entre os dois.

– Ow, ow, ow, podem parar vocês dois! Ninguém aqui vai lutar, não. - Os dois se encaravam com fúria. Finick fixou o olhar em seu não amigo. - Cato, cai fora daqui! Você leva muito a sério esse negócio com a espada. Eu vi quando você machucou o Tresh. Isso aqui é um treino, cara! Portanto, cai fora! Antes que eu mande chamar o seu pai... - O sorriso sarcástico voltou ao seu rosto, mas morreu quando Finick mencionou outra pessoa. - Ou o Boggs.

Boggs era o treinador deles e era muito justo em tudo. E todos sabiam que ele não suportava Cato, nem muito menos seu pai, Snow, presidente da Capital.

– Isso não fica assim! - Resmungou Cato, com o dedo em riste. - Vocês podem esperar! Eu ainda acabo com vocês, de um jeito ou de outro.

Boggs era subordinado do presidente Snow, mas muito bem quisto por ele, pois ele sabia, Boggs era um dos melhores treinadores que prepararia seu filho para as piores lutas com maestria. O que ele não sabia, nem podia imaginar, é que ele fazia isso sim. Mas também treinava os outros com o mesmo afinco. Ou até mais. E quando Cato o desobedecia, recebia o mesmo trato que todos, ou seja, o mesmo castigo. E era isso que mais irritava Cato. Ser subordinado a um subordinado. Entretanto, essa era a realidade.

Quando Cato foi embora, Finick e Peeta sentiram alívio e se sentaram em um banco para descansar.

– Esse cara me irrita de uma maneira que... - Desabafou Peeta, fazendo um gesto com as mãos, como se pudesse enforcá-lo.

– Relaxa, cara. Num vale a pena! Cato é um caso perdido. Mas sabe o que vale a pena? - Peeta virou o rosto em direção a Finick, curioso.

– O quê? - Peeta perguntou com desânimo.

Finick deu um sorriso sexy.

– Mulheres. E aí?! Bora azarar um pouco por aí?! Quem sabe a gente num encontra a mulher certa pra gente, heim?! Ou pelo menos se diverte um bocado com as erradas. - Deu uma risada.

Peeta também riu, mas automaticamente lembrou de uma certa garota de trança. E concluiu que já tinha encontrado a garota certa.

Katniss Everdeen. Esse era o nome dela. Um nome que ele nunca havia esquecido, mesmo com o passar dos anos.


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Notas finais do capítulo

Continuo????



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