Concrete Heart escrita por Carolina Muniz


Capítulo 11
Capítulo 10 - I can not be what you wanna


Notas iniciais do capítulo

"E ela só quer viajar, e ela só quer viajaaar..."



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Do mesmo modo que aquele que fere ao outro fere a si próprio, aquele que cura, cura a si mesmo.

(C.G. Jung)

 

Victor respirou fundo, e pegou minha mão.

— Você não destruiu minha vida – ele sussurrou, e eu pude ver o quanto ele se arrependia.

— Não foi o que você disse – eu falei, retirando minha mão da sua devagar.

— Eu estava com raiva e acabei dizendo o que eu não devia.

— Não ligo.

— É claro que liga, se não, não teria ficado irritada.

— Eu não fiquei irritada.

— Ah, não?

— Não. Talvez... Decepcionada seja a palavra certa.

Ele desviou o olhar.

— Você sabe que não é verdade - ele disse, voltando seu olhar para mim. - Você é e sempre vai ser a melhor parte da minha vida.

— Mas você terminou comigo.

— Eu estava com raiva.

— Você anda com muita raiva ultimamente - sussurrei.

— Tudo bem. Eu estava com medo de te perder, eu admito. Não estou acostumado com isso. Você sempre foi tão indiferente a qualquer cara e de repente você se importava com outra pessoa. E eu fiquei com tanta raiva de você por se importar com o cara que te matou, que eu nem percebi o que eu disse.

— Você ficou com ciúmes? Do Ephrain?

— Por que eu não ficaria? Só você não percebe o jeito que fala dele.

— E só você não percebe o jeito que... – parei de falar.

Mordi o lábio e o encarei.

— Victor, você não faz ideia de como é ler os pensamentos dos outros. E não pode nem começar a imaginar o inferno que Eprhain passa. E é por minha causa. Acha que eu me importo com o fato de ele ter me matado? Não foi culpa dele. A culpa está na intenção. Ele não fez de propósito. Ele se arrepende daquilo.

— E você?

— Eu o quê?

— Se arrepende de ter ido embora?

— É claro que não.

Ele cruzou os braços e se recostou na cabeceira da cama.

Seria uma longa noite.

— Olha, eu nunca imaginei que fosse dizer isso na minha vida, mas... Eu não me arrependo de ter voltado para Forks quando eu era humana. Nem de ter confiado em um lobo, ou dele ter deixado que Carlisle me transformasse.

— Achei que você odiasse ser uma vampira.

— E eu odeio. Mas se eu não fosse uma, eu nunca teria te conhecido - eu disse e ele me encarou, surpreso. - A verdade é que eu sempre fiquei entendiada com tudo isso. Eu matei pessoas inocentes e nunca me perdoei. Até hoje, mesmo depois de 100 anos, eu ainda posso ouvir os gritos delas, me implorando para parar. E então eu percebi que viveria com aquilo para sempre. Por que eu vou viver para sempre. E isso é a pior parte – respirei fundo – Mas depois que eu conheci você, tudo mudou. Por que... Com você é diferente. Você fez tudo ficar melhor. Você não me faz ser uma assassina. Com você, a eternidade faz sentido.

Ele me empurrou para a cama e sua boca já estava na minha antes mesmo de eu chegar ao colchão.

Ele me beijava de forma quase urgente, mas tinha uma certa delicadeza ali. Ele estava me deixando escolher, mesmo que eu fosse mais forte que ele e pudesse empurrá-lo a qualquer momento. Eu podia sentir o seu corpo quente sobre o meu, a batida forte e rápida do seu coração.

— Fica comigo... - ele sussurrou com os lábios esbarrando nos meus. - Fica comigo para sempre.

Ele não esperou por minha resposta, e sua língua pediu passagem na minha boca. Suas mãos passearam por minha perna, por minha barriga, levantando minha blusa. Peguei sua mão que subia mais ainda e o fiz parar.

— Você não vai me machucar – ele disse sem fôlego por causa do beijo, me encarando.

Por que eu achei isso tão sexy? Balancei a cabeça para tirar isso da minha mente e poder ser racional.

— E você me garante isso em base no quê? – perguntei, ignorando o fato de ele ter soltado sua mão da minha e apertado minha cintura.

— No que você sente por mim? No que eu sinto por você? Eu sei que você vai tomar cuidado. E você me disse que nem pensava mais nisso quando estava perto de mim.

— O sangue não é o problema, Victor.

— Então qual é?

— Eu já disse. Sou uma vampira.

— E tem alguma lei que proíbe?

— Tenta entender. Eu sou mais forte que você. Lembra? Se eu não estiver completamente concentrada no que estou fazendo, eu posso pegar a sua mão e acabar quebrando ela.

— E isso é um problema?

— Ah, eu não sei. O que você acha?

— Que não.

— Você realmente não tem senso de preservação.

— Você me ama. É com isso que eu me importo.

Nossos lábios estavam tão perto um do outro que cada palavra que saia de nossas bocas fazia com que eles se toquem. E isso estava destruindo minha concentração em continuar racional.

— Sua fé em mim é emocionante. Mas a coragem se torna loucura quando suas atitudes coloca a sanidade a prova. Eu vou acabar quebrando os seus ossos.

— Eu já senti eles serem quebrados uma vez, não foi tão ruim.

— Você não existe – mordi o lábio. - Eu não quero te machucar.

— E você não vai.

Ele me beijou de novo. Suas mãos estavam em meu cabelo, segurando minha cabeça. Eu deixei acontecer. Sabia que não devia, mas eu também queria.

O que era mais estranho ainda.

Eu nunca entendi muito bem o porquê da minha família gostar de... Ficar tão "próximos". Eu sempre achei desnecessário. Mas com o Victor, era sempre diferente. Todas as minhas crenças eram diferentes, minhas vontades, minhas atitudes. Tudo.

Seus lábios estavam em meu pescoço, sua mão direita apertou minha coxa.

O meu corpo estava estranho. Eu sentia coisas que nunca senti. E isso me assustou. Meu corpo é congelado, não é como se eu pudesse ter reações físicas. Mas mesmo assim eu podia sentir cada centímetro que Victor tocava, me queimando. Mas não era como se eu tivesse tirado o anel e me exposto ao Sol. Não. Era um tipo de fogo bom. Do tipo que faz você não querer que acabe e sim que queime mais ainda. Eu podia dizer que naquele momento nada mais importava. E estar com o Victor era o certo.

Seus lábios voltaram para os meus.

Pela primeira vez, eu não estava com medo de machucá-lo, eu não me preocupava apenas com a segurança dele. Eu tentei me desligar de coisas banais como a sede, e me concentrar só nele. Era o que ele queria. Era o que eu queria. Porém, a realidade bateu na porta. Quando minhas mãos estavam em seu cabelo e as desci por suas costas, perdi a concentração de ter cuidado.

Eu paralisei quando ele ofegou.

— Está tudo bem... - ele sussurrou, beijando meu pescoço.

Meu Deus, eu podia ter quebrado os ossos dele! Como assim está tudo bem?

O empurrei gentilmente para o lado e me levantei da cama.

— É melhor você dormir - eu disse, indo em direção à porta.

Ele se levantou e segurou minha mão.

— Está tarde, Victor - eu disse.

— Você não me machucou - ele disse, me puxando até que o meu corpo bateu no seu. - Você parou e ficou no controle. Isso é bom. Você consegue se controlar. Não... Não é fácil, eu sei - ele enterrou o rosto no vão do meu pescoço e cheirou o meu cabelo - mas também não é impossível.

— Não, é impossível sim - eu disse, e dei um passo para trás, me afastando dele.

— Não se afasta de mim, Angel – ele pediu. - Eu preciso de você. Entende?

— Eu não posso fazer o que você quer. Eu sou uma vampira e você é um humano. Isso nunca vai dar certo. Sabemos disso - eu disse e ele levantou uma sobrancelha, ainda sem soltar minha mão. - Quer dizer, eu sei disso.

Revirei os olhos.

— Tudo bem. Não vou insistir - ele sussurrou. - Hoje - corrigiu-se. - Mas isso não quer dizer que você não possa ficar. Por favor. Você sabe que eu tenho pesadelos. Não vou conseguir dormir.

Quem consegue resistir? É impossível. Eu me pergunto se todos os humanos são assim. Nunca senti nada nem remotamente parecido por nenhum.

— Tudo bem - eu disse, relutante e ele me puxou para a cama.

Quando me deitei ao seu lado, sua respiração acelerou, mas não era nada anormal, porém eu ficava preocupada com essas mudanças. Não sei se é normal os humanos ficarem assim.

— Você está bem? - perguntei, encarando o teto.

— Você acha que algum dia nós vamos voltar ao normal?

— Ao normal? - perguntei, com sarcasmo.

— Você me entendeu.

— Não sei... Acho que não.

— Por que não?

— Tem erros que não da para concertar, Victor.

— Nós somos um erro?

— Não. Pelo menos, não pra mim...

Ele suspirou.

— Você nunca vai me perdoar, não é?

— Perdoar o quê? Você disse o que achava. Não posso mudar sua opinião.

— Você acredita que eu amo você? - ele mudou de tática.

— Às vezes, sim.

— E por que não o tempo todo?

— Por que você é... Complicado.

— Eu amo a sua voz, mas toda vez que você diz essa palavra eu gostaria que você não tivesse uma.

— É impossível não usar essa palavra na minha vida, e sinceramente na sua também.

— Quer saber? Eu te amo... Perdão se isso soa como um pedido de desculpa para todas as vezes em que eu te magoei. Mas é a verdade. E... Bom, eu sei que você me ama. O tempo todo.

Eu sorri, mesmo que não devesse. Eu estava entrando em território perigoso e seria difícil de reparar o erro depois.

Ele se virou para mim e seu corpo ficou quase sobre o meu, seu braço o apoiando na cama ao lado da minha cabeça e o outro ao lado da minha cintura.

— Nenhuma palavra pode descrever o jeito que eu estou sentindo sua falta - ele sussurrou, os lábios quase roçando os meus e então sorriu. - Me desculpe, sou um desastre falando. Eu não sou muito bom em dizer o que eu sinto.

Eu sorri de volta. O mundo lá fora parecia tão insignificante quando ele sorria. Quando eu estava com ele, era como se o mundo todo ficasse em silêncio para que eu pudesse apreciar o fascínio e o encanto que ele é.

— Você precisa dormir - eu repeti, resistindo a tentação.

— Eu não estou com sono.

— Isso não é verdade. Já são mais de 3h da manhã.

— Talvez eu só esteja buscando desculpas para ficar mais tempo com você, já que você, bem, não vai ficar mais perto de mim quando Emmett chegar.

Minha respiração parou e ele sorriu de lado.

— Está tudo bem, você nunca prometeu, não é? Não é como se eu pudesse exigir alguma coisa de você.

Eu sabia do que ele estava falando. De Phoenix. Quando ele pediu para que eu prometesse nunca deixá-lo, mas eu não prometi. Não é algo que alguém como eu possa prometer. Eu sabia que ele não se esqueceria disso. Mas eu nunca poderia prometer algo tão perigoso.

Então ele me beijou... Na testa, na bochecha, no queixo. Até na ponta do nariz. Menos na boca. E enfim se virou para o lado, logo sua respiração ficou regular. Ele dormiu automaticamente, mas não falava.

Eu sabia que Victor não estava sonhando. Apenas se perdeu num estupor sem pensamentos. Passei a mão por seus cabelos e ele se aproximou de mim. Inconscientemente, ele se virou e me abraçou, sussurrou o meu nome e continuou com o seu sono, com o rosto na curva do meu pescoço e a respiração indo e vindo. Naquele momento eu não me importava com o que iria acontecer no dia seguinte. Estar com ele era essencial. E naquele instante, Victor era a personificação da paz.


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Notas finais do capítulo

Que calmiiiinho! Mas a pancadaria vai começar... PREPAREM-SE!
XOXO



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