O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 27
O Lago


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
PS: acabou o conto de fadas u.u



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                                               Sete 

 

O som de carros cantando no afasto ao fazermos curvas que não seria prudente para nenhuma pessoa que fosse sã e tivesse um pingo de apresso pela vida faria. Infelizmente, o motorista do meu carro é Sandor e ele não parece ser do tipo de cara que tem muito apresso pela vida. 

Estou abarrotada no banco de trás com Seis, Ella e Héctor. Com Ella sendo forçada a ter que assumir sua forma de menina de 7 anos de idade novamente para o que todos coubéssemos.  

Na frente Adelina está com um terço na mão rezando sem parar enquanto Sandor desvia de mais tiros de algum tipo de nave de ataque mogadoriana. Ele olha para ela indignado. 

— Por Lorien, você ainda está mais chata do que a última vez que te vi! – ele berra para ela indignado. – Quer fazer o favor de pegar a arma que te dei e atirar na nave que está tentando no explodir! 

Fico observando os dois quietos. Adelina fica estudando a expressão de Sandor por alguns momentos e pega a arma no canto do motorista. Ela se posiciona um pouco para fora do carro e começa a atirar em um alvo que não consigo identificar. 

— Para onde estamos indo? – essa coisa toda de esconderem informações de mim está me matando. 

— Você vai ver! – Ella fala dando um sorriso infantil sentada no meu colo. 

Sentada ao meu lado Seis esta quieta demais. Estou começando a me preocupar com ela.  

Um vento forte começa a bater na janela do quarto e me assusto, seja o que for esse vento ele está fazendo alguma coisa com a nave mogadoriana porque de repente os tiros estão nos errando por muito. Ouço Adelina gritar por causa da ventania, ela parou de atirar e retornou para dentro do carro. 

— Que vento foi esse? É quase como se uma tempestade estivesse se formando ao redor do nosso carro! – Adelina fala exasperada para Sandor. 

O homem rir se divertindo com a pergunta, essa tempestade que está se formando não é natural. É um tipo de Legado, olho instintivamente para Seis. 

— Nossa previsão do tempo para hoje. – Sandor murmura debochado. – ventania forte e raios caindo na cabeça de mogadorianos causados pela nossa querida Seis. 

Na hora que ele fala, eu realmente começo a ouvir o barulho de uma trovoada chegando.  

 

                                               Quatro  

 

Crayton disse que pegaríamos uma linha alternativa para despistarmos os Escumadores que estava no nosso encalço. Na correria nem tivemos tempo de pensarmos em quem iria com quem, mas posso perceber que o Cêpan está afoito para chegarmos no tal lugar que ele disse que estaríamos em vantagem, ele queria que Ella estivesse aqui. 

E não creio que um número Três barulhento pedindo uma das armas modificadas que Henry está atirando contra a nave mogadoriana atrás de nós está ajudando muito. 

Ao contrário de Três, eu estou tentando bloquear os disparos usando minha telecinese. Pelo menos estou conseguindo os rebater um pouco para longe, também estou tentando usar minha força para estabilizar o carro nas curvas. Começo a sentir meu estômago se contrair com o esforço que estou fazendo e sinto um filete de suor escorrer da minha testa. 

— Poupe suas forças, John. – Greg fala ao meu lado, não sei o que tem nesse cara, mas eu paro imediatamente quando ele me pede. Tem algo na voz dele que faz você acreditar que ele está certo. 

                Sinto um alívio instantâneo ao fazer isso e começo a arfar um pouco. Eles têm razão, eu tenho que me recuperar logo. 

Já nos afastamos da cidade de Santa Tereza, mas posso garantir que fizemos um estrago naquele lugar. Estou preocupado com o amigo bêbado de Marina que decidiu vir conosco, ele se despediu da mãe e a mandou ir se esconder na parte do abrigo onde uma das freiras estava montando. Todos acreditam que estavam sendo atacados por um grupo terrorista Espanhol. Agora vou ser um terrorista internacional. 

Começamos a subir uma montanha e vejo o vislumbre de um outro carro sendo perseguido por um Escumador. De repente uma forte ventania começa a fazer a nave sacoleja e os tiros começam a erra. A nave é obrigada a recuar a investida contra o carro. Isso só pode ser coisa da Seis. 

A nave mogadoriana solta disparos semelhantes aos canhões mogadorianos só que parecem ser duas vezes mais potentes. Uma hora ela mira numa rocha já meio solta e quando a explode ocasiona um deslizamento de pedras vindo na nossa direção. 

— Três, uma ajuda! - eu grito para ele e lanço uma onda telecinética para tentar frear o deslizamento. 

Ele entende na mesma hora o que devemos fazer e começa a juntar a sua força telecinética a minha e começamos a segurar as pedras com a mente. Ouço o motor do carro fazer um barulho de que está começando a acelerar e Crayton nos faz começar a correr o máximo possível. 

—Cuidado! - Henry grita, mas já é tarde demais. Não conseguimos fazer uma curva direito e o carro é lançado no ar. 

A nave mogadoriana para de atirar em nós. Eles sabem que vamos morrer agora, é impossível nos safarmos, estamos caindo de uma montanha em um carro. Mesmo que a gente sobreviva, a única coisa que os mogadorianos precisarão fazer será dar o tiro de misericórdia e eu acho que eles não são do tipo que gostam de fazer isso. 

—Quatro e Três, tentem usar a telecinese para fazer o carro conseguir encostar no chão! - Gregory berra e agora começo a notar um pouco de apreensão em toda essa máscara passiva do homem. 

Concentro-me no carro e a contração na barriga retorna, ouço Três gemer, também deve estar sendo difícil para ele. Tento expandir minha atração telecinética para o carro inteiro sinto que uma força extra está me ajudando é a telecinese de Três. Nossas forças combinadas começam a englobar junto o carro e conseguimos envolvê-lo por completo. 

Juntos nós começamos a reduzir a queda livre do carro e o fazemos começar a reduzir a distância entre a montanha. Estou sentindo meus músculos doerem quando ouço o som de um pneu encostando em alguma coisa. 

—Isso! - Crayton comemora dando uma gargalhada. - Bom trabalho garotos. 

Eu e Três não estamos bem para comemoramos nossa proeza com o carro que aterrissamos agora. Estou tentando recuperar o fôlego e vejo Henry olhando para mim preocupado, em seguida ele se vira e começa a atirar contra a nave mogadoriana novamente. 

A descida é íngreme e as curvas são cada vez piores agora que não estamos mais na estrada e temos que desviar de pequenos rochedos, e várias árvores. Chega uma hora que não podemos mais prosseguir porque nos deparamos com uma floresta de pinheiros. 

Crayton grita para que a gente saia do carro e fazemos isso. Ele e Henry correm diretamente para a mala e começam a pegar um monte de armas pesadas, provavelmente Crayton estava muito bem preparado para uma guerra. A julgar pelas armas eu ele estava pronto para invadir um país, tem metralhadoras, pistolas, uma katana. 

Eles se armam e Gregory também faz isso quando chega perto deles, uma coisa me perturba, nossas arcas não estão ali. Tanto a minha quanto provavelmente a de Três. Henry me olha e ele percebe a minha dúvida. 

—Crayton disse que a guardou no esconderijo dele junto com a de Três. - ele me explica enquanto monta um fuzil . - Não podemos ficar carregando uma arca para tudo que é canto numa batalha. 

Disso não posso discordar com ele, além do mais, já estou com o bracelete. Três pega a katana e ninguém protesta para isso, o garoto está sem a arca e não veio muito bem preparado. 

Ouvimos um som do Escumador chegando e cerro os punhos. Agora já chega, vou abater essa nave aqui mesmo, ascendo meu Lúmen e crio uma bola de fogo em cada mão e me teletransporto até um galho grosso de uma árvore próxima a nós.

Olho para os outros e eles entendem o que devem fazer. Começam a disparar contra a nave para atrair sua atenção enquanto eu tento esperar pacientemente para ter um bom ângulo de disparo. As balas ricocheteiam na blindagem, mas eu estou vendo a nave ficar um pouco presa. Três a pegou com sua telecinese, o canhão se vira para ele e começa a atirar, vejo o seu corpo começar a tremeluzir como se fosse um fantasma, mas acho que não vai durar muito tempo.

                Eu ataco com. Salto do galho e lanço as duas bolas de fogo na frente do Escumador. A primeira explode a cabine do pilote e a nove começa a cair em parafuso, a segunda eu uso minha telecinese para direcioná-la e acertar a asa da nave. O escumador se choca contra as árvores e explode.

— Pronto, menos um problema! – digo triunfante e olhando para os outros.

— O lago é por aqui, venham! – Crayton faz sinal para o seguirmos com uma das mãos enquanto carrega sua pistola na outra.

                Abandonamos o carro e seguimos pela floresta de pinheiros, o caminho é um pouco estreito e de vez em quando sou arranhado pelos galhos, mas não para de andar. Precisamos chegar nesse lago e nos encontrarmos com os outros.

                Atravessamos uma última sequência de árvores e então finalmente eu me deparo com uma planície com um lago bem grande a nossa frente. Ainda não entendi para que precisaríamos de um lago desse para nossa ajuda, mas Crayton acho que seria bom. Tenho que confiar.

                Ele assobia, um assobio alto que ecoa e em seguida vejo uma cabeça reptiliana do tamanho de uma porta fica nos observando. Uma Chimera, claro que sim, Crayton veio com uma nave cheia delas. Por que ele não estaria viajando com uma?

— Onde está Bernie Kosar? – Henry me pergunta, mirando para as entradas da floresta.

                Tento usar minha telepatia com BK para encontra-lo. Ele estava monitorando os mogadorianos, eu o pedi para ver de qual lado os inimigos estavam vindo e assim que pudesse achar o tal lago de Crayton e vir se juntar a nós também. Tento expandir o alcance e já estou começando a ficar nervoso, mas finalmente consigo um sinal. Estou chegando, é bem fraco, mas fico feliz em saber que meu fiel amigo está bem.

                Ouvimos um barulho dos galhos se mexendo e Gregory posiciona a metralhadora que está segurando naquela direção. Trinco o maxilar e ascendo o Lúmen, se o combate começar agora que seja. Quem sai é Sandor com um sorriso idiota levantando as mãos com um rifle seguido pelo resto do seu grupo.

— Cadê a Seis? – eu pergunto ao notar a ausência dela.

— Cara, vocês são chatos. – ele revira os olhos quando falo isso. – Oi Sandor fez boa viagem com a Madre Tereza mais preocupada em rezar pelas nossas almas pecadoras do que atirar nos mogadorianos? Fiz sim, obrigado por perguntar Quatro, a Seis está fazendo a dança da chuva dela já.

                Adelina olha furiosa para Sandor, ela está segurando um fuzil e por um momento eu acho que vai descarrega-lo nele. Cada vez mais estamos nos tornando um grupo muito bizarro, uma freira com um fuzil é uma coisa difícil de se acreditar.

                O humano amigo de Marina, Héctor está armado também ele se posiciona junto com Gregory. Estamos tensos tentando nos preparar para saber de onde o ataque virá. Marina fica ao meu lado junto com Ella. As duas tem menos treinamento que o resto, seria prudente que ficassem mais recuadas, embora Marina já deva ter seus Legados desenvolvidos.

                Uma ventania forte fria começa a vir em nossa direção e faz os pelos dos meus braços se eriçarem e sei que é uma maneira de Seis nos alertar o que vem vindo. Ouço o barulho de naves e dois Escumadores brotam do céu.

                Henry grita para nos protegermos e a nave começa a abrir fogo contra nós. Os tiros de canhão explodem a neve ao redor. Uma hora ela mira em Marina e Ella e sou forçado a pegar as duas e nos teletransportar para o círculo feito por Henry, Crayton e Gregory. Eu olho para eles e meu Cêpan me dá permissão para ir na linha de frente enquanto toma conta da nossa curandeira e da criança.

                Tenho que segurar essas naves até que a tempestade de Seis fique completa. Estou começando a ver as nuvens começando a se juntarem e estão tomando uma estranha forma de um homem idoso dormindo.

                Dessa vez os mogadorianos também estão chegando a pé. Três grita de alegria e avança brandindo a katana que ele pegou, tento dizer para ele ir com calma, mas o garoto se transforma em um seria killer mirim. Os mogs tentam mirar nele, mas o garoto os corta antes que façam o disparo e quando fazem o seu corpo se torna intangível e ele mata quem atirou nele.

                Ativo minhas bolas de fogo e vou atacar os Escumadores. Um deles foca o canhão que tem embaixo para mirar em mim e na hora que dispara eu me teletransporto para longe e arremesso uma bola de fogo. A nave faz uma manobra e desvia.

                O outro tenta me acertar, mas uma ventania bate no canhão o fazendo virar na hora que iria disparar e o canhão dispara uma raja azul da morte na cara de um soldado que avançava contra Adelina. Olho para o centro da tempestade e sorrio.

 

                                                     Sete

 

                Estou tentando não pirar vendo essa luta toda. Héctor está atirando nos mogadorianos ao lado de Adelina como se tivesse sido treinado para isso enquanto eu estou protegida pelos Cêpans dos outros para não ser morta. É tão frustrante, não vou deixar os outros ficarem se ferindo por minha causa, também vou lutar.

— Ella, fique aqui. – digo tentando passar o máximo de coragem que consigo nessa hora. – Eu vou ajudar os outros.

                Corro para linha de frente e ouço algum dos Cêpans berrar para não fazer isso, porém eu ignoro essas palavras. Chego para o lado de Adelina e ela fica espantada ao meu ao seu lado, sua batina está toda rasgada e perdeu seu crucifixo, mas nunca vi minha Cêpan lutar com tanta fé quanto agora.

— Lamento Marina! – ela tenta falar, mas é interrompida quando temos que desviar de tiros de mogadorianos.

— Depois conversaremos sobre isso, Adel. – tento soar o mais suave possível, eu recuperei minha Cêpan e me juntei a Garde. Agora só espero não morrer hoje.

                Concentro minha telecinese nas duas árvores mais próximas e as faço levantar da terra, não foi quase nada de esforço – acho que é efeito da adrenalina -, arremesso uma delas em cima de três mogadorianos e os esmago. A outra eu me concentro e a jogo com toda minha força na direção de uma daquelas naves que estavam tentando nos destruir.

                A nave é forçada a desviar indo para no centro do lago e em seguida explode a árvore que arremessei numa demonstração chula de poder idiota.

                Nessa hora eu começo a ver uma sombra começar a se erguer de dentro do lago e um enorme réptil marítimo emerge com um pescoço longo e uma boca que tem dentes que parecem estalactites. A nave – acho que é Escumador – não consegue desvia e é presa pelos dentes ferozes do animal, em seguida ele volta a submergir levando consigo a nave.

                Fico boquiaberta e por um momento até os mogadorianos que estão próximos de nós pararam de lutar. Então era esse o plano e por isso Ella estava tão sorridente, nós temos uma Chimera aqui para nos ajudar.

— Isso foi irado! – Três grita e ele aproveita para arrancar a perna de um mogadoriano com a espada.

                Olho para os adversários dele e fico horrorizada, alguns mogs não estão mortos. Só desmembrados, sei que isso é uma batalha, mas para que torturar eles? Não tenho tempo para repreendê-lo, mas vejo o mog sem perna gritando de dor ser engolido por uma bola de fogo e virar uma pilha de cinzas. John está parado ao nosso lado agora e parece pensar a mesma coisa que eu, temos que pôr um limite no Três.

                A outra nave decide mudar o foco e vai em direção ao grupo que está protegendo Ella. Tento gritar para eles correrem, mas ouço barulhos de animais que nunca ouvi antes. Por um momento acho que talvez seja a Chimera novamente, mas os animais surgem da floresta.

                Três criaturas gigantes de aparência amedrontadoras e peles negras sem olhos que parecem vermes com presas e patas de elefantes surgem rosnando e avançam com ferocidade. Olho para Adelina, e minha Cêpan me puxa para longe da corrida desenfreada das criaturas. Me jogo no chão bem na hora.

                Ouço o barulho de um trovão e de repente começa a chover pesado, meu cabelo começa a ficar grudado no meu rosto e tento afastá-lo da minha visão. Olho para cima e vejo a expressão do homem idoso que antes era serena se tornar de fúria. Ele ruge, pelo menos é o que parece e raios começam a cair no chão.

                Um raio explode em cima da criatura gigante e ela explode instantaneamente. Isso é fúria da Seis? Mais raios começam a cair e cercam o campo de batalha, eles explodem os mogadorianos que vem para cima de nós e todos começam a ficar desesperados, alguns tentam disparar para o ar, mas o tiro é em vão. Eles não conseguem chegar até Seis.

                Crayton atira contra as criaturas e descido usar a mesma estratégia que fiz da outra vez com as árvores. Levanto duas delas e grito para chamar a atenção do monstro, ele se virar para mim e avança como um espírito da morte sedento pela minha alma. Adelina grita atrás de mim, mas não recuo, jogo uma árvore fazendo-a se quebrar toda com o impacto e o deixo um pouco atordoado. Tento fazer a segunda atravessar o lado do monstro, mas não conseguirei a tempo.

                Um falcão surge e se transforma em uma fera híbrida com presas ferozes e abocanha a barriga da besta mogadoriana. O monstro se contorce e as duas criaturas começam a lutar entre si, o piken se arrasta com o machucado na barriga enquanto a outra Chimera – só eu não tenho uma? – fica rosnando para ele. Eles pulam e tentam se morder, a Chimera acerta com a pata o rosto do monstro e morde e acerta o pescoço.

                O outro piken tenta correr furiosamente contra a Chimera, mas o monstro do lago emerge novamente e puxa a criatura pela pata. Ele consegue erguer a besta mogadoriana alguns metros usando seu pescoço longo e musculoso e em seguida larga a criatura. O monstro grita de dor e pula no pescoço do monstro para tentar mordê-lo. Duas bolas de fogo vindas de John explodem no peito dele nessa hora.

                Não acredito que estamos mesmo ganhando, todos estão lutando de maneira feroz e vamos conseguir vencer assim!

                O Escumador desiste de perseguir Henry e Gregory que estão carregando Ella e avança contra Seis em cima da tempestade. Tenho que admitir que o piloto e corajoso, raios tentam acertá-lo, mas a nave consegue desviar e prepara o canhão para atirar contra a nuvem.

                Meu coração para quando vários disparos começam sem parar, a nuvem começa a ser dissipada e a chuva de repente para, o barulho dos trovões cessa e consigo ouvir o grito dos combates das bestas mogadorianas com as Chimeras e de tiros sem parar.

                Consigo ver um vulto humano começar a cair das nuvens e grito. Vejo que John corre desesperado e se telentrasporta para o meio do ar. Adelina grita de dor e quando a olho ela foi atingida na barriga, fico desesperada e corro até ela. Minhas mãos estão tremendo.

— Não seja idiota! – ela grunhe tentando parar o sangramento. – Se proteja e me deixe aqui.

— Nunca, você me deve um treinamento! – eu grito para ela e começo a fazer meu Legado funcionar, sei que serei um alvo fácil, mas não deixarei Adelina ser morta na minha frente.

                Vejo uma sombra se projetar na minha frente e por um momento acho que é um mogadoriano sádico querendo dar um golpe final em mim, mas quando olho é Gregory atirando sem parar contra qualquer um que tenta mirar em mim.

— Cure Adel, eu dou cobertura! – ele fala de maneira calma, como alguém pode estar calmo em uma batalha?

                                                                                 Seis

                John me pega no ar enquanto estava caindo e estou com vontade de socar a cara dele por isso. Eu tinha feito isso propositalmente, iria frear minha queda com a telecinese. Agora viemos parar no meio da floresta há alguns metros dos outros enquanto a batalha continua.

— Um obrigado seria legal. – ele murmura irritado. – Achei que tivesse sido atingida, você não faria o mesmo por mim?

                Esse tipo de pergunta idiota no meio de uma guerra é o motivo pelo qual eu não queira me envolver. Olho para John e vejo que ele realmente achou que eu estivesse machucado.

— Se sairmos vivos daqui, eu te compenso pelo salvamento. – eu digo como se não tivesse importância, mas até que gostei. Claro que não vou dizer isso para ele. – Agora temos que voltar para os outros.

                Ouvimos um barulho por entre as árvores vejo um caminhão mogadoriano surgir. Nos jogamos para o lado e eles nos percebem, os mogadorianos começam a sair do carro e avançam calmamente para cima de nós.

                John foi parar em um lado da floresta e eu do outro. Nos olhamos e temos uma breve conversa mental, eu fico invisível e pego a adaga de diamante no meu bolso enquanto eu o vejo ascender uma bola de fogo com a mão esquerda e arremessar na cara de um mogadoriano. Ele se contorce em chamas até virar cinzas.

                Seus companheiros viram furiosos para John e apontam os canhões para sua cabeça. Nessa hora John se teletransporta e vai parar em cima de um galho. Os mogadorianos acompanham sua peripécia como se ele fosse um macaquinho de circo e eu aproveito e avanço contra eles invisível.

                Corto o pescoço do primeiro mogadoriano abrindo um rasgo considerável, ele tenta gritar, mas cai no chão desfalecido. Os outros ficam atônitos e percebem que caíram em uma armadilha. John surge na frente deles joga uma bola de fogo. Outro churrasco de mogadoriano bem passado.

                Abro um talho na perna de um deles e ele cai de olhos, soco o osso da coluna e John acerta um soco no maxilar, em seguida ele se teletransporta novamente para longe dos dois últimos mogadorianos. Estamos deixando eles loucos.

                Vejo um deles pegar o comunicador para pedir reforços, mas eu uso minha telecineses e faço o comunicador voar bem na minha frente até ir para perto de John e uma bola de fogo o explode. Os mogs gritam de frustração e um surta pegando a adaga e começa a esfaquear o vento tentando me acertar.

                Começo a rir, o que estava com o comunicador pega a arma e aponta para a direção onde eu estava rindo e John aparece pelas costas dele. O mog dá um salto e eu o esfaqueio com a adaga na direção do coração, ele grita e vira cinzas. O último mogadoriano tenta correr, mas é engolido por uma bola de fogo enviada por John.

— Fizemos um bom trabalho. – John comenta, realmente fizemos. Conseguimos fazer esses mogadorianos ficarem loucos com nossos Legados combinados.

— Deveríamos usar isso lá no campo de batalha! – eu falo lembrando onde o verdadeiro combate está acontecendo.

                John fica pálido e vejo sua mão ir institivamente para o braço onde ele tem aquele bracelete que vira um escudo. Não sei o que está acontecendo, mas ele corre na minha direção como um louco e grita.

— Cuidado Seis! – ele fica por cima de mim e nessa hora escudo do braço é acionado.

                Somos bombardeados pelo escumador e mesmo com o escudo defendendo o impacto arremessa John contra uma árvore. O mundo para ficar mais lento para mim, o escumador vai embora, ele deve nos considerar mortos. Não consigo me levantar, e nem gritar.

                Me arrasto até John e checo sua pulsação e vejo que ele está sangrando muito na cabeça. Meu coração está quase parando, tento lembrar das leis de não se envolver, que isso é uma guerra, e as pessoas morrem, mas não quero perde-lo. Já perdi muita coisa, não posso perder John.

— John! Acorda John! – Eu berro, estou perdendo minha concentração. – Você não tem o direito de morrer, você é um soldado John!

                Ele murmura algo, mas não consigo ouvi-lo. Quero levantá-lo, mas estou com medo, merda John, para que bancar um herói? Preciso trazer Marina aqui, só que se eu me afastar ele será um alvo fácil.

                Estou tremendo de frustração. Tateio os bolsos dele procurando uma pedra de cura, mas deve ter ficado com Henry. Estou quase chorando quando ouço um latido, olho e vejo um beagle, Bernie Kosar. Ele olha de um jeito que não preciso ter o Legado de John para saber o que ele quer que eu faça.

                Vá busca-la.

                                                                        Sete

                Nós somos obrigados a formar um círculo para conseguirmos nos defender de todos os pontos cegos da luta dos mogadorianos

                Olívia – é assim que ela chama a sua Chimera – emerge as vezes e agarras alguns mogadorianos os levando para o fundo do lago, eles estão ficando desesperado de se aproximarem de nós e querendo só ficar numa investida a distância.

                Henry, Héctor e Greg abrem fogo contra um esquadrão mogadoriano que vem pelo sul e eles revidam com seus canhões. A batalha parece não ter fim. Levanto uma árvore e as uso como escudo para bloquear os disparos dos canhões e ouço Três aparecer gritando estraçalhando os mogadorianos com sua espada.

                Ouço barulho de motores de carro e vejo cinco caminhões quebrando as árvores vindo de todas direções eles nos cercam. Sinto uma vontade desesperadora de chorar, estou exausta e não consigo mais lutar. Acho que a munição que trouxemos já acabou porque estou vendo Sandor usar um rifle mogadoriano e Adelina um canhão deles.

                Devem ter descido cerca de 50 mogadorianos para e eles tentam fechar todo o caminho. Para piorar tudo, Seis, John e agora Bernie Kosar despareceram por entre as florestas. Meu desespero só não é maior porque eu não senti a cicatriz de nenhum deles na minha perna.

— Seja forte Marina! – Adelina arma o canhão e dá um disparo na direção do mogadoriano mais próximo.

                Ele consegue desviar do canhão e fica nos olhando rindo. Os outros começam a pegar suas armas, agora precisamos de Seis e John. Cadê eles? Temos que derrotar esses caras e estamos muito poucos aqui.

— Papai... – Ella se esconde atrás de Crayton, ela conseguiu uma arma mogadoriana e eu a vi dando alguns disparos, mas agora está com medo também.

— Vai ficar tudo bem. – ele tenta acalmá-la. – Temos que concentrar nossas forças no perímetro do lago, onde Olívia pode vir ao nosso suporte.

                Concordo com ele. Três está mais a frente, o Legado dele é incrível, é praticamente um alvo ambulante. Os mogadorianos ficam atirando nele só para ver se conseguem acertá-lo, mas o garoto desvia de todas as balas ficando intangível.

— Merda, essa não é hora para o John e a Seis ficarem dando uns beijos na floresta. – Sandor murmura e começa a disparar, ele acerta dois mogadorianos na cabeça. – Onde eles estão?

— Devem estar enfrentando outro problema, além do nosso. – Henry dispara também e abate os soldados.

                Uso meu minha telecinese na direção dos carros fazendo toda minha força para isso. O carro flutua e um grupo de mogadorianos distraídos vindo nos atacar é esmagado por eles. O carro explode em seguida.

                Os mogadorianos avançam com velocidade para cima de nós atirando, só consigo levantar coisas que eu acho para tentar bloquear os tiros enquanto os outros retribuem as balas. Crayton dispara com sua arma sua precisão é mortal, ele dispara contra o peito de dois mogs que viram cinzas na hora.

                Adelina e Sandor avançam juntos disparando contra um grupo de mogadorianos, eles tentam acertá-los, mas os dois se jogam para o lado e abrem fogo ao mesmo tempo. Tentando e consegue abater alguns.

                Lanço uma onda telecinética fazendo um mogadoriano voar alguns metros e ele cai próximo ao lago. Olívia surge instantemente e arranca metade da carcaça dele. Estou adorando essa Chimera, não consigo evitar de abrir um sorriso.

                Viro para o lado e vejo uma cena que parece ser em câmera lenta. Um mogadoriano avança com uma adaga contra Ella, eu tento correr para impedi-lo. Não lembro de usar minha telecinese e sou lenta demais. O mog pula em cima da garota e vejo um homem interceptá-lo.

                Greg e o mog rolam pelo chão se socando como dois boxeadores. O Cêpan embora pareça ser sempre calmo tem um jeito bastante ágil para essa luta, o mogadoriano está perdendo no combate sendo socado inúmeras vezes até que vejo uma coisa brilhante se projetar pelas costas de Gregory.

— Não! – eu grito. E tento correr para tentar salvá-lo, mas vários mogadorianos começam a atirar na minha direção e Héctor me puxa para o lado assim conseguimos desviar dos tiros.

                Ele geme e vejo que tomou um tiro na perna e um no braço dos mogadorianos. Não sei o que fazer, eu quero ajudar Greg. Mas Héctor está ferido também, vejo Três correr na direção do Cêpan, e eu descido curar Héctor primeiro.

— Greg! – ele grita, os mogadorianos viram-se para ele, mas Henry se coloca na frente e começa a trocar tiro com eles. – Acorda cara!

                Três estapeia a cara do Cêpan e ele fica imóvel. Fico perplexa com essa atitude, mas entendo que ele está desesperado. Olho para Adelina e começo a chorar ao vê-la viva, eu quero tirar ela daqui.

                O garoto olha para o mogadoriano que matou Gregory. A expressão de Três está me dando medo, é puro ódio. Ele tem um instinto assassino, algo meio de predador e vingativo, mas agora. É outra coisa.

                Três estende a mão para o mogadoriano e eu não entendo o que ele vai fazer. Até que ele grita. Vejo algo que parece brotar das veias do garoto saírem e paralisarem o mogadoriano, são raios, ele está jogando raios no mogadorianos.

                O mog fica paralisado e em seguida Três lança outro disparo pelas mãos e perfura o coração do mogadoriano abrindo um rombo do tamanho de um punho. O mog começa a se dissipar em poeira e Três não para por ai, ele começa a disparar raios em todos os lugares.

                Ele corre para o campo de batalha e vejo Henry tentar acompanha-lo, mas está com medo do frenesi do garoto. Três explode dois caminhões dos mogadorianos e em seguida se vira para o dois que se preparam para disparar nele.

— Morram! – ele berra e lança raios das duas mãos fazendo as armas dos mogadorianos explodirem junto com eles.

— Acalme-se Três! – eu grito tentando me aproximar dele, estou tentando não chorar, embora por pouco tempo. Eu gostava do Gregory deve ser horrível.

                Três me dirige o mesmo olhar de ódio dos mogadorianos, e sinto minhas pernas tremerem. Estou com medo dele, eu quero correr dele, mesmo ele sendo do meu povo.

— Você podia ter curado ele! – Três berra e vejo faíscas saírem da mão dele.

— Desculpa, eu não consegui chegar a tempo. – eu digo e começo a chorar, estou numa guerra chorando. – Eu queria ter conseguido.

— Você queria? É essa sua resposta? – ele está vociferando para mim.

                Eu tropeço e caio no chão. Sedo ao impulso do medo e uso minha telecinese para empurrar Três, não foi forte o suficiente, mas forço o rosto dele para trás e vejo que devo tê-lo machucado.

— Você é um atraso Sete, jamais deveríamos ter vindo te procurar. – ele concentra uma esfera de raios na mão, eu não acredito que vou ser morta por um dos meus.

                O combate ainda continua e acho que ninguém está conseguindo vir me ajudar. Os mogadorianos não iriam deixar uma oportunidade dessas passar, devem estar filmando isso, uma Garde chorando sendo morta por um Garde tendo um surto de raiva. Me sinto patética.

                Eu quero atacar Três de novo, mas estou paralisada de medo.

— Por favor, Três. – eu imploro a ele. – Estamos do mesmo lado, lamento por Gregory!

— Não diga o nome dele! – Três berra e joga a esfera de raios em mim.

                Eu fecho os olhos, vou morrer nas mãos de um Garde. Eu mereço isso, deveria pelo menos ter tentado ajudar o Greg. Posso sentir todos os outros recebendo minha cicatriz, a azarada número Sete. Que não teve treinamento, que achou que iria sobreviver, que foi morta por um Garde tendo um ataque de fúria porque teve medo dele.

                Percebo que tem algo errado. A esfera não me atingiu, Três recobrou a razão no último minuto ou pior, alguém o imobilizou. Eu abro os olhos esperando ver o seu rosto mais suave e confuso, mas vejo o corpo de um homem parado na minha frente com um buraco no peito.

                Meus olhos se enchem de lágrimas, não acredito que isso pode estar acontecendo. Ele tombar no chão e eu sei que está morto, minhas lágrimas surgem na hora, duas pessoas morreram porque eu fui fraca. Hector está morto, o número Três o matou porque eu fui fraca demais para tentar pará-lo.


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Notas finais do capítulo

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