Eu escolhi você! escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Triste porque só recebo três comentários. O que aconteceu? Enfim... Espero ter mais reviews neste capítulo para me incentivar. Beijooooooos



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Capítulo 18

– Será que agora dá para os dois me explicarem o que está acontecendo? - Boggs perguntou para Finnick e Peeta, que estavam sentados à sua frente. - Porque eu não quero nem imaginar o que teria acontecido se o Tresh não tivesse me chamado para separar a briga de vocês dois. - Peeta e Finnick continuaram calados, as caras fechadas. - Então, qual dos dois vai me responder primeiro? - Insistiu Boggs. Em vão. Os dois pareciam irredutíveis em seu silêncio. Foi aí que Boggs encostou o traseiro na mesa, cruzou os braços e se pôs a mirá-los com os olhos semi-cerrados. - Vamos lá, garotos. Eu não tenho o dia todo. E nem estou com paciência para esse tipo de coisa. Se vocês não começarem a falar agora, terei de tomar medidas drásticas e... - Boggs começou a falar e ia continuar seu raciocínio, se não fosse ter escutado um ruído estranho advindo das gargantas de Finnick e Peeta, seguida por uma gargalhada alta por parte dos dois.

– Desculpa, Boggs. - Peeta pediu, tentando com dificuldade parar de rir. - Mas é que essa situação já estava ficando muito engraçada.

– Pensava que era só eu que estava achando isso. - Complementou Finnick, também segurando o riso.

Boggs olhou para os dois com expressão de interrogação. - O que vocês...? Espera... Isso tudo foi uma armação?

– Calma, Boggs. Eu vou explicar tudo e você vai entender.

– Ah, é bom que me expliquem mesmo. - Boggs disse com cara de poucos amigos.

Diante do olhar de Boggs, Peeta começou a explicar: - Boggs, o Cato aprontou uma grande dessa vez e... O Finn acabou me contando. O problema é que ele acabou descobrindo, aí como você já deve imaginar ... O julgamento do Finn estava marcado para essa semana.

Boggs franziu a testa: - Quem disse isso pra você? Que eu saiba não havia nenhum julgamento marcado para essa semana.

– O Tresh. - Peeta respondeu. - E tem mais... Ele disse que o Cato pretendia esconder isso de você.

Boggs trincou os dentes e apertou os punhos. - O filho do Snow não sabe mesmo com quem está lidando. - Boggs afirmou, com sangue nos olhos.

– Por isso mesmo, Boggs - Finnick começou a falar. - Isso tem de ficar aqui. Se o Cato descobrir essa farsa, ele matará nós dois.

Boggs concordou com a cabeça. - Claro. Não se preocupem. Só espero que saibam o que estão fazendo.

– A gente não sabe. - Peeta discordou. - Mas essa parece que é a nossa única chance.

Boggs deu um suspiro, preocupado com os pupilos. - Melhor vocês voltarem para o Salão. O Cato não deve demorar a procurar vocês por aqui. E é bom que ele não os veja juntos.

Os dois concordaram. E depois de cada um apertar a mão de Boggs, como que fechando uma aliança, os dois saíram de sua sala oficial, deixando-o com seus pensamentos mortíferos quanto ao filho de Snow.

*********

– Arco e flecha? Sério isso? Achei que a tal Madge era boa com facas, espadas, sei lá... - Johanna comentou com Katniss, quando Madge foi chamada para pegar a sua arma e se dirigir à caixa de vidro. Era a vez dela de competir. Logo depois de Cashmere e Lynna. E a próxima seria Katniss.

– Estou tão surpresa quanto você. - Katniss respondeu baixinho.

– Ih, olha lá quem chegou. - Johanna disse, apontando para frente.

Katniss seguiu a direção do olhar de Johanna, dando de cara com o olhar penetrante de Peeta, que havia acabado de entrar no salão. E estava indo na direção de Cato. Katniss acabou ficando preocupada quando de longe conseguiu enxergar o lábio machucado de Peeta. O que significava que algo estava errado. Mas o quê?

– Sabe que odeio atrasos, não é, Conquistador? - Cato provocou.

– Sei. - Respondeu Peeta. - Peço desculpas, mas...Precisei resolver umas coisas antes.

Uma expressão de triunfo se fez no rosto de Cato. - Entendo. Mas... Falando nisso, por acaso você viu o Finnick por aí? Está tão atrasado quanto você.

Peeta sabia muito bem que Tresh já tinha ido falar com Cato sobre a briga dos dois. E claro que Cato estava com dúvidas sobre isso. Então Peeta imaginou que teria de ser o mais convincente possível se quisesse que Cato acreditasse em tudo.

Por isso, antes de responder, Peeta abriu um dos bolsos de sua calça. - Aqui no meu bolso, ele não está. Dê uma olhada no seu. Aposto que vai encontrá-lo fácil, fácil.

Um sorriso sarcástico se formou no rosto de Cato. - O que aconteceu, Conquistador? Tinha pra mim que vocês eram tão amigos...

– Pois é. Como você mesmo disse: "eram". Não somos mais. E talvez nunca mais seremos. - O sorriso de Cato aumentou. - Não depois do que aconteceu hoje.

– E o que aconteceu hoje? - Cato fingiu não saber.

– Não é da sua conta. - Peeta respondeu, irritado. E dando as costas, saiu em direção a Katniss. Mas ainda teve tempo de escutar a gargalhada de Cato atrás dele. Mal sabia ele que Peeta é quem tinha ganho alguns pontos.

********

– Oi. - Katniss ouviu alguém dizer bem no seu ouvido. Conhecia tanto aquela voz. E parecia que o seu corpo também, já que reagiu de forma instantânea à presença dele.

Virou o rosto de lado e seu olhar se encontrou com o dele. - Ei. - Cumprimentou e sorriu, mas logo virou o rosto para frente, em direção a Madge que ainda atirava flechas nos hologramas. Para sua decepção, a criatura estava sendo melhor do que ela imaginava. Pois até então, só tinha errado três vezes.

– Senti sua falta. - Peeta disse em seu ouvido, os lábios tocando de leve em sua orelha. Katniss sentiu um arrepio subindo de sua espinha até a nuca.

– Também senti. - Katniss sussurrou sem virar o rosto, apenas as pupilas se viraram na direção dele e bem rapidamente. - Onde estava esse tempo todo?

– Assunto meu, Katniss. - Peeta respondeu. Não de forma grosseira. Mas Katniss não gostou nenhum pouco.

Ela virou o rosto para encará-lo. - Com a Madge?

Peeta franziu a testa. - O quê? Madge... Do que você está falando, Katniss?

Mas felizmente ou infelizmente, Katniss não teve tempo de responder, pois Cato chamou-a naquele momento.

– Tenho que ir. - Katniss disse. Mas antes que pudesse dar um passo, Peeta segurou seu pulso, forçando-a a encará-lo.

– Boa sorte. - Ele disse olhando bem fundo nos olhos dela.

Ela sorriu de lado. - Obrigada. - Era incrível como Peeta tinha o poder de arrancar um sorriso dela mesmo que ela não estivesse nem um pouco a fim disso.

Então quando ele soltou seu pulso bem lentamente, Katniss saiu em direção às armas. Chegando lá, se decidiu por um arco prateado - o mesmo que havia usado na primeira vez que mostrara suas habilidades para Peeta. Era leve e do tamanho certo.

Suspirando, pegou uma aljava com flechas e depois de posicioná-la nas costas, entrou na caixa de vidro.

No início, Katniss apenas observou os lugares por onde os hologramas poderiam aparecer. Em seguida, posicionou uma das flechas na corda do arco e esticou-a o máximo que conseguiu.

A partir daí, os hologramas começaram a surgir de todos lugares. E Katniss percebeu que além de pontaria, ela teria de ser rápida o bastante em desviar dos tiros. Por isso, em muitos momentos teve de dar cambalhotas para não ser atingida. O que significava um espetáculo a mais para todos que assistiam.

Por fim, Katniss - para surpresa de todos, exceto de Peeta - conseguiu atingir todos os hologramas e desviar de todos os tiros, arrancando aplausos enlouquecidos da platéia de selecionadas, e, de Peeta. Entretanto Cato... Em vez de aplaudir, ficou muito, mas muito desconfiado dela.

– Parabéns, garota quente! - Cato elogiou ao se aproximar de Katniss, fingindo bater palmas. - Mas será que você pode me dizer onde aprendeu a atirar flechas com tanta precisão?

Katniss arregalou o olhar. Sabia muito bem aonde ele queria chegar com aquela pergunta. - No meu Distrito. - Respondeu ela, seca.

Cato se aproximou dela, e olhou-a como que analisando se ela diria ou não a verdade. - Onde? Especificamente.

Katniss olhou de um lado para o outro. Sabia que havia caído em uma armadilha. Mas agora já era tarde demais para voltar atrás.

– Na floresta. - Respondeu seca e escutou um burburinho das selecionadas, que estavam boquiabertas com sua revelação.

Cato sorriu de forma diabólica. - Mas como você deve bem saber, a caça é proibida em seu Distrito.

– Eu sei. Mas é que... Eu não podia ficar parada, enquanto minha família morria de fome.

– Concordo. - Cato fingiu solidariedade. - Mas, regras são regras. Portanto, não posso deixar um confissão como essa passar em branco. Até porque não seria justo com as outras selecionadas, afinal, elas podem não ter tido a mesma coragem ou... Teimosia de infringir às regras. Sendo assim, nenhuma delas pode possuir tão boa habilidade como a sua. Concorda?

Katniss engoliu a seco. O que será que ele iria fazer? Nesse momento, Peeta se aproximou.

– Cato - Peeta segurou o pulso dele, chamando sua atenção. - Devo lembrá-lo de que as regras também dizem que nenhuma selecionada pode ser castigada por erros de seu passado.

Cato observou com os os olhos semicerrados para a mão de Peeta que segurava seu pulso antes de responder: - Muito bem colocado, Conquistador. Mas quem disse a você que a minha intenção é castigá-la? Não. De jeito nenhum. Eu só vou aumentar o nível de dificuldade do jogo para ela. - Ele soltou seu pulso abruptamente e se direcionou para outra pessoa. - Marvel. - Chamou, e o garoto se colocou prontamente a sua frente. - Vá buscar a senhorita Primrose Everdeen e traga-a aqui imediatamente.

– Pode deixar, Cato. - Respondeu Marvel, saindo em seguida para cumprir a tarefa.

Irritada, Katniss segurou o colarinho de Cato. - Não toca na minha irmã! - Falou entredentes.

– Cato, o que você pretende fazer com a Prim? - Peeta perguntou tão irritado quanto Katniss. Àquela altura parecia que todos os assuntos dela lhe pertenciam também.

– Nada. - Cato que até então estava encarando Katniss, se virou na direção de Peeta. - Quem vai fazer não sou eu. - Virou de novo para Katniss. - E sim... A Garota Quente.

Peeta e Katniss se entreolharam sem compreender. Mas foi nesse instante que Marvel voltou com Prim. Ela estava com aquele olhar de súplica que sempre partia o coração de Katniss. Imediatamente, Katniss abriu os braços e sua irmãzinha se jogou neles, chorando compulsivamente. Afinal, ninguém sabia do que Cato era capaz.

– Sssshhh! Tá tudo bem. - Katniss tentava consolá-la. - Tá tudo bem, Prim. - Sua irmãzinha tremia em seus braços. - Vai ficar tudo bem. Eu prometo. - Mas até ela já começava a entrar em desespero por não saber o que esperar daquele monstro.

– Marvel, leve a senhorita Primrose Everdeen para onde combinamos. - Cato pronunciou, para que todos escutassem.

Marvel concordou com a cabeça e agarrando a cintura de Prim, arrancou-a dos braços de Katniss, violentamente. Katniss fez menção de ir com ela, mas Tresh - a mando de Cato - segurou-a pela cintura. Peeta foi outro que tentou impedir, mas dois pacificadores se posicionaram na sua frente, impedindo-o. Os dois com enormes armas nas mãos para intimidá-lo. Um deles era bem mais alto do que o outro, Peeta percebeu.

– Pra onde você está levando a minha irmã? - Katniss perguntou para Cato, a angústia nítida em sua voz.

– Calminha, Garota Quente. Você já vai saber. - Cato respondeu, a voz sarcástica.

E ela soube, no momento em que Marvel posicionou sua irmãzinha de costas a um grande alvo. Mas não tão grande o suficiente para o que estava por vir.

– Bom - Começou a falar Cato, dirigindo-se a Katniss. - O negócio é o seguinte: Você terá cinco chances de acertar o alvo com sua flechas. Se acertar todas, será a grande vencedora desta semana. Mas se errar uma, apenas uma... Desconsiderarei todos os seus acertos na caixa de vidro e será a grande perdedora desta semana, descendo consideravelmente no ranque.

Katniss arregalou o olhar. - Mas errar significa machucar a Prim.

O olhar de Cato se tornou diabólico, enquanto ele respondia: - Exatamente.

A respiração de Katniss se tornou ofegante com a raiva tomando conta de seu coração. - Eu não vou ser obrigada a fazer isso! - Disse ela, enfurecida.

Então Cato segurou seu antebraço. E falou rente ao seu ouvido. - Tenta me desobedecer e vai sofrer as consequências. - Afirmou, apertando mais seu antebraço, chegando a causar dor em Katniss, que trincou os dentes. - Lembre-se que a sua querida mãe ainda mora no Distrito 12. E sabe o que me disseram? Que acidentes costumam sempre acontecer por lá. Tenho pra mim que você não iria querer que a sua mãezinha fosse uma das vítimas de um desses acidentes. Estou certo?

– Está ameaçando a minha mãe?

– Sabia que por trás desse corpinho bonito... - Falou, enquanto seus olhos percorriam o corpo de Katniss de cima a baixo. - Havia uma garota muito inteligente. E esperta. - Soltou-a - Agora vá! - Falou ríspido. - E não discuta mais.

Katniss engoliu a seco, mas sem mais escolha, posicionou a aljava nas costas e segurando firme o arco, pôs-se a caminhar devagar em direção a uma marca de "x" no chão, que ficava a uma distância de 50 metros do alvo.

Mesmo longe, Katniss ainda conseguia escutar, com bastante acuidade, os soluços de choro advindos da garganta de Prim. Seu coração estava em pedaços, mas a única coisa que podia fazer era se concentrar ao máximo para não errar. O que estava sendo muito difícil, visto que, o corpo de sua irmãzinha se movimentava e tremia tanto que, por mais que Katniss quisesse dar o seu melhor, era impossível, quando o espaço livre do alvo era mudado a cada segundo.

Naquele instante de agonia, um silêncio descomunal se fez na platéia da Capital, que assistia a tudo através de um telão gigante colocado a alguns quilômetros dali, durante o programa "ao vivo" de Effie e Caesar. O que de certa forma foi bom para concentração de Katniss, que posicionou a flecha na corda, esticando-a ao máximo. Contudo antes que pudesse fechar um dos olhos para melhor mirar o alvo, um grito ensurdecedor veio de detrás dela.

– PARE!

Katniss virou o rosto. O grito veio de Peeta.

– Me deixem passar?! - Pediu ele, encarando os pacificadores para que eles dessem espaço. Mas os mesmos precisavam da permissão de Cato. Ele assentiu. Então Peeta se aproximou do inimigo. - Eu fico no lugar da Prim.

– O quê...? - Katniss ficou espantada.

E vendo sua expressão de preocupação, Cato concluiu que a troca não seria tão ruim assim. - Está certo. Se é o que você quer... - Virou o rosto para Marvel. - Pode retirar a garotinha de lá.

Como sempre, obediente, Marvel fez o que Cato mandou. Então Peeta, sem que ninguém mandasse começou a andar em direção ao alvo.

– Peeta, não. - Katniss praticamente implorou ao segurar o pulso dele. - Você não precisa fazer isso.

– Katniss, se eu não for, será a sua irmã. E ela está muito nervosa. Você vai acabar acertando ela sem querer. - Peeta explicou.

– Peeta... - Foi só o que Katniss conseguiu balbuciar, os olhos suplicantes. Ela não queria sua irmã passando por aquilo, mas jamais desejaria Peeta no lugar dela.

Peeta forçou um sorriso, numa tentativa de dizer que estava tudo bem. Depois segurou o rosto dela com um das mãos, acariciando sua bochecha com o polegar.

– Eu confio em você, Katniss. - Murmurou, os olhos fixos nos dela.

Katniss pousou sua mão em cima da dele, que segurava seu rosto.

– Obrigada. Nunca vou esquecer o que está fazendo por mim e pela Prim.- Disse e sorriu com ternura.

Peeta sorriu de volta. Um meio sorriso de lado. Aquele mesmo que ela não conseguia resistir. Tanto que, antes que pudesse se dar conta da loucura que estava fazendo, na frente de todo mundo... Ela o beijou. Nos lábios. Não um beijo qualquer. Muito menos rápido. Um beijo que passava confiança e... Paixão.

Quase todas as selecionadas gritaram de raiva e inveja, e a plateia composta pela Capital ficou alvoroçada.

Quando o beijo cessou, e os lábios de Katniss se descolaram dos seus, Peeta teve certeza do quanto valia a pena se sacrificar por Katniss.

– Boa sorte. - Katniss desejou para ele, o rosto corado pela atitude.

– Pra nós dois. - Ele respondeu com um sorriso brincando nos lábios. Depois se pôs a caminhar - só que dessa vez se sentindo confiante - até o alvo.

Katniss então pegou uma flecha na aljava, posicionou na corda, esticou ao máximo e depois de mirar muito bem em uma das laterais do corpo de Peeta, soltou-a.

A flecha voou os 50 metros, reta e precisa. E por incrível que pareça, Peeta não fechou nem os olhos. Então a flecha cravou em um espaço minúsculo entre a sua perna e a borda do alvo.

Katniss respirou aliviada e sorriu feliz. Agora precisava acertar mais quatro. Não para ganhar. Essa não era nem de longe a sua preocupação. Seu único desejo ali era não machucar Peeta.

Mais duas outras flechas foram lançadas. Diretamente no alvo. Para completa indignação de Cato, que se aproximou dela para deixá-la nervosa.

– Vamos, Garota Quente - Cato começou a falar -, tenho certeza que consegue fazer melhor do que isso. Mas agora... Quero que acerte no espaço acima da cabeça dele.

Katniss arregalou o olhar.

– Impossível. O espaço é muito pequeno.

– Brilhante observação. - Disse ele com sarcasmo. Em seguida, ordenou: - Atire!

Katniss engoliu a seco, nervosa. Por mais que fosse uma excelente atiradora, o espaço era quase invisível. Se machucasse Peeta jamais se perdoaria. Pensou em desistir. E que viessem as consequências. Estava de saco cheio de se submeter às vontades de Cato. Mas ao encarar Peeta, mudou de ideia. O olhar dele lhe dizia de alguma forma para continuar. Por isso, sem mais delongas, com o coração palpitando forte dentro do peito, ela pegou uma flecha, esticou a corda do arco e depois de mirar o alvo por quase quinze minutos, atirou. Então fechou os olhos. E só teve coragem de abrir quando escutou os gritos e aplausos enlouquecidos da plateia.

Sim. Para seu imenso alívio, ela havia acertado.

Sorriu, a felicidade estampada em seus olhos. Peeta estava bem. Agora só restava uma flecha. Apenas uma. Para que toda aquela agonia cessasse.

Concluiu em pensamento que a ultima flecha tinha de ser rápida. Antes que Cato tivesse mais uma ideia absurda. Por sorte, ele nem se atreveu a aproximar-se dela. Entretanto, de relance, Katniss viu quando Cato disse algo no ouvido de Marvel, e seja lá o que ele tivesse dito, arrancou um sorriso misterioso do comparsa. Katniss franziu a testa, mas em vez de se preocupar com isso, tratou de se concentrar. Então pegou uma flecha na aljava, posicionou-a na corda e esticando- a ao máximo, fez menção de atirar, mas algo do outro lado do salão lhe chamou a atenção...

– Me deixa em paz! - Prim pedia para Marvel, que segurava sua trança para implicar com ela. - Sai de perto de mim!

Uma raiva sem pretendentes tomou conta do coração de Katniss fazendo com que ela perdesse totalmente a concentração.

Foi aí que sem perceber, Katniss acabou soltando a corda. E a flecha voou. Mas não reta. Muito menos precisa. E Katniss só se deu conta do que havia acontecido ao ouvir o grito de dor ensurdecedor saído da garganta... De Peeta.

A partir daí, tudo aconteceu em câmera lenta. Peeta caindo no chão com a flecha cravada em seu tórax, e Katniss caindo com os joelhos no chão e com as mãos na cabeça, enquanto seu rosto se ensopava de lágrimas.

– Me larga! - Rosnava Katniss para um pacificador, que a segurava pela cintura. - Eu preciso ir com ele! Peetaaaaaaaaa! Peetaaaaaa!

Mas, seguindo as ordens de Cato, o pacificador foi cruel, prendendo suas mãos nas costas e arrastando-a para fora do Salão de Treinamento.

No corredor que dava para o elevador, Katniss conseguiu se soltar.

– Eu preciso ver o Peeta! Saber como ele está... Será que você não entende?! - Gritou irritada e com a voz embargada, enquanto socava o tórax do pacificador, que por incrível que pareça, só tentava se desviar dos socos. - Sai da minha frente! Anda, saaaai!

– Senhorita Everdeen, você precisa se acalmar! - Disse o pacificador. E Katniss estranhou o tom de voz educado que ele emitiu.

– Como você quer que eu me acalme? Como? Eu me desconcentrei e acabei acertando o Peeta... E ele pode ter... Ele pode ter... Não! Eu preciso ir lá pra ter certeza que eu não matei ele! Sai logo da minha frente, droga!

– Você não matou ele. Fica tranquila. Ele está bem. A flecha não atingiu o coração. - O pacificador explicou e surpreendeu Katniss ainda mais com tamanha preocupação. - Mas eu recebi ordens para não deixá-la ir à enfermaria.

– Eu não recebo ordens de ninguém! E se você não sair da minha frente agora, eu vou...

Mas antes que Katniss pudesse concluir seu raciocínio, o pacificador a interrompeu, perguntando:

– Vai fazer o quê... Katnip?!

O mundo parou de girar para Katniss por alguns segundos...

– Você me chamou de quê?


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Continuo? Já devem imaginar quem é esse pacificador, mas e aí como será a reação de Katniss e de Peeta quando descobrir...