Infiél escrita por Carol Bandeira


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então, a brincadeira fica assim:
A história já está concluída
Um capítulo por semana
É GSR, um pouco diferente

Espero que gostem



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História da minha vida

Procurando o que é certo

Mas isso continua me evitando

Tristeza em minha alma

Porque parece que o errado

Realmente ama minha companhia

Não sei como começou. Desde que comecei a namorar jurei a mim mesma que nunca faria isso. Que teria a coragem de dizer “o amor acabou” ou até que estava apaixonada por outro. Apesar de saber que isso machucaria o meu parceiro, racionalizei que era melhor sofrer com a separação do que ter o estigma de corno sobre sua cabeça. E consegui viver sob o meu lema por muito tempo.

Namorei, separei, fiquei solteira, tive meus encontros casuais. Namorei novamente, terminei, reatei. Casei. Aos 26 anos. Meu marido, Derek Mills, é um bom homem. Inteligente, gentil, bem-sucedido... lembro muito bem do que me atraiu para ele quando nos conhecemos na faculdade. Ele não era o mais bonito nem o mais forte. Não, a característica a qual mais gosto nele é a autoconfiança. Ele é muito seguro em tudo o que faz, e esse era o charme dele. Para mim saber que eu poderia relaxar e confiar nesse homem para o resto da minha vida fez com eu me apaixonasse. E eu o amava, nunca duvidei disso.

A questão em si apareceu alguns anos depois de nosso casamento. 4 para ser mais exata. Meu marido bem sucedido recebeu uma promoção que nos colocaria em outro patamar de vida. Nós teríamos que nos mudar, mas esse fato não atrapalhou em nada. Não tínhamos filhos, nem parentes na área. Meu trabalho...bem, digamos que eu também era bem-sucedida na minha área. Não como o meu recém-promovido marido, é claro- diga-se que eu tenha um pequeno problema com autoridades- mas meu currículo era bem forte e eu tinha certeza de que conseguiria a transferência fácil.

E foi o que aconteceu. Nossos caminhos nos levaram a Las Vegas, a cidade do pecado. Só com esse nome eu já deveria saber que nada do que acontecesse ali iria prestar. Se meu marido soubesse que conheceria ali o seu pior inimigo ele nunca teria aceitado o emprego como advogado de um dos cassinos do estimado Samuel Brown.

Naquele primeiro dia eu segui feliz da vida para o laboratório forense de Las Vegas. Era uma honra enorme ser aceita ali. Eles eram somente o segundo melhor laboratório forense dos EUA. Além do mais, fui alocada para o turno da noite e apesar de isso significar ver menos do meu marido, ainda estava feliz pois sabia que trabalharia ao lado de ninguém menos que Gilbert Grissom, um estimado CSI que já publicara milhares de artigos, alguns livros, participava de circuitos de palestras e seminários nas faculdades mais prestigiadas do país.

Uma vez assistira a uma palestra que ele ministrara em São Francisco. “Homicídio duplo em uma garagem”. Lembro-me de ter ficado devidamente impressionada com o jeito dele de ensinar. Calmo e confiante, ele envolveu a turma quase que inteira com sua análise. E eu já mencionei como adoro homens inteligentes? Bem, inteligente, confiante e lindo. Metade das mulheres da sala babavam em cima dele. Não faltaria companhia feminina para ele aquela semana, caso ele quisesse. No fim da palestra resolvi fazer algumas perguntas e acabamos por conversar a tarde toda. Mas fora um e-mail trocado, não tivemos mais contato após isso

Por isso não pensei que ele fosse me reconhecer quando James Brass, o meu novo chefe, me apresentou para o grupo.

—Essa aqui é Sara Sidle, CSI nível três transferida de São Francisco- ele falou para o grupo que se encontrava reunido em seu escritório. Nick Stokes, o texano bonitão, Warrick Brown, nativo de Vegas e tão bonito quanto o texano, Catherine Willows, a loira curvilínea e Gil Grissom. Brass os apresentou e eu apertei a mão de cada um.

—Acredito que já nos conhecemos- Grissom disse enquanto eu oferecia minha mão a ele- Em uma de minhas palestras se não me engano?- ele terminou com um sorriso lindo, e eu não pude evitar e sorri de volta. Nada demais, eu me disse.

—Sim, em São Francisco. Era requerimento para subir de nível. Foi de longe a palestra mais interessante daquele seminário.

Grissom sorriu

—Fico satisfeito que ela tenha valido a pena.

—Ok, ok- cortou Brass- Vocês podem continuar com isso a caminho do trabalho. Gil, você leva a novata contigo hoje. Quero saber se ela é tão boa quanto o chefe dela diz.

Naquela noite descobri que Brass delegava mais do que trabalhava nas cenas. Gil era o segundo em comando, e o cara para ir se você tinha alguma dúvida sobre um procedimento ou uma evidência que não encaixava. Brass tratava mais dos aspectos burocráticos, lidava com os superiores e repórteres.

Minha vida como perita de Las Vegas andou muito bem a partir daí. Todos os meus colegas me tratavam com respeitos e pareciam impressionados com meu trabalho. Principalmente Grissom. Como Brass delegou a ele a missão de “cuidar” da novata nas primeiras semanas, Gil assumiu uma posição de mentor para mim. Dentre todos os peritos, ele foi o que eu me dei melhor. Nós tínhamos uma visão de mundo e gostos parecidos, e não demorou muito para que nos tornássemos bons amigos.

Enquanto isso, minha vida em casa tomava um rumo diferente. Meu marido Derik Mills, assumia cada vez mais trabalho, querendo subir de cargo rapidamente, e isso só fazia nosso tempo juntos diminuir. Chegou ao ponto de que em uma semana eu vi mais meus colegas de trabalho do que meu próprio marido.

Nos primeiros meses eu ia direto para casa depois do trabalho, para tomar café da manhã com ele e assim que ele iria trabalhar eu dormia. À noite, quando ele chegava conversávamos sobre o trabalho, as coisas que faltavam para fazer na casa. Se o clima estivesse bom, fazíamos amor e eu ia para o trabalho. Mas quando ele começou a não ter tempo para tomar um café ou a chegar para lá de 22:00 em casa, aí que as coisas começaram a piorar.

Então eu comecei a aceitar os convites de meus colegas para um café da manhã depois do expediente. Logo já estava saindo com eles em outras ocasiões. Era um relacionamento que eu não possuía com os peritos de São Francisco, e me fazia bem. Eu conseguia minha “parcela” de contato humano e não mais me sentia tão deslocada na cidade. De início me fez até esquecer que eu tinha um marido omisso. Mas é claro que isso não duraria muito. E uma noite dessas eu resolvi tomar as rédeas da situação.

Preparei um jantar romântico, comprei um conjunto novo de lingerie, enchi a casa de velas. O vestido que usei era um que sempre chamou a atenção de Derek. Tudo para reacender as chamas de nossa paixão. Até mesmo liguei para a secretária dele para ter certeza de que ele chegaria a tempo. Era meu dia de folga e eu precisava muito extravasar toda a energia acumulada. Mas não era para ser. Derek chegou em casa muito satisfeito com a surpresa que preparei. Deu-me toda atenção enquanto jantávamos, os olhares trocados falavam de paixão. A sobremesa, resolvi servi-la na cama...chantilly com morangos. Mas foi o tempo que levei para busca-la na cozinha- e mais a garrafa de vinho que consumimos- o levou a cair em um sono profundo. Até ressonar ele ressonou.

Frustrada e com os olhos cheios de lágrimas, joguei tudo no lixo e me arrumei para ir ao trabalho. Não tinha o mínimo de sono e se ficasse em casa pensei que iria estrangular meu marido.

Ao chegar no laboratório encontrei meus colegas já a caminho de suas cenas de crime. Brass apareceu atrás deles, e estavam todos muito surpreso ao me ver.

— Garota, o que faz aqui? - Catherine foi a primeira a esboçar uma reação- Achei que tinha um marido para seduzir hoje!

— Eu também, Cath.…, mas não é o caso.

Antes que mais alguém pudesse comentar algo a mais Brass interrompeu.

— Bem, já que está aqui, por que não ajuda nosso entomologista residente na cena de crime dele? Você é a única que consegue aguentar os amiguinhos dele!

Então me virei para Grissom, que sorriu e me disse:

— Você me daria a honra?

— Mas é claro- não sabia o porque, mas conseguiu sorrir pela primeira vez após o desastre daquela noite- só me dite o caminho.

E caminhamos em direção a saída do laboratório sendo observados pelos demais.

Durante toda a noite tentei me esforçar ao máximo para dar toda minha atenção ao caso e não transparecer meus problemas em casa, mas era óbvio que Gil sabia que havia algo de errado. Nossa dinâmica estava toda errada, e eu não podia me importar menos com isso. Por várias vezes percebi que ele gostaria de dizer algo, mas se conteve. Homem esperto.

Foi quando estávamos já no laboratório examinando as evidências que meu celular começou a tocar. Derik devia ter acordado e percebido que não estava mais em casa. Não estava com a mínima vontade de falar com ele. Tendo passado a noite toda com pensamentos raivosos sabia que se falasse seria para brigar com ele, e isso era a última coisa que precisávamos. Como ele insistia coloquei o aparelho para vibrar, mas até esse som parecia reverberar no laboratório vazio.

—Não vai atender?- Grissom me perguntou. Ele devia estar irritado com o barulho constante. Era de tirar a concentração- Eu preciso levar essas fibras até Vestígios, por que você não atende aqui? Seja que for parece querer falar muito com você.

Dei um sorriso amarelo para ele e atendi a ligação assim que ele saiu. Respirei fundo antes de falar, mas mesmo com uma preparação minha voz ainda saiu pesada

— Sara, até que enfim que você atendeu! Onde você está, meu amor?

— No trabalho

—Mas é sua folga!

— Não tinha nada em casa para mim...resolvi que meu tempo seria melhor aproveitado aqui

— Olha, me desculpa, tá? Eu sei que você preparou um jantar todo especial para nós e eu...não te dei a devida atenção, mas amor, eu estava muito cansado...

—Esse é o problema, Derik. Você está sempre cansado para mim, mas o minuto que seu chefe chama você sai correndo!

— Você sabe que é importante para mim estar disponível, se eu quiser subir na carreira. Achei que tínhamos conversado sobre isso. E você também, quando o trabalho chama sai correndo.

—Mas eu pelo menos tento fazer nosso casamento funcionar!

—Tá certo,tá certo! Não vamos brigar por conta disso. Escuta, por que você não volta para casa agora, e a gente passa o resto da noite juntos?

—Não, vai dormir, amanhã a gente se fala

Sim, eu sei que fui dura com ele, mas não consigo evitar não ser quando alguém que amo me magoa. E ele está me magoando há tempos com essa insistência em colocar o trabalho acima de mim.

—Sara... por favor, me desculpe! Olha, prometo redimir meu erro...deixa eu ver, que tal se eu te levar para dançar...uma noite romântica...prometo que só terei olhos para minha mulher linda

Tenho que reprimir um sorriso, não posso deixar que ele me compre.

—Talvez...mas isso não vai mudar em nada o passado...

—Não, mas será um recomeço...que tal?

—Ok.

—Ótimo, vou organizar. Amo você!

—Também te amo- digo, só um pouco relutante, e desconecto a ligação.

Nessa hora Gilbert volta a sala, e não pode deixar de reparar em meu sorriso

—Vejo que foi bom atender a ligação.

— Sim, era meu marido...nós meio que nos desentendemos e...

—Não precisa falar mais nada... fico feliz que vocês estejam bem

Por que então que eu senti que ele não estava tão feliz assim?


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Notas finais do capítulo

Inspirado pela música "Unfaithful", de Rihanna
Letras do início são da música.
E aí, mereço reviews?



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