Narrativa: Autora 

—O que os senhores fazem aqui? – Após escutar estas palavras serem pronunciadas pela mulher de uma altura mediana, com cabelos curtos e escuros igualmente a de sua sobrinha, que fitava os rapazes gentilmente com seus olhos estreitos, da mesma coloração de seus cabelos, por trás de seus redondos óculos; fazendo-os abaixarem a cabeça. 

—Perdoe-nos Yuuki-san, preocupamos ao ver sua sobrinha ir embora fora do horário – Sasori diz, voltando a endireitar-se junto aos outros. Recendo da tia de Hiyori um sorriso gentil. 

—Quanta gentileza, Akasuna-kun – Ela diz – Mas da próxima vez, por favor, mantenham-se na escola. 

—Sim – O ruivo obedece-a – E se permite perguntar, sua sobrinha... 

—O que vocês fazem aqui? – A voz da garota em que procuravam fora escutada um pouco trêmula no final do corredor, avistada com os cabelos alinhados, indo abaixo de seus ombros e com suas franjas na altura de seu queixo, jogadas para seu lado direito. 

—Seus colegas preocuparam-se com você e vieram lhe visitar – Yuuki diz a sua sobrinha que revirava o olhar para longe, mantendo um sorriso nos lábios e logo agradecendo e pede desculpas aos colegas. 

—Desculpe por preocupar vocês – Após ela pronunciar estas palavras, Deidara hesitava em querer explicações, mas apenas fora impedido por Sasori. Enquanto a garota aproximava-se de todos. 

—Deixa-me mais tranquilo saber que a senhorita está bem, Yuuki-san – Sasori diz com um sorriso gentil nos lábios, recebendo a retribuição de ambas mulheres. 

Logo, os amigos despedem-se de Hiyori e retiram-se do local, junto a tia da garota. Permanecendo apenas ela em seu apartamento, após fechar a porta, vai diretamente ao seu quarto e deita-se na cama. 

—Como irei esconder agora...? – Pergunta a si mesma, sabendo que seus amigos notaram seu segredo. 

Após o dia cansativo que teve, adormece ali mesmo. Apenas sendo desperta pelo alto som da campainha que preenchia o apartamento. 

Narrativa: Sasori 

O relógio de pulso que mantinha-se em meu punho direito marcava pouco antes das 16h. Duas horas já haviam se passado desde que encontramos Hiyori, tendo eu e Deidara em uma lanchonete próxima do apartamento da caloura. 

—Sabe Sasori... – Deidara chama-me, recebendo minha atenção – Não acha que... – Hesitava em dizer, percebendo-se a preocupação em sua voz, segurando forte o copo de café que terminara. 

—Acalme-se Deidara... – Digo-o, recebendo um olhar inconformado do loiro a minha frente – Eu concordo com você. 

—Então...! – Ele levanta-se de seu lugar rapidamente, apenas recebendo meu pedido: 

—Acalme-se, estamos em um lugar público. Irá incomodar as pessoas ao nosso redor. 

—M.Mas...! – Retruca, fazendo-me suspirar rapidamente. 

—Tudo bem – Sem dizer mais nada, deixamos o dinheiro sobre a mesa e nos retiramos. Iríamos confirmar uma coisa. 

Ao tocar a campainha do apartamento de Hiyori, aguardamos alguns minutos ao vê-la atender a porta. O rosto dela demonstrava surpresa, onde sua voz saia suavemente: 

—Sasori...? E Deidara...? O que faze aqui? Não deviam estar no clube? – A pergunta fora óbvia, o representante do clube de shogi, Akasuna Sasori deveria comparecer no clube. Enquanto Deidara deveria estar participando das atividades do clube de química. 

—É verdade, deveríamos – Digo, recebendo um olhar confuso da mesma. 

—Por que esteve escondendo este tempo todo?! – Deidara não hesitara em perguntar. 

—Escondendo o que...? – Ela faz-se de desentendida. 

—Yuuki Hikari – Murmuro baixo, apenas recebendo os olhares surpresos de ambos. 

—Sasori... Não me diga que... – Deidara comentara, não acreditando em minhas palavras. "Ora, pensara que eu referia-me ao bullying?" Penso, direcionando um olhar ao loiro ao meu lado. 

—Hikari...? O que você está falando... Sasori...? – Ela hesita ao perguntar. 

—Sasori, pare de blefar! – Deidara levanta a voz a mim, lembrando-se de meu blefe ao dizer que Hiyori estaria em seu apartamento naquele momento – Não tem como a Hiyori ser ela! 

—Sasori, você deve estar confundindo de pessoas... – Hiyori defende-se. 

—Sim! – Deidara defende-a – Já que... 

"... ela está morta..." 

Flash Back On 

Não pertencíamos a mesma sala, éramos apenas um ano acima das irmãs Yuuki. Porém tínhamos bastante contato pela relação que nossos pais haviam, tendo uma parceria empresarial. Costumávamos brincar os irmãos Uchiha e com Deidara, de minha sala, logo após as aulas e nos finais de semanas. Mas em uma de nossas férias de verão, a família Yuuki fizera uma viagem de negócios para o exterior, ao Brasil. 

"Boa viagem!" Fora dito por mim e pelos irmãos Uchiha naquele momento, ao sabermos que viajariam, e um "Até logo" da parte de Deidara. Porém, não sabíamos que esta seria a última vez que diríamos isso a uma das irmãs Yuuki. 

Ambas idênticas, gêmeas, andavam sempre unidas, nenhuma abandonava a outra. Admirava esta relação que havia, igualmente a intimidade que os irmãos Uchiha haviam entre eles, mesmo tendo a diferença de cinco anos entre eles, por não entender o que era ter um irmão. Mas ao receber Deidara como meu irmão adotivo, entendi muito bem o que era 'fraternidade'. 

Após alguns dias que começara nossas férias de verão daquele ano, ocorreu o acidente. O clima entre os familiares próximos e os conhecidos da família, de alegre e animada, havia se tornado tristonha e sido preenchido pela cor preta. E fora anunciado nos jornais e várias outras mídias: 

"Dono das empresas Yuuki falece junto a seus familiares — esposa e filha — em um acidente no exterior" 

"Quem herdará as empresas?" 

"O que será das empresas?" 

Perguntas sem respostas que surgiam na boca do povo que preocupavam-se com a empresa das gêmeas era ouvida dia após dia. Eu já me cansara de escutar estas perguntas, uma tragédia dessas, preferia esquecer e continuar a viver. Porém, uma esperança surgiu: 

"Yuuki Hiyori está viva" 

Quando soube disso Deidara dissera que queria reencontra-la, como todos nós que passávamos o tempo com as irmãs gostaria, mas como previsto, éramos crianças, impedidos. Mas de apenas souber de que ela havia sobrevivido ao acidente já nos deixava mais tranquilos, principalmente ao lado de Deidara que sempre esteve junto a esta gêmea. 

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Os anos haviam se passado, mas não conseguíamos nos comunicar e saber onde estaria a Yuuki Hiyori. Eu e Deidara já completávamos 15 anos e logo iríamos ao nosso primeiro ano colegial quando meu primo dissera que encontrara: "Yuuki Hikari", um fato impossível. 

"Yuuki Hikari é a gêmea que faleceu no acidente" 

Não dissera nada a ele, porém o fato me incomodava e relar neste assunto, seria o mesmo que reabrir uma ferida que estava prestes a cicatrizar. 

Mas fora a partir deste momento que comecei... 

Flash Back Off 

"Aquele acidente fora o gatilho..." 

—M.Morta...? – Hiyori pergunta hesitante – O que quer dizer...? 

—Não lembra-se mesmo de sua gêmea? – Pergunto sério, fazendo ênfase na palavra. Apenas recebendo olhares confusos da mesma. 

—Já chega disso Sasori! – Deidara diz empurrando-me contra a parede, com olhares furiosos, mas que demonstravam dor e angústia – Já chega deste assunto! 

—Perdoe-me – Digo afastando-o de minha pessoa e abaixando a cabeça para ambos – Perdoem meus atos, deixei-me levar ao passado. Por favor, me deem licença. 

Ao desculpar-me, me retiro do local. Deixando Deidara para trás. 

Eu havia mexido na ferida de todos ligados a família Yuuki, a ferida daqueles que ainda estão presos a aquele incidente, ao passado. E isso são apenas nós cinco. 

Narrativa: Hiyori 

—Droga... – Deidara murmura em um tom de voz baixa, permanecendo-se cabisbaixo, logo que Sasori nos deixara. 

—Deidara... que história é essa...? – Pergunto com uma voz frágil, de que logo começaria a chorar. "São muitas informações para um dia só" Penso. 

—Bem... esqueça. Não é nada com o que precisa se preocupar – Ele solta um sorriso de canto com os olhares tristonhos, contrariando suas palavras – E.Eu preciso ir, antes que Sasori vá muito a frente... – Se despedia, mas que logo seria interrompido por mim, que não foi possível. Eu ia segurá-lo, mas havia sido tarde, ele havia corrido e não consegui fazer a ação. 

—Yuuki Hikari... – Digo a mim mesma, adentrando ao meu apartamento e logo indo em direção ao quarto. Ligando rapidamente meu notebook, pesquiso sobre o incidente que sofri ao perder minha memória – Não... – Não queria acreditar no que lia. 

"A filha do casal é encontrada junto aos corpos dos pais em um acidente fatal" 

—Eu esqueci de minha própria irmã gêmea...? 

Minha cabeça doía, eram muitas informações para uma pessoa comum absorver de uma só vez e cada vez mais, talvez fosse de propósito ou mesmo sem querer, mas sentia responsável e forçava-me a lembrar de todo meu passado, de minha irmã. 

—Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!Lembre-se!

—Acalme-se, Senhorita Hiyori – A voz era calma e chegava-me ser familiar. O dono da voz colocara sua mão gélida em meu ombro esquerda, fazendo-me ter um calafrio e medo. 

—Q.Quem...? – Era a única coisa que saíra de meus lábios, com uma voz trêmula. Sentia uma gota de suor fria se intercalar com as lágrimas quentes que escorriam. 

—Tenho as respostas para todas as suas perguntas...