Heath

— Você a deixou escapar? - Hux suspirou - De novo?! É melhor ter uma boa desculpa.

— Não tenho. - trinquei os dentes.

— Foi o que pensei - sorriu satisfeito -, uma pena mesmo.

— Me dê mais uma noite! - levantei, desesperado - Irei a Alderaan e a trarei até aqui.

— General - Phasma o interrompeu. 

— Uma noite - disse, seguindo Phasma -, é melhor essa garota estar aqui amanhã ou...

— Estará. - prometi.

Ele lançou um último olhar ameaçador e foi embora. Baguncei meus cabelos e bufei, pensando em como completaria minha missão com sucesso. Não seria fácil convencer aquela garota a se juntar a mim. Na verdade, não seria fácil chegar perto dela. Peguei meu manto negro e meu sabre.

— FN-98655 - chamei.

— Sim, senhor?

— Prepare minha nave.

Se eu estive certo, chegaria a Alderaan durante a noite, o que me daria certa vantagem. Entrei na nave e decolei, deixando no piloto automático. Enterrei o rosto entre as mãos, pensando. Poderia ser diferente.

— Você sempre parece tão pensativo. - o fantasma de Anakin Skywalker apareceu ao meu lado - O que tanto se passa por essa mente perturbada?

— Não sou perturbado. - me defendi - Minha irmã é; eu não.

— Suas escolhas te perturbam - me ignorou -, posso sentir. 

— Sempre pensei que me tornar um Sith me faria mais forte e corajoso. - desabafei, deixando uma lágrima rolar - Mas por que ainda me sinto tão sozinho, tão assustado e triste? O que é o certo, o que é o errado?

— Não deixe as pessoas mandarem no seu coração, Heath. - disse vagamente - Isso é errado. E enquanto o Lado Escuro mandar nele, mais tragédia irá acontecer.

— Não. - me recuperei - Estou cansado das mentiras, do egoísmo dos Jedis.

— Só você pode acabar com o seu sofrimento. - e desapareceu.

Balancei a cabeça na tentativa de afastar suas palavras. Precisava focar na minha missão. Já voava sobre Alderaan, me misturando com as luzes dos carros. Logo pousei na casa de Aaron, em silêncio. Fui passando pelas grandes e várias janelas de vidro, procurando pela certa. Depois de muito andar, supus que aquele era o quarto dela e entrei. Dei uma olhada para ter certeza de que estava dormindo. May parecia um anjo e não pude evitar de passar os dedos sobre seu rosto branco; era tão bonita. 

— O que está fazendo aqui?! - abriu os olhos de repente, fazendo-me assustar. Se levantou rápido e procurou por seu sabre, mas não o encontrou.

— Calma, só vim conversar. - levantei as mãos em sinal de paz.

— Não estou interessada em nada que venha de você. - sibilou irritada.

— Mas você nem sabe da minha oferta. - falei com a voz seduzente.

— Não tente usar seus truques de Sith em mim. - sua voz estava falha de medo.

— Não preciso de poder nenhum para conseguir o que quero. - sussurrei em seu ouvido, fazendo-a estremecer - Você não tem ideia de como seria poderosa no Lado Negro.

— Não quero ser poderosa. - engoliu em seco.

— Aceite, garota. - teimei - Está no seu sangue.

— Estou cansada das pessoas me compararem com os erros da minha família. - suspirou.

— Foi por isso que eu me juntei aos Sith. - relembrei - Estava cansado das pessoas me dizerem de como meu avô era bom, um exemplo a ser seguido. De como eu deveria honrá-lo. Estava cansado de sentir medo de não ser bom o bastante.

— O medo guia para o Lado Sombrio. - sibilou - E eu não tenho medo. 

— Você tem medo de sair da sombra de Elara.- provoquei.

— E você tem medo da sombra dela! - gritou.

Isso foi a gota d'água para mim. Agarrei seu pescoço e a inclinei, quase batendo sua cabeça no chão.

— Escute aqui, garota, não estou com cabeça para palhaçadas. - ralhei - Você vai vir comigo, querendo ou não, e não vai tentar nenhuma gracinha, entendeu?

Ela tinha dificuldade em respirar mas mesmo assim cuspiu no meu rosto, só aumentando meu ódio.

— Não vou a lugar nenhum. - sussurrou - E a não ser que queira perder a cabeça, sugiro que saia daqui.

A levantei novamente, grudando seu corpo no meu, beijando no canto da boca.

— Já parou para pensar em tudo o que poderíamos fazer juntos? - falei baixinho - Ninguém na galáxia seria mais poderoso que nós; e aqueles que ficassem em nosso caminho seriam esmagados.

Ela me olhou, aterrorizada com a ideia. Seus olhos verdes refletiam medo e covardia, tais coisas que eu poderia mudar.

— Até mesmo Elara? - disse, deixando uma lágrima escorrer por sua bochecha - Esmagaria sua irmã, a pessoa que mais te amou em toda sua vida?

Tudo bem, ela tinha abrido uma ferida que estava se fechando. Soltei seu pescoço, pensando em como sua palavras haviam sido dolorosas. O que foi um grande erro. Sua mão ardeu em meu rosto, me deixando descordenado por um momentos. Tentei me apoiar na parede mas caí mesmo assim. O barulho deve ter sido alto, pois a porta se abriu e Aaron entrou.

— May, o que está fazen... - e finalmente pousou os olhos em mim - Como entrou aqui?!

— Você deveria pensar seriamente na ideia de colocar algum droide para vigiar - disse levantei, massageando minhas têmporas , sabe, só por precaução.

Outro grande erro. Aaron desferiu um soco no meu olho, fazendo-me arrepender de ter deixado meu sabre na nave. 

— SAIA DAQUI! - berrou. 

— Como quiser. - passei pela janela, mas me lembrei de algo importante e me virei.

— Não deixe que mandem no seu coração, May.