Paulícia - Doce Vingança escrita por Just Paulicia


Capítulo 1
Uma Brincadeira de Muito Mau Gosto


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera?
Bom, essa é a minha primeira fic Paulícia e também minha primeira fic postada, por isso espero muuuuuuito que vocês gostem e se divirtam lendo, assim como eu me diverti enquanto escrevia.
Essa fic também está sendo postada no spirit e minha conta é JustPaulicia.
A estória foi inspirada em uma cena passada na novela, que eu não vou contar qual porque é um spoiler, mas no decorrer desse capítulo vocês, provavelmente, irão descobrir qual é...
Enfim, sem mais delongas, aproveitem!



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 *Capítulo revisado dia 01/07/16*

 

POV. Alícia

 

Eu andava velozmente no meu skate até a Escola Mundial.

Infelizmente, as férias haviam acabado e mais um ano letivo se iniciava. Era o meu primeiro dia de aula no 9º ano e eu estava beeeem atrasada. Aquela velha história… O maldito despertador havia tocado, mas eu o desligara (lê-se: o jogara na parede) e voltara a dormir. Resultado: acabara dormindo demais. Enfim, faltavam poucos minutos para o sinal tocar e, por isso, eu andava o mais rápido que eu podia. Estava chateada por ter que voltar às aulas, porém muito ansiosa para rever meus amigos. A gente se vira bastante nas férias, só que, mesmo assim, a saudade que eu sentia deles era enorme. Já certas pessoas eu preferia nunca mais ter que ver…

Cheguei no colégio com tanta velocidade que, antes mesmo de frear meu skate, acabei esbarrando em alguém e caindo em cima da pessoa.

— Ai, me desculpa! – Falei, envergonhada. – Eu sou uma desastrada mesmo…

Que M-I-C-O! Muito bem, Alícia. O ano mal começara e você já estava estragando a sua reputação. Parabéns!

Antes que eu pudesse me levantar, a vítima do meu infeliz ato respondeu ao meu comentário.

— Estava tão louca pra me ver que nem se aguentou e foi logo me agarrando, Gusman?!

Estranhamente, aquela voz me parecia familiar. Espera um pouco… AH NÃO! Tantas pessoas pra eu me esbarrar naquele colégio e eu me esbarrei justo com ele? Fala sério, e eu pensando que tinha acabado de pagar mico… Mas esbarrar naquele garoto não era mico, não. Das duas, uma: ou era carma, ou era azar mesmo. Caramba, velho! Eu devia ter feito muita coisa ruim nas minhas vidas passadas pra fazê-lo aparecer bem na minha frente justo quando euzinha estava pensando que não queria revê-lo. Antes eu tivesse ido a pé pro colégio! Preferia mil vezes ter levado advertência por ter chegado atrasada do que ter me esbarrado com aquele estrupício.

Ao ouvir o que o Guerra disse, imediatamente me levantei, saindo de cima do mesmo.

— Tá maluco?! Nem se você estivesse pintado de ouro! – Esbravejei.

— A única maluca aqui é você, maloqueira. Nem olha por onde anda! – Respondeu ao se levantar.

— Maloqueira o caramba! – Eu disse ainda mais irritada. – Ah, e eu sei que é bem óbvio, mas eu retiro o meu pedido de desculpas.

— Nossa, assim você me magoa! – Ele falou debochado, botando as mãos no peito.

Eu e o Paulo nunca fôramos de nos dar bem, mas a situação piorara muito depois que crescemos. Ninguém, nem mesmo nós, sabia ao certo o motivo. Quer dizer, eu, pelo menos, não sabia. Mas achava que ele também não. A única certeza que eu tinha era de que eu não aguentava aquele peralta, e a recíproca era verdadeira.

— Sério?! – Falei, irônica. – Poxa, seria uma pena se eu não ligasse pros seus sentimentos…

— “Poxa, seria uma pena se eu não ligasse pros seus sentimentos.” – Ele disse afinando a voz, zombando de mim novamente.

— Ai, que saco, para com isso! – Bufei, perdendo a paciência.

— “Ai, que saco, para com isso!” – Imitou-me de novo. Argh, o Guerra era o garoto mais chato e infantil que eu já conhecera!

— Quer saber, Guerra? Não estou a fim de te aturar a essa hora da manhã! – Falei. Já estava de saco cheio daquilo.

— Que mentira! Você adora discutir comigo.

Certo, agora ele já estava pedindo pra morrer.

— ORA, SEU…

Furiosa, eu estava prestes a partir pra cima daquele moleque e apresentar a minha querida amiga mão pra carinha petulante dele, todavia (para a minha infelicidade e para a sorte do arteiro) o Firmino chegou naquele exato momento.

— Paulo e Alícia, era de se imaginar! Mal começaram as aulas e já estão brigando?! – Ele falou em tom de reprovação.

— Que isso, Firmino! É só uma maneira carinhosa que a gente tem de se falar. – Paulo falou sorrindo cinicamente. Era mais falsiane que muitas que eu já vira na vida. Depois de dizer isso, colocou seu braço ao redor do meu pescoço, como se eu fosse super amigona dele. Acabei entrando na enrolação e também dei um sorriso falso.

— Pois é! Como se eu tivesse motivos pra não gostar desse garoto, Firmino.

— Uhum… – Disse, fingindo acreditar em nós dois. – Acontece que eu não nasci ontem…

— Não mesmo. – O Guerra sussurrou, ao passo que eu dei um risinho abafado. Que foi? Ele podia ser um completo babaca, porém as vezes (só as vezes mesmo) até que era engraçado. Eu tentara, mas não conseguira me aguentar. Entretanto, não foi só eu que escutei o comentário, visto que o zelador olhou com uma cara feia para o garoto.

Logo ouvimos o sinal tocar.

— Bem, santos-diabinhos, é melhor irem pra sala de aula, antes que a diretora os pegue por aqui. – Firmino proferiu, deixando de lado o inoportuno comentário do bagunceiro. – E Alícia, se eu fosse você eu iria correndo guardar esse skate no armário. – Dito isso, o homem saiu, deixando-nos ali sozinhos. Então, percebi que Paulo ainda estava com o braço ao redor do meu pescoço e tratei de tirá-lo dali imediatamente. Logo em seguida, o encarei de cara emburrada pela última vez e saí apressada para guardar o skate, sem nem mesmo dar tchau.

— Já vai tarde, maloqueira! – Ouvi um último comentário dele enquanto me distanciava. Ah, aquele menino ainda iria me pagar! Ou eu não me chamava Alícia Gusman. 

 

POV. Paulo

 

Assim que Alícia saiu, dei um sorrisinho. A garota era chata, mas era muito divertido irritá-la.

Logo depois, fui direto para a sala de aula. Cheguei no local e me senti aliviado, pois a professora ainda não havia chegado. Pelo menos a primeira aula seria da professora Helena, que agora nos dava aula somente de História e Geografia.

A sala estava uma bagunça. Diferente de como era no 3º ano, a classe não era mais dividida em um grupo composto somente por meninas e outro por meninos. Agora, todos estavam misturados, e em uma quantidade variada de grupos. Num canto da sala, Marcelina, Mário, Jorge e Margarida conversavam animadamente. Em outro canto estavam Daniel, Maria Joaquina e Bibi. Já Carmen e Laura dialogavam sentadas em duas carteiras. Jaime, Cirilo e Koki se encontravam perto da mesa da professora.

Ninguém havia reparado na minha presença até Marcelina me ver e vir falar comigo.

— Paulo, eu estava preocupada! Você sumiu desde a hora que chegou… Onde você estava?

— Não te interessa. – Respondi, curto e grosso.

— Ai, mal-educado! – Falou e saiu, voltando a conversar com os meninos. Aliás, eu não estava gostando nem um pouco daquela conversa! Ela estava muito animadinha pro meu gosto…

Então, Koki apareceu, interrompendo os meus pensamentos.

— E aí, cara! Já sabe qual vai ser a nossa zoação de 1º dia de aula?! – Animado, perguntou ao me cumprimentar.

— E aê, japonês! – Cumprimentei-o de volta. – Pior que eu não sei… Ainda estou pensando. Tem que ser algo muito bom! Acho que vou dar uma vagada pela sala pra ver se eu encontro algo interessante… – Falei, sorrindo maliciosamente. Sorriso esse que foi retribuído pelo meu melhor amigo.

— Tá bom então, vou ficar ali com os meninos. Depois a gente se fala! – O ruivo se despediu e logo voltou ao lugar onde estava anteriormente.

Comecei a andar silenciosamente pelo local até ouvir uma coisa que imediatamente chamou minha atenção.

 

POV. Laura

 

— Você ficou sabendo que a Giovanna, do 1º ano, foi pedida em namoro pelo Gabriel, também da sala dela? Parece que ele era muito tímido e levou um empurrãozinho dela pra se declarar… – Carmen falou empolgada.

— Sério? – Questionei, surpresa. – Ai, isso é tão romântico! Eu adoraria que um garoto se apaixonasse por mim e se declarasse. Principalmente tímidos. Esses são ainda mais fofos! E são totalmente meu tipo… – Eu disse com um ar de sonhadora.

Carmen começou a rir.

— Mas Laura, qualquer garoto apaixonado faz seu tipo!

— É verdade! Meninos apaixonados merecem ser retribuídos.

— Ai ai, só você mesmo, Laurinha!

Continuaríamos a nossa conversa muito sentimental se a professora Helena não tivesse chegado.

 

POV. Paulo

 

Todos já estavam sentados em seus devidos lugares, enquanto a professora, que descobrira que estava grávida de 3 meses, respondia todas as perguntas depois de dada a notícia. Blábláblá pra lá, blábláblá pra cá. Eu só conseguia pensar no plano incrível que tivera. Fala sério, era como se tudo aquilo tivesse caído do céu! E eu nem havia precisado fazer nada.

Meus pensamentos foram interrompidos por uma Alícia totalmente apressada e ofegante chegando na porta da sala.

— Bom dia, professora Helena! – Disse, arquejando.

— Bom dia, Alícia. – Respondeu a professora. – Não acha que está um pouco atrasada?

Todos estavam com a atenção voltada para as duas.

— Desculpe, professora, mas eu juro pra você que eu cheguei no horário. – Tentou se explicar.

— Mas o que aconteceu, então?

— Ocorreram alguns imprevistos. – Disse, olhando-me de maneira fixa e mal-humorada.

— Tudo bem, dessa vez eu vou deixar passar. – Helena resolveu dar um voto de confiança para a menina. – Mas da próxima, você já sabe…

— Sim, professora. – Assentiu.

— Pois bem, pode se sentar na carteira vazia em frente ao Paulo.

A Gusman me olhou com desgosto, mas não quis contrariar a professora e sentou-se na cadeira. Que saco, agora também teria que aguentar aquela maluca sentada na minha frente! Se bem que eu poderia até tirar proveito daquilo… Não era novidade pra ninguém que provocar a maloqueira era um dos meus hobbys favoritos!

As aulas do 1º tempo passaram rápido e logo chegou a hora do intervalo. Fui direto falar com Koki. Estava na hora de botar o meu precioso plano em prática.

 

POV. Alícia

 

Tocou o sinal do recreio e eu fui correndo matar a saudade dos meus melhores amigos. Como eu chegara “atrasada”, não tinha tido tempo pra falar com eles antes. Saí em disparada e dei um abraço tão forte no Jorge e no Mário que eles quase caíram pra trás, o que nos fez rir.

— Também estávamos morrendo de saudade, Ally. – Mário disse sorrindo.

— É, mas não precisa nos matar, não. – Completou Jorge, provocando mais risos.

— Foi mal, é que eu estava louca pra rever vocês. Sabe como é… Não consigo viver sem meus dois mosqueteiros!

— Que eu saiba são 3 mosqueteiros. Quem é o terceiro? – Mário comentou desconfiado.

— Eu, ora mais! – Falei o óbvio. – Quem mais seria?

— Ah, sei lá. Vai que você encontrou mais um melhor amigo pra gente ter que te dividir… – Jorge respondeu aborrecido.

— Pois é. – Concordou Mário, fazendo a mesma expressão que Jorge.

Comecei a rir das reações deles.

— Vocês são muito ciumentos, isso sim!

— É, mas será que temos razão em sermos assim? – Mário perguntou ainda carrancudo.

— Claro que não, seus bobos. Eu amo vocês e não os trocaria por nada nem ninguém! – Respondi e, logo depois, dei um beijo na bochecha de cada um.

— Hm, é bom mesmo. – Jorge disse, e Mário balançou a cabeça em sinal de concordância.

— Deixem de ser chatos! Além do mais, daqui a pouco quem é trocada aqui sou eu né… – Falei com um sorriso travesso.

No mesmo instante, os dois ficaram nervosos. Há! Acabara de pegar os dois.

— Lógico que não. O que você quer dizer com isso?! – Disseram em uníssono.

— Não sei, fica a critério de vocês interpretarem o que eu disse… – Disse, sorrindo e me fingindo de desentendida. Então, percebi que os dois iriam querer me matar depois daquilo e rapidamente me despedi deles. – A gente se vê! – Dei um sorriso e logo depois fugi correndo dali.

— Alícia! Volta aqui! – Pude ouvi-los gritar antes de eu desaparecer de suas vistas.

 

POV. Laura

 

Todas nós meninas estávamos sentadas na arquibancada da quadra, conversando e botando o papo em dia. Também aproveitávamos um pouco a vista, afinal os meninos da nossa sala estavam jogando futebol contra os meninos do 1º ano. Os mais velhos formavam o time sem camisa e, meu Deus, que vista! Não só a gente, mas também garotas de outras salas estavam praticamente babando por causa dos garotos. Quem não estava gostando nada disso eram outros meninos que também se encontravam na arquibancada e, claro, os garotos da nossa classe que estavam jogando.

Os únicos da nossa sala que não estavam por ali eram Mário, Jorge e Alícia. Portanto, o time do 9º ano ainda estava em desvantagem em relação ao time adversário. Passado um tempo, Alícia chegou esbaforida e sentou do nosso lado.

— Oi, meninas. Tudo bem? – Ela falou arfando.

— Nossa, Alícia. O que houve? Parece até que passou um furacão. – Comentou Majô.

— Mais ou menos isso. – Respondeu.

— Amiga! – Marcê falou animada. – Nem pude falar antes com você… Que saudade! – Disse, sentando-se ao lado da melhor amiga e dando um abraço apertado na mesma, que retribuiu.

— Também estava super ansiosa pra te ver, Marcê! – A moleca disse enquanto ainda abraçava Marcelina.

— E nós aqui somos esquecidas, né? – Valéria comentou meio revoltada.

— Que isso gente, vocês sabem muito bem que eu adoro todas vocês e estava morta de saudade de cada uma! – Falou Ally, desfazendo-se do abraço de Marcelina e dando um sorriso.

— Assim tá melhor. – Valéria proferiu, e todas concordamos rindo.

— Abraço coletivo, galera! – Propôs Margarida. Dito isso, todas nos abraçamos animadas. Foi um momento tão sentimental!  

— Mas por que você estava correndo daquele jeito, Ally? – Carmen pronunciou curiosa quando já havíamos desfeito o abraço.

Naquele momento, Mário e Jorge apareceram na ponta da quadra e começaram a encarar Alícia.

— Ah, é que eu estava fugindo daqueles dois patetas ali. – Ela respondeu, apontando para os dois jovens que haviam acabado de aparecer. Logo depois, mandou um beijo para os dois, só para provocá-los. Todas rimos.

Eles viriam até a gente se não tivessem sido chamados pelo Paulo.

— Até que enfim vocês dois apareceram! Venham ajudar a gente aqui. – O garoto falou impaciente.

Jorge e Mário atenderam ao pedido e foram jogar com os outros, ao passo que nós meninas voltamos a fofocar.

Após certo tempo deu o intervalo do jogo e, enquanto a maioria dos meninos foi beber água, Paulo e Koki estranhamente vieram em nossa direção.

— O que vocês querem agora? – Alícia falou já estressada.

— Fica quieta que não é contigo. – Paulo cortou a menina, que ficou mais enraivecida. – A gente só quer dar uma palavrinha com a Laura.

— Pois é. – Concordou Koki.

Todas desconfiamos daquilo.

— Comigo?! – Indaguei, sem entender o que eles queriam.

— Existe outra Laura aqui com a gente, por acaso? – Disse Paulo.

— Ai, seu grosso! – Falei.

— Grosso é pouco pra esse aí. – Alícia comentou revirando os olhos.

— Tanto faz. – Pronunciou o encrenqueiro.

— Então, o que vocês têm pra me dizer? – Perguntei, curiosa.

— É que é uma informação super secreta, só podemos contar pra você. – Falou Kokimoto.

— Ih Laura, se eu fosse você não confiava nesses dois… – Majô advertiu.

— Cala a boca, Maria Chatonilda! – O peralta proferiu.

— Ah, vai pra merda, Paulo! – Maria Joaquina respondeu irritada.

— Enfim, vai vir com a gente ou não? – Questionou Paulo, já impaciente.

— Tá, eu vou com vocês. – Falei e saí com eles, chegando a um canto mais afastado da quadra.

 

POV. Kokimoto

 

— Então, Laura, sabe aquele garoto ali? – Paulo disse apontando para um menino loiro, que estava sentado em um banco bebendo água e conversando com uma gata da sala dele.

— Claro que eu sei! Ele é o Marcelo, o gato mais popular do 1º ano… – Laura falou com um ar de apaixonada. – Mas o que tem ele?

Paulo olhou pra mim como se estivesse em dúvida, do jeitinho que havíamos combinado.

— Será que eu conto pra ela, Koki?

— É melhor falar, cara, se não esse casal nunca vai andar. – Respondi, entrando na brincadeira.

— Casal? Mas que casal? – A gorda perguntou confusa.

— É que… – Paulo fez suspense.

— Ai Paulo, diz logo! – Falei, fingindo estar impaciente.

— Tá bom. É que o Marcelo tá caidinho por você. – Nós dois seguramos o riso após ele dizer isso.

— Por mim? – Laura indagou empolgada, mas logo depois começou a estranhar o que havíamos dito. – Mas em nenhum momento ele demonstrou algo por mim…. Aliás, quase nunca nos falamos.

— É porque ele é muito tímido, né Laura, e por isso não tem coragem de dizer o que sente por você. – Meu amigo enrolou.

— Então como é que vocês sabem que ele está apaixonado por mim? – Perguntou, ainda desconfiada.

— Porque ele me disse, ora mais. – Paulo respondeu. – Eu tenho os meus amigos fora da nossa sala, tá?!

— Hmm, vocês têm certeza disso? – Ela questionou hesitante.

— É claro! Nós nunca mentiríamos pra você, Laurinha. – Eu menti descaradamente.

— Hmm… Então o que eu faço agora? – Ela perguntou mais animada.

— Ué, não é óbvio? Vai lá falar com ele! – Paulo disse.

— Pois é, vai ver que com um empurrãozinho ele se declara. – Completei.

— Vocês acham mesmo que eu devo fazer isso?! – A garota indagou meio indecisa. Aff, quanta enrolação! Por que será que as meninas eram tão complicadas? A gente tinha que dizer uma mesma coisa mil vezes pra elas resolverem fazer algo… Ninguém merece!

— Se eu acho?? Eu tenho CER-TE-ZA! – Paulo tentou convencê-la novamente.

— Eu também. – Concordei.

— Ai, tá bom!! – Laura falou contente. – Vou lá então… E obrigada! – Ela disse enquanto caminhava na direção do garoto.

— Que isso, Laurinha! Não tem de quê. – Paulo respondeu.

Quando a gorda se afastou, nós caímos na gargalhada.

— Cê viu, Koki? Como ela é tonta!

— Nem acredito que ela caiu nessa história!

— Pois é, isso vai ser hilário!

 

POV. Laura

 

Ai, que emoção! O menino mais bonito e popular do 1º ano estava gostando de mim! De mim!

Fui até o Marcelo e expulsei aquela loira falsificada de lá. Ela saiu com cara de nojo e nos deixou sozinhos. Sentei ao lado dele e sorri, porém ele me ignorou.

— Oi, Marcelo! Tudo bom? – Pronunciei, tentando chamar sua atenção.

— Oi… – Ele disse, estranhando as minhas ações. Provavelmente estava só fingindo pra não demonstrar seus sentimentos. – Quem é você?

— Ora, quem sou eu. Não precisa mais fingir, Marcelinho. Eu já sei de tudo! – Falei, ainda sorrindo.

— Sabe de tudo o que? – Perguntou, parecendo não entender.

Resolvi dar uma forcinha e ir direto ao ponto.

— Ai, tá bom. Não precisa mais desse joguinho… Você quer sair comigo?

— O que?! – Ele começou a rir, e eu fiquei sem entender.

— Ué, não é o que você queria? – Perguntei, confusa.

— Sair com você? Se enxerga, garota. – E, ainda rindo, ele saiu de lá, me deixando sozinha. Na mesma hora, me senti completamente devastada. Então quer dizer que toda aquela história era mentira?!

Rapidamente, deixei o banco e fui até onde o Paulo e o Koki estavam. Eles não paravam de gargalhar.

— Vocês me enganaram! – Acusei-os, furiosa.

No mesmo instante, os dois pararam de rir.

— Que isso, Laurinha. Nós devemos ter entendido errado… – Paulo respondeu. Cretino! Ele só podia estar tentando me enrolar mais uma vez.

— Que isso nada! Eu sei muito bem que vocês mentiram para mim! – Esbravejei.

Paulo fechou a cara imediatamente.

— É, mentimos, e daí? – Falou, aproximando-se de mim. – E você caiu que nem uma patinha!

— Não temos culpa se você acreditou na história. – Disse Koki.

— Você só pode ser retardada mesmo… – Paulo proferiu, fazendo algumas lágrimas caírem pelo meu rosto. – Achou mesmo que alguém se apaixonaria por você?! Já se olhou no espelho? Você não passa de uma garota gorda, feia e ridícula.

— IDIOTA! – Gritei e saí correndo dali, ao passo que Paulo e Koki voltaram pra quadra para jogar.

Fui pra um lugar isolado da escola e sentei num banco que tinha lá. Pensei no que Paulo me dissera e chorei ainda mais. Estava com raiva dos dois por terem feito aquilo comigo e com mais raiva ainda de mim mesma por ter caído na conversinha deles.

Não demorou muito e as meninas apareceram.

— Laura, o que aconteceu? Vimos você sair correndo da quadra depois de falar com o Paulo e com o Koki. – Disse Carmen, preocupada.

— É, Laurinha. Eles te fizeram alguma coisa? – Perguntou Valéria.

— Bem que eu falei que eles não eram confiáveis. – Comentou Maria Joaquina.

— MAJÔ!! – Todas as outras repreenderam a menina.

— Que foi? Eu só disse a verdade. – A patricinha respondeu. 

— Tá, mas não precisa falar desse jeito. Não está vendo que a nossa amiga está mal? – Alícia me defendeu.

— Laura, conta pra gente o que você tem… – Falou Margarida.

Eu comecei a soluçar.

— M-meninas, s-sejam sinceras. V-vocês m-me a-acham gorda, feia e r-ridícula?

— Claro que não! – Responderam em uníssono.

— Laura, você é bonita do jeitinho que você é! Não importa se você é gordinha ou não. E de ridícula você não tem nada. – Marcê me consolou.

— I agree! (Eu concordo) – Comentou Bibi.

— Mas de onde você tirou essa bobagem? – Indagou Carmen.

 

POV. Alicia

 

Estávamos todas reunidas ao redor de nossa amiga, que não parava de chorar. Laura nos contava tudo o que havia acontecido. Escutávamos tudo indignadas. Até mesmo a Majô, que vez ou outra soltava uns comentários nada agradáveis, ficou inconformada com a situação. Sério, todos nós já tínhamos nos acostumado com as brincadeiras do Paulo… Mas aí já era demais! Como ele podia ter feito uma coisa daquelas? Era um energúmeno mesmo! Nossa, como eu ODIAVA aquele garoto!

Ao terminar de falar, Laura não se aguentou e desatou a chorar mais ainda. Tadinha! No mesmo instante, sentei ao lado dela, na tentativa de consolar minha amiga.

— Calma, Laurinha, não fica assim! O Paulo é um grosso mesmo, não liga pra o que ele diz. – Falei, passando as mãos pelas costas dela.

— Ei! Olha como fala do meu irmão, Alícia! – Marcê disse irritada.

— Ah, pelo amor de Deus né, Marcelina! – Respondi. Sério que ela ia defender o irmão numa hora daquelas?

— Tá. Tudo bem. O que ele fez realmente não foi nada legal. – Disse, finalmente concordando comigo.

— Legal? – Pronunciou-se Valéria, revoltada. – O Paulo passou dos limites dessa vez!

— É verdade! – Todas nós concordamos, menos Laura, que apenas escutava o que dizíamos enquanto seus olhos ainda estavam marejados.

— Queria só ver se o Paulo se apaixonasse e levasse um fora daqueles! Aí ele ia ver o que era bom pra tosse… – Maria Joaquina disse pensativa.

— True! – Assentiu Bibi.

— GENTE!! – Valéria animou-se, dando um grito, e quase nos deixando surdas.

— Ai, Valéria! Não precisa gritar… O que foi? – Maria Joaquina disse irritada enquanto limpava os ouvidos.

— Eu tive uma ideia simplesmente genial! – Falou, sorridente.

— QUAL?!? – Foi a nossa vez de gritar. Todas estávamos curiosas pra saber o que tinha saído da cabeça da Valéria daquela vez.

— Vocês não acham que o Paulo está merecendo um castigo pelo que fez com a Laura? – Val deu um sorriso malicioso, que todas nós, menos Marcelina, retribuímos.

— Conte-nos mais sobre isso, Val. – Falei, não escondendo a minha animação com o que poderíamos fazer com aquele mala.

— Ah não, meninas! O que vocês vão fazer com o meu irmão? – Novamente, Marcê interveio pelo Paulo.

— MARCELINA! – Gritamos em uníssono, reprovando a atitude da nossa amiga.

— Tá bom! Não tá mais aqui quem falou. – Ela disse fazendo um gesto de rendição.

— E então, Valéria?! Conta logo o seu plano!! – Foi a vez de Carmem falar.

— Calma, calma. Se vocês pararem de fazer perguntas e deixarem eu dizer alguma coisa! – Respondeu Val. Dito isso, nós todas ficamos atentas ao que nossa amiga espoleta diria. – Cheguem mais perto. – Sussurrou. Então nos aproximamos dela para escutá-la. – Então meninas, como eu dizia… Eu tive uma ideia hiper-mega-ultra-triplamente ge…

— Ai Valéria, vai logo direto ao ponto! – Interrompeu Margarida, já impaciente.

— Tá, tá. – Valéria respondeu. – Bom... E se o que a Majô falou acontecesse de verdade? – Deu um sorriso maroto, mas dessa vez ninguém retribuiu. Afinal, estávamos confusas com o que Val tinha nos dito.

— Como assim, Valéria? – Majô perguntou o que todas queríamos saber.

— E se o Paulo ficasse apaixonado e quando menos esperasse levasse o maior fora? Desse jeito ele sentiria o que a Laurinha sentiu e teria o que merece…

— That would be great! (Isso seria ótimo) Mas tem um probleminha… – Disse Bibi.

— Qual? – Questionamos.

— O Paulo não está apaixonado!

— Dâââââr! – Falamos em uníssono.

— Que foi, girls? – A ruivinha indagou sem entender.

— Bibi, é óbvio que o Paulo não está apaixonado… – Disse Maria Joaquina.

— Mas isso não quer dizer que ele não possa se apaixonar! – Completou Valéria.

— Aaaaaah! – Nossa amiga americana enfim entendeu.

— Sacamos a sua ideia, Val. Mas como vamos fazer isso? – Perguntou Margarida.

— Ué, uma de nós terá que conquistar o Paulo! – Valéria respondeu, como se conquistar o Paulo fosse a coisa mais fácil do mundo.

— Mas isso não é tão simples assim, Valéria… – Insinuou Carmem.

— Por que não? – Indagou Val.

— A Carmen tá certa. Tudo bem que o Paulo não nos odeia mais como era quando estávamos no 3º ano… Aliás, a maioria dos meninos abominavam a ideia de nos ter por perto naquela época. Lógico que depois de 6 anos as coisas mudaram… Mas ainda assim o Paulo é diferente. Ele ainda acha namorar perda de tempo, o máximo que eu já vi foi ele ficar com algumas garotas… E além do mais, ele não suporta menina cheia de “frescura”. – Falou Maria Joaquina, fazendo um sinal de aspas com a mão quando disse a última palavra.

— Pior que é verdade! – Concordou Margarida. – E eu acho que nenhuma de nós faria o tipo do Paulo.

— Ele é tão nada sentimental! – Laurinha pronunciou-se pela primeira vez desde que havia nos contado a história da brincadeira de muito mau gosto. Algumas lágrimas ainda escorriam por seus olhos.

— Ai, gente! Vocês pensam tão pequeno… – Valéria levantou-se e ficou no meio da “rodinha”. – Vocês não perceberam o que acabaram de dizer?

— O que você quer dizer com isso, Val? – Carmem indagou. Todas olhamos pra Valéria à espera de uma resposta.

— Pelo visto, eu tenho que pensar em tudo por aqui! – Valéria falou colocando as mãos na cintura. – Meninas, eu sei de alguém que é perfeita pra conquistar o Paulo…

Antes que alguém pudesse perguntar alguma coisa, Val olhou pra mim com um sorriso travesso no rosto, fazendo todas as meninas acompanharem seu olhar. Quando todos os olhares já estavam voltados para mim, as outras garotas, menos Marcê, deram um sorriso similar ao que estava estampado no rosto de Valéria. Então, percebi o que elas estavam pensando. E fiquei meio atônita com tudo aquilo. 

— Ah não! – Finalmente falei, fazendo sinal de negação com a cabeça. – NÃO, NÃO e NÃO!


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Notas finais do capítulo

E aí, descobriram a cena que me inspirou? O Paulo foi bem nada sentimental mesmo, como diz a Laurinha... Mas quem sabe no decorrer da fic ele vai mudando...Enfim, espero que tenham gostado! Comentem aqui embaixo o que acharam do capítulo, ideias para a fic e críticas construtivas também são muito bem-vindas! Um beijão e até o próximo capítulo!



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