Prelúdio das Sombras - O Inferno de Richard escrita por Damn Girl


Capítulo 13
Bônus - O Criador (Parte 01)


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, vamos voltar às nossas atividades?!.Enfim voltei, devagarzinho quase parando, mas voltei. Quero agradecer imensamente por esperarem!! ♥ 

Não tá fácil escrever na casa da minha mãe, sinceramente diria que está quase impossível; não estou conseguindo me concentrar, não tenho um canto em silêncio para escrever. Perdi as contas de quantas vezes tive que largar esse capítulo aqui, para fazer uma outra coisa. E o capitulo onze então?! Quando eu incorporo o Richard e seu sofrimento acontece alguma coisa para me fazer parar e passar raiva, ou me mandam fazer alguma coisa.  A casa dela é minúscula e os vizinhos gritam tanto, que parece que estão aqui dentro! grrrr 

 Então por esses motivos e mais o problema de saúde dela, infelizmente as postagens continuarão lentinhas, eu acho :( Ainda não posso voltar para a minha casa (embora eu queira desesperadamente). Minha mãe está com um problema no coração, talvez ela tenha que operar, talvez ela coloque alguns Steins nas veias que levam ao coração... enfim, não sabemos ainda.  Enquanto isso sou obrigada a ficar aqui, pois tenho que esperar ela para ir para casa comigo. 

Enfim, peço que entendam e tenham muita paciência com a Tia. Não há nada que eu goste mais do que escrever, mas não está muito fácil. 

Gente me desculpa o textão, queria explicar toda a situação para vocês. Vamos logo para esse capítulo !!! Que eu estava planejando ele há um tempão!



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"O que é o homem? Uma pequena miserável pilha de segredos."

(Drácula, Castlevania: Symphony of Night)

 

          Exalo o aroma de sangue que se mescla com o frescor do vento, enquanto o vampiro torturado por mim se curva ante o golpe em seu estômago. A ideia de extirpar suas tripas e remover sua afiada língua é uma vontade da qual preciso me conter.

— Ora, se não tem controle sob um mísero servo... não devia tê-lo transformado! – Insiste ele em sua arrogância, encarando o homem corpulento e moribundo de quem antes devorava a jugular. – Não o vi, mas se quer um conselho: Deixe-o morrer.

          Apesar de sua determinação em não me contar nada, o cheiro de Richard impregnado em sua roupa é mais que uma confissão. Respiro fundo e engulo sua mentira descarada. Preciso dele vivo para localizar o meu príncipe das confusões.

          Em algum lugar próximo meu servo recém transformado sangra, e muito embora eu relute em admitir, o homem a minha frente tem razão; Sou um péssimo, nas palavras de Richard, Criador.

          Richard e eu temos uma ligação incomum, inexplicável; sinto toda sua angústia, o perigo que ele corre. Ouvi relatos quanto a isso desde a antiguidade; sobre o quão intensa costuma ser a ligação com o primogênito, o primeiro transformado de seu clã. Vivenciar esse laço de fato, proporcionara-me uma outra dimensão, sobre o quanto isso era perturbador.

          Semelhantes aos contos vampirescos que veem sendo profanados de boca em boca humana, a história da ligação com o primeiro segue a mesma premissa; besteiras distorcidas sobre uma realidade amenizada.

          Vampiros são tão reais e assustadores, quanto a ligação com primeiro transformado. O temor irracional que vê a mim por meu vassalo é prova irrefutável disso.

          Afaguei minha garganta buscando aliviar o horrível ardor que percorre minhas veias. E com ele, senti a urgência irracional da qual eu sufocara milênios atrás emergir de alguma parte plenamente esquecida, e tornar a me assombrar.

          Há muito a sede não me dominava da forma como vem acontecendo; Estou em meu perfeito juízo, absorto em alguma tarefa e então, em questão de segundos, encontro-me perdido em meio a desordem de uma necessidade por sangue exorbitante. Afogado num mar de confusão e desespero, passo segundos, minutos incontáveis, sem conseguir racionalizar. E tão logo a onda de agonizante se torna maleável, percebo que os sentimentos nãos são realmente meus. E sim de meu servo misterioso e demasiadamente calado.

          E eu crente que os príncipes eram românticos e bobos! Fáceis de manipular...

          Richard tem uma alma sombria, oriunda antes mesmo de sua transformação, da qual ele renega com veemência, mas que permanece lá conflitando com seus deveres de bom príncipe e a imagem perfeita que ele tenta incessantemente transmitir ao mundo.

          Suas emoções são tão conflitantes e intensas que, se não sou experiente nem antigo o bastante, me perderia em seus devaneios e necessidades, tomando-os como meus próprios. É exaustivo até mesmo tentar entender o que se passa por trás de sua insistente máscara de controle, ouvir seus pensamentos, sentir sua culpa. E extremamente irritante.

          Tento me mostrar experiente e calmo, enquanto secretamente pergunto-me como os outros Vampiros fazem para manter a cabeça no lugar. Ele me enlouquece entretanto sei que não há nenhum vampiro semelhante a mim o suficiente, alguém a quem eu possa recorrer. Ninguém de meu antigo planeta para pedir conselhos, além de claro, meu irmão mais velho. E ele definitivamente não é um sanguessuga.

          Desfaço-me de meus pensamentos e assumo uma máscara intimidadora. Seguro-o pelo pulso, torcendo seu braço e fazendo com que o rosto do vampiro a minha frente entre em contato com a parede.

— Eu sei que esteve com ele, não menospreze minha inteligência ou meu olfato.

          Em um dia comum, seguiria a enxurrada de sentimentos e iria até Richard com precisão e imparcialidade. Então o ensinaria a identificar os mais antigos e respeitar a hierarquia pela dor.

          Não. Em um dia comum, eu o largaria para agonizar e morrer.

          Mas hoje eu não podia. Eu não conseguiria, não depois dela... Hoje, eu teria de salvá-lo. 

— Não vou perguntar de novo... – Aviso em uma última tentativa de obter a informação. Não gosto muito de bancar o guerreiro heroico. – Alto, claro, olhos verdes... altivos. Uma certa pompa de realeza e andar esnobe... Estou perdendo a paciência...

— Pois não tem o menor direito! Seu novato pode ser da realeza humana que ele desejar, mas é muito intrometido e sem-educação! Ficou assistindo-me beber do moribundo... – Seus olhos se estreitaram tomado por uma irritante determinação. - Pois não conto-lhe onde está! Terá de arrancar de mim a força, vejamos se consegue extrair palavras de cinzas!!!

          Me preparava para esmagar seu crânio contra a parede portando certo entusiasmo quando, uma Vampira baixa com cabelos brancos e mechas vermelhas entrou no beco e, antes que eu a reconhecesse. ao deparar-se comigo e meu semblante de ódio, gritou o nome de meu irmão, e saiu correndo. Seu gesto rápido e desesperado fez com que o vampiro do qual eu segurava pela lapela estudasse meu rosto mais atentamente, e observei com cenho cerrado sua expressão transcender de escárnio a respeito e medo, mais veloz que uma batida de coração. Seu olhar tornou-se imediatamente repugnante, tamanha adoração e respeito que se viam nele.

— Você... Me desculpe, não pretendia ofendê-lo. – Ele se ajoelhou, trêmulo, libertando-se de meu aperto e agarrando-se em minhas pernas. – Por favor, poupe minha existência e eu conto ao Senhor tudo o que desejar.

— Ora merda, levante-se! – Gritei, atingindo um novo nível de irritação.

          Passei as mãos pelos cabelos exasperado e as baixei até as têmporas. Esfreguei atenciosamente região, tentando entender como minha belíssima noite de festa se transformara em uma caçada por um garoto de dezessete anos...

          Os humanos são de dar pena.

          É a única coisa que me vem à mente conforme aproximo-me do castelo e de seu "forte esquema de segurança", excepcionalmente preparado para a festa do retorno de príncipe.

          Há um excesso de guardas perambulando o local, isso é indubitável. Contabilizo mentalmente, enquanto espero na fila para adentrar o portão, como o humano obediente que eu nunca fui. Marionetes da realeza trajados com seus uniformes, cada um com uma cor que representam reinos diferentes, checam os convites e revistam os mais suspeitos. Os da cor vinho em maior quantidade, são os de Windheart. Reconheço-os pela roupa semelhante a de Richard, em seu último confronto.

          Aguardo em silêncios enquanto quatro deles revistam dois humanos de aparência mais humilde a minha frente. A maioria da tropa são constituídas de crianças fracas e desatentas. Tão... mortais e frágeis que poderia matar a todos que guardam a entrada facilmente, se fosse de meu desejo.

          Não há quaisquer critérios na hora da revista; Um cavalo de bom porte, uma espada bem forjada e uma veste mais sofisticada facilitam a mim, mais vampiro que qualquer outro da classe, adentrar o castelo com as mãos praticamente beijadas.

— Perdão pelo transtorno, Senhor. – Lamentou o guarda, retirando minha espada e examinando o interior da bainha. Seus olhos brilharam de cobiça enquanto vislumbrava o objeto e reconhecia o ferreiro. Então balbuciou, sem tirar os olhos da lâmina reluzente. – É precaução contra os sanguessugas. Ordens do rei.

          Os humanos tem muito apreço pelas espadas de Azohar, um velho conhecido em nosso meio. Não sei ao certo como aconteceu, me lembro dele como um ferreiro pobre e anônimo, mas em algum momento possuí-las em seu arsenal tornou-se mérito apenas para reis, príncipes e alguns nobres previamente selecionados.

          Então após muitos anos desfrutando de uma privilegiada demanda, e possuindo uma saúde cada vez mais precária, Azohar teve o mal que a maioria dos humanos tem; o medo. Teve medo de ser esquecido após a morte, medo que sua arte fosse substituída pela de um ferreiro qualquer, medo que alguém desbancasse seu nome. Temeu ainda não possuir os anos que queria para desfrutar de sua repentina riqueza. Então ele fez o que todos de sua espécie com o mínimo de conhecimento sobre nosso mundo fazem: Ele implorou a mim.

          E eu concedi o que ele mais desejava; a imortalidade, a certeza de ser imbatível para sempre, o prestígio eterno. Intercedi por ele, e pedi ao conselho que o fizessem um de nós.

          Não queria transformá-lo com minhas próprias mãos, era algo que eu reservava cuidadosamente para um plano posterior. O primeiro vassalo teria de ser alguém adequado... Jovem, destemido. Alguém como Richard.

          Eu desejava um guerreiro, alguém sem escrúpulos, mas que seguisse ordens. Que fosse discreto, mas que tivesse presença. E não um ferreiro qualquer. No entanto, conforme meu pedido, um outro vampiro se encarregou da tarefa e o fez imortal por mim.

          A cobiça por suas obras-primas se tornara tão primordial, que os tolos mal reparavam no velho ferreiro; eternamente congelado em seus cinquenta anos, tampouco em seus aprendizes; que por vez ou outra, desapareciam misteriosamente.

          Contanto que ele fornecesse o que desejavam, ninguém jamais suspeitaria de nada.

— Muito justo, não se preocupe. Eu entendo perfeitamente. – Embainhei novamente a espada, forjada há mais de trezentos anos atrás, como um símbolo de gratidão a minha boa vontade. – Já capturaram algum Vampiro?

— Não, Senhor. – Respondeu-me ainda com uma centelha de brilho em seus olhos. – Mas não se preocupe, se algum tentar entrar nesses portões iremos capturá-lo, com certeza. – Entregou-me o bilhete com uma feição simpática. - Tenha uma excelente festa!

— Tenho certeza que irão. – Respondi num tom inevitavelmente sarcástico e rasguei o convite, ateando-o a uma pira. Entrei pelo portão com um sorriso debochado. – Obrigado.

          Não saberia identificar um vampiro nem se eu segurasse uma placa junto ao peito.

          Segui o aglomerado de humanos até o interior do exuberante jardim real, e me acomodei em uma das cadeiras excessivamente decoradas próximo ao roseiral da rainha. Não me intrometeria no plano dos humanos contra minha espécie, mas seus critérios de segurança eram irritantes, beiravam o inaceitável. Acenei levemente para um vampiro que me encarava e ele se juntou a mim, baixando a cabeça e me encarando.

— Se alguém morder um humano que seja, execute.

          Controlei minhas feições, surpreendido com a rigidez de minha própria ordem. Não era exatamente o que eu queria dizer, mas estava feito e eu não deixaria transparecer meu erro.

          Um flash de raiva percorreu seus olhos cor de âmbar. Meu aliado ficou pensativo por alguns segundos. Achei que ele iria se opor, mas seus olhos suavizaram e logo exibiram a compreensão que eu desejava. Ele então assentiu, com o mínimo movimento de cabeça, e se afastou discretamente, patrulhando o perímetro e espalhando a informação a todos que esperavam por um baquete sangrento.

— Hoje não, quero um pouco de paz. – Sussurrei, enquanto ele se afastava.

          Os humanos nos têm como animais desenfreados, no entanto não é exatamente assim. A fama se deve em grande parte aos vampiros recém-transformados, e aos vampiros desordeiros. Muitos dos novatos são incapazes de refrear seus instintos e se controlar, alguns por meses, outros por anos e até mesmo para os mais fracos, séculos. É algo que requer tempo, treinamento e força de vontade, e ainda assim não pode ser estipulado com precisão.

          Contudo os mais velhos e focados seguem uma determinada hierarquia, e algumas leis que fazem com que nossa espécie não seja um total desastre. Dentre elas está a que quanto mais antigo ou poderoso, maior sua influência dentro de nosso mundo. Mesmo que o vampiro não possua uma posição de poder, dentro do castelo e do conselho, ele deve ser respeitado.

          Vampiros experientes reconhecem antigos com um rápido olhar. E em silêncio, assisti muitos deles deixarem a festa; não sem antes demonstrarem o quanto desaprovavam minha vontade.

          Uma vampira passou ao meu lado e pisou em meu pé. Sua bela face contorcida em uma expressão deliberadamente irritada ao passo que sua voz soou aguda pela revolta.

— Não acredito! Justo você, estragando toda a diversão! – Ela ergueu o queixo demonstrando sua indiferença. – Não quero lhe faltar o respeito, mas isso é uma afronta a todo seu histórico promíscuo.

— Não estraguei nada. – Contestei sua acusação, exibindo meu melhor tom aveludado e fingindo estar ofendido. Então agarrei seus cabelos soltos e a abaixei até que seu olhar estivesse na mesma altura que o meu. - A diversão será somente entre nós dois... mais tarde.

          Suas sobrancelhas se ergueram em surpresa, e sua boca curvou-se em um sorriso sedutor. Os longos cílios piscaram velozes e confusos, junto dos olhos castanhos repentinamente brilhantes. Seu rosto e cheiro me eram parcialmente familiares, e o modo como ela me considerava promíscuo insinuavam que eu havia dormido com ela antes. Vasculhei minha memória buscando seu nome e por fim, sendo mal sucedido.

          Tantos anos de lembranças perdidas e caóticas, que levariam dias até que me recordasse de uma fêmea qualquer.

— Está falando sério?

— Claro, querida. – Segurei seu braço, acariciando sua pele rente ao pulso e engolindo as obscenidades que queriam escapar de minha boca maliciosa. - Falta muito para o sol apontar no horizonte... – Beijei seu pescoço a fim de guardar-lhe o cheiro. - Eu encontro você.

— Vou te esperar!

          Seu rosto ficou tão iluminado quanto a própria lua e apreciei quando ela virou de costas e saiu rebolando os quadris de forma animada em direção ao portão. Se de fato nenhuma humana me interessasse, era só seguir seu rastro. Ao menos o entretenimento da noite estava garantido.

          Como se eu não tivesse exatamente alguém em mente para me entreter.

           Suspirei, observando o modo cordial e alegre como os humanos interagiam com certa nostalgia e me sentindo pela primeira vez em muitos anos, incompleto. Havia uma humana em específico da qual eu ansiava por ver em meio deles.

— Astryd... – Testei o nome que há muito não entoava em meus lábios com uma pontada de excitação na voz.

           E como uma suplica atendida, Astryd surgiu em meio aos mortais. Com demasiada elegância e delicadeza, ela deslizou seus pequenos pés pela escadaria, percorrendo os dedos atenciosamente pela decoração de flores do corrimão, e verificando cada mínimo detalhe. De repente os ponteiros de tempo desse mundo pareceram perder a força, prolongando a angústia dos poucos metros que me separavam dela. Nossos olhares se encontraram e o sorriso que lhe dei foi mais malicioso que amável, se estendendo conforme minha mente produzia imagens de seus dedos percorrendo meu corpo. A imagem produzida era tão nítida que minha respiração se perdeu em meio de um grunhido gutural.

          Repreendi minha mente promiscua, mas a excitação e dúvida percorreram cada poro de meu corpo. Meu lado sensato insistia estar presente por Richard, ao passo que ansiedade em minhas veias respondia a verdade; estava ali pela estonteante rainha que vinha no pacote. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Gente, o criador uma hora está no presente, outra relembrando o passado! Espero que não tenha ficado confuso, são os anos de vida kkkkk Mas se ficou me falem, tá?!

Continua amores.... beijoss ♥



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