Prelúdio das Sombras - O Inferno de Richard escrita por Damn Girl


Capítulo 8
Capítulo 07


Notas iniciais do capítulo

Pessoal,primeiramente estamos de capa nova (sim, de novo) o/ do jeito que ando indecisa ou vai ter capa nova todo mês kkkkk... Sei que falei que seria a ultima parte da festa mas o capítulo ficou gigante e estou meia cansada. Ainda tem a dança entre o Richard e Bethanny ♥ ♥ ♥ Tenho tentado adiantar o máximo minhas histórias, pois estou muito doente fazem exatos 15 dias, praticamente de cama e ainda não sei o que eu tenho. Então vendo pelo lado bom a segunda parte não deve demorar, como disse estou muito tempo livre, difícil é ter inspiração todo dia kkkk. Sem mais delongas peguem a pipoquinha e boa leitura!



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"São os pequenos brilhos que encantam, holofotes cegam." (Clarice Lispector)

 

         Corro alegre pelas alas do castelo puxando minha coleguinha Annia pela mão. Tenho sete anos e ela seis. Mamãe diz que eu sempre devo cuidar dela, então corro devagar. Vou em direção aos adultos, na sala da mesa grande. Eles estavam todos sérios, conversando. Mamãe me lança um olhar zangado. Os adultos param de conversar e nos olham. Então largo Annia e sento no colo da mamãe. Choramingo e beijo seu rosto. Mamãe me beija de volta, mamãe me ama. Mas continua brava comigo. 

— Richard, quantas vezes já falei para você não correr em ambiente fechado? - Mamãe cochicha no meu ouvido e me tira de seu colo. - Que modos são estes?!

— Desculpa mamãe!

— Tudo bem, meu anjinho. - Mamãe tira minha franjinha dos meus olhos e me põe no chão. - Vá falar com nossos convidados meu amor. 

        Obedeço, não quero que mamãe fique mais zangada comigo. Falo com todos os reis e com todas rainhas. Sou beijado e espremido, Annia também é. Vejo um rapaz no canto da sala e vou falar com ele. O nome dele é muito difícil, Ed alguma coisa.

— Eddard Craine.

          Repete de um jeito estranho, e me sinto mal. Olho em cima de sua cabeça e ele tem uma coroa igual a minha. 

— Você é um príncipe que nem eu! - Sorrio animado.

— Ainda falta muito para você ser um príncipe como eu.

          Me encolho e me afasto. Não gosto dele. Annia também não. Vamos até mamãe e puxo a manga do seu vestido. Ela se aproxima de mim e sussurro.

— Mamãe, a gente pode brincar no jardim? 

— Claro amor, cuidado para não sujar suas roupas.

— Tá.

          Puxo Annia pela mão e corro para longe, para longe daqueles olhos malvados. 

          De volta ao salão principal, Rei Eddard Craine se tornou a grande atração da noite, tomando-me o lugar que me era de direito. Abordado a todo instante pelos homens impressionados com suas táticas de guerra, e pelas mulheres estupefatas com sua beleza e seu jeito contido, enfeitiçava a todos por onde passava, ganhando cada vez mais apoio na guerra contra os vampiros e admiração de nossos súditos e alguns súditos dos reinos vizinhos que marcavam presença. Me sinto novamente sufocado, tanto pelo ambiente fechado, quanto pela escuridão que emana de seu interior, e mesmo por seu braço envolta do meu ombro. 

        Pensar no fato de que nem o criador se prestou a ficar no mesmo ambiente que ele me intriga consideravelmente. Seriam os dois inimigos declarados? Teria o Criador saído as pressas por que os dois se conhecem?  Quanto mais eu tentava esclarecer as coisas, mais me emaranhava numa infinda teia de dúvidas. Até quando o Criador se dispôs de boa vontade a sanar-me algumas, elas se multiplicaram dentro de mim como aquelas pragas persistentes.  

        Todos se divertem à minha volta, conversando, dançando, bebendo.. exceto eu.  Sinto-me mentante exaurido em um contraste gritante com meu corpo plenamente disposto mesmo após tantas danças. Uma pontada de ardência e agitação percorre minha garganta de forma incomoda, sintoma inicial da sede perturbadora que me assola quase todos os dias. Os aromas dançam e zombam de minha condição, sangues com diversas nuances me deixam levemente zonzo. Quero abandonar minha própria festa e ir para meu aposento, fugir do meio de todo aquele odor e fugir de Craine. No entanto me lembro da promessa que fiz a uma certa garota loira e corro os olhos pelo salão. 

          Encontro Betanny num canto bem longe de mim, servindo singelamente o conteúdo de uma bandeja aos convidados. Nossos olhos se cruzam e mesmo a distância deixo-lhe implícita minha reprovação por seu ato. Ela é convidada, não deveria estar servindo. Betanny volta seus lindos olhos azuis para o rei Craine ao meu lado com o cenho franzido de modo interrogativo e reviro os olhos, demonstrando meu tédio. Aguardo ela se derreter por ele como as outras, no entanto ela não parece muito interessada e me sinto estranhamente aliviado. Ela sorri e faz menção de vir me ajudar, contudo gesticulo para que permaneça onde está. Preciso observar Craine e tentar desvendar seus mistérios por mais que não seja agradável.

        Depois Betanny, depois...

         Me volto para o rei ao meu lado e me concentro na conversa entre ele e um nobre homem de setenta anos bem vestido e muito impaciente.

— Semana passada um desses sanguessugas sem escrúpulos assassinou minha mulher. - Contou o homem um tanto irritado. - Não é possível que vocês ainda não liquidaram com esses animais selvagens e irracionais! E não tenho visto nenhum plano preventivo contra esse tipo de ataque; Isso é um ultraje a quem paga os impostos com pontualidade.

— Meu pêsames por sua perda. - Craine respondeu de forma automática, sem qualquer emoção e deu um gole em sua taça de vinho, renovando rapidamente sua máscara de empatia. - Estamos pesquisando seus hábitos e costumes, mas receio dizer ao senhor que os vampiros são aberrações distintas de tudo que já vimos. Seus hábitos são variados, fora de padrão, quase como se possuíssem consciência. Até descobrimos algumas coisas, no entanto são informações estritamente confidenciais, não posso adiantar nada. - Craine pegou a mão enrugada do nobre e a envolveu com suas duas mãos, mantendo um olhar tranquilizador. - Peço-lhe que tenha um pouco de paciência, em muito breve tomaremos medidas mais efusivas.

        Filtro suas palavras: Animais selvagens e irracionais?!  "...quase como se possuíssem consciência"??? Claro que possuímos consciência própria, não somos bichos!

        Mordi minha boca e cerrei o punho, fervendo em raiva. Não deveria me surpreender com comentários desse tipo, de fato achei que não me importaria quando acontecesse, mas o modo como eles e todos os outros humanos na festa se referiam aos vampiros, como aberrações loucas sem sentimentos me feria de forma incalculável.  Engoli em seco, tentando me manter imparcial como vinha fazendo. 

        É fato que desde o instante em que fui transformado tenho como pretensão voltar a ser humano, e que ainda me considero mais humano que vampiro. Não consigo aceitar as coisas que faço, nem a escuridão que minha nova raça é envolta. Mas minhas considerações pessoais não alteram o fato de que agora pertenço a especie que eles depreciavam, de que indiretamente eles estão se referindo à mim. E mesmo que humano fosse, não me sentiria bem falando de outra espécie assim, munido de um conhecimento tão pobre. Eles sequer pesquisaram antes de tirarem suas próprias conclusões. Estava prestes a abrir a boca e fazer um discurso sobre o quanto somos seres racionais, quando o velho nobre abriu um sorriso.

— Assim espero! - O Senhor se acalmou consideravelmente e passou a encarar Craine com aquela admiração irritante com que os outros o encaravam. - Não vou lhe incomodar mais Majestade, se precisar de minha ajuda financeira ou de meus homens, não hesite em mandar um mensageiro me contatar. - Ele abaixou em frente ao rei com dificuldade e prestou uma reverencia, repetindo o gesto perante à mim, mesmo eu dispensando o gesto com a mão. - Majestade Craine... Alteza Wyndon.. se me dão licença.

— À vontade, senhor Manneurier. - Craine assentiu, sorrindo. Seus olhos brilharam em um lampejo perverso.  - Bom saber que posso contar com seu investimento financeiro em nossa guerra, contatarei o senhor em breve.

— Toda licença deste mundo, traste preconceituoso. - Respondi entredentes em um tom abaixo do que eles seriam capaz de ouvir. Então aumentei a voz deliberadamente para que ele ouvisse: - Foi um prazer revê-lo, Manneurier, obrigado por sua presença.

— Magnifica festa, Vossa Alteza. Lembranças ao seu pai e a Rainha.

        Assim que o velho nobre se afastou Craine me encarou de forma inocente e deu de ombros.

— Me desculpe, não queria tocar nesse assunto desagradável em sua festa. Vi o quanto ficou incomodado com o assunto, mas desde que me comprometi a capturar os vampiros tenho recebido muita cobrança por conta da alta sociedade. É meio exaustivo, no entanto alguém tinha que se comprometer. Receio ter recebido esse fardo.... Essa missão. - Se corrigiu.

         Ah claro, estou vendo o quanto está incomodado com toda a atenção excessiva.  

— Por mim tudo bem. - Menti e aproveitei para sondar seus interesses. - Então você se comprometeu a capturar os Vampiros? - Ele assentiu. - E tem tido sucesso em sua... missão? 

— Não muito, os sanguessugas são seres ágeis e fortes... Mas como havia dito para Manneurier, descobrimos algumas coisas que irão melhorar, e muito, nossa sorte. 

        Craine me lançou um olhar misterioso e penetrante. Meu coração não batia desde a transformação, mas neste momento pude jurar que ele dera um leve solavanco. Uma onda de pânico percorreu todo meu corpo e todos meus sentidos gritaram. Ponderei se havia possibilidade deles saber sobre mim e tentei me manter sob controle, manter a normalidade em minha voz quando perguntei:

— Verdade? O que vossa Majestade descobriu?

        O Rei lançou um sorriso através de mim, ignorando-me subitamente, e me virei para ver o que ele encarava, ainda sentindo leves ondas de ansiedade.

— Donan!

— Eddard!!

       Meu pai lhe deu um abraço afetuoso e bateu em suas costas como se fossem grandes e  inseparáveis amigos de infância. Nem parecia que seus exércitos estavam em conflito dias atrás, e que eu havia dado minha vida por conta disso. Ele me ofereceu sua taça de vinho, a qual eu derramei goela abaixo, tentando aplacar e me distrair da maldita sede que me consumia cada vez mais a cada minuto, e se voltou para seu convidado.  

— Estou feliz por sua presença, Eddard. O velho Manneurier importunou-lhe? Se quiseres posso chamar-lhe a atenção.

         Craine deu de ombros.

— A mesma cobrança que tenho ouvido todos os dias. Não é necessário.. 

— Também tenho escutado tais cobranças a respeito do sanguessugas. - Meu pai esfregou as têmporas parecendo esgotado, assim como eu costumo fazer quando estou nas últimas. - Presumo que permanecerá para a reunião amanhã? Ordenei que arrumassem um dos nossos quartos mais reclusos, sei que és um pessoa reservada. - Ele passou o braço por meu ombro. - Assim como meu filho aqui, vejo muitas semelhanças entre vocês dois. Os dois gostam de privacidade e são homens de poucas palavras...

         Craine e eu nos entreolhamos. De jeito algum que eu sou semelhante a tal falsário. Craine parece concordar comigo pois franze a sobrancelha e me estuda atentamente. Embora parando para pensar, até que ele fala pouco mesmo. É, pode ser que sejamos de certa forma parecidos em alguns aspectos... Mas pouca coisa. Disfarço a minha irritação e Craine faz o mesmo, ambos dando de ombros. Nossos gesto sincronizados fazem meu pai dar uma gargalhada.

— Prefiro observar do que falar, pode ser que tenhamos isso em comum. - Respondo. 

— É, pode ser.... - Responde Craine ainda pensativo, então recupera seu tom indiferente usual. E assume um sorriso duvidoso. - Muita gentileza sua se atentar a minha personalidade e estes detalhes. Confesso que não gosto de ficar muito tempo longe de Whaskar e meu castelo, tampouco socializar com meus subalternos, me sinto deslocado.  Mas receio ter que fugir de minha rotina por um tempo... Pelo menos até tudo se resolver. Será bom ter um quarto reservado, obrigado.

— Amanhã iremos dar um passo avante meu caro, e talvez com a benção de nossos ancestrais tudo fique em ordem mais cedo do que imaginamos. - Meu pai sorriu e sua face quadrada e forte se iluminou. - Pelo menos esta confusão serviu para aproximarmo-nos. Nem me lembro a última vez em que todos nós nos reunimos.

        Uma reunião amanhã com a presença todos os reis, e eu não estava sabendo de nada. Eu deveria ser um dos primeiros a saber pois, além de ser príncipe sou o general substituto da guarda. Fito ambos, confuso. Nunca houvera uma reunião restrita aos príncipes antes.

— É verdade, passamos muito tempo perdidos em conflitos. Agora vejo que nossas desavenças são irrelevantes comparado a tudo que há lá fora. - Craine abre um sorriso malicioso. - Aliás, trouxe uma coisa para reunião que irá chocá-los. Ou no mínimo... surpreendê-los. 

       Ambos ficam sérios e imagino o que ele possa ter trazido que os faça mudar de expressão assim tão rápido. Um mau pressentimento me aflige e me causa um mal estar.  Engulo os bons modos e aproveito a brecha na conversa deles para me intrometer. 

— Posso ir nessa nessa reunião também? Estou curioso para ver essa Coisa.

— Claro que sim Richard, ia lhe comunicar amanhã. A presença de todos os príncipes e generais da guarda são indispensáveis, como de praxe. - Meu pai me encara meio que se desculpando. - Queríamos te poupar um pouco, você acabou de retornar.

        Craine abriu um largo sorriso e soube que ele quem fizera a cabeça do meu pai para não me contar nada. Por mais que ele disfarce bem, sinto a raiva que ele sente de mim emanando dentre seus poros e modificando levemente seu sangue, vejo o incomodo em cada pequeno traço contraído de seu rosto. Como se de alguma forma eu atrapalhasse severamente seus planos. Tento me lembrar de algo que eu teha feito contra ele, mas nada significativo me vem à mente. Craine se serve de mais vinho e inala o aroma. O aroma da taça dele me atinge e me sinto nauseado.

—  É um alivio vê-lo em segurança. Fiquei bastante apreensivo quando a notícia de que você havia desaparecido do nosso pequeno confronto chegou ao meu castelo.

         Não acredito em suas palavras, não consigo acreditar em nada que venha dele. Normalmente ficaria em silencio, contudo seu jeito me perturba, meus novos instintos não me deixam reagir de um jeito normal. 

         Mandar suas tropas sem um líder e ficar no castelo. Que tipo de rei faz isso? 

— Esperava vê-lo no campo de batalha. - Retruquei amargo e debochado. - Uma decisão um tanto... peculiar enviar suas tropas sem um líder. Nunca vi ninguém fazer isso antes, mesmo meu pai que não estava disponível mandou-me em seu lugar. Vossa majestade não estava com medo de perder para mim, estava? 

— Richard! - Meu pai se vira para Craine. - Me desculpe Eddard, o vinho deve ter lhe afetado a mente.

— De fato Richard, não foi nada fácil deixar que minhas tropas seguissem sozinhas à própria sorte. - Ele espreme os olhos, e trinca o maxilar, se controlando. Seu gesto é quase imperceptível, porém não passa despercebido a minha nova visão apurada. - Mas surgiu um problema em meu reino e não possuo esposa ou filhos...

— Poderia ter nomeado um general, não? Que problema foi este tão grave?

— Richard!!! Pelos reis, que modos são estes?

— Deixe-o, Donan. Vampiros, invadindo casas e estuprando mulheres. Saqueando comerciantes, estalagens, tavernas...

        Te peguei Eddard! 

         Vampiros não entram em casas sem autorização, nem mesmo em um castelo que é quase como um lugar público eles podem entrar. Uma das poucas coisas que sei graças aquele dia, o dia em que Anastácia me autorizou a entrar em seu quarto. Nem mesmo em meu próprio castelo pude entra, me recordo do dia em que cheguei aqui. Meu sangue ferve e mordo minha língua para não gritar aos quatro cantos do salão que ele está mentindo.

          No entanto não contenho meu sorriso à moda Criador. Ele certamente ia ter uma bela resposta para o Craine se estivesse ouvindo isso.

— Invadindo? Pela janela?

— Claro! - Craine franze o cenho, e finalmente demonstra sua irritação. - Pela porta também, isto importa?

         Ah você não faz ideia do quanto isso é importante.

— Está aborrecido por que não tivemos um embate em campo, é isso? Se quiser podemos resolver agora mesmo, criança.

        Craine saca sua própria espada de Azohar de forma ágil e a empunha frente ao seu corpo, com firmeza. Chamativa e atraente, o objeto passa a impressão de ser confiável, mas sua lâmina é letal e traiçoeira, e nunca vi uma espada tão parecida com o dono. O metal dourado resplandece sob a luz do enorme lustre acima de nós, e reflete nos rostos dos convidados próximos que, aos poucos, vão percebendo o embate iminente e se afastando, assustados. Ele assume uma postura intimidadora, e os músicos param de tocar. A conversa cessa, ninguém parece sequer respirar. Agora todos tem as atenções voltadas para ele e eu.

       Olho para o amontoado de pessoas curiosas ao nosso redor. Não há espaço para um duelo aqui, pessoas podem se ferir a menor de nossas esquivas. Craine parece estar ciente disso, pois me encara com um sorriso triunfante que diz que ele sabia que eu iria recuar desde o instante que me desafiou. Ele quer que eu desista na frente de todas essas pessoas e prove que ele é o melhor.

— Muito bem.

        Surpreendo-o ao sacar minha espada e apontar para ele. Craine arqueia as sobrancelhas, mas se mantém firme no lugar. Ainda não acredita que eu não vou desistir. Nem eu mesmo acredito, porém percebo que isso era exatamente o que eu queria desde meu último dia de vida naquele campo de batalha; encontrar com o tão famoso rei da guerra e ver qual de nós dois é o melhor. Eu poderia ter me recusado a ir, poderia ter mandado as tropas sozinhas como ele fez ou mesmo ter ficado na retaguarda assistindo. Mas o orgulho e curiosidade falaram mais alto. Eu queria que ele me visse, destruindo suas forças, conquistando seu território, derrotando-o em seu próprio jogo. E isso me custou muito caro para que eu simplesmente recuse agora.

        Donan Wyndon me fuzila com o olhar, mas sorri para os convidados e disfarça.

— Cavalheiros, não exaltem os ânimos. Não estamos em um local adequado a uma demonstração de força. Marquem outro dia e providencio uma arena para os dois... - Meu pai tenta apaziguar a situação com humor e sua gargalhada ecoa pelo salão, tamanho silêncio. - Quem vai armado a uma festa!? Onde já se viu... Baixem as armas ou vou ter que levá-los ao meu calabouço e açoitá-los em meus aparatos de tortura. - Ele ainda tenta manter um sorriso, no entanto ele morre em seus lábios quando percebe que estamos irredutíveis. - Falo sério, baixem as armas...

       Viro de costas para o meu inimigo e me dirijo aos convidados, pedindo educadamente que se afastem. Não quero que ninguém se machuque ou corra perigo, ao contrário dele que parece não dar a mínima. Minha mãe me repreende com o olhar, contudo ela ajuda a afastar as pessoas até uma distancia relativamente segura. Vejo Bethanny empurrando alguns nobres, lutando para conseguir um lugar na fileira da frente. Assim que consegue ela põe sua mão franzina sobre o peito, me encarando com olhos bem abertos e a respiração irregular, parece não acreditar no que está vendo. Sua mão treme levemente e sinto o cheiro de sua preocupação, misturado com o sangue delicioso que corre em suas veias. Por alguns segundos perco o foco, sentindo minha garganta implorar por um pouco daquele liquido maravilhoso.

       Assim que todos obedecem e um espaço aceitável se forma entre eles e nós, encaro Craine novamente. Papai suspira e balança a cabeça com veemência, sendo o último a se afastar.

       Noto que meu oponente não segura mais a espada com tanta firmeza quanto antes e um pequeno filete de suor escorre por seu rosto, me cobrindo de satisfação. Sorrio com malícia e flexiono levemente os joelhos, ajeitando a espada frente ao meu corpo. 

— Faça as honras, Craine...

       Eddard Craine me encara com uma expressão vívida enquanto permanece em seu lugar, absolutamente imóvel. Claramente não esperava que as coisas chegassem a este ponto.

       Mexeu com o vampiro errado, majestade.


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Notas finais do capítulo

Enfim, espero que estejam gostando, se estiver sei lá caindo o nível ou eu estiver enrolando muito me avisem. Beijão!!



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