Eu escolhi você! escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu resolvi escrever essa Fic porque queria imortalizar esses personagens tão perfeitos que me emocionaram tanto.Essa Fic terá mais de jogos Vorazes com uma pitadinha de A Seleção, apesar de nunca ter lido hihihihi. Espero que curtam!



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Capítulo 1

*Seis anos antes...

– Aqui, Greasy Sae, trouxe as amoras que você pediu. - Katniss disse, colocando a cesta cheia de frutas em cima da mesa.

Greasy Sae era uma velha senhora que trabalhava como empregada na casa de Haymitch Mellark, prefeito do Distrito 12. Além de ser também uma espécie de babá para o filho dele. Um garoto de 12 anos que até então ninguém conhecia, e nem ao menos sabia o nome.

Essa era uma das regras impostas ao distrito. O filho ou filha do prefeito era criado escondido de tudo e de todos até completar 12 anos quando era mandado à Capital para completar seus estudos que terminaria aos 18 anos. Idade em que atingiria maturidade suficiente para se casar. Não por escolha. Mas através dos Jogos Vorazes, algo criado pela Capital para deixar bem claro o controle que exercia sobre os distritos.

As regras dos Jogos Vorazes eram bem simples. Todo ano haveria um sorteio em que a Capital escolheria entre os doze distritos, qual se submeteria aos Jogos. Aquele que fosse escolhido, e tivesse, por exemplo, um prefeito com um filho homem, era obrigado a fazer um sorteio entre todas as garotas do distrito, entre 15 e 18 anos, escolhendo dez delas que participariam dos Jogos. Se fosse mulher, a escolha seria entre os garotos. E o grande objetivo era encontrar a esposa ou marido ideal que governaria o distrito junto com o filho ou a filha do prefeito em questão.

O grande problema, além do óbvio, era que a escolha era feita entre alguns jurados, escolhidos a dedo pelo Presidente da Capital, Snow. E não pelo filho do prefeito. Esse era apenas um "brinquedinho" nas mãos da Capital. Por isso, essa idéia de levá-lo aos doze anos para lá com a desculpa do término de estudos. Quando na verdade, tratava-se de uma espécie de lavagem cerebral em que o garoto aprenderia tudo que se diz respeito ao bom nome do Presidente e às qualidades inerentes à Capital.

A última vez em que isso aconteceu no Distrito 12, o escolhido foi Haymitch que se casou com Jesebel, filha do prefeito, na época. Durante um tempo, eles tentavam aparentar um casamento lindo e feliz, mas à medida que o tempo passava, se percebia claramente o quão fracassada fora aquela união. E o ápice de tudo aconteceu quando misteriosamente Jesebel morreu, cinco anos depois de dar à luz, um filho.

– Cadê o seu amigo? - Greasy Sae perguntou, enxugando as mãos no avental, depois de ter desligado a torneira da pia em que lavava os pratos - Ele não veio com você hoje? Qual é mesmo o nome dele?

– É Gale. - Ela respondeu naturalmente - Não. Ele ficou de levar uma ave, que abatemos hoje, lá no Prego.

Greasy Sae arregalou o olhar.

– Menina, menina, tome cuidado! Sabe que a caça foi proibida por aqui.

– Eu sei. Mas também sei que se não fizer alguma coisa, minha mãe e Prim morrerão de fome.

– Ah, e por falar nisso, como estão elas? - Questionou a velha senhora, colocando as mãos dentro da cesta para escolher aquelas que lhe servissem. - Nunca mais as vi depois da morte do seu... - Pausou ao se dar conta do quão aquele assunto ainda era recente e doloroso para Katniss. Desculpa! - Pediu imediatamente quando viu a garotinha desviando o olhar, triste. - Eu não queria dizer isso. Eu... Desculpa.

Katniss levantou o olhar e sorriu fraco.

– Tudo bem. Apesar disso ter acontecido ano passado, já estamos conseguindo superar. Cada uma do seu jeito...

Katniss disse essa última frase se referindo à mãe que tentava se recuperar de uma depressão que a abateu logo depois de saber da explosão que ocorrera na mina em que seu pai trabalhava.

– As amoras estão fresquinhas do jeito que o prefeito gosta. - Greasy Sae acabou dizendo para mudar de assunto. - Acho que vou ficar com todas. Espera aqui, que eu vou pegar o dinheiro e já volto.

A velha senhora já ia passando pela porta da cozinha quando ouviu o som de passos vindo em sua direção. Parou e se virou, olhando com aflição para Katniss. Depois correu e começou a empurrá-la para dentro de um balcão.

– Menina, vamos, se esconda! Rápido! Ninguém pode te ver aqui. Rápido!

Sem pestanejar, Katniss entrou no balcão e, sem compreender o que estava acontecendo, ficou lá escondidinha e com as portas fechadas. Lá de dentro, não conseguia ver nem escutar nada.

– Menino, sabe que não pode vir aqui na cozinha. Seu pai não vai gostar nada se souber disso. - Greasy Sae disse, depois de se recompor, se dirigindo a Peeta que acabara de entrar na cozinha.

– Eu sei, Greasy Sae. Desculpa. Mas é que eu estava lá na sala tão sozinho que resolvi vim aqui conversar com a senhora.

Um sorriso terno se formou no rosto da velha senhora. Não tinha como ser diferente diante do rostinho lindo daquela criança que ajudara a criar.

Suspirou e segurou o rosto dele entre as mãos, com carinho.

– Ow, meu menino, sabe que por mim, você pode vir aqui quantas vezes quiser para conversar. Mas é que o seu pai pode não gostar e castigá-lo. Isso me mataria!

Ele deu um sorriso triste que se transformou aos pouquinhos em uma carranca.

– Eu odeio ter sido criado diferente! Queria muito ser como as outras crianças. Poder brincar e principalmente ser livre nas minhas escolhas.

– Mas você não é como as outras crianças, meu querido, e terá de aceitar isso algum dia.

O garotinho suspirou e seu olhar ficou outra vez triste. Então ela deu um beijo estalado em seu rosto e tentou animá-lo.

– Acho que vou preparar aqueles bolinhos de amora que você tanto gosta. Você quer?

O garoto abriu um sorriso.

– Quero. Quero sim. Eu te ajudo a preparar. Vou pegar o açúcar! - Ele disse, entusiasmado. E antes que Greasy Sae se desse conta da besteira que tinha cometido, o garoto já corria em direção ao armário.

– Espera, menino, não abre essa por... - Começou a falar, Greasy Sae. Mas já era tarde demais.

– Quem é você? - Peeta perguntou para Katniss, que se encolhia toda dentro do armário. E não ousava encará-lo. - Que foi? O gato comeu sua língua? - Ele perguntou, entretanto Katniss permanecia na mesma. Então, sem mais aguentar de curiosidade, ele esticou a mão e segurou delicadamente a trança que caía sobre seu ombro, deslizando os dedos por ela. E foi aí que Katniss, depois de mirar a mão que segurava sua trança, levantou a cabeça e seus olhares se encontraram. Os dele, fascinados, os dela brilhando, assustados. - Ei, não precisa ter medo. Eu não vou te machucar.

Grasy Sae observava a cena de longe. E não ousou se aproximar para não estragar o momento. Sabia que Peeta não iria fazer nada de mau. Conhecia seu garoto como ninguém.

– Você está com fome? - Perguntou. E Katniss apenas balançou a cabeça, assentindo.

Então seus lábios se curvaram em um meio sorriso. E sem que ela quisesse, seu coração disparou. Ficou assustada com a sensação boa em seu peito. Quis sorrir também, mas seu medo não permitiu que o fizesse.

Foi aí que ele, sem mais dizer uma só palavra, levantou e saiu. Ela estranhou tanto o fato que esticou o pescoço para ver aonde o garoto tinha ido. Mas antes que pudesse pensar no que tinha levado o garoto a sair tão repentinamente, ele voltou. E estava com um pão em uma das mãos. Katniss não entendeu de início o que ele queria com aquilo, até que...

– Pra você. - Disse ele lhe entregando o pão. - Toma. Pode pegar.

Katniss franziu a testa. Mas ao encará-lo, reuniu coragem e segurou o pão, retirando da mão dele com rapidez. Ele deu uma risadinha discreta diante do gesto. E ela acabou sorrindo de lado, envergonhada.

– Brigada. - Ela finalmente sussurrou. E ele ficou feliz por escutar sua voz.

– De nada. - Ele respondeu e já ia puxar conversa quando escutou o som de passos. Era seu pai que havia chegado. E ele não podia, de jeito nenhum, vê-lo ali conversando com aquela garota. Temia por ele mesmo. Mas nesse momento, tinha mais medo por ela. Mau a conhecia, mas já sentiu em seu coração que não aguentaria se algo de ruim acontecesse àquela garota. - Desculpa, mas eu tenho que ir agora. Foi bom te conhecer. Espero que um dia a gente possa se encontrar de novo. Tchau, garota de trança!

Ela sorriu diante do apelido, então ele acenou e foi fechando as portas do armário bem devagar a fim de encará-la pela última vez para não se esquecer de nenhum traço daquele rosto.

– Greasy Sae, meu pai chegou. Tenho que ir ao seu encontro. Mas depois quero saber tudo sobre... A garota no armário, tá certo?

– Sim, senhor. - Respondeu a velha senhora com formalidade, pois era assim que o pai do garoto queria que os empregados se dirigissem a ele em sua presença. - Como o senhor quiser.

Peeta sorriu animado, depois saiu correndo em direção ao escritório de seu pai, que o aguardava com notícias.

Sozinha, Greasy Sae foi até o armário e o abriu.

– Vamos, Katniss, já pode sair daí e ir embora antes que meu patrão a veja.

Katniss concordou com a cabeça e depois de receber da velha senhora, o dinheiro correspondente às amoras, saiu correndo porta afora.

Lá fora, Gale a esperava encostado no portão. E ao vê-la saindo, imediatamente, foi ao seu encontro.

– Caramba, Katnip, achei que não sairia mais da casa do prefeito!

– Desculpa, Gale, mas é que eu quase fui pega dessa vez. Tive que ficar escondida dentro de um armário até agora.

– Sério? Então é melhor a gente sair daqui! - Katniss assentiu com a cabeça. E os dois seguiram caminhando em direção as suas casas - Mas e aí, conseguiu alguma grana com as amoras?

Katniss sorriu e seu rosto se iluminou.

– Consegui. Olha só. - Retirou algumas notas do bolso e mostrou-as para Gale, que sorriu.

– Eu também consegui com a venda da nossa ave. Quer a sua parte agora?

– Não. Pode ficar com tudo. Porque além de grana, eu consegui isso. - Mostrou o pão e os olhos de Gale se arregalaram.

– É de verdade?

– É. E está fresquinho. Quer um pedaço pra levar pra seus irmãos?

– Não. Obrigado. Ainda temos um pedaço do esquilo que sobrou de ontem. Isso vai bastar por hoje. - Ela compreendeu. E eles continuaram a caminhar. Agora em silêncio. Até Gale voltar a falar. - A Greasy Sae foi muito generosa com você. Te deu a grana e ainda te deu pão. O que será que houve?

– Mas não foi ela quem me deu. Foi um garoto.

Ao ouví-la, Gale parou de andar, abruptamente.

– Como assim? Que garoto?

Katniss parou também e a imagem de Peeta sorrindo lhe sobrevoou a mente fazendo-a sorrir.

– Não sei. Nunca o vi por aqui.

– E por que ele te deu o pão?

Katniss deu de ombros.

– Também não sei. Mas ele foi muito gentil em me dá.

Gale franziu a testa.

– Será que foi o filho do prefeito?

Por um instante, Katniss chegou a pensar na possibilidade, mas logo em seguida, a idéia desapareceu de sua cabeça.

– Acho que não. Esqueceu que ele é proibido de falar com quem quer que seja do Distrito. Esse garoto deve ser insuportável como o pai dele!

– É. Você tem razão. Mas então... Quem você acha que pode ser?

– Não sei. Mas amanhã vou tentar descobrir com a Greasy Sae quem é... O garoto com o pão.

Gale fechou a cara. Não gostou nada do jeito como Katniss se referiu ao garoto misterioso. A partir dali, não deixaria mais ela ir sozinha à casa do prefeito. Precisava saber quem seria seu rival em potencial.

– Gale?! - Katniss chamou, arrancando-o de seus devaneios. - Melhor a gente ir. Já está escurecendo.

Ele concordou e os dois seguiram, mas depois da conversa, Gale quase não lhe dirigiu a palavra. Katniss até estranhou, mas estava muito cansada para discutir com o amigo. E preferiu o silêncio.

– Pai, posso entrar? - Pediu Peeta, com a porta do escritório entreaberta.

Haymitch que até então estava voltado para janela com um copo de uísque na mão, virou em direção ao filho.

– Claro, filho. Entre e feche a porta, por favor. Precisamos conversar.

Obedientemente, Peeta entrou, e depois de trancar a porta com chave, aproximou-se da mesa do escritório.

– Aconteceu alguma coisa? - Peeta perguntou, levemente preocupado.

– Aconteceu. Acabei de falar com Snow ao telefone. Ele quer que você vá para Capital amanhã, afinal, você já completou doze anos há meses. E você conhece o protocolo...

Peeta arregalou o olhar e ficou indignado. Sabia que esse dia chegaria e sempre se achou preparado para isso. Mas tudo mudou desde que pousara os olhos na garota de trança.

– Não! Eu não vou mais pra Capital!

Haymitch quase se engasgou com o uísque diante da resposta inesperada de seu filho.

– O quê? Como assim você não vai mais pra Capital? O que te deu na cabeça para pensar que tem alguma escolha?

– Pai, eu não posso ser obrigado a fazer algo contra a minha vontade! Isso é muito injusto! Quero ficar aqui no Distrito 12... Com você.

Ele queria dizer com a garota de trança, mas achou melhor não piorar ainda mais sua situação.

Haymitch deu um suspiro profundo e em um gole só, bebeu todo o uísque. Depois bateu com o copo na mesa, com força. E se dirigiu ao filho com fúria.

– Filho, entenda uma coisa de uma vez por todas! Você não tem escolha! Isso quem decide é o Presidente Snow. E nesse momento ele quer que você vá para Capital. E é exatamente isso que você vai fazer. Ponto!

Peeta fuzilou o pai com o olhar. Entretanto sabia que não podia desobedecê-lo. Isso implicaria em um castigo bastante severo. Visto que, dava para notar de longe o quão irritado ele estava com a situação. E apesar dele não admitir, Peeta sabia em seu coração que seu pai não queria aquela imposição tanto quanto ele.

– Sim, senhor. Como o senhor quiser. Vou fazer minhas malas agora mesmo. Com licença. - Concluiu e girando os calcanhares, saiu, batendo com força a porta atrás de si. Mas antes de chegar à escada que dava para seu quarto, escutou o barulho ensurdecedor do estilhaçar de um copo contra a porta do escritório. Seu pai estava realmente irritado. Achou melhor subir logo antes que ele saísse do escritório e visse ele ali parado como um sete de paus.

Ao chegar no quarto,abriu o guarda-roupa e começou a retirar as camisas dos cabides e jogá-las em cima da cama. Então lágrimas começaram a se formar em seus olhos, mas ele imediatamente se pôs a enxugá-las com as costas das mãos ao ouvir batidas em sua porta.

– Entra. - Falou com a voz um pouco embargada.

– Incomodo? - Greasy Sae perguntou com a porta entreaberta.

Um sorriso se formou no rosto de Peeta e ele foi até a porta para abrí-la e dar passagem para velha senhora.

– De jeito nenhum, Greasy Sae. Você nunca incomoda.

Greasy Sae entrou e ao se deparar com as roupas espalhadas em cima da cama, quis chorar, mas se conteve por Peeta.

– Seu pai me mandou aqui para ajudá-lo com as malas.

– Então você já sabe...?

– Sim. E o senhor não faz idéia do quão triste fiquei por isso.

Peeta foi até ela e segurou suas mãos enrugadas.

– Greasy Sae, para de me chamar de senhor! Você sabe que você é a única mãe que eu conheço desde que a minha morreu.

Ela apertou as mãos dele com firmeza.

– E você, meu querido, é o filho que eu sempre quis ter. Eu só espero que... - Parou de falar e baixou a cabeça. Não sabia se era certo dizer o que tinha em mente.

– Você só espera que... - Peeta insistiu para que ela continuasse. - Fala, Greasy Sae. Pode falar.

Greasy Sae levantou a cabeça e segurando o rosto dele com uma mão, olhou bem fundo nos olhos do garoto.

– Eu só espero que a Capital não consiga mudá-lo. Que você se conserve sempre esse garoto gentil e honesto que você sempre foi.

Peeta sorriu e segurou a mão de Greasy Sae que estava em sua face.

– Não se preocupe. Eles nunca conseguirão fazer isso comigo. Eu nunca vou mudar. Eu prometo!

A velha senhora sorriu em retribuição.

– Eu acredito, meu filho. De verdade. Eu acredito em você.

Uma lágrima escorreu no rosto de Peeta e ela, deixando o medo do pai dele de lado, puxou-o para um abraço maternal e bem apertado.

– Eu vou sentir muito a sua falta. - Peeta desabafou ao encerrar o abraço.

– Eu também, meu querido.

Foi então que Peeta se deu conta de que também sentiria falta de outra pessoa. A garota de trança. E antes de ir embora, precisava saber mais sobre ela.

– Greasy Sae, quem era aquela garota no armário? E o que ela fazia aqui?

A velha senhora sorriu, compreendendo o interesse do garoto, afinal, ela vira a intensidade do olhar que eles trocaram.

– O nome dela é Katniss Everdeen. Ela tem onze anos e mora no distrito 12 com a mãe e a irmã caçula de sete anos. Ela perdeu o pai recentemente naquela mina que explodiu, lembra? - Peeta assentiu com a cabeça. - Desde então é ela quem sustenta a família, colhendo amoras e caçando animais, ilegalmente. Pobrezinha...

Peeta ficou encantado, ao mesmo tempo que penalizado com a situação da garota.

– Katniss Everdeen... Katniss... A garota de trança - Falou Peeta, com um olhar sonhador. - Acho que nunca vou me esquecer desse nome. É uma pena que... Talvez nunca mais volte a vê-la.

Greasy Sae lançou um olhar solidário para ele e observou quando misteriosamente ele foi até à cômoda e abriu a terceira gaveta, retirando de lá um pequeno objeto.

– Greasy Sae, eu queria que quando você a visse, entregasse isso a ela. - Pegou a mão da velha senhora e depositou na palma da mão dela uma pequena pérola negra.

Greasy Sae arregalou o olhar. E sua mão começou a tremer.

– Mas essa é a pérola do...

– Colar da minha mãe. - Peeta completou - É sim. Eu guardo ela até hoje. Foi uma forma que encontrei de sempre ter a minha mãe comigo.

Greasy Sae se recordava muito bem do colar de pérolas negras. Ele era o único que nunca saía do pescoço de Jesebel, mãe de Peeta. Tanto que ela estava com ele em seus últimos suspiros. Mas quando levaram seu filho - que naquela época, tinha só cinco anos - para se despedir da mãe, ele agarrou o colar dela com as mãozinhas a fim de não sair de perto dela. Entretanto seu pai segurou-o e puxou-o sem lhe dar escolha. E ele acabou quebrando o colar da mãe, ficando com uma única pérola, das que restou, na mão.

– E mesmo assim, você vai dá-la pra Katniss?

– Vou. Quero que ela fique com um pedaço de mim. E que ela não me esqueça, assim como eu sei que nunca vou esquecê-la. - Pausou, pensativo - Greasy Sae, eu não sei bem o que é, mas senti algo diferente pela garota de trança.

Ela sorriu com ternura.

– Eu sei bem o que você sentiu. Mas ainda é muito novo para compreender.

Ele sorriu e corou.

– É. Pode ser. Mas eu também sei que se ela soubesse quem eu sou, me odiaria. Por isso eu te peço, Greasy Sae, para que você não diga a ela que eu sou o filho do prefeito. Invente alguma coisa... Qualquer coisa que a faça nutrir um sentimento bom por mim.

– Pode deixar, meu querido, vou cuidar para que ela nunca saiba. E vou entregar a pérola, como me pediu.

– Obrigado. Sabia que podia contar com a senhora.

– Sempre, meu querido. Mas agora... É melhor tratarmos de arrumar as suas malas antes que seu pai apareça e veja que nem começamos ainda.

Ele concordou com a cabeça e eles se puseram a dobrar e guardar as roupas dentro das malas.


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Notas finais do capítulo

Continuo?