Elsa se sentia inadequada e muito pouco a vontade. Embora o rapaz a tratasse com cordialidade, Elsa tinha a sensação de que algo parecia fora de lugar. Não era o mesmo clima descontraído e relaxado que ela recordava de ter dividido com ele antes.  A rainha notara que Kristoff parecia estar se esforçando para parecer amigável e isso a estava deixando ainda mais tensa. Talvez os acontecimentos recentes entre ele e Anna tinham o deixado mais chateado do que Elsa imaginara.

Mais de uma semana tinha se passado desde o desentendimento entre os dois, e Elsa não via nem sinal de uma reaproximação. Alias, nos últimos dias, Elsa não recebia da princesa muito mais do que cumprimentos e fugas inesperadas sob desculpas completamente esfarrapadas. Anna a estava evitando, e Elsa não conseguia compreender o porquê.

— Eu ainda não entendi direito, Elsa. Você quer que eu vá visitar a Anna?

Com um balançar de cabeça Elsa confirmou.

— Sei que vocês tiveram um desentendimento, Kristoff, mas alguns dias passaram desde o ocorrido e- Elsa o encarou e percebeu que ele a fitava de sobrancelhas franzidas — E Anna permanece em casa, e você não foi mais vê-la. Eu suponho que vocês permanecem na mesma, não se resolveram.

Kristoff cruzou os braços e soltou um longo e sonoro suspiro.

— Você supõe? Anna não te contou o que houve?

“Provavelmente porque ela te deixou sozinho sem qualquer aviso para me levar uma linda flor.” Pensou Elsa sentindo-se ansiosa.

— Ela voltou até o castelo e não o avisou, o deixando preocupado. Anna agiu por impulso, Kristoff.

— Ela te disse isso?

— Não foi o que ocorreu?

— Sim, isso mesmo. Eu me preocupei, mas isso foi apenas uma parte.

Elsa franziu as sobrancelhas e sentiu um misto de curiosidade e preocupação. Ela fitou Kristoff cheia de expectativa, esperando que ele prosseguisse com o relato. Entretanto tudo que ele fez foi olhar para outro ponto qualquer e refletir.

— O que aconteceu entre vocês naquele dia, Kristoff? Anna chegou em casa chorando.

— Aconteceu o que ela te disse. Depois que ela retornou do castelo nós tivemos uma conversa que mostrou o quanto estamos fora de sintonia.

— O que? — indagou a rainha sem entender

— Olha, Elsa, se Anna não te contou o que ocorreu com detalhes não sou eu que farei isso. Ela deve ter suas razoes.

Elsa abriu a boca para insistir, curiosidade e preocupação haviam crescido em seu interior e agora ela se perguntava o que Anna estava omitindo do acontecido entre Kristoff e ela.

— Kristoff, Anna é o que há de mais importante em minha vida. Eu não quero dar uma de intrometida no relacionamento de vocês, mas se alguma séria ocorreu naquele dia, eu preciso saber.

O rapaz fitou a rainha nos olhos por alguns momentos e então pousou a mão direita na nuca e massageou o local. Kristoff seguiu até um banquinho de madeira e, antes de se sentar, fez sinal para que Elsa o acompanhasse. Quando ambos estavam sentados, Kristoff soltou um suspiro cansado e começou a falar.

— Anna também é uma parte importante em minha vida, Elsa. Talvez eu... — os olhos castanhos de Kristoff vagaram pelo chão, como se ele procurasse palavras para dizer o que queria — Talvez eu tenha sido severo demais com Anna naquela tarde-

— O que? De que forma? — interrompeu a rainha contrariada pelo que escutara

— Foi mais o que eu disse, Elsa-

— O que você disse? Anna chegou em casa-

— Será que você pode me deixar falar? — interrompeu Kristoff

— Muito bem. — concordou a rainha

— No calor do momento eu joguei algumas verdades na cara da Anna. Coisas que nem foi preciso ela me dizer, bastou observá-la para notar. Afinal, ser misteriosa não uma das características da Anna.

Kristoff observou a face de Elsa cheia de expectativa.

— Eu não posso falar por ela, Elsa. Somente a Anna pode falar pelo que sente. Mas, entre tudo que conversamos naquele dia, eu disse a ela que sua amizade não é suficiente.

— Espere, vocês se separaram? — indagou Elsa confusa

O jovem homem confirmou com um balançar de cabeça.

— Você largou minha irmã? — perguntou a rainha ainda sem entender

— E você acha que isso me faz feliz? Eu fiz um favor a Anna! Tomei a atitude que ela não teria coragem de tomar, ou antecipei o que ela ainda não havia percebido, eu realmente não sei o que se passa na cabeça daquela ruiva, rainha Elsa.

— Eu não compreendo. Você não pode ter ficado tão irritado por Anna ter se ausentado do encontro por um momento.

— Anna ter retornado ao castelo sem me avisar não é o motivo especifico, Elsa. A situação vai muito além disso, mas eu já te disse tudo que poderia. Cabe a Anna dizer o que julgar necessário sobre tudo isso.

Elsa se sentia desnorteada com uma novidade tão inesperada, uma desagradável dor se instalava em sua cabeça e ela sentia necessidade de correr até Anna e perguntá-la todos os detalhes do ocorrido. Entretanto, a rainha bem sabia que se fizesse isso Anna provavelmente desviaria da pergunta, mentiria ou então fugiria.

— Anna tem me evitado durante essa semana, quase não temos conversado. — comentou Elsa com um sorriso entristecido — Eu não sei exatamente o porquê, mas em razão disso não tive oportunidade de falar detalhadamente com ela a respeito da visita da embaixadora de Arlesian. Eu estarei muito ocupada com a chegada dessa embaixadora, Kristoff, por isso que também estou aqui hoje.

— Por isso você quer que eu vá visitar a Anna?

— Sei que, embora estejam passando por problemas, você se importa com ela, Kristoff. Vocês tem uma amizade bonita e importante para Anna. Então peço a você como amiga, que quando sentir que pode. Quando você puder, tire Anna do castelo, saiam para passear. Eu não sei. Coisas que ela gosta de fazer. Eu não quero que ela se sinta sozinha ou deslocada no meio de tanta politicagem.

— Eu fico feliz que seja você, em vez de qualquer outro desconhecido. — murmurou Kristoff

— Me desculpe, o que você disse?

— Nada. — desconversou ele — Não se preocupe, Elsa, não deixarei nossa ruiva sozinha.

— Obrigada, Kristoff. — sorriu a rainha sinceramente

Depois de Elsa ter partido, Kristoff olhou para Sven que encarava entusiasmado.

— Não, Sven, nós não seremos o cupido para essas duas cegas, ainda estou curando meu coração partido. Além disso, eu não sei o que Anna pensa em fazer com o que sente. Vamos esperar para ver o que acontece.