Lágrimas Perdidas escrita por Candy


Capítulo 2
Capítulo 2: A pequena cresceu


Notas iniciais do capítulo

Ei, gente! Tudo bem?
Mais um capítulo! Boa leitura!



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Fiquei em dúvida de quem havia me mandado aquela mensagem de texto. Não havia assinatura, e por mais que eu tivesse algumas desconfianças, eu dizia a mim mesma que tirasse tais hipóteses da cabeça. Afinal, era impossível ser quem meu coração tanto gritava. Acabei esquecendo quando o celular vibrou mais uma vez, e depois outra e outra vez.

Bateram na porta e quando abri era Mai, que não hesitou em me dar um abraço apertado e dizer palavras lindas lindas, sempre com aquele jeitinho dela. Chorei um pouquinho, por causa da emoção das palavras que ouvia daquela que era uma grande amiga e irmã para mim, e ao desfazer o abraço e compartilharmos daquele olhar, chorei pelo motivo que estava me deixando triste aqueles últimos dias.

“Não fique assim” – Ela dizia enxugando minhas lágrimas – “No final dá tudo certo. Se não deu certo, é porque o final ainda não chegou” – Dando uma pescadinha para mim. Eu a olhei e ensaiei um sorriso antes de abraçá-la novamente.

Eu sei que ela estava certa, mas eu não queria e não conseguia pensar assim naquele momento.

Ela não ficou muito tempo, mas os minutinhos que ficou foram suficiente para me fazer bem. Quando me deitei já era quase 2h da manhã, e antes que mais alguém ligasse, resolvi desligar o celular, pois eu precisava descansar depois daquele dia.

Ao contrário do que imaginei, eu dormi minutos depois que fechei meus olhos. Acredito que o cansaço da pesada rotina de trabalho contribuiu muito. E pelo menos dessa vez, eu devo agradecer, pois com toda a certeza, me livrou de uma insônia de horas rolando de um lado para o outro pensando em coisas que não era bom e nem eu queria ficar lembrando.

Quando despertei na manhã seguinte, liguei meu celular, me levantei e fui escovar os dentes relembrando do meu último aniversário, como foi diferente..

Há exatamente um ano atrás, a banda estava no México para o início das gravações da série. Todos nós estávamos muito contentes e ansiosos com o começo das gravações.

Poncho e eu estávamos em uma fase onde nos curtíamos e resolvemos deixar as coisas entre a gente fluir naturalmente. E assim, a gente ver até onde iria e se daria certo a gente tentar outra vez. Enfim.. Eu estava muito, muito, muito feliz. Já estava completando três meses que estávamos assim, e a cada dia eu me sentia mais segura de nós dois. Era gostoso sentir como nós dois mudamos desde que terminamos, como amadurecemos em algumas coisas, e tal.

“Eu preciso entrar, Poncho” – eu disse tentando conter o riso – “Destrava de uma vez essa porta” – pedi tentando abrir a porta do carro mais uma vez.

“Mmm” – ele olhou para seu relógio de pulso e me olhou sorrindo com aquela cara de sem vergonha em seguida – “São 23h20” – disse tirando uma mexa da minha franja que caia sobre meu olho.

“O que tem a ver?” – perguntei rindo.

“Quero ser o primeiro a te ver com 21 anos, legalmente maior de idade” – ele sorriu acariciando minha bochecha. Eu fechei os olhos sentindo.

“Ainda faltam 40 minutos” – tirei um fio do meu cabelo que estava na blusa dele sobre o peito. Ao tirar, aproveitei pra fazer carinho ali. Ele assentiu – “Que?! Você quer que a gente fique aqui até meia noite?” – perguntei rindo pensando se acreditava naquilo. Ele assentiu novamente – “No manches” – falei tentando abrir a porta de novo – “Poncho, é sério. Não faz sentido ficarmos aqui. Por que não entra comigo, então?”

“Por que quero ser o primeiro e único, pelo menos nos cinco primeiros minutos” – disse se aproximando rapidinho e segurando minhas bochechas antes de me dá um selinho demorado.

Aja” – assenti acariciando os cabelos dele – “Isso pode ser então no jardim? Perigoso ficar aqui fora, você sabe..” – falei roçando meu nariz no dele.

Ele sempre foi tão cabeça dura, desde que o conheci. Para convencê-lo a fazer algo sempre foi difícil. Mas naquele dia eu consegui rápido. Talvez porque eu tinha créditos por ser quase meu aniversario.

Entramos e ficamos na varanda que tem nos fundos da minha casa. Ali tem um jogo de sofá e duas cadeiras artesanais em fibra sintética com almofadas que minha mãe colocou para relaxar e tomar um ar fresco no fim da tarde ou à noite. Muitas vezes quando estou em casa e meu pai também, nos sentamos todos ali para conversar.

Poncho e eu ficamos no sofá; ele se sentou se recostando e eu deitei a cabeça nas pernas dele e fiquei de barriga para cima, com as pernas dobradas. Desliguei meu celular e ficamos conversando assim, esperando os minutos passarem. Ele ficou todo o tempo acariciando meus cabelos, e algumas vezes afastando minha franja da testa. O outro braço ficou esticado apoiado no encosto do sofá.

Quando deu meia noite, ele me deu os parabéns e disse coisas lindas bem pertinho do meu ouvido. Depois ficou me olhando por um tempinho, até eu ficar com vergonha e perguntar por que estava me olhando daquele jeito.

“Estou vendo como minha pequena está crescendo e se tornando uma mulher tão linda” – sorri roendo a unha do meu dedo polegar da mão direita.

No dia seguinte acordei e quando cheguei na mesa para o café, fui recebida pela minha mamá  e minha irmã Clau com um bolo de chocolate nas mãos cantando ‘Las Mañanitas’. Sorri toda feliz por estar em casa e comemorando meu aniversario perto delas. Sabia que meu pai me ligaria logo, pois ele estava viajando, e mais tarde veria a Blan.

Depois de tomar meu café da manhã e abrir os presentes que ganhei delas, fui direto para a Televisa para mais um dia de gravação da série. Minha mãe me levou, e durante todo o caminho intercalei uma conversa agradável com ela, com alguém ligando para o meu celular me desejando feliz aniversário.

Eu já havia perdido as contas de quantos torpedos Poncho me mandou desde que nos despedimos quando ele foi embora. Sempre com alguma piadinha, “Não esquece dos óculos e da bengala quando for sair de casa”, “Como a minha velhinha acordou?”. Enfim, não tinha como não ri daquele bobo.

Quando cheguei ao estúdio onde gravaríamos, vi algumas pessoas pelo caminho, mas no geral estava muito quieto e achei estranho. “Será que pela primeira vez, eu cheguei cedo?”, eu pensei enquanto andava procurando um dos meus amigos.

Andei mais um pouco e me deparei com uma surpresa linda; todos os meus amigos e colegas de trabalho reunidos. E foi só eu chegar para que todos começassem a cantar ‘Las Mañanitas’. Fiz um pedido – o mesmo que pedi quando assoprei a vela do bolo na minha casa no café da manhã – e assoprei as velinhas, recebi um abraço de cada um acompanhado de palavras fofas. Quando quase todo mundo já havia me cumprimentado e comecei a sentir a falta de alguém, ele se aproximou me abraçando gostoso.

Gravamos durante todo o dia e as horas passaram rapidinho. Foi durante todo o tempo, um clima agradável e descontraído, e quando a noite chegou, a temperatura caiu um pouquinho. Quando as gravações foram encerradas, ficamos conversando no barzinho, que serviu de cenário para a última cena daquele episódio. Ele e eu ficamos juntos todo o tempo, mas nos cuidando para que ninguém percebesse que havia algo entre nós.

“Acho que já está na hora de irmos” – eu levantei a cabeça e disse o olhando. Ele estava de pé ao meu lado fazendo carinho na minha testa, após afastar minha franja.

“Ainda é cedo” – ele continuava com o carinho – “Vamos ficar mais um pouquinho. Que horas você marcou com o pessoal?”

“A partir das 23h. Mas já estou cansada de ficar aqui, e estou sentindo frio”

“Vai dar 21h ainda. Daqui a pouco nós vamos” – ele se abaixou e me deu um beijo na testa. Em seguida abraçou minha cabeça, e senti seu carinho na minha nuca sobre meus cabelos. Fiquei assim alguns segundos, descansando a cabeça no abdômen dele e sentindo aquela sensação boa me aliviar um pouquinho o frio que eu estava sentindo – “Passou um pouquinho o frio?” – ele olhou para baixo me perguntando. Me afastei sorrindo para ele.

“Um pouquinho” – respondo sorrindo – “Mas se eu ficasse mais um segundo, eu ia acabar dormindo”

“Tenho certeza” – Ele disse pegando o copo sobre a mesa.

“Que horas nós vamos?”

“Não sei” – Ele deu de ombros bebendo um pouco da bebida – “Vamos esperar mais um pouco, pequena”

Minutos depois, ele se sentou ao meu lado e eu me aconcheguei entre os braços dele para me esquentar, enquanto conversávamos com todos em volta da mesa.

Eu havia marcado com meus amigos e irmãs, de comemorar meu aniversário naquela noite, depois das gravações. E o lugar escolhido foi o ‘Restaurante Cafeína’, na Colônia Condesa, que fica no D.F.

Cheguei lá um pouco depois da 23h com ele, e quase todos os meus amigos já haviam chegado. Cumprimentei a todos, ganhei vários presentes e tirei muitas fotos. Ele não se afastou de mim nenhum minuto.

No meio da noite Sam e Paty inventaram de fazermos rodadas de tequila. E foi muito divertido, porque a essa altura quase todos já haviam se despedido, e só meus grandes amigos e o pessoal da banda que permaneceram.

Depois de virar algumas tequilas e ri bastante, me levantei para ir ao banheiro. Quando eu me levantei, ele se levantou também. Eu não pude evitar a gargalhada que eu dei. “Vai querer me acompanhar ao banheiro, também?”, perguntei a ele ainda rindo. Ele passou a mão nos cabelos, sem graça, e se sentou novamente. Me abaixei e me aproximei do ouvido dele “Não vou demorar, bebê”, disse enquanto acariciava suas costas. Dei um beijo na bochecha dele e me afastei.

“Demorou demais” – ele me surpreendeu me encostando na parede ao lado da porta do banheiro quando eu saí cinco minutos mais tarde.

“Me assustou” – falei colocando as mãos nos ombros dele. Ele sorriu e afastou minha franja. Fiquei séria e fixei meu olhar nos olhos dele. Ele começou a se aproximar.. se aproximar demais – “Poncho, alguém pode ver” – eu sussurrei, olhando para os lados.

“E o que eu faço com essa vontade que eu estou sentindo de te beijar?” – perguntou roçando seus lábios nos meus, com uma mão na minha bochecha e a outra na parede atrás de mim. Minhas pernas já não me obedeciam, estavam bambas. Sorri para ele e entrelacei meus braços envolta do seu pescoço. Ele me segurou pela nuca e apertou meus lábios aos seus, antes de invadir minha boca com sua língua quente e experiente, dona de um sabor único.

A noite foi maravilhosa, e para ser completa só faltou a presença da Annie e do Christian, que não puderam ir. Despediram-se ao final da gravação e se desculparam por não poder ir a comemoração.

Às 5h da manhã quase todo mundo já havia se despedido, e ele e eu nos despedimos das pessoas que ainda estavam lá. Tínhamos que ir embora, pois eu viajaria as 7h da manhã para um trabalho.

Quando estávamos saindo do ‘Cafeína’, havia um vendedor de rosas lá na frente. Poncho se soltou de mim e foi até lá e me comprou uma. Não podia ter terminado aquela noite de uma forma mais linda..

Podia sim..

Blan saiu do ‘Cafeína’ com a gente, pois eu dormiria na casa dela no D.F., já que eu teria que está acordada antes das 7h e minha casa é longe, enfim. Ela me deixou uma cópia das chaves e foi embora no carro dela, pois eu já tinha uma carona especial.

Quando ele se sentou na frente do volante, ele me olhou e riu. Eu olhei para ele e só então entendi do que ele estava rindo; ele abriu a porta do carro para mim, e ao me sentar, coloquei todos os presentes no banco de trás e fiquei só com a rosa que ele me deu nas mãos. A segurei com as duas mãos e a encostei aos meus lábios, e fiquei sentindo aquele cheiro tão gostoso: cheiro do amor. Fiquei pensando em como me sentia feliz naquele momento. Foi nesse instante que ele entrou no carro e me viu perdida no meu mundinho, de olhos fechados.

“Está feliz?” – ele perguntou acariciando minha bochecha.

“Demais” – respondi colocando minha mão sobre a dele, que ainda estava sobre minha bochecha.

Te quiero mucho, pequeña”— sorri fechando os olhos. Ele afastou minha franja e me deu um beijo nos lábios, antes de dar partida no carro.

Despertei das minhas lembranças quando escutei o barulho incessante do celular tocando. Eu estava terminando de pentear meus cabelos, corri e o peguei em cima do criado-mudo. Era uma mensagem de texto.

Buenos dias!

 P.S.: Ya no estaré para cargarte sobre mi espalda, pero no creo sinceramente que te haga falta.”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Curiosidades:
1. As cenas do aniversário dela que ela lembra neste capítulo deles no set de gravação da série e no Cafeína foram inspiradas nos vídeos que alguém que estava no estúdio gravou e postou e das fotos deles no Cafeína publicadas em uma revista da época. Quem quiser, tem estes trechos neste vídeo que fiz sobre a fic: https://youtu.be/0uPgGdStVPU?list=PLONbKH2SQ6rRqqRb_piO4K1HsfrbmMRj3

2. As mensagens de texto que ela recebeu no final dos dois capítulos são trechos da música 'La frase tonta de la semana' de La 5ª Estacion.

Até o próximo!



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