O teste escrita por Agbenelli


Capítulo 2
Capítulo Dois


Notas iniciais do capítulo

Não falei que voltava logo?

Mais um capítulo fresquinho direto do mundo sobrenatural kkkkk.

Espero que apreciem! E como já disse, são vocês que movem essa fic.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677145/chapter/2

 

 

A sensação de ter sido atingida por uma tijolada era intensa.

Arrisquei abrir um dos olhos, depois o outro e levantei lentamente um pouquinho a minha cabeça, deixando escapar um gemido de dor.

— É melhor você ficar paradinha mais um pouco - ouvi uma voz ao meu lado dizer.

— O que..aconteceu - balbuciei contendo um choramingo. Abri mais uma vez os olhos e eles ardem até acostumarem-se com a intensidade da luz.

Constatei que estava deitada em um sofá extremamente macio em uma sala.Olhei para o lado e Eric me encarava com olhos atentos.

— Você desmaiou há uns quinze minutos. Bateu a cabeça, deve estar bem dolorida não é? - perguntou e eu movi minha cabeça em concordância - Acha que precisa de um médico?

A palavra médico trouxe arrepios na minha espinha. Desde criança eu detestava ir ao médico e fazia de tudo para fugir deles. Apenas em caso de quase morte em que eu visitava um.

— Não! - falei alto, e me xingando mentalmente pelo movimento - Estou bem, só preciso de um analgésico talvez.

— Vou buscar para você, não se mova, tudo bem? - pediu com a voz mansa - Se você sentir alguma dor forte ou mal estar, tem que nos dizer e tomamos providencias. Esqueceu que agora você tem um contrato comigo? Há multas caso não o cumpra - brincou.

— Pode deixar - sussurrei dando um sorriso que deve ter saído uma careta.

— Vou pedir para o Sam vir ficar com você até eu voltar.

Fechei os olhos ouvindo os passos se afastando. Depois um barulhinho de porta e enfim uma voz bonita.

— Você está bem?

Abri os olhos e foquei no rosto preocupado ao meu lado.

— Acho que sim, mas a sensação é de ter levado uma tijolada na nuca.- brinquei, a voz saindo arrastada. Que sede!

— Não foi pra menos, você caiu como um saco de farinha no chão. Achei até que tinha quebrado a cabeça com o estalo que deu - disse em meio a risadinhas. - Mas falando sério agora, já estou sabendo do que aconteceu.

Com um estalo memórias vieram rápidas: eu procurando a carteira no porta-luvas, música alta, Dean olhando furioso pro meu carro... E eu perdendo a consciência com o susto levado.

— Dean te contou, não foi?- perguntei sabendo a resposta.

— Então você era a garota maluca que havia batido no bebê dele - agora deu uma gargalhada - E aposto que você sabia disso também não é? Por isso  não queria que fossemos com você até o carro.

— Estou muito encrencada? - falei olhando para a cara divertida dele e depois para a sala que eu estava.

Papel de parede, uma escrivaninha de carvalho, dois sofás vermelhos sangue, uma TV gigante, frigobar no cantinho...

— Acho que seria uma boa você fingir que perdeu a memória com a batida - nós dois rimos - Dean ficou furioso quando percebeu, mas acho que a raiva foi substituída pelo medo quando viu você estatelada no chão. Ele te trouxe até aqui, é o camarim dele.

Assenti, olhando mais uma vez para o luxo do lugar.

— Creio que ele vai esperar você se recuperar até matar você.

— Poderia pegar aquele vaso e bater mais uma vez na minha cabeça? Talvez deixe sequelas - brinquei.

Rimos.

— Acho que não seria uma boa idéia.

Olhei para o local de onde veio a voz grave e meu coração perdeu uma batida.

— Gostaria de conversar com a Isabella.

Olhei para Sam pedindo socorro, mas tudo o que ele fez foi se inclinar e me dar um singelo beijo na testa.

— Vou trazer algo pra você comer, já volto.

E com isso o traidor me deixou sozinha com o meu futuro assassino, Dean Ackles.

Vi ele entrar na sala e arrastar uma cadeira até onde eu estava deitada, para em seguida sentar e me encarar como um predador encara a presa.

— Está se sentindo melhor?

Bem, não era essa a pergunta que eu esperava.

— Estou sim, a dor de cabeça já está passando.

— Que bom - murmurou entre dentes. - Agora vamos para o que interessa...

Eu não disse que não era isso que ele queria saber?

— Olha se é sobre o carro... - tentei, mas ele me fuzilou com o olhar.

— Você sabia o tempo todo que havia batido no meu carro ou apenas quando cheguei?

— Apenas quando você chegou contando que bateram no seu bebê- fiz aspas na ultima palavra.

— E então queria sair correndo com medo que eu descobrisse tudo não é?

— É... Eu...-balbuciei e dei um pulo quando o vi ficar em pé e jogar a cadeira longe. Me levantei com cuidado, a cabeça latejando ainda, mais e o encarei.

— Você... Você é uma inconseqüente! - urrou andando de um lado para o outro - Meu carro é uma relíquia, demorei anos para restaurá-lo, as peças dele são raras!

Entrelacei meus dedos, nervosa, e encarei meus tênis.

— Me desculpe... Não foi minha intenção...

— Me fazer sair da sua frente a força, fazendo com que eu atirasse o carro no poste? - completou furioso, os olhos verdes lançando faiscas - Ou arrancar o meu farol traseiro e amassar toda a lataria ao passar por mim como um furação?

— As duas coisas...- balbuciei, sentindo uma raiva fervilhar em meu intimo, afinal, eu não havia feito tudo isso de propósito. Não totalmente pelo menos.

Dean marchou por toda a sala, ora falando um palavrão, ora me aniquilando com os olhos.

— Dean...- falei baixinho, totalmente nervosa - Sinto muito mesmo, não foi a minha intenção...o que aconteceu foi que...

— Já basta! - urrou, me deixando tonta com o movimento brusco que o deixou frente a frente comigo. Todo o seu ser era intimidante - Não quero ouvir explicações. Hoje era para ser um dia normal e você o tornou um inferno. Provavelmente ficarei sem o carro por semanas, isso se não mês até encontrarem as peças e deixa-lo novinho como estava essa manhã. Seus motivos de ter agido como uma motorista infantil não me interessam.

Dean me encarava fixamente, seu rosto tornando-se uma máscara fria. Ele se afastou um passo e olhou para um ponto fixo na parede.

Suas palavras me atingiram como um soco. Na minha imaginação, caso um dia eu viesse a conhecer Dean Ackles, tudo seria bem diferente: ele seria simpático, atencioso e talvez por um milagre divino repararia em mim. Mas o Dean ali na minha frente só concretizou a imagem de cretino que ele tinha na mídia. Um rosto e corpo perfeito - e uma personalidade arrogante.

— Espero que seus pais tenham dinheiro o suficiente para pagar o conserto - falou como que para si mesmo - Mandarei a conta assim que for restaurado e quanto a você...espero que entenda que não poderemos trabalhar juntos, não depois disso. Você me tirou do sério como há muitos anos ninguém fazia.

— Como...? - murmurei, sentindo o mundo mais uma vez girar. Apertei os olhos com força, me obrigando a permanecer em pé. - Você está... Me mandando embora? - perguntei, dividida entre a histeria e a incredulidade.

— Não me leve a mal, mas depois do que aconteceu não conseguirei agir normalmente e pra falar a verdade, não sei o que Eric viu em você. - disse em direção ao frigobar. Ele pegou uma cerveja e bebeu um generoso gole. - Essa cerveja está boa...mas voltando, creio que você não se encaixe ao seriado. Você não tem o. - ele me analisou da cabeça aos pés, me sentindo nua ao seu olhar - perfil.

Aquilo foi o estopim. Senti meu corpo todo trêmulo e minha visão turva. 

Por um breve momento vieram fleches da minha infância e adolescência. Meus pais rindo durante o jantar e dizendo que a minha apresentação no teatro tinha sido um sucesso. Vi as tardes estudando ou fazendo cursos de teatro. As noites assistindo seriados e imitando as expressões dos personagens. 

Depois vieram imagens e vozes de risos, choro, morte, tudo junto ao mesmo tempo em que me deixou desnorteada.

E por fim, balançando a cabeça com força, olho para o homem que interpretou o meu sonho adolescente: Dean Winchester.O homem que provavelmente não estava nem ai ao destruir o sonho da minha vida.

O homem que dizia que eu não era boa o suficiente simplesmente por ser...eu.

Sem pensar muito bem no que eu estava prestes a fazer, marchei em direção a Dean, pegando a sua garrafa de cerveja e a lançando contra a parede.

— Olhe para mim - gritei diante de seu olhar surpreso - Você... Você é um idiota convencido e agradeça por eu não dar um chute no seu traseiro de um milhão de dólares. - Me inclinei sobre o lugar que ele estava sentado, ficando a poucos centímetros do seu rosto. As sardinhas adoráveis estavam ali e seus olhos verdes ficaram mais escuros - Você não sabe nada sobre mim, não sabe quem eu sou e nem o que me levou até aqui. Bati na droga do seu carro sim, mas não foi proposital... Talvez se você não estivesse abanando o rabo para as mulheres que passavam na rua e tivesse dirigido como deveria, nada disso teria acontecido. E para a sua informação tirei a minha carteira com louvor e sou uma ótima motorista! Caso não saiba, é proibido andar abaixo de 30km/h naquela avenida.

 Respirei fundo e me afastei dele, quase rindo da sua cara assombrada.

— Mais uma coisa... Acho que quem deveria me dispensar seria o Eric, mas já que você se encarregou, por favor, agradeça a ele a oportunidade. Nunca o esquecerei por ter acreditado em mim e ter me dado uma chance. 

Respirei fundo, olhando pela ultima vez de perto Dean Ackles, um sonho que havia se tornado um pesadelo em menos de quatro horas. A vontade de chorar era imensa, mas eu havia lutado todos esses anos para conquistar o meu lugar, para aceitar quem eu sou e não seria um idiota como aquele que estragaria tudo.

Andei até a porta e falei o que estava entalado

— E Dean? Você está certo, não poderíamos trabalhar juntos - nos encaramos - Você não bom o suficiente para mim. Adeus.

Vi ele abrir a boca várias vezes, mas antes de dar a chance de ele dizer algo, fechei a porta com força e corri rápido como nunca até o meu carro. No meio do caminho avistei um grupinho rindo ao lado de um dos blocos de gravação e entre eles estava Sam - como sanduíche e refrigerante em mãos. Por um momento ele me olhou confuso, acenando, mas depois - provavelmente ao ver as minhas lágrimas desenfreadas - A compreensão deve ter o atingido. Agradeci a Deus silenciosamente por ter sido mais rápida que ele e ter embarcado no carro.

Ou vi seus gritos quando os pneus cantaram, mas dirigi firme até saída, não olhando para trás...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O teste" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.