Antes de partir escrita por Chelle


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Sinto muitíssimo pela demora! Tô decepcionada comigo mesma por demorar a postar os capítulos.
Espero que ainda se interessem pela história. Boa leitura !



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Tentei ao máximo não chorar, mas acabei me quebrando em lágrimas. Tenho certeza de que meus olhos estão inchados e vermelhos. Por mais que eu tente, não consigo parar de chorar. Já faz uma 1 hora que ele chegou. 1 hora que estou aqui sentada, tendo uma luta comigo mesma. Parte de mim, quer sair do carro e ir até lá para ver com meus próprios olhos, porque essa parte, ainda acredita que estou errada. Minha outra parte não quer, porque sei que não vou aguentar ver. Estou me sentindo mal, com ânsia de vômito e um pouco de tontura. Não sei o que fazer, mas não posso mais ficar nessa agonia. Saio do carro e caminho lentamente até a casa. Quando estou perto do carro de Gil, a porta é aberta e ele sai. Lady Heather está na porta, com os braços em volta do corpo, vestindo um roupão preto e acena concordando com o que ele diz. Gil tem suas chaves na mão e gesticula para ela. Ele a abraça e diz algo em seu ouvido e começa a descer os pequenos degraus da escada. Fico sem reação. Não sei o que fazer. Devo voltar para o carro ou eu devo enfrenta-lo?

 

Gil aperta o alarme e o carro destrava. Quando ele olha para frente, ele para de caminhar. Mesmo com a meia luz da noite, consigo ver seus olhos arregalados, a boca entreaberta, ele fica pálido, sem saber o que fazer. Estou ciente que lágrimas escorrem pelo meu rosto. Eu quero gritar com ele, bater nele, saber porque ele está fazendo isso comigo. Mas não tenho forças. Dou uns passos para trás e quando me viro ele pega meu pulso.
   - Sara, eu posso explicar. Não é o que você está pensando.
   - Todos dizem isso.- murmuro entre os dentes- Eu não entendo. Eu nunca esperava isso de você - digo e me viro indo em direção ao carro
   - Sara... Por favor, honey para e me escuta. Eu te amo.

Eu me viro e como se minha mão tivesse vida própria, ela acerta sua bochecha direita. Ele leva rapidamente a mão ao rosto e eu vou para o carro. Entro e ligo o carro. Gil começa a bater na janela dizendo algo, mas eu acelero e vou para o mais longe possível dele. Vejo pelo retrovisor que ele vai correndo para o carro. Lágrimas descem pelo meu rosto. Flashes dançam em minha mente. Momentos em estávamos bem e de repente já não éramos os mesmos. Tudo começou a ficar estranho depois que ela virou suspeita em um caso. Não entendo onde errei. Não encontro um motivo sólido para isso. Estou consciente que estou dirigindo acima do limite. Quando passo por um cruzamento vejo que o sinal fica vermelho. Freio em cima, mas fico fora da faixa. Carros que vem na direção oposta freiam bruscamente e buzinam pra mim.Respiro fundo me acalmando e retomo a direção do carro e sigo em frente. O carro de Gil ficou atrás de dois carros na sinaleira. Consciente da briga que vai acontecer em casa, ligo para Laura.
     - Alô?
   - Laura, pegue Chloe e vá passear com ela. Leve-a até a sorveteria e não volte até que eu ligue.
   - Sara? O que está acontecendo? Você está chorando? Você está bem?
   - Apenas faça o que estou pedindo! Agora!

Encerro a chamada e jogo meu celular no banco do passageiro.
Cinco minutos mais tarde entro na rua cantando pneus, paro o carro em frente a garagem e saio batendo a porta. O carro de Gil entra na rua derrapando. Passo pela porta em direção a cozinha e um papel na mesa chama minha atenção.

" Vou levá-la para a minha casa. Não sei o que está acontecendo, mas deve ter algo haver com seu marido. Amanhã de manhã a levo de volta "

Melhor assim.

Começo a andar de um lado para o outro, com a mão na cintura. Gil entra afobado pela porta.
   - Eu não estou traindo você... - diz ele,mas eu o interrompo
   - Você acha que sou idiota? Hein? Seja homem e admita logo que você está de fato tendo um caso com aquela vagabunda - grito para ele
   - Eu não posso admitir isso, porque não é verdade. Eu juro que não tenho nada com a Heather. Sim, eu tenho mentido para você sobre ir ao laboratório, mas eu não tenho um caso com ela. - diz Gil tentando soar calmo
   - Eu não acredito em você! Mentiroso! Falso! Hipócrita! Você está olhando na minha cara e está mentindo!

Berro para ele e pego o prato em cima da mesa e jogo na direção dele. Gil é mais rápido e se abaixa. Viro e pego um copo e jogo nele, mas não o acerta. Viro novamente para procurar algo e encontro facas. Decido que a cozinha não é um bom lugar para se brigar. Vou correndo em direção às escadas e vou para o quarto, com Gil me seguindo.
          - Quer parar e me ouvir? Por favor!  

— Ouvir o que? Mais mentiras? Não, obrigada! - contínuo gritando com ele quando chegamos ao quarto.
          - Honey... -Gil começa a falar.
     - Não tem honey nenhum. Não me chama mais assim. Acabou! Eu vou pedir o divórcio e quero que você saía!
        - Sair para onde? - pergunta Gil confuso
      - Sair desse quarto, dessa casa. Vai para a rua, para a casa daquela vagabunda, vai para o inferno se quiser também!
     - Para e me escuta! - Diz Gil gritando- Não vai ter divórcio nenhum. E essa casa é minha também. Eu não trai você! Eu te amo!
     - Eu ainda tô tentando entender o que foi que eu fiz para você ir correndo pra ela. - murmuro um pouco mais calma. - Eu sempre fiz tudo pra você! Tudo! Sempre fiz tudo sozinha. Eu escolhi a decoração da sala, eu escolhi os sofás, eu escolhi essa cama ortopédica, mesmo achando ela dura, porque você tem problemas nas costas. Eu decidi que ela ficaria aqui. Eu decidi que as cortinas seriam cinzas, eu decidi pintar o quarto de azul, uma cor suave, por causa da sua enxaqueca. Eu decidi tudo sobre essa casa, e não foi porque eu não pedi a sua opinião, foi porque tudo que você me dizia era ' faça o que achar melhor'. - respiro e sorrio sem humor- até as suas roupas, sou eu quem compro e quem escolhe, porque você odeia fazer compras e eu odeio também, mas faço isso por você. E o que eu recebo em troca? Um belo par de chifres.
    - Acabou o dicursinho? Agora você vai me ouvir!
   - Não quero ouvir nada de você. Não aguento mais ouvir você falar. Sai daqui. Me deixa sozinha.
    - Não! Eu tenho mentido para você sobre ir ao laboratório, quando na verdade eu ia a casa de Heather. Mas tudo que aconteceu lá foi conversas...
    - Para de tentar me fazer de idiota! - grito para ele - Você me traiu! Você destruiu tudo o que tínhamos, você destruiu o nosso amor, a nossa família...
    - Eu tenho câncer! - Grita Gil
     Paro para processar o que ele disse.
     - O quê?
   - É isso Sara. Esse é o resultado dos meus exames. Eu tenho câncer. No estômago.

Sussurra Gil. Vejo algumas lágrimas escorrendo. Quando abro a boca para responder, ele continua.
     - No dia em que peguei os exames... meu mundo caiu. Eu saí de lá com sessões de quimioterapia agendadas já. O Dr. disse que tinha que começar o quanto antes. Eu não tive nem tempo de processar a notícia. Eu saí de lá me escorando nas paredes. Quando me sentei em um dos bancos para respirar e me acalmar, a porta do consultório a minha frente se abriu e Heather saiu de lá com um paciente. Eu não fazia ideia que ela era a psicóloga do hospital. Ela me viu e percebeu que eu não estava bem. Eu entrei na sala dele e desabafei. Eu decidi que não ia te contar por enquanto. No sábado foi minha primeira sessão de quimioterapia. Foi por isso que fiquei o dia inteiro longe. Fiz pela parte da manhã e descansei na casa dela pela parte da tarde. Quando eu estava me sentindo melhor vim para a casa.
     - Mentira! Você está mentindo !
     - Eu adoraria que fosse isso.

Responde Gil e vai até seu armário e tira de lá alguns envelopes, os abre e me entrega. Passo os olhos por eles e vejo que tudo que ele disse é verdade. Meus olhos ardem de lágrimas. Procuro um apoio para me sustentar e Gil vem e me abraça.
    - Eu sinto muito Sara. Eu nunca trairia você. Eu te amo tanto. Tanto. Me desculpe. - sussurra Gil em meus cabelos.
      - Não pode ser Gil. Por quê? - pergunto chorando.

Deixo que as lágrimas venham e molhe meu rosto e a camisa de Gil. Os soluços fazem que eu faça barulhos estranhos e meu corpo balança. Sinto que sou deitada na cama e grandes braços me cercam. Sinto como se meu coração estivesse sendo esmagado.


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