Destino escrita por lovemyway


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Sempre quis escrever faberry com harry potter, e a inspiração bateu, então veio essa one shot :p. Espero que tenha ficado legal!

Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676507/chapter/1

Quinn amava o dia 31 de outubro tanto quanto o odiava.

 

Ela sabia que de uma forma ou de outra, as coisas não terminariam bem. Destino, ela pensava para si mesma, embora tivesse um certo receio em acreditar que seu futuro pudesse ter sido definido antes mesmo dela ter nascido. Mas a verdade é que realmente fora. Ela percebera isso eventualmente, quando se deu conta de que as decisões mais importantes de sua vida não foram tomadas por ela mesma, e sim pelos seus pais, muito antes do seu nascimento. Eles escolheram um lado na guerra. Eles escolheram o lado dele. E, por causa disso, dezessete anos depois, Quinn ainda vivia com as consequências dessas escolhas. 

 

Tudo o que ela mais queria era poder ser livre. Ela queria não ter que percorrer aquele caminho que foi posto em sua frente. Ela queria poder explorar as curvas, as tangentes, as paralelas — qualquer coisa que a desviasse daquela linha reta já traçada, a qual ela podia facilmente prever em como terminaria. Quinn não precisava ser uma vidente para saber que seu trajeto seria sombrio, cheio de medo, angústia, dúvidas e, por fim, a pior das aceitações. Não importava que decisões ela tomasse, o caminho continuaria o mesmo. Destino. Ou pelo menos foi nisso que ela acreditou até conhecê-la.

 

Nunca esteve em seus planos se apaixonar por Rachel Berry. Muito pelo contrário, no início, ela a detestava. Não porque a odiasse de fato, mas suas famílias tinham um histórico muito ruim. Os pais de Quinn eram comensais da morte. Os pais de Rachel eram aurores. Seus caminhos se cruzaram algumas vezes, e em uma delas, o pai de Rachel acabou perdendo um braço, decepado por uma magia negra lançada pela mãe de Quinn. Rachel deveria odiá-la. Às vezes, Quinn odiava a si mesma. Odiava que seus pais fossem tão sedentos por poder. Odiava que ela precisasse ficar ao lado deles, porque apesar de tudo ela os amava, e não queria submetê-los a ira do Senhor das Trevas caso os abandonasse e trocasse de lado. Odiava ter que sentar no Salão Comunal da Sonserina, e ouvir os outros filhos de comensais da morte se gabando pelos feitos terríveis praticados por seus parentes. Odiava o olhar em seus rostos quando descobriam quem ela era. 

 

O que poucas pessoas sabiam é que o Lorde das Trevas tinha um círculo pequeno de confiança. Ele possuía muitos seguidores, claro, mas a maioria tinha se juntado a ele não por lealdade, não por compartilhar dos seus ideais, mas por medo. Medo do que poderia acontecer as suas famílias se recusassem. Medo da tortura, da morte, do fim. Havia outro grupo de seguidores, entretanto, que eram extremamente fieis. Eles dariam suas vidas voluntariamente pelo seu Senhor. Eles fariam juramentos perpétuos, dedicando-lhe sua lealdade, prometendo cumprir com toda e qualquer tarefa que ele os mandasse realizar. Um círculo de pessoas que tinham poder — não tanto quanto o próprio Você-Sabe-Quem, porque ele nunca permitiria que isso acontecesse, mas o suficiente para serem temidos e evitados. 

 

Quinn admirava a coragem dos Berry. Não que isso fosse uma surpresa tão grande — afinal, uma das maiores características dos grifinórios são justamente sua coragem —, porém, havia algo de especial sobre eles. Os Berry não eram apenas destemidos. Eles eram fortes, inteligentes, e extremamente poderosos. Provavelmente uns dos poucos que teriam coragem de enfrentar Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado pessoalmente, se fosse o caso. Ah, eles perderiam, sem a menor sombra de dúvidas, mas eles seriam corajosos o suficiente para morrer com honra e dignidade. Encarariam a morte de frente. Não fugiriam, não exitariam, e lutariam até o final de suas forças. Não por lealdade a ninguém, mas simplesmente porque era a coisa certa a ser feita. 

 

E Rachel era exatamente assim. Só que havia algo a mais sobre ela. A garota era daquele tipo de pessoa que acreditava no melhor dos outros, e muito embora tivesse todos os motivos para odiar Quinn, ela não a odiava. Quinn podia ver naqueles olhos castanho outros sentimentos. Pena, compaixão, compreensão. Quinn sentia como se a garota pudesse realmente compreendê-la. Como se ela pudesse ler seus pensamentos mais escondidos; como se ela enxergasse os desejos que ela enterrava no lugar mais fundo do seu coração. Como se Rachel soubesse exatamente como Quinn se sentia, e como se ela não a culpasse por todos os erros que os pais de Quinn haviam cometido. 

 

Rachel não a culpava mesmo. Talvez o tivesse feito no começo, quando carregava muita raiva e ressentimento em seu peito. Talvez o tivesse feito quando dividia as aulas nas masmorras com a garota que detestava com todas as suas forças, e a observava pelo canto do olho. A outra garota (e sua suposta inimiga) estava sempre com uma expressão muito séria em seu rosto, os ombros muito rígidos e um brilho intenso em seus olhos verdes. Rachel passou a observar Quinn com mais atenção do que deveria; analisou todas as suas expressões, suas posturas, e acabou percebendo que às vezes, ela deixava traços de sua verdadeira personalidade escapar. Ninguém mais percebia, exceto Rachel, porque ninguém mais estava procurando. Todos mantinham uma distância segura da filha dos Fabray. Ninguém queria se meter com ela. Não que a garota fosse fazer alguma coisa, ainda mais dentro do Castelo, e sob a vigilância de Alvo Dumbledore, mas o sobrenome era o suficiente para causar medo, até mesmo entre os próprios sonserinos. 

 

Foi porque Rachel a observou que ela percebeu que Quinn era uma garota vivendo um grande conflito interno. Ela parecia carregar o peso do mundo sobre suas costas. Raramente sorria ou demonstrava algum sentimento. Parecia uma pedra. Sólida, firme; tão fria, cortante e precisa quanto uma faca, quando queria. Quinn era inteligente. Extremamente inteligente. Uma das melhores alunas de seu ano, embora não se vangloriasse disso. Os boatos corriam de que haviam lhe oferecido a vaga de monitora e de artilheira no time de quadribol, mas ela recusara ambos. Quinn tentava ser o mais invisível possível, ou o tão invisível quanto alguém como ela poderia ser. 

 

Rachel não soube o exato momento em que começou a se apaixonar. Quando percebeu como se sentia, já era tarde demais. E ela sabia que era recíproco, porque o tanto que ela olhava Quinn, ela sentia Quinn a olhando de volta. O tanto que ela analisava, ela era analisada. E depois de um tempo, Rachel pode ver com clareza a mudança nos olhos de Quinn quando elas se viam. E Quinn percebeu, também. Ela percebeu que aquela garota doce, corajosa e inocente havia caído em uma armadilha criada por ela mesma. Ela percebeu que Rachel estava tão perdida quanto ela. Ela percebeu todas as emoções conflituosas que brilhavam naqueles olhos castanhos.

 

Quinn não deveria tê-la confrontado. Naquele 31 de outubro, num corredor deserto, enquanto todo o resto da escola estava festejando o dia das bruxas, ela não deveria ter encurralado Rachel e a ter confrontado sobre seus sentimentos. Ela não deveria ter perdido a cabeça tão fácil. Ela não deveria se sentir daquele jeito por uma garota, e principalmente não por aquela garota. Mas quando seus lábios se tocaram, quando Quinn a beijou com força e com muito desejo, ela não se importou com nenhuma das coisas que ela deveria ou não fazer. Ela se entregou ao momento. Entregou-se a sensação. Permitiu-se tocar e ser tocada. Permitiu-se sentir. E quando elas se separaram, ambas ofegantes, ela soube que era aquilo. Aquele era seu destino. Apaixonar-se por alguém que ela nunca poderia ter. Alguém que nunca seria sua, porque elas estavam no meio de um dos períodos mais sombrios da história bruxa. Alguém que nunca seria sua, porque suas famílias jamais permitiriam. Alguém que nunca seria sua, porque elas estavam em lados opostos da guerra. Alguém que nunca seria sua, porque ela a amava, e para o Lorde das Trevas, o amor era uma fraqueza. 

 

Mas ela não se importou. Por algumas horas, ela se esqueceu de tudo — de quem era, de quem Rachel era, de que havia uma guerra acontecendo, que qualquer um poderia aparecer e as pegar ali, no flagra. Ela só se importou em segurar Rachel em seus braços cada segundo que podia, porque aquela era provavelmente sua única chance. Afinal de contas, Quinn conhecia seu destino. O Lorde das Trevas venceria, ela estava certa disso. Quando o ano letivo terminasse, ela seria obrigada a se tornar uma comensal da morte como seus pais, e teria a marca negra gravada em seu braço. Ela provavelmente mataria, torturaria, e faria coisas que ela odiaria fazer para permanecer viva. Coisas que ela odiaria fazer porque temia as consequências se não fizesse. 

 

Naquela noite, entretanto, não foi o medo que a fez permanecer viva. Foi o amor.

 

Quando Quinn e Rachel se despediram com um último beijo, Quinn sentiu seu coração se partir no peito, sabendo que no dia seguinte precisaria lidar com os seus atos. Sabia que precisaria recolher os pedaços do seu coração. Sabia que precisaria colocar novamente a máscara no rosto, e fazer o que era esperado dela. Quando se deitou para dormir, ela sabia que no dia seguinte nada mudaria. 

 

O dia 31 de outubro foi o melhor dia de sua vida, porque ela tinha experimentado o gosto do amor, e o pior, porque também foi o dia em que ela soube que nunca poderia tê-lo.

Mas, então, veio o dia primeiro de novembro. 

Mas, então, veio O-Menino-Que-Sobreviveu.

Mas, então, corujas invadiram o Salão Principal no café da manhã, trazendo as mais novas notícias. Notícias extraordinárias, notícias inacreditáveis. Quando abriu a carta enviada pelos seus pais dizendo que eles estavam fugindo do país para não serem presos, ela soube que era verdade. 

 

 

Voldemort havia sido derrotado. 

 

Quando ela ergueu a cabeça e procurou Rachel no meio da multidão de alunos da grifinória que gritavam animados e faziam festa, ela a encontrou a encarando de volta, um sorriso estonteante estampado em seu rosto. Quinn sorriu de volta. Ela pensou que soubesse exatamente o que esperar do futuro. Ela pensou que seu destino era a dor e o medo. Ela nunca ficou tão feliz por estar errada. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

:D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destino" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.