The Midsummer of the Dead escrita por Oul KZ


Capítulo 2
Capítulo 01.01




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Sakura

 

Acordou com a cabeça batendo contra o vidro. Tentou mais uma vez retornar ao sono, mas não conseguiu mesmo que cada ponto do seu corpo desejasse por um pouco de descanso. A última aula de microbiologia tinha se pendurado por mais 20 minutos, para completar tinha perdido o horário do metrô, o único transporte que a levava e trazia para a Universidade mais próxima de Fukuya. Esfregou o rosto com as mãos, amassando a cara e borrando o resto da maquiagem.

— O vagão não tá estranho, mamãe?

Uma voz infantil a conectou a realidade. O vagão chacoalhava estranhamente tornando-se impossível não se mover. Observou as várias pessoas sentadas, todas de máscaras, procurando algo na escuridão do túnel. Por mais que o metrô de Fukuya, uma média cidade litorânea, não pudesse nunca se comparar com os trens de Tóquio, o movimento excessivo não era típico. Ainda mais nessa última semana quando uma estranha gripe assolou a cidade. Tentaram até proibir o acesso ao metrô, alegando que era um ninho para o vírus, mas depois de um dia parado, tudo retornou o normal, afirmando que uso de máscara era o suficiente para impedir a infecção. Sakura desconfiava, mas não tinha alternativas e ainda era muito cedo para tirar conclusões.

Olhou o relógio de pulso distraidamente como se ver as horas sempre resolvesse o problema. Claro que não resolvia, mas Haruno sentiu-se menos preocupada quando percebeu que ainda eram 6h35min da tarde.

— Logo em um túnel?

Sakura olhou para a adolescente que resmungava em pé, bem diante de si, mas sua atenção não permaneceu nela por muito tempo. O homem ao seu lado a encarava e fosse pelas roupas puídas, ou a gaze no olho esquerdo que há anos estava sempre lá, Sakura logo o reconheceu. Não se sentiu intimidada, apenas permaneceu fitando-o como se esperasse que ele dissesse alguma coisa, afinal, Hatake Kakashi sempre tinha um cumprimento para oferecer aos seus alunos.

— Kakashi-sensei… - como ele não dizia nada, Sakura foi a primeira a abrir a boca. Ele em resposta apenas sorriu. - O que aconteceu com seu carro?

— Ah, o deixei em casa hoje.

— Acho que foi sorte considerando todas as ruas bloqueadas.

— Não sei se isso é sorte… - Kakashi respondeu enquanto olhava o celular que acabava de tirar do paletó. Sakura não soube dizer por que, mas sentiu-se extremamente incomodada com sua resposta. Ele tirou os olhos do celular e sorriu enquanto a olhava - Principalmente se a gente considerar todo esse movimento.

Kakashi era sempre assim. O gentil e estranho sorriso nunca saia do seu rosto, independente da situação. Ele sequer reagiu quando um dos alunos deu um chilique em uma de suas aulas de Genética Avançada.

Sakura notou que ele ainda estava de pé mesmo que houvesse alguns lugares sobrando, pensou em lhe pedir que se sentasse, apenas por mera educação, mas seus raciocinio foi cortado quando o vagão parou completamente. Sakura sentiu o coração tremer na mesma constância que as luzes do vagão. Era óbvio que durante os seus 19 anos de existência, estar presa em um vagão de metrô não era exatamente uma novidade. A última vez tinha sido há alguns anos quando as neve congelou os trilhos. Entretanto, por alguma razão que ela não sabia explicar, aquela situação em especial estava a deixando realmente preocupada. Tomou um leve susto quando uma voz soou por todo o trem:

— Senhores passageiros. Tivemos problemas com a central de informação. Em breve daremos mais informações.

Apertou sua bolsa e olhou novamente o relógio, 7 minutos tinham se passado. Encarou novamente Kakashi e ele tinha a face virada para a porta de saída. O sorriso gentil não estava mais lá.

— Você… o que acha que aconteceu?

A criança começou a chorar no colo de sua mãe.

— Não sei… - Kakashi parecia relutante. Começou a se mover até a outra ponta do vagão e Sakura sem pensar o seguiu. Esbarrou nas pessoas que se aglomeraram para tirar conclusões em conjunto. Pode perceber que não mais de 30 pessoas estavam ali. Viu três adolescentes, um casal de idosos e um monte de trabalhadores, repentinamente todos pareciam iguais em preocupação.

— Essa sensação estranha - ouviu alguém falar e soube que não era somente ela. Sakura sabia que algo estranho estava acontecendo, mesmo que esse medo não tivesse fundamento algum.

— Kakashi-sensei… - o chamou, mas ele apenas avançou tentando puxa a maçaneta trancada.

— Estamos exatamente no vagão do meio certo?

Sakura concordou com a cabeça. Notou Kakashi olhando o celular e soube que ele procurava por sinal.

— Você acha que algo ta acontecendo?

— Não sei dizer exatamente, vamos esperar notícias da central.

Mas nenhuma notícia chegou durante os próximos 20 minutos. Nos primeiros minutos uma adolescente entrou em crise, dizendo que não conseguia respirar direito. Sakura imediatamente se levantou mas assim que deu o primeiro passo, a garota ficou de pé próxima a estreita janela superior.

— Você não pretendia ajudá-la ?- Kakashi perguntou sentado ao seu lado.

— Não há nada que eu possa fazer.

— Se ela souber que há uma estudante de medicina por aqui, talvez ela se sentisse mais confortável.

Sakura concordava com o professor, mas ainda se sentia relutante. Sabia que Kakashi era apenas um pesquisador e que sua área de origem era biologia, ele não sabia absolutamente nada de primeiros socorros - foi o que disse em uma de suas aulas quando um companheiro de curso parecia escandalizado em receber aulas de alguém que não fosse formado em medicina.

Os médicos, independente de serem simples alunos, mantinham uma arrogância disfarçada de perfeccionismo e competência. Sakura odiava ter que se comportar de maneira semelhante. As vezes sentia que não era suficiente para o curso. Talvez não se sentisse suficiente para nada.

Pensou em Ino reclamando de sua insegurança e perguntou-se onde ela estaria agora.

— Ela parece melhor. - Kakashi comentou obrigando-a encará-lo. O sorriso gentil tinha retornado e aquilo pareceu acalmá-la. Olhou para as mãos e sentiu-se constrangida em perceber que suas unhas da mão direita estavam completamente ruídas.

Demorou 15 minutos para as pessoas perceberem que as notícias não chegariam. O primeiro a se manifestar foi um homem de rosto cansado:

— Não teremos notícias, as portas estão bloqueadas, isso está muito estranho.

Ele só dissera o óbvio, mas sua constatação parecia chacoalhar os ombros das pessoas. Todos o encararam como se esperasse uma proposta.

— Eu não vou ficar aqui. - Anunciou um jovem rapaz diante do silêncio do vagão. Então veio o grito. Feminino e alto, provavelmente do vagão da frente. Todos permaneceram gelados por exatos cinco segundos, quando vieram outros gritos e movimentações de correria. Escutou-se o som de vidro quebrando e todos souberam que estavam fugindo.

— Abre essa merda! - Uma adolescente gritou e então todos se mobilizaram. Três rapazes pegaram os extensores debaixo dos bancos e começaram a quebrar o vidro das janelas. Três, cinco, na oitava batida o vidro se espatifou. Sakura deu um passo para trás, os grandes olhos verdes vibrados. Todos começaram a correr para sair dali, esbarrando, desesperados, enquanto os sons dos outros vagões ficavam cada vez mais alto.

— Sakura!

Kakashi a chamou, mas o que a chamou para a realidade foi o som de um tiro. Ela moveu-se intuitivamente, mas Kakashi a segurou. Menos de 15 segundos e todos tinham escapado dali. Eles permaneceram lá de pé, e olhando a janela, viram pessoas correndo desesperadamente pelos trilhos em direção ao sul, algumas delas estavam sujas de sangue. Sakura notou, ainda chocada, uma mulher correndo, chorando e banhada no próprio sangue. Notou o ferimento em seu braço esquerdo que jorrava sangue por suas vestimentas. Seu batimento acelerou, e o frio se intensificou, o que estava acontecendo? Algum maníaco? Algum tiroteio? Em um impulso, subiu no banco para sair dali, mais foi impedida por Kakashi.

— Não é seguro. Não sabemos o que está acontecendo.

Kakashi estava sugerindo que ficasse ali até tudo se acalmar? E se alguém os achasse? E se fosse um maluco.

— Venha.

Ela foi levada sem relutância até um canto do vagão, sentaram-se na escuridão, parcialmente escondidos pela a ausência de luz e os bancos. Sakura permaneceu encolhida com os olhos bem abertos.

— Vamos ficar em silêncio absoluto, não podemos dar sinal de vida. - Kakashi falou, seus braços entorno de seus ombros. Sakura concordou com a cabeça.

Não conseguiu mais se perguntar o que estava acontecendo, sua atenção estava depositada nos gritos e na correria lá fora. Especialmente no som de uma mulher provavelmente deitada nos trilhos lá fora. Ela se encontrava bem ao lado deles, como se a única coisa que os separassem fosse o metal do vagão. Sakura não sabia explicar, enquanto a mulher se debatia, sua carne era rasgada. Em paralelo, ruídos estranhos e lentos ficavam no fundo dos seus gritos, até que sua voz ficou cada vez mais baixa, enquanto suas vísceras alimentavam algum animal.

 

 


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Notas finais do capítulo

Olá meu povo, eu não pretendia voltar, mas voltei haha. Pretendo atualizar semanalmente, ou antes, mas com certeza não será um intervalo tão grande quanto foi docapítulo piloto para esse, principalmente considerando que os capítulo poderão ser curtos dependendo da situação do Narrador. No próximo termos Naruto ou Tenten. Espero que continuem acompanhando, e se quiser ser uma alma muito gente boa, não esqueça o comentário, sim?



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