Meu Monstro de Estimação [CcL 6] escrita por Lady Lanai Carano


Capítulo 1
Billy & Phill - Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey! Bom, é a primeira vez que eu participo da coletânea de one-shots do Café com Letra, então me perdoem, eu sei que não ficou lá essas coisas, mas estou feliz por ter participado :3
Beijos de Mel ^^



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Sabe, eu nunca tive uma imaginação muito fértil. Meus pais já me levaram em diversos psicólogos, mas eu nunca me preocupei em ser como as outras crianças: acreditando em fantasias de fadas, sereias e Papais Noéis.

Eu ainda não acredito nesse tipo de coisa, mas eu acredito em alguma coisa; uma coisa que conheci quando era pequena: Billy e Phill.

Eu nunca soube direito o que eles eram. Eu os chamava simplesmente de Billy e Phill, então eles eram e sempre serão apenas Billy e Phill.

Conheci Billy debaixo da minha cama quando fui dormir. Primeiro eu ouvi um barulho de patas no piso de madeira, quando a luz já estava apagada e meus pais já haviam há muito deixado meu quarto. Corajosa como eu sempre fui na infância, liguei a luz do abajur e ajoelhei ao lado da cama. Estava um breu em baixo, então eu peguei a pequena lanterna que eu mantinha como chaveiro da minha mochila da escola e acendi.

De início, parecia um cachorro, com pelos marrons e grossos. Mas nós não tínhamos um cachorro, e aos poucos fui reparando nos detalhes peculiares: dois olhos extras nas têmporas, focinho achatado, seis pernas com pequenas unhas afiadas no final das patas e uma cauda fina e comprida.

Qualquer um teria se assustado, mas eu não era qualquer um. Não foi difícil saber que ele era amigável; na verdade, parecia mais curioso sobre mim. Não lembro muito bem quando eu comecei a chamá-lo de Billy, mas eu lembro muito bem quando descobri que as outras pessoas não gostavam dele.

No dia que eu convenci Billy a sair do meu quarto, encontramos minha irmã mais nova, Sam, sentada brincando no jardim. Billy pareceu gostar dela, então foi logo pulando naquele trote engraçado por causa das seis pernas, agitando a cauda pra lá e pra cá. Assim que o viu, Sam começou a berrar e chorar. Meu coração se apertou ao ver Billy se retrair e olhar pra mim, confuso e triste. 

Depois disso, comecei a passear em um bosque nos fundos da minha casa com Billy. Nós brincávamos e nos divertíamos muito, e foi lá que eu conheci Phill.

Ele era um pouco... Estranho. Alto, escuro como breu, nunca cheguei a vê-lo por completo. Mas em todos os nossos passeios no bosque, ele estava lá. Comecei a chamá-lo de Phill do nada, tão naturalmente quanto comecei a chamar Billy de Billy.

Billy não gostava muito dele. Sempre rosnava e se interpunha entre eu e ele. Phill nunca pareceu ameaçador, apenas um pouco macabro, mas eu aprendi com Billy a não julgar... o que quer que sejam eles... pela aparência.

Um dia, eu fui cumprimentar Billy debaixo da minha cama e enquanto eu coçava suas orelhas pequenas e pontudas, comentei:

— Vamos fazer amizade com o Phill? Ele não parece tão mau.

Billy ganiu e agitou a cauda como um chicote. Uma clara negativa.

— Ah, vamos. Não vai ser tão ruim. - E céus, não podia estar mais errada.

Quando chegamos no bosque, como sempre, Phill apareceu, nos observando. Pela primeira vez, senti a intensidade da sua presença. Não era amigável e amistosa como Billy, mas algo muito mais macabro. Um calafrio subiu na minha espinha, mas eu não ia desistir por causa daquilo.

Billy se encolheu junto a mim, a cauda enroscando nas minhas canelas.

— Oi Phill. - Minha voz tremia inconscientemente enquanto eu me aproximava dele.

Aquela coisa alta e escura inclinou a cabeça na minha direção. O ambiente pareceu esfriar uns dez graus.

— Ah, seu nome não é Phill? - gaguejei - Desculpe. Tenho essa mania idiota de dar nomes para tudo.

Phill ficou parado por alguns instantes. Por mais que ele não tivesse olhos, seu olhar queimava e congelava ao mesmo tempo. E então, ele estendeu a mão, com dedos longos e finos como garras. Senti Billy se esfregando nas minhas pernas e o ouvi ganindo, mas era como se eu estivesse em transe. Com o coração acelerado e a respiração ofegante, estiquei a mão e toquei seus dedos.

Depois disso, não me lembro muito bem do que aconteceu. O que eu me recordo era de semiconsciência, parte de mim flutuando no limbo, mas outra parte consciente no horror do lado de fora.

Senti dor, tanto física quanto mental, e sentia garras afiadas por todo o meu corpo. As feridas não eram quentes, eram frias, e um profundo terror sem sentido algum me invadiu. Mas subitamente em algum momento, aquela tortura acabou, e senti meu corpo desabar no chão. Eu via algumas formas embaçadas, mas conseguia distinguir Phill e Billy, engalfinhados, emitindo ruídos horríveis. E então, finalmente, a inconsciência venceu, e eu desmaiei.

Quando acordei, eu estava no bosque de antes, só que em um lugar que minha mãe nunca me deixaria ir. As árvores eram altas e fechadas, e por mais que meu relógio dissesse que era meio dia, estava um breu. Eu ainda sentia um latejar doloroso nas feridas, mas quando analisei meu corpo, ele estava perfeitamente liso, sem um arranhão, apenas sujo de terra. Olhei em volta, pensando em como voltaria para casa, quando senti meus pés chapinharem em algo que parecia lama.

Olhei para baixo e entrei em desespero. Uma poça de sangue enorme sujava os meus sapatos e se misturava à terra. Vi alguns tufos de pelos presos à peles grossas afundando na lama, e pus a mão em frente a boca. Lágrimas não paravam de cair. 

No fim, eu consegui voltar para casa. Nunca contei sobre a minha história para ninguém, e inventei que estava brincando e que tropecei em um animal morto no caminho de volta. Até hoje nunca entendi direito o que aconteceu.

Mas depois daquela noite, nem Billy nem Phill apareceram novamente.


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Notas finais do capítulo

Não ficou tão ruim... Eu acho kkkkk
Obrigada por ler! Beijos de Mel ^^