Narrativa: Hikari 

Após a discussão que tive com Akashi, ele direcionou-se ao vestiário, enquanto eu permaneci por mais alguns minutos ali, parada, e ao chegar os membros do time, cumprimento-os acenando e retiro-me do ginásio. Caminhei em direção da sala de música que sempre mantinha-se fechada, por ninguém frequenta-la além de mim que a mantem sempre limpa e organizada. Sento-me em frente do piano fechado e coloco as mãos em meu rosto: 

—O que foi aquilo...! – Eu estava com vontade de gritar por não acreditar na fala de Akashi: "Lhe conquistarei e farei de você apenas minha" e só de lembrar-se desta frase, chegava-a me deixar corada. Deixando-me um pouco de raiva por não conseguir entender o que aquilo significava, deixando-me confusa sem saber se aquelas palavras foram sérias ou apenas fingimento – Por que eu me sinto assim... – Meu coração estava acelerado de apenas pensar no ruivo, não entendo simplesmente nada. 

Narrativa: Akashi 

Após a discussão com a garota que recusava-se a obedecer-me, sigo em direção ao vestiário para trocar-me de roupa, encontrando-me com todos do time que já iam em direção a quadra. Ordeno-os que comece com a sucessão de arremessos, tendo punições caso soubesse que algum deles havia errado a cesta, enquanto eu mantive-me um pouco mais do que o costume no vestiário, após trocar de roupa. 

—O que eu fiz... – Eu permanecia inconformado, não acreditando nas palavras que saíram de meus lábios durante a discussão. Eu não gosto da presença daquela criatura em miniatura de vinte centímetros mais baixa que eu, odeio o jeito que ela trata-me, contrariando-me e querendo que eu obedeça-a, isto é inadmissível. Conquista-la e tê-la apenas a mim? Isto é ridículo, ela já obedecia-me como planejado, por que eu diria algo como "Conquista-la"? 

Respirei fundo e deixando meus pensamentos de lado, retornando a quadra, vendo todos do time acertarem uma por uma a cesta em um ritmo razoável. Reviro meus olhares pelo local procurando a garota com quem discuti e nada, ela já havia ido embora, deixando-me um pouco desconfortável por ela ter ido embora sozinha. 

—Sei-chan... – Reo chamava-me com sua voz afeminada, recebendo minha atenção – Aconteceu algo entre você e a Yuu-chan? 

—Não – Responde normalmente, sabendo que o lançador ao meu lado sabia que algo havia ocorrido entre nós por ela não estar presente no momento. 

—Talvez não seja melhor ir procurá-la e... – Antes mesmo que ele pudesse terminar sua frase, interrompo-o: 

—Não, deixe-a. Volte ao treinamento. 

Passando-se alguns dias, Hikari já não acompanhava-me em meus deveres escolares ou ia embora a minha companhia, apenas ignorava-me como eu mesmo não existisse naquele mesmo colégio e aquilo estava sendo um incômodo, todas as vezes que eu tentava trocar palavras – mesmo que não fosse nenhuma exigência – ela apenas ignorava-me e retirava-se do local. 

Mesmo que eu não quisesse, era necessário manter minhas palavras e mesmo que eu não "conquiste-a" do jeito que ela espere, a farei obedecer-me novamente. Passava muitas noites em claro pensando em como fazer isto, mas nada vinha em minha mente; mesmo que eu ainda tivesse mais algumas semanas para conseguir isto. 

Vários dias pensando nisto e naquilo, não conseguindo pensar em nada para tentar chamar a atenção daquela teimosa que continuava-me a ignorar; porém, em um dos dias em que eu diria ser comum, após o treino diário que fazíamos – onde Hikari não aparecia após aquela nossa discussão – Kotarou fora o primeiro a retirar-se do ginásio, logo em seguida outros alunos e por último eu a sair. 

Ao aproximar da quadra, era possível escutar a bola sendo batida no chão e na tabela, aquilo chegava-me ser bastante desagradável, pois acabamos de limpar o local. Era Kotarou, não fazendo a mínima ideia o por que ele estava ali, mas não era minha responsabilidade. 

—Kotarou, limpe novamente a quadra – Digo prestes a retirar-me do ginásio, recebendo sua confirmação. Quase esbarrando em alguém que vinha do lado contrário de mim, percebo que é Hikari por ela logo chamar Kotarou com sua voz calma e um pouco animada: 

—O que houve Kotarou? – Ela aproximava-se do loiro que estava com a bola em mãos, e admitirei que fiquei ali parado para escutar a conversa de ambos que permaneciam a sós na quadra.  

Narrativa: Autora 

Akashi ficava do lado de fora da quadra espiando ambos conversarem, tendo Kotarou com seu rosto pouco corado, estando sem jeito e nervoso, passando a mão em sua nuca e girando a bola em suas mãos; enquanto Hikari estava normal de ante dele. 

—Então Yuuki... É que... – Ele tentava dizer suas palavras a ela que não entendia muito bem, enquanto ele arranjava coragem – Então é que eu... 

—O que foi? – Ela perguntava desentendida, nunca tendo visto seu amigo daquela forma. 

—Vo...Você quer...sair... comigo...? – Ele gagueja, surpreendendo-a, fazendo-a corar bruscamente e sem saber o que responder, apenas revira o rosto para outro lugar. E antes mesmo que pudesse responder a sua pergunta, um ruivo que bisbilhotava a conversa, adentra o ginásio e interrompe-os: 

—Desculpe-me Kotarou, mas ela não poderá – Akashi aproximava-se de ambos, puxando Hikari e abraçando-a pela cintura, fazendo-a ficar mais envergonhada do que estava e fazendo o loiro a sua frente a fita-lo com olhares surpresos – Ela já sairá comigo. 

—Você estava escutando... – Kotarou murmura revirando o olhar para outro lugar, enquanto Akashi com um sorriso vitorioso retira-se do local com a companhia da garota, soltando-a apenas na saída do colégio. 

Akashi convida-a adentrar no carro que levaria ao seu apartamento, que contrariada, aceita a carona e permanece afastada do ruivo como o de costume. O silêncio permaneceu até a chegada em frente o apartamento da garota, onde ela desceu, agradeceu pela carona e dirigiu-se em direção as escadas. 

—Hikari – Akashi chama-a de dentro do carro, abrindo a janela do automóvel – Amanhã, virei lhe buscar às 19h para irmos ao cinema, então esteja pronta. 

—Como? – Antes mesmo que ela pudesse reagir a frase dita pelo ruivo, ele já fechava a janela e ia embora. Quando ele havia dito que ambos sairiam, achava ser uma brincadeira, mas agora, ela havia certeza que suas palavras eram sinceras e ela não gostaria de falhar em algo que ele realmente gostaria de ir – Agora fiquei ansiosa...