Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 24
Capítulo: Penhasco




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Pai e filho já estavam prontos para dormirem, tiveram uma longa conversa quando chegaram em casa, após o jantar no lar dos Hyuugas.

O meio yokai deitava sobre o corpo do pai, encimavam-se em uma cama de palha.

Conversava com ele, espremendo o lado de seu rosto contra o peito do homem.

As mãos do Namikaze maior pousavam nas costas do hanyou.

O loirinho terminava de dizer sobre o que aprendeu:

— Então tem apenas uma forma de fazer bebês, que é usando o bigulim, que tem vários apelidos, mas o nome verdadeiro é pênis.

— Exato, os apelidos mais comuns é piu-piu, pinto e até pau, mas esse último apelido é usado de forma grosseira, é uma maneira indelicada de se referir à parte íntima do homem.

— Só pessoas más educadas usam. — Naruto comentou.

— É isso aí.

— Por que a okaa-san da Hinata mentiu pra ela? 

— Os adultos consideram que as crianças acharão nojento ou ficarão assustadas com a verdade. Preferem inventar uma história bonitinha, como a da semente enfiada pelo umbigo, assim elas não ficam mais curiosas a respeito do assunto. Porém, quando as crianças ficam mais crescidas, mais espertinhas, eles explicam a verdade. Cada criança tem seu tempo de saber o correto.

—Hinata é inteligente, ela tinha que saber a verdade logo.

— Eu concordo, ela pode ser pequena, mas é mais velha que você. É bem sabida. Quem sabe agora Hana não pense mais em escolher mentirinhas para conversar com a filha.

—Arigatôu por contar a verdade para Naruto, otou-san.

— De nada, filho. Agora tem certeza que sabe quais assuntos deve-se ou não falar perto dos outros?

— Sim, otou-san! — o hanyou ficou sentado na cintura do pai e listou nos seus dedinhos de unhas compridas: — Não se pode falar de xixi ou cocô, não se pode falar como se fazer bebês, não se pode falar de meleca ou remela, não se pode falar de sujeira...

Minato fechou os olhos, sorrindo.

No final da listagem, o menorzinho acrescentou:

— Naruto só pode mencionar qualquer um dos assuntos se um adulto perguntar. E quando Naruto quiser saber algo vai perguntar “é inapropriado Naruto perguntar sobre isso?”

— Muito bem. — O pai acariciou a cabeça do meio yokai.

O hanyou retornou a espremer o lado de seu rosto contra o peito do homem e recebeu um abraço de urso do seu amado pai.

~NH~

Manhã do dia seguinte

~NH~

Naruto ama Yakumo Shigumo.

Naruto vai buscar Yakumo Shigumo.

Ela faz o melhor desenho do mundo!

Ela pinta tudo!

O meio yokai cantava à porta da casa de sua coleguinha, a menina que lhe presenteava com pétalas de violeta.

Ela saiu de casa, usando seu quimono branco de mangas curtas e largas, alcançavam o meio dos braços.

Seus cabelos castanhos e lisos, amarrados em uma trança enfeitada com pétalas de violeta.

O hanyou logo segurou a mão dela, Yakumo lhe ultrapassava dez centímetros de altura.

O loirinho notou a mãe de Yakumo observando pela janela, ele a acenou usando outra mão.

— Ohayooo senhora Shigumo, tchau senhora Shigumo!

Timidamente, a mulher o sorriu.

As duas crianças começaram a andar.

 O U. Namikaze contava para sua coleguinha sobre seu sonho de ser perseguido por um rolinho de feijão gigante.

Yakumo apenas sorria, prestando atenção, ela não gostava de falar muito por que estava banguela na fileira de dentes de cima, faltavam-lhe os dois dentes centrais.

Os dois pequenos pararam na frente de uma casa a doze metros distantes.

Bom dia Tenten, bom dia Tenten.

Ela tem beleza? Tem!

Ela tem inteligência? Tem!

Ela tem força? Tem!

Ela é a Tenten! Mitsashi Tenten!

Da casa pequena saiu a moreninha que já estava à vontade com a presença de um hanyou.

Tão a vontade que ela subiu nas costas dele.

O pequeno U. Namikaze a adorava, dizia que era sua menina preferida da escola por que ela gostava de se aventurar com ele pelo templo, os dois gostavam de explorar lugares.

As outras meninas preferiam brincar de casinha e ele não gostava muito de brincar de casinha.

Vim buscar o Ranmaru, o pequeno Ranmaru.

O pinguinho de gente que deixa a gente contenteeee.

Lá estava ele cantando na frente da próxima casa.

— “Nossa, como ele canta mau.”

Pensou um homem puxando um carro de mão, sorriu às crianças ao passar por elas.

Ranmaru saiu de casa segurando a mão de sua mãe, ela entregou a mão o filho à mão do meio yokai.

Ela beijou a cabeça do filho, e em seguida, agradou os cabelos do hanyou, desejou um bom dia de aula às crianças.

E era assim que o meio yokai buscava seus coleguinhas.

E no final, toda a turma se encaminhava para fora da aldeia, a caminho da escola.

Muitos pais de Konoha estavam juntando pagamento, pretendiam pôr seus filhos na escola objetivando que eles ficassem na mesma turma do hanyou e se tornassem amigos dele.

~NH~

O pequeno U. Namikaze terminou seu dever de casa, antes da chegada do seu treinador.

Suas orelhas se empinaram, sua audição aguçada escutou o som do cavalgue do Morino, faltando alguns metros para o homem alcançar a subida.

O hanyou pensou em mostrar seu dever de casa ao treinador, todavia anteviu que ele ignoraria.  

Enrolou o pergaminho que tinha em mãos, guardaria dentro de sua caixa de brinquedos.

— Otou-san vai ficar orgulhoso, Naruto escreveu direitinho de um a cem.

Tão feliz, já conhece um montão de números!

E naquela semana aprendia a somar duas dezenas.  

Saltitou ao seu cômodo de dormir e se ajoelhou diante a caixa de vime; abriu-a e guardou seu pergaminho dentro dela.

Mostraria pessoalmente ao seu pai, ansioso em testemunhar a reação dele.

Dentro do pergaminho tinha um papel de arroz, no qual fizera um desenho durante o intervalo da aula.

Seu coração vibrava, era um desenho especial.

O barulho da cavalgada cessou, significava que o Morino o esperava, apressou-se o hanyou a sair de casa.

Ibiki o avisou que iriam para um lugar mais longe naquele dia.

Muito mais longe.

Por causa daquilo, o loirinho preparou uma bagagem maior que o habitual, levou muito mais água e comida.

Muito mais tarde, o hanyou estranhava a demora, suspeitava que até chegarem no tal lugar o sol iria embora.   

— Ontem Naruto viu o Idate de novo, ele não gosta mais do Naruto. Sabe do que ele mais gosta, treinador? Naruto quer dá um presente a ele.

— Não.

A resposta curta fez o meio yokai se segurar novamente para não puxar conversa.

A parte incômoda do seu dia com o treinador era quando se silenciavam.

Entediava-se na mudez durante a ida e a volta de cada treino.

Tinha muita energia, gostava de gastá-la até batendo papo.

Finalmente, o cavalo parou.

O hanyou estranhou o lugar onde se encontravam.

A floresta se tornava uma linha verde no horizonte, e as montanhas sumiam atrás de nuvens.

Um imenso espaço a céu aberto, totalmente inabitado.

Ibiki desmontou, e o meio yokai saltou da montaria, deixou sua bagagem pendurada na sela do cavalo.

O U. Namikaze fitou o solo árido.

— Que lugar é esse, treinador?

— É a melhor área de treino. Venha.

Afastou-se Ibiki da montaria.

E após alguns metros, pediu ao meio yokai ficar parado.

— Tá legal!

O loirinho obedeceu animado.

Fortemente, sua cauda balançou.

— O treino pode ser curto hoje, treinador? Já que o caminho é muito longo, a gente pode ir embora cedo. Naruto quer estar em casa para receber o otou-san e mostrar algo especial.

Terminou de falar, sorridente.

— Se conseguir atingir o objetivo do treino, iremos embora.

— Eba, então diz qual é, treinador!

O Morino continuou andando e após alguns metros distantes, volveu-se frontalmente ao meio yokai.

— Apenas tire a bandana de minha cabeça.

— Só isso? — o U. Namikaze sorriu largamente. — Pode deixar! Naruto pode começar?

— À vontade.

O menor sorriu e disparou:

— Yaaaaa! — correu de quatro pelo chão, e a cinco metros distantes do homem, saltou com as mãos esticadas na direção da cabeça do treinador.

Ibiki deu meio giro, posicionando-se de lado ao hanyou, esticou sua perna ao alto, chutou em cheio o estômago do loirinho, fazendo-o expelir um bocado de baba.

Os olhos esbugalhados do meio yokai despontaram dor e susto.

Tentou dizer algo, mas se tornou impossível completar qualquer frase:

— O q... o q...

— O treinamento pesado começou. — Ibiki avisou, vendo o hanyou bater de costas contra o solo infértil.  

Mudando para a posição fetal, o menor abraçou o próprio estômago.

Pronunciou roucamente:

— Treinamento pesado... 

— Eu sei que hoje o damyo ouvirá falar sobre você, acho que o encontro dele com o mestre dos monges está acontecendo nesse momento.

Ibiki verbalizou, caminhando tranquilamente ao meio yokai, o seu chute o arremessara a oito metros de distância.

— O mestre dos monges é uma figura muito influenciável, e não me admiraria que depois de hoje o damyo se interessasse em conhecê-lo.

Deteve-se, imóvel aos pés do hanyou que não largava a barriga.

Com desprezo, o homem observava o meio yokai.

— O pior, poderia até se tornar o favorito dele. E logo outros feudos saberão de sua existência, o damyo é do tipo que se gaba. E sua presença atrairá gente, gente perigosa.

— Por... por... Naruto ser um hanyou?

Respirou fundo o pequeno, repetidas vezes, sentando-se de pernas abertas, e seus braços continuamente em torno do abdômen.

— É. — O Morino confirmou, intensificando seu olhar desprezador. — Seria o primeiro hanyou a entrar na guarda. Sua fama seria imensa. Desconhece todos os tipos de pessoas desse mundo. Não estaria preparado para todas a tentarem matá-lo.

O meio yokai se ergueu, e enfim abaixou as mãos.

Limpou as lágrimas insistentes, usando a mão fechada.

— Mas... mas... Naruto mostrará a elas que é bonzinho.

— Nem todas lhe verão com bons olhos, ainda que tenha esperança, é melhor precaver, e para precaver, você tem que saber se defender a todo custo. Há inimigos muito poderosos lá fora, e eles não pegarão leve com você por ser novinho. Não conhece o mundo como eu, hanyou. O período Edo só está famoso pelo seu auge de paz, por que somente os crimes leves chegam ao conhecimento do povo. Você não vê o que eu vejo frequentemente. 

— Naruto está confuso....

— Então não pense mais, vamos parar com essa conversa e foque no treino. Se não quiser levar outro chute, que use toda sua força e velocidade para concluir seu objetivo.

O meio yokai rapidamente regrediu, apavorado com a ideia de levar outro daquele ataque.

Ibiki logo avançou, preparando um soco.

O U. Namikaze deu um imenso salto, passando por cima do homem.

E se assustara.

Mal se encostou ao solo e o treinador já estava próximo, quase o acertando um soco.

O meio yokai jazeu se desviando em saltos, desesperado.

Escutava o som dos socos contra o ar, qualquer um deles o quebraria.

Escapava deles por milímetros.

— Nesse ritmo, não será capaz de proteger ninguém que ama! É um covarde!

Esbravejou o Morino.

Em um segundo, o meio raposo se desviou de um novo soco e deslizou pelo pequeno “V” formado pelas espaçadas coxas de Ibiki.

Depressa, o filho do artesão-camponês se volveu, intencionando subir nas costas do treinador.

O Morino sem se virar, espalmou as mãos contra o solo e esticou uma perna para trás, seu calcanhar erguido acertou o queixo do meio yokai.

Naruto foi ao alto, encarando o céu enquanto a dor tomava conta do seu queixo.

Na queda, fechou os olhos, mas logo eles foram reabertos, em resposta à dor do soco no meio de suas costas.

Em cima de seu grande punho fechado, Ibiki equilibrou as costas do meio yokai.

O corpo do pequeno ficou curvado, a barriga para cima.

— Patético, apanharia do primeiro inimigo que aparecesse. Se as pessoas que ama dependerem somente de você, estarão perdidas.

As lágrimas retornaram à face do hanyou.

Dessa vez, não somente pela dor. As palavras do treinador colaboravam.

Ibiki retirou a mão, permitiu que o corpo do meio yokai despencasse.

— Não sei por que os aldeões ainda têm medo de você, se eles vissem o quanto você é fraco...

— As pessoas... têm medo do Naruto? — choroso, questionou.

— Claro. Os aldeões temem que você espalhe alguma maldição contra eles, por isolarem seu pai e você durante anos de conviverem dentro da aldeia. Ou acreditava mesmo que eles passaram a gostar de você verdadeiramente? Tão rápido assim? — deu um meio sorriso. — Os aldeões nem precisavam ter tanto medo, se vissem o quanto você é fraco...

O hanyou se atemorizava.

Seu treinador nunca falou tanto sobre outra coisa que não fosse treino.

E agora que o homem falava, preferia que retornasse a ser do tipo caladão.

— Otou-san... Hinata... a okaa-san da Hinata... Kiba... Chouji... eles...

— Ah... é compreensível seu pai amá-lo, você é filho dele. Mas a filha do clã Hyuuga só teve pena de você. Ela cuidava de um filhote de urso quando o encontrou, não foi? Ela o enxerga como uma criatura da natureza, apenas isso. Diga-me, ela gosta de pegar em suas orelhas, não gosta? É um bichinho para ela. — Observar a relação dos dois a distância foi bem eficaz. Não somente deles, mas com os coleguinhas também.

O pequeno U. Namikaze espremeu os lábios.

Pensava no seu dia a dia na terakoya.

Seus colegas mexiam em suas orelhas e apalpavam sua cauda.

Na brincadeira de casinha, as meninas colocavam-no para ser um cachorro.

Fechou os olhos com bastante força.

Afastou-se daqueles pensamentos.

— Aqueles dois meninos... — Ibiki se referia a Kiba e Chouji. — ... quase não se encontram mais, não é mesmo? Eles garantiram que não serão amaldiçoados. Você gosta deles, não precisam se esforçar mais para que no futuro você não os amaldiçoe.

O loirinho sacudiu a cabeça em negação.

Seu tempo de brincadeira com os amigos reduziu, todavia ainda sentia um grande laço que unia os três.

— Eles não têm medo do Naruto!

Ibiki esboçou outro meio sorriso:

— E quanto a filha de Hiashi...

— Hinata é amiga do Naruto!

— Ela o vê como um animal.

— Ela só gosta de tocar nas orelhas do Naruto por que são macias, Naruto e Hinata são amigos, amigos!

— Filha do líder de um clã famoso... certamente ficará com um filho de família rica. Talvez com o filho do damyo otsu, eu soube que ele tem um filho da idade dela, ou quase. O clã Otsutsuki é muito próximo do Hyuuga, sabia? Ela poderia manter você por perto, como um cão de guarda. Quem sabe pede para o pai contratá-lo, será o único modo de conviverem juntos quando adultos, pois o futuro dela será ser uma boa dona de casa e ser mãe dos filhinhos de um humano enriquecido.

O hanyou engoliu a seco, recordando do dia que Hinata mencionou o interesse dela em tê-lo como guarda particular.

— É um brinquedinho para ela, hanyou. Mas ela é bondosa demais, e nunca admitirá para não magoá-lo.

O meio yokai rangeu os dentes que começaram a crescer:

— É MENTIRA! NARUTO NÃO ACREDITA NO TREINADOR, O TREINADOR NÃO GOSTA DO PRÓPRIO IRMÃO, NÃO GOSTA DE NINGUÉM, É UM HOMEM MALVADO!

Os três traços em cada bochecha do meio yokai se alongaram.

— Se acredita nisso, por que está tão nervoso? Está abalado? Com medo de ser verdade?

As íris azuladas se modificaram ao vermelho.

O Morino pondo os braços atrás das costas, recuou dois passos.

Uma energia vermelha fluiu ao redor do meio yokai.

Finalmente, Ibiki testemunhava a mesma forma que foi relatada por um grupo de crianças da aldeia, o início da pequena confusão que levou o U. Namikaze ao julgamento dos anciões de Konoha.

— MENTIROSO!

Naruto saltou feito um felino, suas garras quase acertaram o homem que se desviou.

Ibiki sentiu a queimação da energia vermelha contra sua face.

— Já que não acredita, então continue focado no treino, para se tornar forte, e proteger todas essas pessoas de Konoha. Pois lhe falta muito treino, se continuar fraco, não conseguirá proteger ninguém.

Durante o falatório de Ibiki, o hanyou não parava de atacá-lo.

O meio yokai saltava em garradas, em cada investida, passava direto e quando caía no solo realizava uma curva acentuada, retornando a saltar contra o homem.

O Morino desviava de todas as garradas, em contrapartida seguia sendo queimado pela energia escarlate a lhe raspar a pele.

As garras do meio raposo, maiores, tornaram-se armas cortantes capazes de baterem de frente com espadas.

Ibiki se desviou de uma série de ataques, as garras passavam-lhe por um triz.

Em um momento, Naruto novamente errava passando direto pelo Morino.

E o treinador aproveitou, agarrando o meio do braço esticado do U. Namikaze.

Suportando a queimadura que a energia causava, Ibiki tentou lançar o hanyou para longe.

O meio yokai cingiu com braços e pernas o braço do Morino e mordeu o punho grande, arrancando linhas de sangue.

Ibiki deu um soco na cabeça do meio yokai, ela estava mais resistente, a seguir, deu um soco mais forte que não fez o pequeno desmaiar, porém foi o suficiente para soltá-lo.

— O seu pai vai morrer facilmente. Assim que a notícia de que há um hanyou sendo treinado em Konoha, os inimigos obterão informações sobre você, aposto que seu pai será o primeiro alvo. E será bem fácil emboscá-lo, ele viaja sozinho todo dia, não viaja? Onde seu pai está agora?

— GRRR

Um fluxo maior de energia vermelha despontou do corpo do meio yokai.

Ibiki não pretendeu se desviar do próximo ataque.

Arredou apenas um pouco, evitando que o ataque não o atingisse em um ponto vital.

As garras pegaram entre a clavícula e o ombro direito, causando uma fissura, passando pelo peito e terminando no abdômen.

— “Merda... foi mais profundo do que imaginei...” — Ibiki pensou. — “Não importa, assim será mais convincente...” — Tentou ver pelo lado bom.

Agarrou o pescoço de Naruto, usando sua mão esquerda, apertava-o furiosamente.

Veias grossas trilharam o pescoço grosso do Morino e se distinguiram em sua face.

Ignorava as novas queimaduras da energia escarlate.

Caminhou pelo solo, e quando passou perto do cavalo, percebeu a agitação do equino, a energia do hanyou o repelia.

O meio yokai se debateu, a falta de ar tornava seus movimentos gradualmente lentos.

Ibiki sorriu.

E parou de andar.

Esticou todo o braço esquerdo.

Naruto confuso, e desentendido, moveu o rosto, tentando olhar para trás.

O Morino o ajudou a fitar o que tinha diante dos dois.

Um buraco profundo, no qual só exibia a escuridão lá embaixo.

— É o penhasco da morte. Quando ainda existiam aldeias aqui perto, era onde jogavam os corpos dos criminosos.

O treinador informou.

Naruto retornou a fitar o Morino, agarrou o punho dele com suas mãos, sacudindo os pés.

Sua energia vermelha diminuía o fluxo.

Suas íris abandonavam a cor sangue.

Necessitava de ar.

— Sabe... você foi feliz o suficiente, mais do que merecia. Sua mãe morreu por sua causa, e os outros só sofrerão com sua presença na aldeia, Konoha futuramente seria perturbada por causa de você. Liberte o seu pai de viver apenas para ajudá-lo.

Os orbes azulados cintilaram pelo acumulo da nova quantidade de lágrima.

As mãozinhas que já não possuíam garras compridas estenderam-se para frente, enquanto sua boca se mexia, mas por causa do aperto na garganta, nenhuma sílaba saía.

— Disse-me algo? — o Morino recolheu o braço, colocando a face do hanyou próxima da sua.

E então Naruto puxou a bandana do treinador.

O hanyou queria ir pra casa.

Ibiki se surpreendeu consigo mesmo por que se esqueceu do objetivo do treino.

E sequer imaginou que naquela situação o meio yokai se preocuparia com aquilo.

Os orbes azulados se encheram de terror, a careca do Morino se revestia de deformidades, uma superfície rugosa e com várias tonalidades.

— O que está vendo é o resultado de um processo doloroso que não chega aos pés do que você sofreu hoje. Então seja grato por sua morte ser rápida, hanyou.

Deu uma cabeçada no pequeno e o arremessou dentro do penhasco, assim que viu o hanyou sumir na escuridão, respirou aliviado e se afastou dali, indo até sua montaria, deixando seu rastro de sangue.  

~NH~

Após chegar do trabalho, Minato não estranhou a ausência do filho, as vezes Naruto brincava até tarde com alguma criança.

Enquanto a sopa esquentava no kamado, o Namikaze se banhou, esqueceu-se de pôr a muda de roupa na varanda.

Após o banho, foi se vestir em seu quarto.

Resolveu guardar uma carpa de madeira na caixa de brinquedo do filho, para fazê-lo uma surpresa, teve um bom dia de vendas e decidiu não vender um dos últimos itens que sobrou no seu carro de mão.

Ao abrir a caixa, encontrou um pergaminho, e ao desenrolá-lo sorriu ao reconhecer os traços tortinhos do filho.

Um papel de arroz caiu no chão.

E seus azuis cintilaram ao ver o que era.

Aproximou o papel de sua face.

A cabeça de Minato era um circulo torto, e uma mancha amarela sendo o cabelo.

O corpo retangular, braços e pernas feitos de palitos.

Naruto era desenhado da mesma forma, só que menor e com orelhas e cauda de raposa.

Ambos sorriam.

Os dois estavam de mãos dadas e em cima, escrevia-se em letra torta: “Naruto ama otou-san”.

O pai segurando o pergaminho e o desenho, foi apagar o fogo do kamado e em seguida, foi esperar o filho, sentado na varanda.

Jantaria na companhia dele.

 

 

 


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