10 anos depois…

Ino segurou a franja que voava com o vento daquela tarde de primavera. Um sorriso pequeno destacava no rosto cansado da mulher, mas a felicidade era visível na simplicidade da cena.

O cheiro as flores de cerejeira invadiam o ambiente e o som ambiente era reconfortante.

— Hein, amiga? Não acredito que chegamos a isso. - a loira riu baixo e jogou a franja para trás mais uma vez em sinal solene - Onde foi que acertamos? - perguntou com um tom mais maroto.

—Na loteria do amor. -Temari respondeu rindo- Mas foi sofrido… Bem, sempre tem aquela frase de que tudo dá certo no fim. Acho que vivemos isso. Que tal lançarmos um best seller sobre isso?- A loira perguntou sorridente com os traços mais maduros do que a antiga agente que lutou e até desistiu de um certo casal problemático.

— Olha, que ótima ideia! - Ino riu batendo palmas - Temos histórias pra contar, não? Acho que vimos tantos erros e acertos, que aprendemos com experiências alheias.

—Pois é. Nem nossas próprias vidas foram tão complicadas e olha que eu tinha vontade de bater muito no Shikamaru com essa preguiça dele. -Temari gargalhou com as doces lembranças da vida- Lembra como tudo mudou de maneira inesperada? De caso perdido para um caso surpreendente.

— Nem me fala - Ino suspirou nostálgica passando a mão na testa - Acho que jamais serei capaz de esquecer o que passamos… lembra a dor de cabeça? lembra o que aconteceu depois que devolvemos o dinheiro para Naruto? Pensamos que estávamos a salvo daquela loucura.

“Pela primeira vez a sala principal da agência de cupidos estava silenciosa e triste. Como se uma tempestade cheia de trovões e raios houvesse passado deixando apenas destroços. Desistir daquilo que você sabe que é bom foi a coisa mais cruel no coração de Temari e Ino. O casal sofria com sua teimosia, as agentes sofriam por não terem conseguido provar a eles o quanto o amor é algo maravilhoso.

Naruto e Hinata estavam tão cabisbaixo quanto as próprias meninas. Se nem uma agência poderia mostrar aos amigos a felicidade que um poderia encontrar no outro, quem mais poderia fazer? Infelizmente caberia a eles apenas assistirem pessoas tão amadas tentando seguir a vida procurando o que já tinham e rejeitaram.

—Bem, só posso dizer que lamentamos profundamente. -Temari suspirou - Fizemos de tudo para prová-los que valeria a pena lutar um pelo outro, mas eles não querem. Se a escolha deles foi desistir do amor que possuem, então não podemos obrigá-los a nada. Só nos resta desistir também e devolver o dinheiro de vocês. Nos desculpem.

— Eu não sei o que dizer. Parecia que tudo ia correr bem, eles davam sinais… - Ino tentava argumentar exasperada, sem entender onde havia errado - E espero, sinceramente que eles um dia… - Ino suspirou - acho que, um dia eles irão amadurecer… entendam, isso vai se desenvolver por eles mesmo, não acho que ajuda de terceiros possa fazer algo por eles. - a loira que teve de admitir.

— Não se sintam culpadas - Hinata intercedeu acalmando as moças - Sabemos como eles são e já foi de grande feito terem trazido Sasuke. Obrigada, acho que agora não há mais esperanças. - Hinata deu de ombros. - Pelo menos eles podem seguir cada um seu caminho.”

—Aquele foi o pior dia da minha vida. Foi um sentimento de derrotado como se não fosse capaz de fazer mais nada. Da mais simples a mais complexa. -Temari soltou um riso anasalado- É engraçado que sempre nos envolvemos com as histórias que pegamos. Queremos realmente despertar o amor e fazer aquelas pessoas felizes. Muito mais que apenas o dinheiro envolvido. Eles nem fazem ideia do quanto a gente sofre e torce por eles...

— E como! Parece que fazer as pessoas felizes e ajudar elas a enxergar o óbvio nos faz muito bem. Muito mais que o dinheiro envolvido… - Ino refletiu com cara de pensadora e depois riu - Com certeza, vou ter que concordar com isso.

“O dia tinha acordado feliz.

Temari não sabia bem como explicar, mas era essa a sensação que ela sentia. O sol parecia sorrir enchendo de um calor agradável tudo que seus raios tocavam. O vento vinha refrescante contando segredos vindo de outros lugares e chamando as árvores para uma dança que fazia mesmo os viciados na vida agitada parar para contemplar tanta beleza. A única certeza da loira era que algo bom iria acontecer naquele dia.

Horas passaram, os ponteiros mudaram de posição até que a secretária veio anunciando uma cliente que não tinha hora marcada, entretanto, se dizia desesperada.

—Mande entrar. -Temari disse curiosa e animada com mais um caso- E ligue para Ino mandando ela vir trabalhar logo.

A loira voltou seus olhos para seus papéis até que…

—Tema! Por favor me ajuda! Eu não aguento mais fingir que não existe nada. -Uma mulher de cabelos rosas desesperada e afobada dizia com os olhos verdes implorando por uma ajuda.

Sakura tinha decidido lutar.”

Ino assistia clipes musicais no youtube, despistando o relatório que Temari havia pedido que fizesse. Ajeitou o notebook no colo e abriu uma lata de energético. Quando voltou-se para a tela, a janela do bate papo estava em evidência e o nome dele a fez abrir a boca incrédula.

Quase derrubou energético na cama de tão atrapalhada que ficou. Não podia ser.

“Ino, está muito ocupada?”

“Sasuke? Que surpresa mais… não sei se é maravilhosa.” digitou com gosto fazendo um bico infantil.

“Preciso falar com você, sobre aquilo. Preciso de ajuda.”

— Acho que foi a primeira vez que fizemos algo de graça - Ino disse com a dedo no queixo - Mas eu nunca me senti tão… realizada? Acho que é mais forte que isso - ela riu mais uma vez dobrando uma blusa em seu colo. - Foi gratificante. Se lembra, Tema?

—Foi mais do que gratificante. Meu coração ficou tão preenchido depois disso. Mas nada supera a minha reação quando me vi de cara com a Sakura. Apesar que.. -Temari franziu as sobrancelhas pensativa antes de gargalhar- Tem algo que supera sim. Teve o melhor momento para se guardar por toda eternidade.

“ Ino bufou pela terceira vez. Já havia mandando mensagem para seu namorado dizendo que teve que fazer uma viagem de emergência, tinha aceitado o fato de que não iria fazer uma maratona de Star Wars, já havia perdido as esperanças de dormir em sua cama naquela noite…

— Não vai começar com isso de novo… - ela resmungou revirando os olhos de saco cheio.

—Não é de novo, é só que… ai e se para ele o tempo longe tá muito bom?- Sakura resmungou exasperada.

— Aff - Ino deu uma meia volta nervosa - Me escuta, ok? Na hora que você estava no escritório, Sasuke havia pedido minha ajuda pelo facebook - Sakura ergueu as sobrancelhas surpresa demais. Ia dizer algo, mas Ino ergueu uma mão calando-a - E sabe o que ele queria? O mesmo que você! Só que sem chororô, sem drama, sem muitas palavras. Ele disse: Eu pensei, eu tentei. Mas não sei viver sem ela. Não quero desistir. - Ino disse carregada de seriedade e intensidade. Sakura abriu a boca surpresa. - Ele não desistiu de vocês.

— E você? o que respondeu a ele? - Temari perguntou interessadíssima.

Ino sorriu maquiavélica e pegou o celular digitando com calma.

— Disse pra ele esperar. Duas horas e meia depois estou respondendo. - mordeu o lábio de modo maroto e começou a ditar o que escrevia no celular - “E o que você está disposto a fazer para reconquistá-la?”

Sakura apertou as mãos ansiosamente em frente ao corpo enquanto as três aguardavam a resposta que não demorou a chegar. Ino se surpreendeu, pois ele respondera através de um áudio.

“Eu faço tudo por ela. Aquela mulher me deixa maluco, eu não tenho controle sobre nada quando se trata de Sakura. Tudo vira uma bagunça, mas… - ele suspirou e Sakura mostrou o braço arrepiado para as meninas que sorriam bobas para o celular. Sasuke parecia hesitante em abrir-se daquela maneira - é uma bagunça que eu gosto. Ela colore minha vida. Eu… eu não tenho rumo sem ela. Sei que não deveria estar pedindo isso, mas… me ajuda.”

Sakura segurava a choro com as duas mãos na boca, Temari sorria com aprovação e Ino não sabia de onde vinha tanta alegria.

— Percebe? Precisa de mais provas? - Sakura negou debilmente com a cabeça - Ótimo, então agarra aquele homem e não solta mais! - empurrou Sakura para dentro do prédio - Pelo amor de Deus! - Ino concluiu sussurrando para a amiga.

Após ouvir todas as palavras de incentivo, Sakura estava parada em frente a porta do apartamento do homem que conheceu sem nenhuma pretensão e acabou ocupando um espaço grandioso em seu coração.

Bateu na porta o mais firme que conseguiu. Não sabia o que poderia falar. Mas é nesses momentos em que só precisamos deixar o coração ditar, certo?

—Sa…-Sasuke olhava assustado a mulher em sua frente.

—Oi. -Sakura deu um sorriso tímido ao ver o moreno- Sei que da última vez nosso encontro não foi um dos melhores e muito menos um dos mais românticos, mas serviu de algo. Nós nos conhecemos de uma maneira engraçada. Eu já tinha tido um namorado virtual que continuou virtual e, considerando minha idade na época, não sei se valeria como experiência. Juro que jamais pensei que o amigo nerd do Naruto acabaria se tornando alguém além do carinha apaixonado por heróis e por rpg. Fala sério, eu nem sabia o que era rpg direito… Isso foi mais uma surpresa para mim. Como conseguimos conversar e continuar aprofundando isso em uma brincadeira doce que foi se tornando tão séria? Parece tão surreal. -Sakura suspirou profundamente antes de abrir mais um doce sorriso- Mas foi verdade. Quando você disse para mim que não daria certo devido as distâncias, eu odiei a mim mesma. Merda! Eu sofri não por você, mas pela falta de você. Mesmo que fosse um único ‘bom dia, amor’ por um áudio que não diminuiria tanto assim a dor da saudades, eu queria. Estava viciada em você, só que nunca trocaria meu orgulho, que sempre ajudou a evitar feridas profundas em mim,  por um carinha que preferia suas plantas à tentar ficar comigo. Só que depois você foi atrás de mim... Acreditaria em mim se eu dissesse que me senti como uma princesa de contos de fada com seu príncipe indo regatá-la depois de tanto tempo? Idiota, eu sei. Mas foi um sonho que eu vi se realizando e que parecia tão utópico quanto fadas e finais felizes. Bem, o final feliz ficou na utopia mesmo. Depois de tudo e de umas coisas que a Tema falou para mim e que a Hinata disse também depois de se desculpar por ter contratado pessoas para nos ajudar… Minha vida não foi fácil, Sasuke. Eu vi minha mãe sofrer, eu sofri junto com ela, sofro até hoje com um pai que prefiro não mencionar. A parte feliz é minha profissão, meus amigos de verdade, minhas festas também e você. Não importa a distância, a saudade, as brigas que virão. Eu preciso de você. Eu aceito seus planos por mais odiosos que sejam porque eu amo você. Foi com você que passei a sonhar mais como seria a minha vida no futuro e é fácil imaginar a gente em uma casa de madeira no meio do mato com as três crianças correndo, porque eu quero ter três filhos. Eu me tornei alguém de quem muito gosto depois de você, e quero continuar sendo ela. Eu tenho tanto medo quanto você de que não dê certo, medo que o sofrimento seja maior do que tudo que sempre tentei me proteger até aqui. Mas eu escolho te amar pelo tempo que puder e depois nos acertamos com o futuro.  Então se você não quer nada disso me fala logo. Entenda que eu precisava tentar…

As palavras foram roubadas no beijo apaixonado que ele deu nela. Ele a abraçou contra si, como se tivesse medo que ela fugisse, como se o toque dela fosse algo vital, como se… tivesse reencontrado o amor de sua vida. Temari e Ino assistiam, emocionadas, nas escadarias do prédio, atrás de uma das paredes.

O casal continuou abraçado por um longo tempo, trocando sussurros de desculpas e beijos rápidos numa forma de guardar o sabor um do outro. Tudo estava muito lindo, muito bom, mas até quando?

Ino já pensava no plano B, C, D… Já ia falar algo para Temari, nervosa com o andamento das coisas quando Sasuke afastou-se um pouco de Sakura contemplando-a como se nunca tivera a visto antes e tivesse se apaixonado pela primeira vez.

“Não fala merda! Não estraga tudo!” Ino apertou a mão no peito olhando com expectativa para o homem.

— Meu amor - ele sorriu sem graça e ela riu passando a mão no rosto dele. Sasuke segurou-a e deu um beijo entrelaçando os dedos depois disso, usando o ato como uma desculpa para pensar em suas palavras e dar a chance de seu coração entrar num ritmo normal - Você veio. Eu não sei se merecia isso de você, eu iria até Kyoto mais uma vez. - garantiu dando outro beijo na mão entrelaçada na sua - Eu… me… era pra tudo ter se acertado aquela vez, e eu estraguei tudo. - Sakura fez menção de calá-lo, mas ele negou com a cabeça interrompendo o que ela quisesse falar - Me escuta, eu errei, tive muito medo em aceitar o que eu estava sentindo no começo, tive medo de arriscar quando já sabia que a dor seria demais para mim. Eu já senti isso e não queria que nós dois sofrêssemos. Eu sabia que seria pior dessa vez, porque é mais forte. Sakura, você é mais importante que o D20 ou o Superman na minha vida - Sakura riu enxugando uma lágrima pequena que escorria, sabia que era difícil para ele dizer aquelas coisas, então achou fofo o jeito com que ele tentava descontrair. Ele se concentrou no sorriso dela e se sentiu mais relaxado.

— Melhor que macarrão gelado? - Sakura perguntou tirando um riso rouco dele com essa piadinha do passado deles.

— Melhor que tudo que já me aconteceu. Temos que deixar as coisas claras dessa vez, então escute e entenda. Shion jamais me deixou do jeito que você me deixa, minha ex jamais me fez sentir coisas que sinto com você. Você despertou em mim um lado que eu jamais acreditei que existisse.

— O seu mel? - Sakura o interrompeu vendo que já começava a ficar nervoso em falar tanto de uma vez. Ela o conhecia bem e sabia que deveria deixá-lo confortável para poder ouvir tudo que o coração dele queria transmitir.  

— O meu “mel” - ele riu - Você acendeu um fogo em mim, um fogo que não consegui controlar e saiu devastando toda a minha razão. Isso foi assustador. Você é avassaladora, em todos os sentidos. Me sinto livre com você, desapegado de minhas responsabilidades, impulsionado a largar tudo só pra ficar na cama o dia inteiro com você. - sorriu de canto quando ela riu com isso - Tenha paciência comigo, converse comigo. Sabe que não tenho bola de cristal. Se eu ficar estranho você me fala antes, não guarda pra você. Quero dar andamento ao nosso plano original, ter nossa casinha no campo, nosso laboratório nos fundos, a floresta… e claro, meus três filhos brincando no jardim…

— Descalços! - Sakura pulou no pescoço dele dando um abraço e rindo - Todos peladinhos e sujos de terra.

— Er… bem. Na hora veremos isso. - ele riu a abraçando forte contra si.

Outro beijo foi dado e este foi como se fosse para selar aquelas palavras e representar o recomeço de uma história de amor.

Temari e Ino tentavam controlar as lágrimas e gritos pela emoção da cena. Elas fizeram um cumprimento silencioso e animado enquanto voltavam para a entrada do lugar. O ar tinha outro sentimento, a paisagem outra beleza, os sons outro sentido. O dever fora cumprido e o amor prevalecera.

—Só de lembrar desse dia eu fico arrepiada e com vontade de gritar novamente. -Temari riu- Aquele dia foi perfeito. Finalmente eles se aceitaram e viveram tudo o que queriam. Não deu para viverem juntos de cara, mas Sasuke soube controlar seus ciúmes e saudades para aguentar até o fim do mestrado. Depois veio o doutorado que pôde ser feito na mesma faculdade e contrariando as expectativas foi o Uchiha que fez o pedido de casamento com a festa, a casa e a lua de mel já planejadas. Ai como eu ri da reação da Sakura ao saber que ele tinha um plano montado para tudo.

— Não é? - Ino riu da lembrança - Quase apertei aquela bochecha dele quando ele veio pedir conselho para as “melhores cupidos do mundo”, aquele malandro não me deixa ficar brava com ele. Claro que no fim nada saiu de graça, ajudamos sim, mas ganhamos a tão sonhada fonte de chocolate e belga, ainda por cima! - gargalhou lembrando da reação das duas ao ver a bonita fonte com uma plaquinha na frente “Propriedade de Temari e Ino, não toquem” - E nosso discurso? - Ino gargalhou mais ainda.

—Mãããããããe - Inojin pulou no colo de Ino com o rosto vermelho de chorar apontando para o joelho machucado - Eu fiz dodói. - apontou com um bico de quem se nega a chorar mais uma vez.

— Ai meu amor! - Ino aninhou ele no colo vendo que se tratava de um arranhão superficial e o acalmou com o balançar do corpo. Ali estava o diploma de seu PHD em amor.

— Tia Tema, minha mãe vai demorar? - uma garotinha de cabelos pretos e óculos perguntou sentando-se ao lado de Temari. O vestido estava impecavelmente limpo, mas as perninhas se mexiam com a impaciência que herdara da mãe.

—Eles já devem estar chegando, meu amor! Tá animada com a surpresa deles? -Temari perguntou abraçando a pequena menina que significava a concretização de tudo que elas viram esse casal vivendo.

—Mãe, do que vocês estavam falando? Fonte de chocolate? Acho que vi uma foto disso. -Shikadai disse após um bocejo mostrando suas semelhanças com o pai.

—Foi do casamento do Sasuke e da Sakura. Eles eram tão cabeça dura…- Temari disse com um leve sorriso.

—Do papai e da mamãe? -Sarada perguntou curiosa ajeitando os óculos em seu pequeno rostinho de 5 anos de idade.

—Deles sim, querida. Sabia que a gente sofreu um bocado para mostrar aos seus papais que eles se amavam? Mas também depois que eles perceberam… Olha você aqui! -Temari disse com um sorriso para a menina- Oh, olhem lá! Eles chegaram!

As crianças imediatamente correram curiosas sobre qual seria a surpresa. Sasuke logo abriu um sorriso para sua filha pegando Sarada no colo para mostrar a surpresa no colo de Sakura. Três filhos foi o acordo entre eles e o segundo filho tinha acabado de chegar. Uma adoção para que mais uma criança pudesse sentir todo o amor que eles tinham a oferecer. Sarada passava a mãozinha curiosa no rostinho do novo irmão e os pais apenas observavam maravilhados com a cena.

As duas mulheres deram tempo ao casal, logo iriam mimar o mais novo membro da família com calma e promessas de constrangimento quando ele fosse mais velho. Os laços se tornaram fortes demais e todos eles se sentiam partes de uma mesma família, no fim de tudo.

— Lembra do disurso? - Ino perguntou sem tirar os olhos do sorriso brilhante que a família Uchiha compartilhava olhando para o novo membro - Dissemos a todos tudo o que tivemos que aprontar para deixar esses dois juntos, Sasuke não sabia onde enfiar a cara. Foi muito engraçado e emocionante. - Ino suspirou - O começo foi difícil, mas eles viram que muita coisa era mais simples do que eles imaginaram. Dona Mikoto e toda família Uchiha receberam Sakura muito bem, contrariando o medo bobo deles, ela até passou pela iniciação de lavar a louça do domingo! E Mebuki… tratou Sasuke como um filho, lembra de como ela falou que já o queria como genro antes mesmo deles se desenrolarem? Tudo já estava certo para que a relação deles progredisse para um final feliz, só faltava o ponta pé inicial. - Ino riu olhando para a amiga num gesto cúmplice.

—Sim… Foram tantos momentos lindos. Nem tudo foram flores é claro. Tiveram brigas e momentos sem falar um com o outro. Mas o amor está mesmo nesses estágios de adaptação. Está em sofrer de certa forma e em sorrir logo depois. Sasuke nunca tentou mudar Sakura, só que ela foi controlando como seria suas saídas e nível de bebida por vontade própria. Sakura não gostava dos planos exacerbados dele, mas aprendeu a viver com isso e deixar todos os planejamentos para as mãos dele, cuidando apenas dos momentos em que a rotina tava parada demais e acordando o casal novamente. Ela ensinava ele a dançar, ele ensinava coisas nerds. Foi de pouco em pouco, vivendo cada dia de uma vez sem atropelar nada e se amando como se só aquele dia existisse até que Sarada viesse mostrar que eles estavam no caminho certo. -Temari suspirou vendo Sarada conversar com o novo irmão como se o pequeno entendesse tudo- O amor é simples. As pessoas que complicam porque ele mexe com todas as estruturas racionais quebrando de uma a uma. Ele quebrou os planos de Sasuke, quebrou a vida segura de Sakura e deu algo muito melhor. O amor não deseja o mal, ele só quer o bem, a felicidade. Eles alcançaram isso.

— O amor chega para surpreender, para restabelecer, mudar, moldar, transformar, alegrar… - Ino levantou-se e acenou para Sakura de longe - Ele quebra paradigmas, muda pontos de vista, faz desistir, reagir, se sacrificar. É um sentimento tão profundo e tão denso, mas que parece frágil e translúcido quando não o compreende e não aceita. Essa história me fez pensar em muitas coisas, me fez valorizar muito mais as oportunidades da vida. Viver a vida com a intenção de ser feliz. Esse vai ser o caso que mais marcou as nossas vidas, e vamos cuidar, ficando sempre por perto para que tenhamos a comprovação de que fizemos um bom trabalho.

—Só espero que Sarada não seja igual ao pais. Adoraria ela com meu filho, mas ele é preguiçoso demais para aguentar tanto trabalho. -Temari dizia com pouco caso rindo logo depois.

— Hm, acho interessante. - Ino pontuou seguindo com Temari para perto do casal - O que acha do Inojin com a Himawari? - Ino refletiu e riu depois.

—Acho que a gente nunca vai largar essa vida de agente. -Temari riu- Mas é melhor deixar eles seguirem a vida deles e ficaremos aqui para dar os conselhos quando precisarem. Agora vamos ver esse pequeno Uchiha. Bom trabalho, parça!

— Bom trabalho, parça.

“Eu vou te amar

Como se eu fosse te perder

Vou te abraçar

Como se estivesse dizendo adeus

Aonde quer que a gente esteja

Não vou te levar por privilégio, pois nunca sabemos quando

Quando o nosso tempo vai esgotar, por isso vou te amar

Como se eu fosse te perder

Vou te amar como se fosse te perder”