Você me Perdoa? escrita por Storm


Capítulo 2
A Prisioneira.


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!!



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Imbecis, pensou Esdras. Eu estou cercado por um efetivo de idiotas que são incapazes de questionar um prisioneiro. Eu tenho guerras para planejar, rebeliões para reprimir, um mundo para governar e devo interromper o meu trabalho porque os melhores torturadores do Reino não conseguem arrancar informações de uma única mulher! 

 

Aposto que assim que ela me ver vai falar, antes mesmo deu dizer algo. Minha imagem intimida mais que o melhor dos meus homens. Sorri interiormente.

 

O Imperador não estava realmente arrependido por desistir de seus deveres oficiais por um tempo no calabouço: questionar um traidor era tanto seu dever como escutar as solicitações patéticas dos anciãos de uma aldeia, e certamente, menos chata.

 

O que realmente o chateava um pouco era a incapacidade evidente de seus subordinados: ele não podia confiar em ninguém. Mesmo punindo severamente quem falhava com ele, era inútil: se queria algo bem feito, tinha que fazer isso sozinho.

 

Tanto pior para a mulher, pensou. Ela vai pagar o preço mais elevado pela incapacidade de meus soldados. Ela vai se arrepender até mesmo de ter dedicado sua vida a esse Deus e mais ainda por ter ido contra as ordens de seu Imperador.

 

Ohou para fora da janela. No pátio do palácio soldados estavam fazendo seus exercícios. O sol caía lentamente para trás dos montes, pintando o céu com um vermelho brilhante incrível. Vermelho sangue, meu favorito, ele pensou e sorriu, um boa cor para essa noite.

 

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Rindo, o Rei sentou-se no lugar de honra, como sempre e acenou com a cabeça para seus convidados sentarem. Obedeceram e Esdras os observou novamente. Generais e Comandantes de novo. Sempre as mesmas pessoas. Sempre as mesmas histórias. Suspirou.

 

As servas começaram trazendo bandejas, a voz alegre de Antony repetia uma velha aventura de Esdras.

 

— Então ele quebrou sua espada contra essa rocha e ficou ali, vendo-a de boca aberta. - todo mundo riu assistindo o soldado imitando o rosto do homem. - E ele olha dentro de seus olhos, levanta sua espada... E o cara morre! - outra explosão de risos. - Morre lá, antes dele tocá-lo!! Ah, meu Deus pode você imaginar isso? Foi inestimável!.

 

— Esdras... o olhar que mata! - gritou outro general, provocando mais risos.

 

— Ao Imperador! - gritou um homem, elevando seu copo, todos se juntaram a ele, depois começaram a comer vorazmente.

 

O Rei acenou com a cabeça a um guarda, que se aproxima, enquanto os convidados continuaram falando. 

 

— A mulher que foi capturada esta manhã... Quero que fique na câmara de tortura um pouco. - sussurrou ao seu ouvido, o soldado acenou com a cabeça, curvou-se e saiu da sala.

 

Quando um dos generais concluiu outra história horrível, a multidão explodiu em aplausos, mas ficou claro que alguns dos convidados estavam desconfortáveis. Era um velho jogo, o favorito dos generais, que o executavam todas as noites. Contavam suas histórias mais sangrentas, enojando os convidados civis. 

 

Costumavam seguir com este ritual até que um deles vomitava ou desmaiava. Esdras suspirou totalmente entediado. Ele já sabia de cor todos estes contos e não gostava de ouvir seus generais repeti-los noite após noite. Mas, pelo menos, lhe eram fiéis.

 

Os convidados civis, ao contrário, sempre fingiram respeito diante dele, mas ele sabia muito bem que todos o odiavam e o trairiam na primeira oportunidade. Afinal, havia tomado o poder que um dia foi deles. Ele fez uma careta, enojado. Não suportava a hipocrisia e os humilhava sempre que podia.

 

Um guarda aproximou-se de Esdras.

 

— Imperador. - sussurrou ao seu ouvido. - A prisioneira está pronta.

 

— Muito bem. - ele respondeu e o despachou. "Deixe o medo fazer seu trabalho por mim", pensou.

 

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Esdras esperou uma hora, desafiando os poucos homens sóbrios em concursos de lançamento de faca. Um dos Generais foi forçado a segurar o objeto em suas mãos. Ele ganhou, naturalmente, já que ninguém ali lhe igualava. 

 

No final da competição o homem desmaiou de alívio por não ser atingido, entre gargalhadas zombeteiras o Rei saiu.

 

— Você já nos deixa, meu Senhor? -perguntou Anthony.

 

— Sim, espere um pouco mais. - insistiu Hesus.

 

Ele deu de ombros. 

 

— Desculpem, mas o dever me chama.

 

— É a menina no calabouço? Deixe-a para mim, Imperador e você vai ouvi-la cantar antes do amanhecer. - Ipseus gritou, lançando - lhe um olhar pervertido.

 

As sobrancelhas de Esdras se ergueram e ela respondeu com sua voz mais baixa.

 

— Não Ipseus, você sabe melhor do que ninguém  que não gosto que estrupem mulheres em meu reino, por isso eu mesmo cuidarei dela. - o homem tremeu percebendo seu erro.

 

— Tenha um bom interrogatorio então, meu Rei.

 

— Conto com isso. - sorriu e saiu, mais de um pensamento perigoso passou pela mente de seus generais sobre o que faria a sua prisioneira.

 

*********

 

Seus passos ecoaram nos corredores vazios. Ele alcançou a grade de ferro e imediatamente um soldado a abriu. Um homem alto se aproximou dele e apressadamente se curvou.

 

— Estamos prontos, meu Senhor, ela está na câmara ao final do corredor Sul.

 

Sem responder Esdras passou para a câmara de tortura. O homem ansioso o seguiu.Finalmente chegaram a uma porta marrom.

 

O Imperador virou-se e olhou para ele. 

 

— Eu não preciso de sua ajuda, apenas assista e aprenda. - ele entrou, não esperando por uma resposta do homem aliviado.

 

Do lado esquerdo da sala estava de pé uma mulher loira, vestida com uma simples saia e blusa, seus pulsos encadeados acima de sua cabeça, braços abertos. Seus pés mal tocavam o chão.

 

Ela virou ao ouvir a porta abrir, e vendo Esdras, engoliu seco.

 

O Rei entrou lentamente e rodeou a menina, estudando sua prisioneira. Hematomas no rosto. Um lábio cortado.

 

— Bem menina, não é um prazer conhecê-la.

 

Silêncio.

 

 

Marcas de chicote em suas costas e pernas musculares.  

— Eu estava tendo um jantar agradavel, e tive de interromper por sua causa.

 

— Você pode voltar para seus convidados, eu não me importo. - o tom da menina era de desafio, aumentando a ira de Esdras.

 

Um sorriso sarcástico formou-se na face do Rei.

 

— Então você tem uma voz! Meus homens me disseram que não queria lhes falar... temiam que você fosse muda.

 

Silêncio. Esdras tirou seu casaco displicentemente, inclinou sobre uma mesa próxima e suspirou. Fixou os frios olhos em sua prisioneira.

 

— Olhe, eu não tenho tempo a perder, então vou lhe pedir educadamente apenas uma vez, depois começarei a golpeá-la, onde estão os rebeldes religiosos, e quem são eles?

 

— Eu já disse a seus homens,  eu não sei dos rebeldes.

 

Esdras bateu duro no rosto da mulher e tão rápido que ele nem viu seu braço mover. A garota sentiu dolorosamente reabrir as feridas de seu lábio.

 

— Eu não gosto de mentirosos. - o Rei disse, friamente.

 

— Eu também não gosto. - cuspiu a mulher.

 

A mulher se retesou, rangeu os dentes quando uma dor agonizante rebentou em sua perna esquerda pelo chute que acabara de levar. Usou toda sua força de vontade para não gritar. Então, de repente como tinha vindo, a dor diminuiu, deixando-a ofegante.

 

 

— Nada mau, - disse Esdras com um sorriso. - Você é forte, mas isso não vai ajudá-la, eu bati em apenas um dos seus pontos de pressão, há quase cinquenta deles, - ele passou para trás da mulher acorrentada e sussurrou em seu ouvido. - E eu vou lhe mostrar todos eles, um por um.

 


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