Pecadores ocultos (Reescrita) escrita por Lobo Alfa


Capítulo 12
Cap. 12 O ciclo da vida




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—Rute eu sinto muito. Falei entristecido pelo fato.

—Obrigada. Disse ela se esforçando ao máximo para conter as lágrimas.

Ela não se conteve e começou a chorar, abraçada em mim, nunca a vi daquele modo, sentia suas lágrimas umedecendo meu jaleco em meu ombro esquerdo. O que eu poderia fazer além de abraçá-la e tentar de algum modo reconfortá-la.

—Desculpe. Disse ela se afastando de mim rapidamente.

—Tudo bem. Eu vou deixá-la sozinha. Falei pensando que talvez ela preferisse um tempo a só para lidar com tudo isso.

—Espere! –Pediu ela com um tom de voz um pouco alto- Como ele morreu?

—A bala acertou o ventrículo direito do coração. Expliquei o que aconteceu, sabendo que ela entenderia como isto resultou na morte de seu marido.

O coitado reagira a um assalto tentando proteger sua esposa que o acompanhava, foi baleado três vezes, infelizmente, uma bala fora fatal.

—Que Deus o tenha David. Falou Rute fazendo o sinal da cruz.

Rute ficou muito abalada emocionalmente, como já era de se esperar, a pedido dela cobri os seus plantões e pouco depois ela pediu férias.

E alguns dias depois, uma nova tragédia surgiu, soube que meu amigo Carlos tinha sido internado com suspeitas de câncer. Ângela, como Carlos havia previsto, estava furiosa com ele.

—Eu disse para você parar de fumar, se ao menos me escutasse estaria em casa neste momento. Questionou sua esposa.

—Ele ficará bem Ângela, desde que pare de fumar. Comentei.

—E você é um médico terrível!

—O que eu fiz? Perguntei preocupado, pois outros pacientes estavam em nossa volta.

—Por que não contou que o Carlos estava doente?

—Ele fuma. Não entendo por que está surpresa, infelizmente o tabagismo trás consequências terríveis à saúde e com ele não seria diferente.

—Você estava fumando? Perguntou Ângela estarrecida.

—Carlos o que você aprontou dessa vez? Perguntei confuso sobre aquela situação.

—Vocês dois agem como se fossem meus país e eu tivesse feito algo de errado. Resmungou ele cruzando os braços.

—E tentar se matar não é errado?! Ângela já estava ficando furiosa.

Ele suspirou fundo e confessou:

—Sim querida, eu não parei de fumar, eu fumava sempre que tinha uma oportunidade. Desculpe. Confessou Carlos com a cabeça baixa.

—Não acredito que você mentiu para mim! Disse que tinha parado de fumar. Resmungou Ângela.

—Eu disse que estava tentando parar de fumar. Corrigiu Carlos sua esposa indignada com aquilo.

—Dá no mesmo. Gritou Ângela.

—Infelizmente Carlos, você terá que parar definitivamente, mesmo sem ver seus exames, posso concluir que pelos sintomas é quase certeza se tratar de um câncer. Expliquei.

—Um dia vamos todos morrer. Falou meu amigo tentando usar aquilo como pretexto para continuar fumando, como se não importasse as pessoas que ele deixaria para trás.

—Quer me deixar aqui sozinha? Perguntou Ângela que se sentiu ofendida com este tipo de comentário.

—Você não ficará sozinha. David cuidará muito bem de você.

Não sei se ele teria falado isto se soubesse o que aconteceria com todos nós muitos anos depois.

Alguns dias depois disto, Carlos ainda estava internado, percebi que há pouco tempo, Helena estava muito inquieta, eu percebia em seus olhos que havia algo que ela queria me falar, porém, ela se recusava. Até que em certa manhã, ela acordou muito animada.

—Bom dia. Disse Helena me beijado.

—Bom dia. Respondi a trazendo mais perto de mim e a abraçando.

—Hoje você está naqueles dias em que a preguiça lhe toma de conta. Ela comentou.

—Eu só quero ficar aqui com você. Falei beijando-a no rosto e nos cobrindo com o lençol, porém deixando nossos pés descobertos.

—Mentiroso. Confesse logo que você é um preguiçoso.

—Se eu confessar você ainda vai ficar comigo?

Ela se calou e eu pude perceber que sorria. Naquele mesmo dia, no finalzinho da tarde, em um dos raros momentos da vida em que eu não tinha absolutamente nada para fazer, estava deitado no sofá, tomando cerveja e assistindo o jogo de futebol. Helena estranhamente sentou-se próximo a mim e me perguntou:

—O que está fazendo?

Olhei para ela imaginando como podia ser mais óbvio?

—Assistindo o jogo. Este dia está muito monótono. Respondi tentando não faltar com a educação.

—Por acaso eu tenho uma notícia que pode deixar seu dia mais feliz.

—Qual? Perguntei curioso para descobrir.

—Acho que nós poderíamos pensar em comprar um cachorro. Ela comentou sendo muito vaga.

—Pode ser. Respondi sem prestar muita atenção na conversa que estávamos tendo.

E enquanto eu bebia o resto da cerveja ela disse:

—Soube que animais ajudam no desenvolvimento de crianças.

No mesmo instante me engasguei e totalmente surpreso eu perguntei:

—Você está grávida?

Ela colocou as duas mãos na barriga e gesticulou com a cabeça abrindo um belo sorriso. A beijei incontáveis vezes ainda não acreditando, abraçando a pela cintura a girei e a joguei para o alto.

—Como? Perguntei sem acreditar.

—Você se lembra daquela noite que jantamos fora? –Afirmei acenando com a cabeça- pois é, o resto você sabe.

Fiquei envergonhado por fazer uma pergunta tão óbvia.

—Há quanto tempo? Perguntei ainda querendo saber mais.

—Eu estava suspeitando algumas semanas atrás e fiz o teste de farmácia ontem que deu positivo.

—Mas vamos fazer a ultrassom para ter certeza. Falei eufórico.

—Eu sei. Vamos sim. Concordou ela tão empolgada quanto eu.

Eu sentia orgulho a dizer para todos: “Eu vou ser pai!” todos ficaram alegres por nós e já queriam logo saber o sexo do bebê. Isto gerou uma grande discussão, Helena era mais tradicional e estava decidida a saber somente no parto, eu por outro lado não estava nem um pouco interessado em esperar oito meses, por fim, ainda não sei como, mas Helena me convenceu, a saber, somente na hora do parto.

—Um filho sempre é uma graça de Deus. Comentei.

David, porém, se entristeceu e olhando para os lados disse-me:

—Tudo depende de quem recebe esta graça padre.

—Fiquei intrigado com tais palavras, mas posteriormente entendi o que ele queria dizer com isto.

—Pois continue a me contar a história padre Tomás.

—Está bem padre João. Está bem!


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