Para sempre sua, Isabella. escrita por Lady Ink


Capítulo 10
Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas! Como estão?

Muuuuito obrigada por todos os comentários e incentivos. Esse capitulo é bem importante na historia. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676579/chapter/10

 

E se esse não for nosso primeiro encontro? — Soltei a pergunta que havia me atormentado durante toda a noite anterior. Um misto de sentimentos tomou conta de seu rosto na fração de segundo que se seguiu: entendimento, consideração, ponderação, afeto… Como eu esperava, em momento nenhum minha pergunta o surpreendeu.

 

Ele manteve seus olhos nos meus por um longo período parecendo considerar como responder minha pergunta. E naquele momento eu tive certeza. Elijah Mikaelson não havia sido completamente honesto comigo.

 

 

O silêncio se estendeu pelo que pareceu uma eternidade. Elijah não desviou os olhos dos meus em momento algum. Eu estava sentada em uma das banquetas e ele estava de pé, o que me obrigava a olhar para cima para encará-lo. Seu olhar era terno e contido, ele ainda ponderava como responderia minha pergunta, mas não parecia estar tentado surgir com uma mentira. Ele parecia não ter resposta.

O moreno finalmente quebrou o contato deixando um suspiro atravessar seus lábios enquanto se afastava para o lado oposto da bancada.

— Eu gostaria de poder responder sua pergunta com uma resposta clara e coerente... Mas a verdade é que eu não sei Isabella. — A forma como pronunciou meu nome fez meu corpo ficar tenso de repente e ele parou um instante olhando para mim — Sua existência inteira é um mistério e não gostaria de acrescentar mais uma coisa indefinida a sua gigante lista de questionamentos. Mas eu realmente não sei se esse foi nosso primeiro encontro... — A honestidade com que as palavras saíram de sua boca não deixou espaço algum para questionamentos — Tem uma coisa que eu não te contei... Mas acredito que essa conversa vai ser demasiado longa e o macarrão passará do ponto.

Assisti ele retirar a massa da geladeira e misturar os outros ingredientes que estavam sobre o balcão.

— Não tem problema... — Disse me levantando e atravessando a distância entre nós — Tenho a tarde toda livre. Agora, me de alguma coisa para fazer, essa conversa me deixou inquieta. — Disse com um meio sorriso, recebendo outro do mesmo teor.

— Tem alguns pratos e talheres no balcão, pode arrumá-los na mesa — Ele disse apontando para a mesa redonda no canto da cozinha.

Terminamos os preparativos em silêncio, cada um perdido em seus questionamentos particulares. Em alguns minutos a mesa estava posta e a comida pronta. Elijah pediu licença para se retirar e chamar Rebekah, o que não pude evitar achar adorável.

Almoçamos com uma conversa leve e tive que admitir que a loira estava mesmo certa: Elijah era um ótimo cozinheiro.

— Me acompanha em uma caminhada? — Elijah Perguntou enquanto segurava a porta da frente aberta para mim, após terminarmos o almoço. Apenas acenei que sim e o segui.

Caminhamos em silêncio por alguns minutos até encontrar o bosque aos fundos da propriedade.

— Se vamos ser honestos, preciso que me prometa algumas coisas — O moreno começou me conduzindo por uma trilha bosque a dentro — Primeiro: tudo o que eu te contar ficará entre nós; Segundo: espero a cortesia da honestidade de você também; Terceiro: não pode se assustar.

A ênfase na última palavra fez com que eu franzisse o cenho e soltasse uma risada baixa.

— Muito bem. Esse será nosso segredo, não esconderei nada de você e… Já que estou sendo honesta: acabei de descobrir que sou uma vampira centenária, duvido que muitas coisas possam me assustar — Me virei para encará-lo encontrando um sorriso desafiador em seus lábios. Havia um banco de concreto ao lado da trilha entre as árvores, onde nos sentamos.

— Dia 23 de setembro de 1966. — Elijah iniciou após um longo tempo em silêncio. — Eu estava em Nova Orleans. Meu velho amigo Al havia acabado de lançar “Carnival Time” e a música tocava em todas as esquinas da cidade. Era um clima completamente único… Bom era Nova Orleans, isso por se só já diz muita coisa... — Ele parecia imerso nas lembranças — Naquela noite, me lembro que deitei para dormir ouvindo o burburinho abafado que vinha das ruas. Sonhei que caminhava pela St Philip embalado por um Jazz que não ouvia a algumas décadas. Levei um tempo para notar, que nesse sonho eu caminhava ao lado de uma mulher… — Um meio sorriso nasceu no rosto do original e ele prendeu seus olhos nos meus por um momento — Cinquenta anos depois eu ainda lembro deste sonho como se o tivesse tido na noite passada. A música leve ao fundo, o som do sapatos de salto que ela usava batendo na calçada de pedra, o riso que escapava de seus lábios enquanto caminhávamos de mãos dadas… Não consegui ver seu rosto naquela ocasião, isso me deixou intrigado por muitos dias, eu não costumo sonhar com frequência, ao menos não costumava.

Elijah fez uma pausa, como que para deixar que eu absorvesse o que acabara de me contar. Esperei pacientemente para que continuasse, já que, apesar de ser uma doce memória, eu ainda não entendia o motivo dele estar me contando.

— Levou quase um ano para que eu sonhasse novamente. Naquela ocasião eu comprava Croissant de pistache em uma Boulangerie em Paris. Quando sai pela porta ouvi o mesmo riso que havia ouvido no último sonho. Havia pensado naquela mulher durante todo aquele tempo, não poder ver seu rosto era algo que realmente me incomodava. A dona daquele riso que ficou preso na minha mente estava abaixada brincando com um cachorro em frente a loja. Trajava um vestido rosa com caimento logo a baixo dos joelhos, seu cabelo estava preso com cachos perfeitamente definidos…

Enquanto o Original descrevia a lembrança senti uma pequena irritação se formar na boca de meu estômago, estava incomodada que ele descrevesse tão intensamente uma mulher?

— Assim que me aproximei dela ela se levantou e veio ao meu encontro. Era fim de tarde no meu sonho. O sol poente estava em suas costas. Por um instante um raio de sol me cegou, e então eu vi seu rosto. Como poderia explicar? Ela era de uma beleza exata. Nem mais nem menos. Era a coisa mais bonita que eu já havia visto em toda minha eternidade. Ela era…

— Bonita — Interrompi enquanto me afastava um pouco no banco — Entendi, você sonhou com uma garota bonita duas vezes. O que isso tem a ver com a gente? Vai me dizer que é obcecado por essa garota? — Minha voz saiu mais ríspida do que eu poderia imaginar. Elijah me olhou assustado por uma fração de segundo, incerto sobre como continuar. Assim que vi seu olhar a irritação dentro de mim foi substituída de imediato pela vergonha — Desculpe… — Pedi desviando meus olhos dos seus — Desde o feitiço de Bonnie minhas emoções estão agitadas e mais intensas do que estou acostumada.

O riso baixo do moreno me fez instintivamente olhar novamente para ele. Tinha o olhar mais doce que eu já vira. Ele remexeu-se no banco diminuindo a distância que eu havia colocado entre nós.

— Obcecado é uma palavra pesada. Digamos que ela ficou na minha cabeça durante muito tempo. E não foram apenas esses dois sonhos. Desde aquele dia sonhei com ela repetidamente. No início levavam meses entre os sonhos. Hoje em dia sonho com ela toda vez que fecho os olhos... No início achei que estivesse desenvolvendo um tipo de clarividência, mas com o passar do tempo percebi que os sonhos não revelavam o futuro. Durante algum tempo cheguei a pensar que estava enlouquecendo...— Confidenciou enquanto fitava os próprios pés.

— Elijah? — Chamei após alguns minutos de silêncio. Ele continuou com a cabeça baixa evitando me olhar.

 

— Agora vem a parte que não sei ao certo como te dizer. — Respirou fundo e então virou seu corpo para mim tomando minhas mãos nas suas — A parte que você precisa confiar em mim e não se assustar.

Você pode imaginar que minha mente estava trabalhando a todo vapor tentando encaixar as peças do quebra-cabeça que Elijah me contava, mas naquele momento eu parecia estar dormente. Como se fosse algo que meu cérebro não quisesse saber.

— Tem certeza que precisa me contar essa parte? — Perguntei sem coragem de olhar em seus olhos.

Um riso sem humor escapou de seus lábios e sua mão livre foi para meu rosto, me obrigando a encará-lo.

— Foi você quem me perguntou se esse era ou não nosso primeiro encontro.

Meu coração perdeu uma batida enquanto a realização tomava conta de mim.

— A mulher com quem você sonhou… — As palavras morreram em minha boca mas havia sido o suficiente para o Original. Ele acenou que sim. — O que isso quer dizer?

— Eu não sei… — Suspirou desviando nossos olhos — Pretendia descobrir isso antes de te contar, mas você é um tanto quanto impaciente.

Compartilhamos uma risada nervosa e de repente eu estava completamente consciente de o quão próximos estávamos.

— Vim a Mistyc Falls em busca da ajuda de Bonnie. Para entender esses sonhos. Isso foi no dia em que você descobriu sobre sua natureza — Contou enquanto acariciava meu rosto. — A bruxa sugeriu uma troca de favores, que eu ajudasse no caso da prima de Elena e em troca ela me ajudaria com os sonhos. Imagine a minha surpresa ao entrar na casa dos Salvatore e encontrar você.

A lembrança da primeira vez que vi Elijah Mikaelson se repetiu na minha mente. A forma como meu coração disparou. Como ele sorriu quando nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. Tudo fazia um pouco mais de sentido agora.

— Acha que seus sonhos podem ser lembranças? — Perguntei tão baixo que não tive certeza de que ele havia escutado.

— É um pensamento que não tem me deixado em paz desde aquele dia. Essa possibilidade nunca havia passado pela minha mente, afinal sou um Original, esquecer algo é quase impossível. Mas depois de te encontrar e conhecer sua história… As peças se encaixam. Por que Mikael compeliria dessa forma uma vampira que não tem nada a ver com nossa família? Faz um pouco mais de sentido se eu for adicionado nessa equação. E meus sonhos, sempre desconexos, com uma única constante: Você. Percebi depois de algum tempo que estávamos sempre lugares que eu conhecia, em décadas que já haviam passado.

Acenei com a cabeça enquanto absorvia suas palavras. Meu corpo todo parecia um pouco dormente. Não estava surpresa. Eu tinha certeza que havia um passado entre mim e Elijah. Fazia todo sentido, explicava muita coisa... A conexão imediata. A sensação de conforto que tinha ao estar com ele. Como meu corpo reagia instintivamente a nossa proximidade. Mas não esperava que ele também não soubesse explicar nosso passado.

— Elijah… — Comecei sem saber ao certo como perguntar o que estava na minha mente. — Nos seus sonhos… O quão próximos nós eramos?

— Depende muito do sonho — Ele se endireitou no banco, removendo sua mão do meu rosto e entrelaçando nossos dedos, não pude deixar de sorrir com o encaixe. — Isso na verdade corrobora com a teoria de que os sonhos são lembranças. Em alguns deles parecíamos estar nos conhecendo pela primeira vez. Em outros parecia que nos conhecíamos a séculos. E havia alguns com reencontros.

Havia algo quente no meu interior. Um sentimento que eu poderia descrever como sentar na frente de uma lareira, em um dia muito frio, com uma xícara de chocolate quente. Aquele tipo de conforto. Pensar que havia um passado entre nós era reconfortante. E principalmente saber que eu não era a única privada de memórias…

— Posso confessar algo? — Perguntei após alguns segundos.

— Com toda certeza.

— Uma parte de mim está feliz por você não lembrar… Deixa menos solitária a minha busca pelo passado.

Um sorriso doce se formou nos lábios do original.

— Fico honrado em poder lhe fazer companhia. Agora posso ajudar de fato em sua busca.

— Você precisa me contar todos seus sonhos, quem sabe eles se encaixam nas vozes que eu escuto antes de despertar, ou quem sabe eu sonhe com algo. Ficara mais fácil montar o quebra cabeças.

— Tenho todos os sonhos escritos em meus diários. Acho que lê-los será a melhor forma.

— Trouxe 50 anos de diários para Mystic Falls? — Perguntei com uma careta fazendo o mais velho rir.

— Não. Apenas o primeiro e o último. O restante está em Nova Orleans… Já considerava fazer uma visita para checar Niklaus, agora tenho mais um motivo.

— Talvez eu devesse… — Minha boca verbalizou meu pensamento antes que pudesse ter tempo para processá-lo. Talvez não fosse uma boa ideia — Não, esquece.

— Gostaria de me acompanhar? — Perguntou com um meio sorriso, fazendo parecer um convite. — Seria uma boa ideia. Afinal, passei a maior parte da vida em Nova Orleans, se nossos destinos realmente se cruzaram, você também deve ter vivido lá.

— Faz sentido. Bonnie disse que visitar os lugares das minhas memórias ajudaria a lembrar… — A animação tomou conta de mim. A forma como Elijah falava de Nova Orleans apelava para algo adormecido dentro de mim. Eu podia sentir que aquela era a chave das minhas respostas.

— Podemos ir no final da semana. — Sugeriu.

— Será perfeito. Posso fazer mais algumas seções de regressão, ler o primeiro diário e conversar com… Edward — E foi assim que minha animação se dissipou. Durante toda nossa conversa não havia pensado em meu namorado uma única vez. Como ele se sentiria ao saber que eu compartilhava um passado com o Original? Olhei para nossas mãos entrelaçadas e senti a culpa rasgar meu coração. — Eu preciso falar com Edward antes de fazer qualquer coisa. Talvez eu não deva ir. — Minha voz saiu em um sussurro.

— Talvez… — Elijah deu um pesado suspiro — Seja mais fácil se ele nos acompanhar. Não quero que perca a oportunidade.

Era explícito o quanto a ideia o desagradava, mas, mesmo assim, ele colocou minhas necessidades em primeiro lugar.

— Talvez… Por enquanto… Vamos nos concentrar nas regressões e você pode me contar os sonhos que achar relevante. E é claro, não contaremos isso para mais ninguém. — Conclui lembrando da promessa de que tudo seria um segredo nosso.

— Acho que será melhor assim.

Levantei após alguns minutos, percebendo que o sol estava quase se pondo, havia perdido a noção do tempo ali. Elijah me segui prontamente, mantendo-se em silêncio ao meu lado. Estávamos quase no final da trilha que levava ao jardim da propriedade quando ele me puxou pelo braço, fazendo-me parar e olhar para ele.

— Enquanto ainda estamos aqui com nosso segredo… Realmente não ouviu minha voz hoje?

— Não… — Respondi após alguns segundos. Levei um tempo para entender que ele perguntava sobre a seção de regressão — Ouvi a voz de outra pessoa. — Vi seu rosto se fechar de imediato e não pude deixar de rir. — Desculpe. Era alguém com sotaque britânico, com certeza vampiro, a voz tinha cheiro de sangue, Bourbon e tinta a óleo. — O Original franziu o cenho diante da minha descrição seu semblante assumindo um ar sombrio — Não acho que era alguém perigoso — Me apressei a dizer, vendo sua mudança de postura — Era uma sensação confortável, algo leve… Não sei explicar, mas quando ouço as vozes, sinto o que provavelmente sentia no momento. Era uma sensação boa. Ele me chamou de Love. — Não pude deixar de sorrir ao lembrar — Elijah? — Perguntei após alguns minutos de silêncio do moreno. Mesmo após eu revelar as sensações que experienciei o seu semblante se mantinha duro — Essa descrição por acaso se encaixa em alguém que você conheça? — Perguntei meio incerta.

Ele deixou escapar um suspiro pesado.

— Realmente quer saber? — Perguntou colocando suas mãos em meus ombros. Me limitei a acenar que sim. — Se todas nossas teorias estiverem certas Isabella… Eu acredito que você conheça meu irmão.

— Qual… dos seus irmãos? — Perguntei com receio, mas, como sempre, já sabia qual seria a resposta. A careta de Elijah se contorceu em um sorriso.

— Por que eu sinto que você sabe a resposta para suas perguntas?

— As vezes queria não saber — Confidenciei rindo e voltamos a caminhar — Após ouvir tantas histórias sobre sua família, me preocupa um pouco que eu me sinta confortável ao lado do Nick.

— Nick? — Perguntou intrigado parando novamente.

— Não era desse irmão que você estava falando?

— Era… Mas… Deixa pra lá. — Seu semblante ficou leve novamente e ele estendeu a mão para voltarmos a caminhar.

Parei quando chegamos ao início do jardim. Aos pés da última árvore. O moreno se virou para mim com uma interrogação em seu rosto.

— Elijah… Enquanto ainda estamos aqui… — Comecei da mesma forma que ele havia começado antes — Considerando que realmente compartilhamos um passado juntos… O quão próximos você acha que éramos?

— O quão próximos você sente que éramos?

Aquela era uma pergunta retórica.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? O que acham disso tudo? Elijah e Bella realmente compartilharam um passado? Qual era a relação dela com o Nick? Como Edward vai reagir a isso tudo? E essa viagem para Nova Orleans? Façam suas apostas!

Volto em breve ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para sempre sua, Isabella." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.