Concrete Heart escrita por Carolina Muniz


Capítulo 14
Capítulo 13 - Let the Doubt in the Air


Notas iniciais do capítulo

Heeey!!
Passando rapidinho para postar o capítulo e voar para a escola kkk
Espero que gostem! ♥



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Ar puro, para mim, quer dizer ficar longe de pessoas. Eu não esta irritada – como era esperada por mim mesma - eu só... Não sei, só não queria sentir alguma coisa. Então, eu não sentia.

Respirei o doce ar da clareira.

— Você está bem? - Ephrain perguntou.

— Sim, é claro - respondi rapidamente.

— Ele não respondeu a ela. Ele ama você...

— Não estou a fim de escutar a frase de auto-ajuda agora.

— Angel, eu sei que tem alguma coisa acontecendo entre você e Victor. Mas também sei que vocês...

— Eu não quero ouvir. Ele fez a escolha dele. 

— É, e só não percebeu que ele escolheu você.

— Você não sabe de nada...

— Sei o suficiente. Você está incomodada por ela gostar dele, está incomodada por achar que ela é o melhor para ele. 

— E ela é.

— E por que você acha isso? – ele perguntou.

— Ela não é uma... Ela não é uma vampira! Ela não tem que se controlar o tempo todo para não matá-lo. E com certeza se ele estivesse com ela, isso – indiquei a clareira - não estaria acontecendo.

— Você está tirando o poder dele de escolha. Você não está obrigando Victor a ficar com você.

— Qual é! Ephrain, você não entende.

— Então me explica. Fala alguma coisa. Por que... Não falar com ninguém não adianta nada. 

Nós ficamos em silêncio, um encarando o outro.

— Eu estou com medo... Não posso perdê-lo, mas eu sei que vou. 

— Não vai. Ele...

— Você não conhece o Victor. E não é ele, Eprhain. Sou eu. Eu sou errada para ele. Sempre fui. Eu só tenho que parar de fingir. 

— Ele não se importa com isso.

— Mas eu me importo. Como você se importou quando me machucou, quando se importou tanto que não me deixou morrer, você não pensou em mim, Eprhain! Você deixou Carlisle me transformar em uma assassina só para não ter que me perder. Você não entende!? Olha para mim, olha o que você fez comigo! Eu não quero cometer o mesmo erro com o Victor. Não quero fazer igual a você!

Eu me arrependi do que eu disse no mesmo segundo em que as palavras saíram da minha boca. Mas eu já tinha dito e não é como uma daquelas vezes em que você tem que dizer uma coisa para se sentir bem. Eu só disse por que eu precisava que alguém se sentisse pior do que eu. Por que eu precisava saber que não era tão ruim quanto eu achei que fosse. Mas acontece que quando você precisa que outros se sintam mal para que você se sinta bem, com certeza é porque não da para ficar pior.

Ele olhou para trás de mim. Rose estava me encarando. Mil perguntas em seus pensamentos, as quais eu não estava nem um pouco a fim de responder.

Quando me virei de novo para frente, Ephrain já havia desaparecido. Suspirei.

Eu sou um monstro— confirmei para mim mesma.

— Quer conversar? – ela perguntou, se aproximando.

— Não. – respondi.- Tenho que...

Não consegui terminar de falar. James apareceu na minha frente, com aquele sorriso diabólico que faz qualquer um ter medo. Mas algo estava diferente. Eu não sabia o que era. Ele avançou, mas não foi em minha direção, foi atrás de mim. Onde Victor estava. Só então eu percebi que não era real, essa era a diferença. Estava tudo meio falso demais, era uma visão. Apenas isso. Meus olhos voltaram para o nada, onde apenas Rose e eu estávamos.

— O que você viu? – ela perguntou.

— James. Aqui, de novo. Minhas visões estão...

— Estão...?

— Não sei, estranhas. Em geral,quando estou vendo alguma coisa, eu sei que é uma visão. É isso o que me equilibra na realidade e me faz voltar. Mas nessa visão... eu não consegui identificar o que era real e o que não era. Por um segundo, eu realmente achei que James estivesse aqui – eu disse.

— É o estresse – ela disse.

Para Rosalie, tudo é estresse.

— Você está bem mesmo? – ela perguntou, quando começou a andar e eu não.

Eu a segui, sem responder.

Eu estava feliz de apenas eu ler pensamentos, assim eu podia mentir sem que ninguém desconfiasse de nada. “Você está bem?” que tipo de pergunta é essa? Mas, bom, o que eu iria dizer? “Sim, estou perfeitamente bem.” Não era bem assim. Eu não gostava de falar sobre como estou me sentindo. Ou minhas suspeitas de que talvez eu esteja com muita sede quando não deveria estar. Ás vezes eu me perguntava se era mesmo necessário fazer experiências como essas? Será que o caminho mais seguro não seria admitir que eu jamais seria capaz de lidar com a sede do jeito que todos eles faziam, e não forçar os meus limites? Pra quê flertar com o desastre? Era até meio ridículo me arriscar desse jeito, tentando testar minha força, tentando construir minha resistência. Eu deveria simplesmente aceitar minhas limitações e trabalhar com elas. Minhas... Atitudes antigas não condizia com os hábitos que Carlisle escolheu; ele nunca precisou exigir tanto de si mesmo desse jeito, como eu. Se houvesse uma maneira de conciliar os meus pecados, isso devia contar no ajuste de alguma forma.

 

***

 

Depois de Sam levar Victor para a reserva, onde com certeza era o lugar mais “seguro” para ele enquanto James estivesse por aqui amanhã, Esme e Emmett decidiram buscar Jasper e Alice no aeroporto. E como eu era a única que podia entrar na reserva sem “quebrar o contrato” tecnicamente, eu precisava ficar sozinha com três lobos gigantes enquanto Ephrain fingia estar bravo comigo. Eu precisava ser uma espécie de pombo correio entre minha família e os lobos.

Deixei que Seth terminar de fazer o perímetro – em vez de simplesmente dizer à ele que não tem perigo nenhum.

Ele se sentia extremamente importante fazendo aquilo.

— Você não é apaixonado por ela – escutei Victor dizer.

Eu não podia vê-los, mas podia ouvi-los.

— Mas é estranho, você e ela. Vocês têm uma... Ligação que eu nunca vou entender.

— Pois é, eu tento deixa-la por um tempo. – Ephrain disse. - Mas nunca consigo. Eu estou sempre querendo saber se ela está bem. Eu vejo que ela está, e digo a mim mesmo que tenho que parar de segui-la desse jeito. Mas sempre que eu digo a mim mesmo que vou seguir em frente, uma parte de mim não me deixa esquecê-la. Mas, sabe... Você está certo, Victor. Eu não sou apaixonado por ela. É mais do que isso. É como se eu tivesse necessidade de ficar perto dela. Para o caso de ela precisar de mim, o caso de se meter em encrenca, afinal, estamos falando da Angel.

Os dois riram. Revirei os olhos.

Eu não sou tão encrenqueira.

Seth voltou. Sorri para ele e ele bateu o fucinho em minha barriga.

— Isso começou no instante em que eu a vi – Ephrain continuou, totalmente alheio ao que estava acontecendo aqui fora. - Ela fez tudo, para mim, mudar. O universo inteiro... De repente, todo o meu mundo girava em torno dela. E... Mantê-la segura era o mais importante. Não acho que algum dia isso vá ser diferente. Eu sei que o que ela sente por você é verdadeiro. Mas o que ela sente por mim também é. A verdade é que eu cheguei na vida dela num momento em que ela precisava. Não importa se foi magia, ela nunca vai deixar de sentir alguma coisa por mim e eu por ela. Mas... A garota que ela se tornou... É diferente, de alguma forma. Ela mudou. Amadureceu. A  Angel que você conhece é bem diferente da menina que eu conheci. Você não sabe como ela era quando era humana. Sua vida era confusa, seus gostos eram ‘beeem excêntricos, e tinha ela sempre teve uma alta dificuldade em deixar alguém se aproximar da sua zona de conforto. Ela não se sentia confortável com o próprio corpo, odiava ser tocada. O tempo em que fiquei com ela e Carlisle, ele me disse que achava que isso talvez tenha sido por causa das visões, que ela era sensível ao contato humano por que sabia o que iria acontecer com eles. Carlisle sempre achou que os dons que os vampiros tem, tenha vindo de quando eram humanos, e quando se transformaram isso se intensificou. Mas com ela foi pior. Ela nunca se permitiu sentir. E a transformação fez com que tudo viesse à tona. Ela não tinha controle, e não confiava em si mesma. E aí eu fiquei obcecado em fazê-la ficar bem. Acho que eu só queria concertá-la. Mas acontece que algumas pessoas não podem ser concertadas. E... Com o tempo eu já não me importava mais, eu me culpava por ela estar daquele jeito e então deixava que ela fizesse o que queria. Se não fosse por Carlisle, ela ainda seria daquele jeito.

Ele suspirou. Seth me olhou, com um ponto claro de interrogação nos olhos. Coloquei o indicador nos lábios em forma de silêncio, e ele assentiu.

— Depois que ela aprendeu a se controlar, tudo entrou em perspectiva para ela. – Ephrain prosseguiu. - Mas sem um propósito. Afinal, ela é imortal. Nada mais importava, não que algum dia tenha importado – ele riu, sem humor. - Eu posso ver que ela mudou mais ainda. Talvez depois que tenha te encontrado. Ela me contou sobre a visão quando a teve. Foi a primeira de todas. E eu sei que agora ela se sente viva. Com você, para ela, faz sentido. A sua vida tem um propósito, Victor. A sua vida é finita, e do jeito que ela te ama, faz com que a dela também seja. Eu sei que você a ama. E eu sei como é amar a Angel, com ela tudo é diferente, por que ela faz com que você se sinta diferente. Você pode até achar que pode agir normalmente, como se isso não mudasse nada, mas um dia você percebe que não pode. Por que ela se torna mais importante que você mesmo.

Eu mordi o lábio e Seth me olhou de novo. Ele finalmente entendeu que eu estava escutando a conversa deles e balançou a cabeça em descrença. Dei língua para ele.

— Eu a amei enquanto ela era humana. Eu a amei de um jeito que ninguém jamais poderá amar outra pessoa. E foi esse amor que me destruiu. Por que ela se tornou uma vampira e mesmo que eu não admitia, aquilo era terrível. Ela era um monstro, uma verdadeira assassina. Mas mesmo com tudo isso, não foi ela quem fez isso, mesmo que ela acredite que foi. Ela não tem culpa de nada. A Angel sempre foi a maior vítima de todo o mundo sobrenatural.

Eles ficaram em silêncio. A chuva finalmente havia parado, eu mal sentia minha roupa molhada. A água havia deixado a grama mais verde, as árvores pingavam gotículas e a praia havia se acalmado. Era um desastre, de alguma forma, mas um desastre bonito. Parece que o mundo está acabando. E está perfeito.

Eu ainda pensava na conversa de Victor e Ephrain quando James apareceu no meu campo de visão de novo. Era o mesmo lugar – a clareira em que jogávamos baseball – ele estava esperando, esperando que Victor aparecesse. Meus olhos voltaram a se focar na praia. Perto de uma das pedras, havia um jornal jogado no chão, a machete virada para cima.

“O Número de Assassinatos em Seattle Aumenta”

 Eu me lembro de quando Victor acordou no outro dia, na Mansão Cullen, falando de James, de como ele podia estar por trás de tudo aquilo.

 

FlahsBack

— Sabe o que eu penso? – ele me perguntou, abotoando a camisa.

Eu ri.

 – Não

Ele revirou os olhos e se sentou em minha cama para colocar os tênis.

— O que você pensa? - perguntei.

— Eu acho que está tudo conectado. Não apenas James ter voltado, mas Seattle também.

— Eu estou perdida.

— As mortes em Seattle, Carlisle disse que com certeza são recém-criados, muitos recém-criados. E no mesmo momento, James volta e entra no meu quarto. Você disse que ele não machucou Charlie, mas com certeza teria machucado. E se a intenção dele não fosse me pegar? Talvez ele soubesse que eu não estava lá. Talvez quisesse que você soubesse que ele havia voltado.

Os olhos dele se estreitaram quando falou isso.

— Porque você acha isso? – perguntei.

— Lembra quando você matou Laurent à uns três meses? Você viu que ele estava com James.

— Sim.

— Mas você achou que James estava no Texas, quando na verdade ele estava em Denali...

— Minhas visões não são todas certas...

— Veja, ele pode ter tido a ideia lá. Mas pensando em Denali por causa do Laurent. Ele estava no Texas, mas você já estava pensando nele quando teve a visão e você disse que as vezes elas se conectam com os pensamentos das pessoas e com os seus. Mas talvez ele não saiba o que está fazendo, então os recém- nascidos estão fora de controle.

— Somente Aro sabe como as minhas visões funcionam.

— Quem?

— Aro Volturi, te explico depois. Continua.

— Ok. Talvez esse Aro saiba melhor, mas será que seus amigos de Denali não sabiam o suficiente? Laurent viveu com eles durante muito tempo. E ele estava com James também, porque ele não podia ter dito a ele tudo o que sabia?

— Mas Laurent está morto agora, James não tem como...

— Ele não pode fazer amigos novos? Pense nisso, Angel. Se for James fazendo isso em Seattle, ele fez um monte de amigos novos. Ele os criou.

FlashBack

 

E agora, pessoas - bem, na verdade, vampiros e lobisomem, mas mesmo assim - pessoas que eu amava corriam o risco de se machucar. Se machucar por uma coisa estúpida que eu deixei escapar. De novo.

— Hey, vampira – Seth chamou.

Ele havia voltado à forma humana, e mesmo com o frio congelante, ele não usava camisa. Ele se aproximou, e seu amigo Quill se juntou a ele. Sam observava de longe – ele nunca gostou muito de mim, mas eu sei que não é pessoal, ele apenas leva muito a sério esse lance de lobisomem e vampiro serem inimigos.

— E aí? Fala para gente sobre os vampiros que vão ser destroçados amanhã – ele disse, entusiasmado.

— Hã...

Eu não sabia o que dizer.

— Bom, eu não sei muito sobre eles. Meu irmão Jasper , tem experiência nesse tipo de coisa. Mas, eu tenho certeza de que vocês podem continuar com o seu próprio estilo de caça.

— Eles são diferentes de vocês? – Quill perguntou.

— Eles são todos muito novos, têm apenas meses nessa vida. Crianças, de certa forma. Eles não terão habilidades e nem estratégia, apenas força bruta. Essa noite o número deles é de vinte e três. Não deve ser difícil derrota-los. Os números podem cair. Os novos brigam entre sí.

Um estrondo passou pela linha sombria dos outros perto da praia, um baixo murmúrio de entusiasmo.

— Vocês sabem quando e como eles vão chegar? – Quill perguntou.

Eu sabia que ele estava fazendo essas perguntas para Sam, por que o mesmo não se sentia à vontade vindo até mim.

— Eles virão pelas montanhas amanhã, tarde da manhã. Enquanto eles se aproximarem, eu irei vê-los.

— Mas você não quer ver a gente? – Seth perguntou.

— É diferente. Não consigo ver você, especificamente, mas consigo ver os vampiros. Então, enquanto eles ainda não tiveram contato com vocês, consigo vê-los. Mas já não consigo ver o que acontecerá na clareira – eu disse e o silêncio reinou.

 


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Notas finais do capítulo

XOXO



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