P.O.V SKY

Dormi até a noite toda, e só acordei no domingo de manhã. Parecia que toda vez que eu acordava era como se eu estivesse caindo num poço de pesadelos, porque tudo que aconteceu nos últimos dias vinha à tona na minha cabeça, passando rápido como um filme. Não queria me levantar, não tenho vontade de fazer absolutamente nada, mas mesmo assim fui até a cozinha pra comer meu café da manhã. Eu estava pegando uma xícara do armário quando meu tio apareceu.

— Bom dia, se sente melhor? – Ele disse num tom calmo, como se quisesse me tranquilizar.

— Não sei como me sinto – Fui sincera – Toda vez que acordo uma tristeza enorme me consome... É desgastante. Chega a ser melancólico.

— Eu sei querida, mas por enquanto esse sentimento ainda vai te incomodar, apesar do cansaço tudo que aconteceu é muito recente, respeite seu próprio tempo de luto.

Por incrível que pareça eu não me incomodei em ser chamada de querida, era bom não me sentir completamente fora do conforto da minha própria casa, e tio Chris estava respeitando meu tempo de adequação.

— Obrigada tio, o senhor está me ajudando muito. – Tentei dizer sem parecer tão distante.

— Você. Me chame de você, por favor, senhor é muito formal para se dizer em família.

Dei um breve sorriso, e me sentei pra tomar café com ele. Enquanto comia, eu estava cogitando a ideia de não ficar o dia todo em casa, acho que ficar trancada no quarto não iria me fazer bem... Mas, o que fazer numa cidade que não conheço? Pensei naqueles amigos do meu tio, mas ainda sim era estranho que ele só tivesse amigos adolescentes.

— Tio? – Disse terminando o café.

— Sim, querida.

— Acho que não é bom pra nenhum e nós dois ficar isolados nessa casa, hum , O que você acha de chamar aqueles seus amigos pra, sei lá, passarem aqui depois do almoço? Não sei se o senhor – Me interrompi – Quer dizer, não sei se você concorda, mas acho que um pouco de companhia seria bom.

— Hum, gostei da sua ideia – Ele respondeu ainda pensando sobre minha proposta – Vou falar com eles, pode deixar.

— Obrigada. – disse pra ele já me levantando da mesa.

Depois do café eu me deitei mais um pouco na cama pra curtir a preguiça mais um pouco, e de repente Isaac me veio à cabeça. Ele me deixa tão curiosa, fico pensando o que se passa na cabeça dele quando ele fica me encarando. Ainda pergunto isso pra ele.

Enrolei mais algum tempo pra me levantar da cama de vez e fui tomar banho. Coloquei uma roupa mais confortável, e passei perfume, não sei porque já que nem era eu que iria sair de casa. Assim eu fiquei pronta fui até a sala e me sentei com meu tio no sofá, esperando o grupo chegar.

P.O.V ISAAC

Me levantei junto com Scott e descemos pra tomar café, e logo depois nós dois fomos pro sofá da sala pra assistir tv. Scott me olhava rindo.

 - O que foi dessa vez Scott? – Eu disse sem paciência.

— Nada, só achei que você devia estar pensando na sua namorada. – Scott respondeu entre risadas.

— Que namorada?

— A Sky ué, sua mais nova paixonite.

— Nossa, parece que você tem 12 anos cara. Eu nem entendi sua insinuação, nunca disse que gosto assim dela.

— Não disse com a boca né Isaac, porque fica nítido na sua cara que você tá afim dela, não adianta negar pra mim. Basta ela chegar perto e pronto, lá está você com aquela cara de bobinho.

— Você é muito chato, sério. Tenho certeza que você deve estar exagerando – Eu disse revirando os olhos, sendo interrompido pelo toque do celular do Scott.

Enquanto Scott falava ao telefone, ele fazia uma imitação do que seria eu apaixonado.

— Hoje é seu dia de sorte, Romeu. – Scott disse assim que desligou a ligação.

— Por que idiota? – Eu respondi fazendo cara feia.

— Porque era o Chris, dizendo que gostaria muito que nós fossemos lá hoje pra fazer companhia. A Sky que deu a ideia- Ele deu uma piscada pra mim.

— Vai logo Scott – Eu disse jogando uma almofada nele.

Quando estávamos quase prontos, Melissa, mãe de Scott entrou no quarto perguntando onde iríamos tão cedo.

— Vamos até a casa do Chris mãe, ele pediu pra nós irmos pra sabe, fazer companhia, porque depois do acidente o clima anda muito triste. – Scott respondeu.

— Deve estar barra pesada mesmo... Diga a ele que eu sinto muito, e cuidado no caminho viu meninos.

Depois disso nós avisamos Stiles pra ir e levar as meninas com ele.

P.O.V SKY

Por algum motivo, eu estava meio ansiosa, inquieta. Eu não sabia quem eu queria tanto que chegasse logo. Eu estava sentada quando a campainha tocou, e num pulo eu corri pra atender. Abri a porta e era Stiles e as outras meninas, fiz uma leve expressão de frustação, mas logo deixei-os entrar.

— Nossa eu tô morrendo de fome, qual que é o rango? – Stiles disse e de imediato levou um olhar tão fuzilante de Chris que senti o ar em volta de Stiles até esfriar.

— Oi pra você também Stiles, como vai? – Meu tio respondeu ironizando.

Eu e as meninas rimos e depois nos acomodamos na sala. Em pouco tempo, a campainha tornou a tocar, e eu prontamente estava de pé passando na frente de meu tio que estava indo atender a porta, mas desistiu depois da minha ultrapassada. Abri, e lá estavam Scott e Isaac. No mesmo instante eu e Isaac nos olhamos, quase que em estado e choque, ambos paralisados, quando Scott quebrou o gelo.

— Errrrr, oi Sky, podemos entrar?

— Ah, é claro, hum , que cabeça a minha, me desculpa, entrem. – Falei rindo de vergonha.

— Oi Sky – Isaac disse dando um sorriso.

— Oi Isaac – Disse corando as bochechas.

Todos nós sentamos na sala. Isaac sentou numa das extremidades do sofá, e eu estava trancando a porta e indo em direção ao sofá quando Stiles passou com as mãos e boca cheios de comida e sentou-se ao lado de Isaac. Todos na sala olharam o garoto faminto com  reprovação quase que apontando pra mim.

— Que foi galera? – Ele disse de boca cheia. Quando olhou pra mim ele percebeu o que estavam querendo dizer e se sentou no chão ao lado de Malia.

Eu me sentei ao lado de Isaac, e percebi que não fui só eu que estremeceu com a situação.

— Então, qual filme vocês vão querer assistir?- Meu tio perguntou com alguns DVD’s nas mãos. – Eu particularmente adoro os clássicos do terror.

Todos concordamos com o gênero, e Chris colocou o filme Pânico. Depois de fechar as janelas e cortinas para fazer o clima do filme, ele se sentou no sofá.

Inconscientemente eu deitei a cabeça nos ombros de Isaac. De alguma forma ele fazia eu me sentir confortável, mesmo que isso viesse acompanhado de um nervosismo inexplicável, um frio na barriga.

P.O.V ISAAC

No elevador, subindo para o apartamento, Scott continuava rindo de mim, e eu só o olhava com uma cara fechada. Quando toquei a campainha parecia que eu estava na beira de um penhasco, com as pernas trêmulas. Quando a porta se abriu, Sky estava ali, sorrindo. Eu a olhava estagnado, e começava a pensar que Scott estava mesmo certo, mas odiava a ideia de dar a razão para Scott. Nós entramos e sentamos, mas Stiles tinha que vir e sentar do meu lado. Ainda bem que ele percebeu que aquele lugar estava guardado.

Durante o filme, Sky deitou no meu ombro, e eu me senti incrivelmente tão confortável, tão à vontade com aquela garota. Scott me olhava com aquela cara, mas eu estava começando a não ligar tanto, dei uma risada de volta e ele se virou pro filme novamente.

Sky deu alguns espasmos, achei que era de tantos sustos, mas quando a olhei ela estava adormecida. Ela dormiu nos meu braços e aquilo não me incomodava.. O que diabos tá acontecendo aqui?

Ela continuou dormindo até o fim do filme, e Chris me pediu para levá-la até seu quarto. Tentei pegá-la do jeito mais delicado possível, mas mesmo assim ela despertou, então a ajudei a caminhar até o quarto. Coloquei ela na cama e a cobri com um cobertor. Quando eu estava saindo do quarto, ela me chamou bem baixinho, como um sussurro.

— Isaac?

— Sim?- Disse me voltando para a cama.

— Vem cá. – Ela respondeu sonolenta.

Eu me sentei na beira da cama.

— O que foi?- Perguntei.

— Obrigada. – Ela disse pegando minha mão – Obrigada pelos últimos dias. Você nem me conhece e mesmo assim se preocupa em me dar o apoio que eu preciso.

— Uau... De nada Sky, não precisa agradecer. Saiba que eu estou sempre disposto pra o que você precisar, até se precisar de alguém pra conversar. – Eu respondi meio surpreso.

Então ela adormeceu segurando minha mão. Ainda sem me soltar, fiquei pensando... Eu estava tão confuso, perdido até. Por que? Por que essa garota, que chegou na cidade há 3 dias, tem me deixado tão... Tão sem controle de mim mesmo? Meu deus do céu... Onde eu tô me metendo?

Saí do quarto e fiquei encostado na porta, do lado de fora, com as mãos no rosto, como se eu quisesse acordar. Minha cabeça era um turbilhão de pensamentos. Não era possível que só ela, somente aquela garota tenha feito isso. Que Isaac é esse que nem eu conheço? Caminhei de volta para onde todos estavam, e todos ainda queriam ver as sequências de Pânico.

— Ela dormiu? – Perguntou Chris.

— Sim, caiu sono rapidamente. – Respondi tentando afastar todos aqueles pensamentos.     

— Isaac.- Scott me chamou. – Vem comigo aqui um momento. – E me puxou para um canto mais isolado da sala.

— Você não tá legal, né?

— O que? Por que? – Respondi.

— Eu ouço seus batimentos cardíacos, esqueceu que também sou um lobisomen?

— Ok, ela me deixou assim. Eu juro que não o que acontece Scott, mas tenho certeza de que preciso conhecer mais e mais essa menina. – Retruquei.

— Cara, a situação é pior do que eu imaginava. – Scott riu – A gente precisa fazer os dois ficarem à sós mais vezes.

— É, a gente pode planejar algumas coisas. Às vezes até parece que nossa adolescência é normal assim... – Eu disse rindo.

— Cara, nem assim parece. – Scott riu junto comigo.

É, parece que tudo vai mudar por aqui.