Tive um sono agitado, acordei várias vezes no meio da noite. A última vez que acordei era 6:00 horas da manhã, mas não consegui voltar a dormir. Levantei e fiquei sentada na cadeira de balanço do quintal, vendo o dia nascer. Estou ali, mergulhada em pensamentos, todos envolvendo Gil, ouvindo o canto dos pássaros que anunciam a chegada da primavera em um mês, contemplando o sol brilhante. Mas tentando entender onde Gil e eu nos perdemos, onde foi que eu errei? Mas será que eu errei em algo mesmo?
      Ele anda muito distante, está sempre no laboratório e volta pra casa sempre tarde. Não lembro a última vez que nos tocamos, a última vez que o beijei. Sempre que nos vemos ultimamente, temos discutido e ele tem mentido pra mim. Ele diz que tem uma emergência no laboratório, mas não vai pra lá. Ninguém o vê. E ele é Gil Grissom, sempre tem alguém querendo falar com ele. Mas ninguém o vê.
 – Sara? - murmura Gil
 – Sim. - sussurro sem olhar para ele
 – Precisamos conversar querida. - diz e senta na cadeira em minha frente.
     Fico esperando que ele diga algo, que me explique o que está acontecendo, mas ele não faz nada.
 – Você tem mentido pra mim. Acha que eu não sei? Já fui investigadora e eu conheço você. Muito bem. - sussurro com calma.
     Continuo olhando para frente, esperando uma resposta. Mas ela não vem. Quando o olho, ele está olhando para o chão, perdido em pensamentos.
 – Eu preciso que você acredite em mim quando eu digo que não tem nada de errado. Sara, eu não gosto disso. Desse mal estar entre a gente, não gosto de discutir com você. Eu realmente sinto muito por ontem. Já conversei com Chloe e estou me sentindo mal por não ter aparecido na festa de aniversário da minha própria filha. Mas eu realmente estive no laboratório.
 – Você jura que esteve? - pergunto curiosa para saber se ele irá continuar sustentado essa mentira.
 – Sara...você... você sabe que... - murmura Gil olhando pra mim, mas não termina o que diz.
 – Está bem Gil. Eu vou acreditar em você. - digo o olhando nos olhos
     Gil se levanta e me oferece sua mão para que eu fique de pé também. Ele me abraça e sussurra no meu ouvido.
 – Eu te amo honey.
    Eu digo que eu também o amo e o abraço. Mas eu sei que algo está errado e eu vou descobrir o que é.
~~♡~~
     O dia foi calmo hoje. Depois da conversa que tive com Gil, ele passou o dia inteiro com Chloe e comigo em casa. Já passa das 6 e Laura decidiu que está na hora de ela ir embora.
 – Posso voltar amanhã? - pergunta Laura enquanto guarda suas coisas
 – Pode. Chloe fica feliz quando você vem.
    Eu sei que essa não é a frase que ela exatamente queria ouvir. Quando Laura abre a boca para dizer algo, o telefone de Gil toca e ele pede licença para atender no escritório. Fico pensando quem será e porque ele não atendeu aqui. Digo a Laura que vou chamar Chloe, em seu quarto, para ela se despedir. Mas vou em direção ao escritório, a porta está entreaberta.
 –... sim, eu sei. Eu vou dizer. Logo, eu prometo.
    Dizer o que a quem? Gil fica em silêncio ouvindo o que a outra pessoa diz.
 –... Tudo bem, vou dizer que vou ao laboratório. Até logo. Eu também.
Volto em silêncio para a sala e puxo conversa rápida com Laura.
 – Chloe já vem. Que horas você vai vir amanhã?
 – De tarde. Eu prometi a Chloe mostrar umas...
    Enquanto Laura fala vejo Gil voltando para a sala, colocando um casaco.
 –... Tudo bem pra você? - pergunta Laura
    Não faço ideia o que Laura está falando, mas concordo.
 – Querida, preciso dar uma passada rápida no laboratório. Em 1 hora eu volto. Tudo bem?- murmura Gil me dando um selinho
 – Tudo bem querido.
   Gil se despede e vai em direção a garagem pegar seu carro. E eu querendo saber onde ele realmente vai, decido o seguir.
 – Preciso que fique com Chloe. Vou dar uma saída e já volto.
     Digo a Laura enquanto coloco o casaco e pego as chaves do meu carro. Vou em direção a garagem sem ouvir a resposta de Laura. O carro de Gil está saindo de ré. Aproveito a escuridão da garagem e entro no carro. Arranco logo depois de Gil e começo a segui-lo mantendo distância de dois carros.
      Ele dirige por 5 minutos pelo caminho do laboratório, mas então ele desvia e vai na direção de um bairro chique de Las Vegas. Não conhecemos ninguém que mora aqui. Mais 5 minutos dirigindo sem saber o que ele faz aqui, quando ele entra em uma rua que me é vagamente familiar, mas não consigo lembrar. Talvez ele esteja indo até uma cena de crime. Mas no fundo eu sei que não é isso.
       Gil entra em outra rua e de repente tudo me vem em uma avalanche. Todas as casas são iguais, bonitas elegantes. Espero que Gil pare em uma delas mas ele segue reto. Somos os únicos carros na rua. Desligo os faróis e o sigo lentamente. Quando Gil finalmente para a uns 50 metros de onde eu estou parada, reconheço a casa em que ele parou. Aquela maldita casa, que investiguei tantas vezes.
Gil desce do carro e começa a subir as escadas. Pega algo em seu bolso. Uma chave. E entra na casa.
 – Meu Deus...
   Não consigo acreditar no que estou vendo. Gil não só está mentindo para mim. Ele está me traindo também!

Com Lady Heather.