Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 32
Capítulo: Enfim, juntos.


Notas iniciais do capítulo

Hoje mesmo postarei no Spirit, mas já adiantando um aviso importante, estou me despedindo por um longo tempo, acredito que em outubro estarei de volta.
A fic ficará pausada.
Meu tempo no pc encurtou e preciso me organizar por conta de alguns acontecimentos na minha família, sentirei saudades.



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Pain se impressionava com os movimentos do Morino, distanciavam-se da capacidade máxima de um humano.

— “Ele facilmente alcançou o nível de um yokai.”

O ruivo pensou, aturdido.

— “Não consigo identificar sua natureza yokai. Será que eu não conhecia os humanos como pensava?

Não lhe sobrava tempo para ganhar espaço, sequer podia realizar uma mínima recuada.

O imenso homem grudava em sua vanguarda com aquele sequenciamento de socos mortíferos.

Não conseguia se desviar de todos, e os que defendia, danificava-o de algum modo.

Suas mãos e antebraços se enfraqueciam a cada bloqueio.

— AR!

Subitamente, teve seu braço retorcido pela mão grande do Morino e recebeu um soco no estômago.

Vomitou, curvando-se, quase sem forças para se manter de pé.

O Morino segurou sua vontade de matá-lo.

Não largando o braço retorcido de Pain, Ibiki conduziu sua outra mão ao queixo do ruivo, fazendo-o erguer a face.

— Você também é um hanyou? De onde você veio? — Ibiki interrogou.

Pain entreabriu as pálpebras.

Suas íris violetas lacrimejavam e seus dentes se trincavam.

Cuspiu contra a cara do Morino.

Em resposta, o homem maior ergueu o punho cerrado, ultrapassando a altura da cabeça.

Seria um soco que finalizaria a vida do ruivo.

Pain fechou os olhos, aguardando seu destino cruel.

Uma sonoridade diferente alcançou a audição de Ibiki.

O vento em algum lugar da floresta encontrava um ritmo incomum ao seu fluxo natural.

Um som familiar.

E nada agradável para o Morino.

Mantendo o braço de Pain, preso em sua mão, pusera-se na direção de onde vinha tal barulho.

A apurada audição do Uzumaki captou as vozes do hanyou e de mais três sujeitos.

Subitamente, em um imenso salto, o meio yokai saiu das sombras das árvores.

Ibiki não soltou Pain, achou que defenderia o ataque do hanyou de maneira fácil, usando somente um braço, posicionando-o na altura da cara.

Enganou-se.

Sua defesa foi insuficiente e Naruto não somente chutou o antebraço como o fez afundar contra a cara do Morino.

Pain foi solto.

Ibiki voou para trás, sua cabeça afundou no tronco de uma árvore imensa.

A árvore sofreu uma curva, pendente a uma queda que faria o tronco atravessar o caminho de terra.

Com os pés no solo, o hanyou se volveu ao ruivo e pegou o braço dele, desentortando-o em uma única virada de mão.

O ruivo impressionado se prolongou mudo, verificou seu braço e retornou a encarar o meio yokai, petrificado.

— Sua aparência.... — O Uzumaki mais velho sussurrou.

As orelhas jaziam mais longas e pontudas, as pontas delas eram pretas.

Uma cor negra se ressaltava no contorno dos olhos.

E suas íris assumiam a pura cor sanguínea.

Sua boca se exibia repleta de dentes alongados e afiados, bem mais que na forma natural de hanyou.

Os traços nas bochechas, distendidos e mais grossos.

As garras mais alongadas brilhavam suas pontas na luz solar.

Saindo acima do traseiro, uma dupla cauda.

As duas pontas se inquietavam, e se movimentavam revoltosas, como se quisessem sair daquele corpo.

Naruto observava o Morino quem desenterrava o crânio da árvore.

O pano de sua careca saiu, pousara uma mão aberta nela, sentindo-a dolorosa.

Cambaleou para trás e mal se volveu, atingido novamente, recebera dois pés unidos no meio de sua coluna que por pouco não quebrou.

Assim, o Morino foi arremessado outra vez contra a árvore.

Ela cedeu, despencou perpendicularmente à estrada terrosa, poucos centímetros ao lado do ruivo.

Pain em nada se assustou com a queda da árvore, sua vista não desacompanhava o hanyou.

— O que voc...

O Morino praticamente gemeu as palavras, demorou mais para se erguer, e quando conseguia se sustentar nos pés, curvado, teve as garras do meio yokai encostadas em sua garganta.

O olhar afiado do loirinho avisava que bastava um único movimento do homem para rasgá-lo a garganta.

Daquela forma, proibia Ibiki de endireitar a coluna, mantendo-o curvado.

Os esféricos vermelhos ameaçadores pousaram na deformidade da careca do homem.

Diferente da primeira vez que a viu, Naruto não expressou horror, no presente, encarava-a indiferentemente.

Ibiki achou que o menor procurava respostas, pelas suas ações do último encontro que tiveram.

Esticou a boca, em um curto sorriso, dizendo-o:

— É o momento... é o momento no qual eu... devo contar minha história.

Naruto abaixou o olhar, fixando-o nas íris escuras de Ibiki.

Respondeu-o:

— Não estou interessado.

Um pânico emergiu por toda a extensão do Morino, aquela pequena face diante de si expunha uma aura obscura.

Uma intenção assassina.

As garras do meio yokai se alongaram, atravessaram a garganta do homem.

Pain colocou as mãos na cabeça, descrendo que o menor fora capaz daquilo.

O hanyou desencravou suas garras de Ibiki e o viu cair, brutamente, contra o solo.

Uma poça de sangue surgia e se espargia sob o pescoço do homem imenso.

As garras do loirinho recolheram e seguiram pingando de sangue.

Fitando o corpo de seu ex treinador, Naruto revelou ao ruivo:

— Foi ele quem me jogou do penhasco.

Pain se levantou, alcançando o caído tronco de árvore, apoiando-se nele para se manter de pé.

— Ele é Ibiki Morino, conhece? — o loiro perguntou, assistindo o sangue se espalhar cada vez mais.

— Não... — O Uzumaki mais velho, receoso respondeu.

— Bem, ele é um homem de boa fama, então é melhor você ir embora. Consigo escutar guardas vindo nessa direção. Se eles o verem perto do corpo... sabe o que pode lhe acontecer.

— E... mas e você? — Pain perguntou, assombrado.

— Vou atrás do meu pai. E levá-lo comigo. Suponho que Ibiki tenha inventado algo para o povo de Konoha. Eu o deixei ferido, me recordo. Ele pode ter espalhado que eu perdi o controle. Acredito que os aldeões retornaram a me temer.

— Retornaram? — Pain questionou.

Não era somente a forma do meio yokai que demudara, o jeito de falar parecia ser de alguém adulto.

Naruto não se referia a si mesmo em terceira pessoa.

O meio yokai andou, floresta adentro.

Em rápida velocidade, o ruivo alcançou-o e o segurou pelo braço.

De lado, o loiro se posicionou ao Uzumaki.

Em seguida, virou o rosto, pondo-o frontalmente a Pain, e ergueu o queixo alguns centímetros, fitando a face do ruivo.

Sem soltar o braço do menor, o mais alto interrogou:

— Por que não falou isso antes? O que há com você? Há quanto tempo sabe usar essa forma?

O hanyou se concentrou, exclusivamente, na primeira pergunta:

— Se eu revelasse, receei que Fusuo viesse aqui.

A mente do hanyou constituiu a imagem da raposa fêmea.

Seus olhos se estreitaram, complementando:

— Ela é muito intensa.

Pain ponderando, achou a suspeita válida.

Soltou o braço do meio yokai.

E abaixou o rosto, fitando o solo.

Em seu silêncio, ainda assimilava toda a situação presente.

Estava sendo difícil de digerir aquela realidade.

Naruto moveu o rosto, alinhando a frente da face com a frente de seu corpo.

Acresceu:

— Escutei Ibiki desconfiando de que você fosse um yokai. Se ele descobrisse sobre a vila, ele facilmente levaria um exército até lá, não quero outro embate entre as espécies.

Pain se moveu, colocando-se frontalmente ao U. Namikaze.

Severamente, perguntou-o:

— Você é o mesmo Naruto de antes?

O meio yokai hesitou.

Ele entregou a atenção à aproximação de dois guardas embrenhados na mata, em algum raio de quarenta metros.

— Fuja logo, ainda dá tempo.

O hanyou avisou, desviando-se do ruivo e seguindo em frente.

O ruivo iria questioná-lo, mas então escutou o mesmo som dos dois guardas.

— Então é isso... você vai deixar que sua imagem fique manchada em sua aldeia? Não se esforçará para convencê-los? Eu posso ser sua testemunha... direi que assisti esse homem lhe lançar no penhasc...

— Quando me transformei, atingi um guarda jovem que ajudava o Morino. — Naruto interrompeu, explicando a situação. — E depois fui enfrentar Ibiki. Restaram dois jovens que foram correndo para Konoha. A aldeia não está muito longe, estão chegando nela nesse exato momento, calculo. Não acreditarão no que tenho para dizê-los.

Não parou de andar.

E alguns segundos futuros, escutou os passos do ruivo, seguindo-o.

— Essas pessoas já não gostavam de você antes, não é? — perguntou Pain. — Por isso você falou que elas retornaram a teme-lo.

— Os aldeões têm uma imagem pré-concebida de mim. Se eu provasse minha inocência, apenas retornariam a me paparicar com medo de serem amaldiçoados. — Naruto explicou. — Não quero mais esse tipo de atenção.

— Amaldiçoados... — Pain murmurou. Notou que o hanyou avançou mais rápido, e se apressou para segui-lo mais de perto. — Espere aí, aonde levará seu pai?

— Para bem longe. Distante de tudo que haja pessoa.

— Perto da vila Uzumaki?

O ruivo considerou o silêncio do meio yokai, como uma resposta negativa.     

Pain avançou mais rápido e conseguiu se colocar na frente do menor.

Abraçou-o.

O U. Namikaze nada fez, acreditando que Pain se despedia.

Cursava no hanyou o sequenciamento de lembranças envolvendo o tempo convivido com o ruivo.

Naruto desconhecia sua sensação atual.

Inexplicável.

Era grato a Pain, bastante, mas não tinha a mínima vontade de corresponder àquela despedida.

Quando achou que ele se afastaria, enganara-se. 

Desmaiou.

Pain golpeara a nuca do loiro.

Somente aquele golpe extraiu muita energia do ruivo, o braço dele ficou dormente.

Na forma de duas caudas, o Uzumaki mais velho calculou necessitar de uma quantidade maior de força, se comparado a fazer Naruto desmaiar na forma de uma cauda.  

Depressa, deitou o meio yokai de costas contra o chão, e assistiu a nova forma do menor se desfazer gradualmente.

Pain se aliviou, preferia ver o rosto do U. Namikaze naqueles traços puros e mais infantis.

Limpou o sangue da mão de Naruto, usou o lado interno do seu quimono.

Colocou-o nas costas e refez seus passos.

Atualizando-se, os guardas se encontravam a vinte e cinco quilômetros, em algum lugar da mata fechada.

Retornando a avistar o corpo do Morino, também enxergou alguém entrando no caminho terroso.

Shigure meio curvado, gemia de dor.

Uma vasta quantidade de sangue cobria parte do rosto do Takuo.

O sangramento provinha de duas marcas de garras, a maior delas chegava a atravessar o olho direito, o qual certamente, nunca mais seria útil.

— Aqueles covardes... miseráveis... — O Takuo se referia a Baiu e Midari.

Abandonado por eles.  

Caiu de quatro na terra, a espada sob a palma direita.

Com seu único olho saudável, encontrou a presença do ruivo com o hanyou nas costas.

E dois segundos depois, localizou o cadáver de Ibiki.

Estava tudo acabado.

— Provavelmente, não acreditará em mim. — Pain começou. — Mas o homem morto ali atrás arremessou meu amigo do penhasco.

— Que diferença faz? — Shigure questionou.

O ruivo imediatamente franziu o cenho.

— Que diferença faz? — repetiu, indignado. E considerou: — Já sabia disso?

— Ele é uma aberração! — o Takuo exclamou, enfurecido. E apenas não gritou mais por que foi atacado por uma nova dor. Apertou seus dentes com força, fechando seu olho saudável, também com força.

Pain revoltado, repensou, talvez todos da aldeia soubessem o que o Morino fizera, mas fingiam não saber.

Provavelmente, Naruto só tinha o amor do pai.

Pobre ser.

Sustentava a genética de duas espécies, das quais a maioria o repelia.

— Essas pegadas são grandes, tenho certeza que pertencem ao Morino.

— Dessa vez nós o pegaremos.

A dupla de guardas, atualmente, encontrava-se a pouco mais de doze metros.

Estranhando, Pain questionou:

— Ibiki Morino... é um foragido? 

O Takuo não respondeu.

E o Uzumaki não distinguiu se ele fugia da pergunta ou se por que a dor o atrapalhava na concentração.

— Escute-me! — caminhando, deteve-se a quatro metros do Takuo. — Você não está em condições de lutar, eu acabaria contigo em cinco segundos, e isso por que estou sendo generoso.

Repreendendo um gemido doloroso, o Takuo o encarou.

— Minha audição é apurada. Os guardas aparecerão em breve, estão seguindo as pegadas do Morino.

— Você também é um yokai? — rouco, perguntou o Takuo.

Pain devolveu com outra indagação:

— Por acaso, a aldeia sabe que você ajudava o Morino?

Shigure abaixou a cabeça, irritado.

Sentou-se e dobrou as pernas, descansando os braços nos joelhos.

O ruivo juntou a espada do Takuo.

— Você ficará com os créditos pela morte de um foragido. —Pain disse, andando com a espada, e ao mesmo tempo, cuidadoso para não permitir que Naruto caísse de suas costas. — Você matou Ibiki Morino quando ele tentou matar a mim e ao meu amigo hanyou.

Chegando até o cadáver do careca, o ruivo se abaixou e suspendeu a cabeça dele, com a lâmina da espada, modificou o ferimento da garganta, para que parecesse golpe de espada e não de garras.

— Você e aqueles dois que ajudaram este homem, não serão punidos por ajudarem um foragido. — Pain concluiu, retornando com a espada e a jogando perto dos pés do dono dela. — Será bom para todo mundo. Pelo visto, ainda há como Naruto habitar a aldeia, ele precisa ficar com o pai... o único ser humano que o ama, acredito.

— Por que... por que fazer tudo isso por ele? — Shigure perguntou.

— Por que ele é meu amigo.

O Takuo assustado, suspeitou que não conhecesse o que era uma amizade verdadeira.

Ficaram em silêncio até que finalmente os dois guardas apareceram.

E em meia hora já havia vários grupos da guarda de Konoha pelo local, enquanto Pain, Naruto e Shigure eram levados até a aldeia.

 

~NH~

 

Os curtos cílios do menino raposo tremiam.

— Ele está acordando.

Reverberou a suave voz de uma mulher.

O cheiro dela tornava mais confortável à sensação do despertar.

— En... Eeen..

A voz de um bebê.

Ah, o cheirinho de bebê, reconhecia.

Sentia-se em meio às flores.

Em um campo todo florido, como desenhado em um de seus monta-monta.

— Meio raposo. — Um segundo bálsamo de voz.

Uma mãozinha segurou a mão de unhas compridas e pontudas.

Rolinho de feijão, o aroma mais próximo do olfato do U. Namikaze.

Com aquela mistura de vozes e aromas suavizados, o despertar se concluiu. 

Aguardou ele a visão turva se desfazer, pretendendo se assegurar do que presenciava. 

Estava em sua cama de palha, no quarto pertencente a ele e ao seu pai.

Mas isso reconheceu depois.

Sentando-se, primeiro reparara nos rostos de cada pessoa presente.

Hana segurava sua caçula no colo, o bebê envolto de um embrulho branco e florido. 

Hinata mantinha sua mão, na mão do hanyou.

O bebê no colo da mãe se remexeu querendo alcançar as orelhas de raposa. 

Os azuis observaram o pinguinho de gente, e percebeu que ele estava mais crescido e rechonchudo.

E tinha mais cabelo.

Hanabi se tornava uma linda menina. 

Ela lhe sorriu e o loirinho sacudiu as orelhas, fazendo-a soltar uma gostosa risada. 

Coçando a cabeça, o loirinho sorriu, dizendo:

— Naruto está... em um sonho...

A primogênita Hyuuga não sorriu.

Emocionada demais, montou biquinho choroso e se lançou sobre o meio yokai.

Ela esfregou seu rostinho redondo contra o peito dele.

O U. Namikaze se percebeu usando somente um hakama.

Ele pousou as mãos nas costas da pequena, e abaixou a cabeça, sugando o perfume dos cabelos curtinhos dela. 

Fechou suas pálpebras, tranquilamente, comentando:

— Puxa vida, Naruto precisa sonhar mais vezes. 

— Não está sonhando, meu pequeno.

Hana avisou.

Suas íris prateadas tremeluziam e seus lábios estremeceram quando sorriram. 

Somou à novidade:

— Você está de volta em Konoha, em sua casa.

A carinha do loiro ficou séria, encarou a face da mulher, por um instante. 

Hinata pressionou o lado da cabeça no peito do U. Namikaze, escutando as batidas do coração.

Certificada de que ele jazia bem, recuou, sentada sobre as pernas, pusera as mãozinhas nos joelhos e feliz o noticiou:

— Estão todos preocupados com o meio raposo. O otou-san do meio raposo foi quem mais procurou por ele.

— Otou-san! — o meio yokai se alçou. 

Apressado saiu do quarto, empurrou os tecidos usados como cortinas e atravessou o cômodo recém limpado e arrumado de sua casa.

Hinata saiu atrás dele, tentando alcançá-lo.

E Hana se movimentou em um ritmo mais calmo, evitando assustar sua caçula. 

Naruto abriu a porta de correr, quase a quebrando de tanta força que usou, estando louco para reencontrar seu pai.

Contudo, a cena com a qual se deparou, o fez se paralisar.

Pessoas se espalhavam diante seu lar.

Akamaru latiu assim que escutou o barulho da porta de correr.

As crianças ao avistarem o meio yokai, correram todas ao mesmo tempo em direção a ele.

Tenten, Fuki, Kaede, Yakumo, Ranmaru, Leo, Ashitaba, Kiba e Chouji circularam o hanyou.

Cada um queria abraçá-lo.

Os professores de Naruto e outros monges da terakoya sentavam na varanda.

Eles interromperam o que conversavam quando notaram o despertar do hanyou.

Saíram da varanda e cessaram frontalmente a casa, bateram palmas.

Os outros adultos espalhados foram se juntando atrás e aos lados dos monges, aumentando a salva de palmas.

Teuchi em meio à eles, abraçava o ombro de sua filha. 

O senhor Ichiraku garantiu que Minato não perdesse sua parte do campo de arroz, trabalhou nele todos os dias.

Era uma noite muito bonita, na qual o luar jazia tão forte que sequer necessitaram acender lanternas por ali.

Quando as palmas se findaram, as narinas do meio yokai começaram a se contrair, incessantemente. 

Um ronco retumbou do estômago dele, fazendo as crianças rirem. 

Ranmaru colocou a mãozinha na barriga do loirinho, acarinhou-o. 

— Não se preocupe, meio raposo. — Hinata se enfiou no grupo e se interpusera entre Ranmaru e o hanyou, ficando de frente pro U. Namikaze. — Tem muita comida esperando. Cada um colaborou com algo.

— Estamos comemorando o seu retorno. — Yakumo falou.

— Não somente o seu retorno hehe! — Kiba fechou os olhos, exibindo um sorriso imenso e branco. 

Chouji alargou a boca, risonho. 

— Seus dentes estão pequenininhos então eu preparei bastante rolinho de feijão, mas sem o rolinho, assim não precisará mastigar muito. — Hinata falou-o.

O loirinho colocou a mão na boca, tendo se esquecido que seus dentes ainda cresciam. 

Repentino, Naruto se jogou de bunda no piso e abriu a boca em um choro escandaloso.

Hana na porta da casa balançou Hanabi, tentando acalmá-la, a pequenina se incomodava com o choro do meio yokai.

As outras crianças compreendendo o porquê do hanyou chorar foram tocadas pelo momento e também se entregaram às lágrimas.

Os adultos reagiram de diferentes maneiras, uns se emocionaram a ponto de lacrimejar, Teuchi chegou a limpar uma lágrima, outros mantiveram sereno olhar, cheios de compaixão e muitas mulheres achavam a cena fofa. 

Distante do amontoado de pessoas, Idate assistia. Estivera aguardando o momento que o hanyou surgisse por aquela porta, apenas para vê-lo bem. 

Sorriu um pouco.

E decidiu voltar pra casa.

Talvez com o tempo, encontrasse um lugar longe de Konoha.

Não queria ser relacionado à fama ruim que seu irmão mais velho deixara.

Desde sua participação em ajudar na busca pelo hanyou, já mostrava que não tinha nada contra ele.

Guardaria a Kuna como uma lembrança divertida.

Quando a choradeira das crianças diminuiu, Tenten esfregou os olhos e ralhou com o hanyou:

— Nunca mais fuja por que eu levei uma surra de vara de bambu na minha bunda e chorei pra caramba, e até agora dói e não consigo sentar sem gritar.

— E minha mãe me bateu com o chinelo de pau. — Kiba falou, inspirando forte, impedindo que um filete de catarro escorresse. 

— O lencinho, minha lua. — Hana chamou Hinata.

A menina passou pelas crianças e aceitou o tecido que sua mãe ofereceu.

Ela assuou uma vez e depois o dobrou ao meio.

Ofereceu uma parte limpa do lenço ao U. Namikaze.

— Assua meio raposo. — Ela pediu colocando o lenço contra as narinas dele.

Na vez do loiro saiu mais.

A peroladinha não se importou e dobrou o lenço outra vez, devolveu-o à mãe. 

De emoções amenizadas, o meio yokai se levantou e a memória de ter encontrado Ibiki Morino e mais aqueles três jovens guardas regressavam lentamente, empalidecendo-o.

O que será que aconteceu com Pain?

Como conseguiu retornar pra casa?

— O que há, meio raposo? — Hinata arregalou os olhinhos, pondo sua orelha para ouvir o coração dele. 

O U. Namikaze tentou perguntar algo:

— Onde está o... 

— Eu? — Pain se sobressaiu da multidão da vizinhança.

A cauda felpuda deu uma forte sacudida e as orelhas ficaram bem empinadas.

A pequena azulada recuou um passo, e outras crianças deram espaço para o hanyou passar, ele parou em frente do topo da escada. 

Seus azuis cintilaram e sua boca se alargou em um sorriso.

Pain cessou ao pé da escadinha, e antes que o meio yokai mencionasse algo que não devesse, adiantou-se:

— Deve estar confuso pelo que aconteceu, mas eu explico! Aqueles três guardas jovens chegaram no momento e conseguiram deter Ibiki antes que ele nos matasse.

— Hum? — Naruto fez uma cara estranha.

— Você não deve estar se lembrando por que desmaiou logo, parece confuso hahaha — Pain se arredou para o lado e falou: — Não pense muito nisso, depois eu explico melhor, por enquanto, por que não vai dar um abraço no homem que mais sentiu sua falta? Me deu trabalho ficá-lo procurando perto do penhasco, mas assim que eu vi aqueles olhos, eu sabia que era o seu pai.

O coração do hanyou quase saiu pela boca.

Seus azuis procuravam seu pai entre as pessoas.

Sentia o cheiro dele por perto, um pouco diferente, mas ainda era o cheiro de seu otou-san.

O Namikaze adulto se revelou, avançando à escada, enquanto seu sereno olhar pousava naquele pequeno menino raposa.

O artesão-camponês se apresentava emagrecido, porém com a barba feita e cabelos cortados.

Pain quem o ajudou a mudar a aparência, para retirar o aspecto de alguém que vagava pelo mundo há milênios.

Minato ainda se aparentava fraco, mas agora, calmo, sem dor ou desespero na face.

— Meu filho.

Ele murmurou, cessando ao pé da escada.

Havia abraçado e beijado Naruto enquanto o pequeno adormecia, mas vê-lo acordado, aumentava-lhe a emoção de ter seu filho de volta.

Naruto retornou a chorar, e daquela distância, saltou ao colo de seu pai.

Nunca mais conseguiria se afastar daquele homem.

Hinata apertou as mãozinhas, sorrindo.

O publico testemunhava a imensidade do amor que interligava pai e filho.

 

~NH~

 

As crianças brincaram muito, dentro da casa de Naruto, realizaram uma competição de duplas, qual delas melhor terminava um monta-monta em menos tempo.

Hinata fizera dupla com Naruto e eles ficaram com o segundo lugar. 

Ele era mais rápido em encontrar as peças que se encaixavam, mas ele se atrapalhava na hora de efetuar. 

O primeiro lugar foi para Kiba e Chouji. 

Tornou-se uma noite divertida e emocionante.

Durante a brincadeira, quando não estava na sua vez de montar, o hanyou ia ver seu pai que conversava com outros adultos, e dava-lhe um abraço apertado, apenas para confirmar se ele ainda estava por perto.

Minato o recebia com a mesma intensidade de amor.

Próximo da meia noite, após os agradecimentos pela ajuda e presença de todos, restava somente à família Hyuuga se despedir de Minato e Naruto.

Fazia cinco minutos que Hinata e Naruto não se desgrudavam do abraço de despedida.

O meio yokai abraçava aquela coisa pequenininha e branquinha, matando novamente a saudade de tê-la distante.

E a pequena Hyuuga não queria soltá-lo, temendo que ele sumisse.

Vieram momentos, nos quais ela mesma pensava que sonhava ao tê-lo por perto novamente.

— Hinata-sama. — Natsu segurou os bracinhos da menina, fazendo um pouco de força para trás. — Hiashi-sama deve estar preocupado.

A matriarca Hyuuga olhou para seu bebê que dormia e falou:

— Vamos minha lua. Está tarde, tenho que pôr sua irmã na cama.

— Amanhã Naruto e Hinata se verão de novo! — o hanyou prometeu. Energético, dizia-a: — Naruto estará cedinho na frente da casa da Hinata!

— Não, amanhã o senhor vai descansar o dia inteiro. — Minato aumentando o tom de voz, determinou. — E eu o deixarei na escola depois de amanhã.

As orelhas do hanyou se abaixaram um pouco, imaginando o quanto seu pai sofreu com sua ausência, ele seria super protetor dali por diante.

O meio yokai se esforçaria para se tornar mais obediente: 

— Sim, otou-san. 

A pequena perolada se entristecia.

Hana suspirou e os avisou:

— Pedirei para Neji trazer minha filha aqui, e os dois passarão o dia juntos. 

Alegrados, Hinata e Naruto se fitaram.

Ele a carregou.

Natsu se afastou, vendo o hanyou girar a menina.

Alguns minutos seguintes, e as Hyuugas partiam.

Natsu segurava uma mão de Hinata, enquanto a menina não parava de olhar pra trás, balançando sua outra mãozinha, dando seu tchau todo energizado para os Namikazes. 

Minato se sentou na varanda e Naruto se acomodou entre as pernas do pai, sentado no degrau da escada.

Permaneceram daquele jeito, e quando não avistavam mais as Hyuugas, passaram a contemplar o luar e o espetáculo de estrelas. 

Minato beijou os cabelos de Naruto que fechou os olhos, sorridente.

O camponês-artesão queria morar uma eternidade naquele momento.

— E o que fará, Sr. Pain? — Minato perguntou. 

— Hum? — Naruto arqueou as sobrancelhas, e levantou a cabeça.

Seu pai virou o rosto.

No cantinho da varanda, Pain observava a noite encantadora.

— Irei embora. — Respondeu, tranquilo. 

— Mas já? — Naruto se espantou. 

— Sim, adoro viajar sob um belo luar, você sabe.

O hanyou tremulou os lábios e saiu da escada.

Escalou o corpo do ruivo até parar na barriga, ficou abraçado nele como se agarrava ao corpo da mamãe Fusuo.

— Comporte-se. — Pain falou, passando as mãos pelos cabelos loiros.

Ele assentiu.

— Fala pra okaa-san Fusuo que Naruto pede desculpas por não voltar, mas não se esquece de falar pra ela que Naruto está muito feliz aqui.

— Eu não esquecerei, na verdade vou deixar isso bem claro. — Pain falou, pálido só de imaginar o estado que sua mãe ficaria ao saber que não teria um filhinho caçula. 

— Você será bem vindo sempre que quiser. — Minato se levantou e se curvou ao ruivo. — É muito bom conhecer outro Uzumaki bondoso, especialmente, um que admirava Kushina.

— Nii-san contou tudo para o otou-san?

O artesão-camponês se atentou ao modo como o filho chamou o ruivo. 

— Claro, tenho certeza que ele deixará nosso segredo seguro. — E ficando um pouco sério, Pain avisou ao loirinho: — E ele lhe contará melhor sobre o que aconteceu com Ibiki, expliquei tudo pra ele. Mesmo que você fique com raiva daqueles três jovens, mantenha em segredo o que eles tentaram fazer.

— Huum... — O meio yokai fez uma cara feia, desgostando do que ouviu.

O ruivo se despreocupou, sabia que o pai seria capaz de convencê-lo.

Pain colocou Naruto no chão e se abaixou, pondo as mãos nos ombros do menor:

— Eu sei que pode desconfiar que a maioria das pessoas não sinta algo verdadeiro por você, mas pode ter certeza que você está conseguindo constituir laços verdadeiros entre elas, eu pude perceber, observei intenções puras. Não estou dizendo que não vai conhecer pessoas ruins, mas tenha paciência, conforme ir crescendo, aprenderá a distingui-las. 

— Naruto não vai acusar ninguém. — O hanyou falou, coçando a bochecha. — Naruto se sentiu bem entre elas, hoje.

— Isso é muito bom. — Pain esfregou os cabelos loiros e saltou da varanda. Como lhe trazia paz ouvi-lo falar daquele jeito infantil, puro. 

Afastou-se da casa. 

Caminhou pela região plana do solo até chegar ao elevado.

No topo dele, parou e se virou, assistindo o artesão-camponês segurando o filho no colo.

Naruto e Minato encostavam seus rostos, de bochecha contra bochecha.

O menor acenava para o ruivo que satisfeito, partiu de vez.


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Notas finais do capítulo

Então é isso pessoal, até outubro, sem data estabelecida.
Mal voltei pro nyah e já me despedindo novamente, enfim, até meu querido público.



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