— Como assim viajar sozinho? - Emily perguntou quando o irmão terminou de falar.

Emily não havia parado de falar ate ouvir o grito do seu irmão por cima de suas falas.

Quando desceu pro café da manhã daquele dia sem graça, encontrou com duas malas no corredor. Elas não fizeram Emy surtar tanto, afinal, ela nem havia desarrumado as suas ainda, levaria as mesmas roupas sem problemas. Mas, ouvir do irmão que ela não estava incluída na viagem, foi o que fez o seu sangue ferver.

— Eu vou pra casa da Kimberly, não da pra você ir comigo. - Danny explicou.

— E eu vou pra onde? Você não pode me deixar aqui sozinha, os empregados estão de férias. Podem roubar as nossas coisas, podem me sequestrar... Eu posso ser assasinada enquanto você esta se divertindo com uma loira oxigenada que você sequer conhece pessoalmente, sabia? - O drama pingando em suas palavras.

Fazia mais de dois anos que Danny e Emily moravam juntos, sozinhos. Seus pais, modernos como são, não viu nenhum problema em deixar os dois filhos morando sem eles. Por serem atores de sucesso, os pais de Emily dificilmente tinham um lugar fixo para morarem. Por isso, para evitar que os filhos trocassem de casa à cada quatro meses, decidiram deixa-los na Cidade que até então era onde viviam. Com a condição de encher a casa de empregados, é claro.

— Eu já pensei em tudo isso. - beijou a testa da irmã, pegando as malas em seguida e se dirigindo para a saída da mansão. - Agora preciso ir porque ja estou atrasado.

Não dar ouvidos para o que Emily falava era a melhor opção, Danny sabia muito bem que ela discutiria ate cansar e no final não resolveria nada.

— Mas, Danny... - foi interrompida pelo barulho da porta que foi fechada por Danny após o mesmo sair. - Eu odeio você! - gritou após jogar o cinzeiro que ficava na sala de estar, na porta.

Se jogou no sofá, sentindo o celular que estava no bolso vibrar.

Maya lê pensamento? Foi o que Emily pensou.

— Amiga, eu ja ia te ligar. Eu preciso da sua ajuda. - atendeu, mostrando o seu desespero.

— O que aconteceu? - Maya respondeu do outro lado da linha.

— Você acredita que meu irmão viajou pra casa da siliconada que ele vive trocando mensagem e me deixou aqui sozinha?

— E por que todo esse drama?

— Porque os empregados estão de ferias e eu odeio ficar só. Pior que ele é tão filho da puta que só foi me avisar da viagem agora.

— Você podia ter viajado também.

— Pois é... Ou eu poderia ter ficado com os meu pais e não ter voltado por causa da droga de um show.

— Você quer ficar em casa? - Maya sugeriu. - Pelo menos você não vai estar só.

— Eu acho que meu irmão vai pedir pra alguma das empregadas voltar pra casa antes, ele disse que tinha pensado em tudo. De qualquer forma, obrigada. Mas quero que você venha pra cá hoje.

— Estou na casa do meu avô, chegando em casa eu vou.

— Tudo bem, beijos. - Foi o que Emily respondeu antes de finalizar a ligação.

XXX

" Você possui uma nova combinação."

O tinder nunca esteve tão interessante. Emily não havia levantado daquele sofá desde a hora em que Danny saiu. Os cacos do cinzeiro quebrado ainda estavam encima do tapete bordado.

Não que Emily precisasse de um aplicativo para encontrar alguém, mas era o que tinha pra se distrair no momento. E estava funcionando, ja havia dado risada de tantas descrições e das falhas tentativas dos garotos em puxar papo que as vezes ate esquecia que estava com raiva.

Mas o tempo passou tão rápido que o tinder que estava legal, ja havia se tornado entediante.

Mas Emily não tinha muitas opções.

Facebook? Tedioso.

Whatsapp? Tédio ao quadrado.

Sair de casa? Ela estava sem motorista. E sua coragem não era suficiente para discar alguns números e chamar um táxi.

E pra onde Emily iria? Maya sua única amiga que ela sabia que poderia contar a qualquer momento estava na casa do avô, do outro lado da Cidade. Mas pelo menos ela havia prometido que viria pra sua casa mais tarde.

E foi o barulho da campainha que fez com que Emily abrisse um enorme sorriso.

Havia pensado que a amiga demoraria um pouco mais.

Se levantou e foi em direção a porta, ainda de pijama mas vestindo o melhor sorriso que tinha.

Porém, após abrir a porta o seu sorriso se desfez, sua raiva de minutos atrás voltando para o fundo do seus olhos.

— O meu irmão não está em casa.

Falou pra um Tom parado em sua frente, com um sorriso quase maior que o dela de segundos atrás.

— Bom dia pra você também, Emily.

— Bom dia, meu irmão não está em casa. - Repetiu as palavras de antes.

— Isso eu já sei. - Tom mantinha o seu sorriso nos lábios.

— Então o que você está fazendo aqui?

Emily mantinha o seu olhar bravo e a sua cara de poucos amigos. mas de maneira alguma isso intimidava Tom.

Ele olhava pra Emily como se ela fosse uma criança fofa, chateada com algo.

Mas ela não era mais criança.

Nem fofa.

Emily tirou seus olhos do rosto de Tom para observa-lo por conpleto.

Não foi uma boa ideia.

Ao observar uma pequena mala no chão ao lado de Tom e a cara que ele mantinha como se estivesse indo pra uma acampamento de férias após ter passado de ano no colegial, fez com que Emily arregalasse os olhos como se tivesse visto um fantasma.

Era inteligente demais para ligar os fatos: primeiro, seu irmão diz que já pensou em tudo, e agora o melhor amigo dele aparece em sua casa com uma mala.

Não.

Meu Deus.

Não, meu Deus!

— Você não está pensando que...

Emily falou quase gritando, mas foi impedida de continuar por Tom, que parecia saber exatamente o que Emily pensava e tratou de acabar logo com as dúvidas da garota. Se é que ela tinha alguma.

— Pronta pra viver os melhores dez dias da sua vida?