Love, Love Day escrita por Kunimitsu


Capítulo 11
|Lysandre|




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Love, Love Day

Lysandre

 

O sol nascia naquela manhã quando o jovem adolescente, dono dos cabelos platinados e olhos heterocromáticos, acordou. Já estando habituado a rotina que era a sua vida durante as manhãs quando ia para a escola, Sweet Amoris. Arrumou-se costumeiramente e indo encontrar o irmão na cozinha do apartamento em que viviam em Village’s Kiss. Para sua, nem tanta surpresa, Lysandre encontrou a jovem amiga de infância do irmão mais velho, Reine. Ficava cada vez mais comum ver a moça – que já estava tornando-se uma grande amiga – durante algumas das refeições do dia, ou então, em todas.

— Bom dia Lysandre. – cumprimentou Reine animada e dando um beijo estalado na bochecha pálida do menor; e então passando um guardanapo no local para tirar a mancha de batom que ficara.

Lysandre riu retribuindo o cumprimento de igual forma, um beijinho na bochecha da outra.

— Bom dia Reine, Leigh. – disse o platinado sentando-se à mesa.

Leigh pôs a mesa e os três sentaram-se apreciando a refeição. O silêncio confortável que se instalara fora então quebrado pela hiperatividade de Reine, que não conseguia ficar parada ou quieta por muito tempo. Algo que divertia muito os irmãos, particularmente Leigh, – incrivelmente— Lysandre notara.

— Ansioso? – indagou Reine com um sorriso cúmplice ao olhar o adolescente das órbitas desiguais.

Lysandre a olhou com igual sorriso. Se estava ansioso? De certa forma poderia dizer que sim. Era a primeira vez que, em algumas horas, iria fazer algo totalmente novo, nunca fizera isso e até se sentia um pouco fora da sua personagem. Contudo, isso era pouco para abalar sua convicção. Aquela pessoa merecia. Sua amada. Sua Alix.

— Apenas um pouco. – admitiu por fim, dando de ombros tranquilamente.

— Lembre-se que você irá sair mais cedo. Eu irei buscá-lo, aliás. – comentou Leigh um pouco pensativo. Ainda não acreditava que havia concordado com a ideia do mais novo, mas...

— Certo irmão.

O adolescente platinado sabia que Leigh não era totalmente a favor da ideia que havia surgido na manhã anterior. Tudo havia começado quando um embrulho chegara à residência endereçada a Lysandre. Era uma caixa retangular embrulhada em papel marrom perfeita para o envio através do correio. E pelos selos contendo-a fora uma longa viagem até chegar às mãos do rapaz. Lysandre admitia ter ficado um tanto receoso em abrir, mas com o incentivo – e muita curiosidade— de Reine o fizera. Ao retirar o papel deparou-se com uma caixa média na cor verde com um laço preto. Abriu-a. No meio de papéis pretos translúcidos se encontrava um espesso livro de capa marrom dura e grossa, com dizeres em dourado.

A primeira coisa que veio a mente do dono de olhos heterocromáticos é que o livro era muito antigo, apesar de aparentar ter sido muito bem conservado ao longo dos anos. E apenas comprovara tal fato quando pegara em mãos o objeto, levando um grande susto ao constatar que aquele livro não era simplesmente uma cópia muito bem feita; como também era o autêntico, um original livro.

O garoto não fazia a mínima ideia de quem poderia o mandar tal coisa, pensava que poderia ser até mesmo engano – apesar do endereço ser o mesmo onde vivia. Só quando abrira o livro e vira os dizeres escritos à mão na primeira página é que pode dizer com toda a certeza que aquilo era um presente para si. Era de sua amada Alix. Um presente adiantado da namorada. E de acordo com a mesma, era para se lembrar da garota mesmo que estivesse longe. Lysandre até que achava apropriado. Alix lhe presenteara com Alice’s Adventures in Wonderland. A obra original.

Um presente inestimável.

Ele apenas queria retribuir da melhor forma que conseguia.

Afinal, Alix era muito importante para Lysandre. Poderia não ter sido o seu primeiro amor, contudo isso nada impedia de amar a garota com intensidade – achava que era até maior que na sua primeira vez. Mas Lysandre preferia não ficar comparando, amou Lynn de uma forma, porém, apesar de semelhante, amava Alix de uma forma mais diferente. Simplesmente sabia disso. Sentia.

Conhecera Alix em seu segundo ano do lyncée Sweet Amoris. O encontro dos dois fora muito casual. Fazia pouco mais de uma semana que as aulas haviam começado, Lysandre estava tranquilamente sentado em sua carteira enquanto escrevia em seu inseparável bloco de notas; e então Rosalya aparecera alegremente conversando com uma menina de rosto sereno. A albina logo o apresentara a nova aluna e desde então, Alix e ele pareciam ter desenvolvido juntos uma ligação.

Alix era uma menina culta, vinda de uma família de posses. Era calma e gentil a maior parte do tempo, contudo, ainda detinha um lado mais marrento – muito parecido, mesmo que Lysandre não gostando de admitir, com seu melhor amigo Castiel. Porém, o que o ruivo roqueiro tinha de teimosia, Alix tinha em perversidade. Sim, Alix era uma pervertida enrustida e eram pouquíssimos que viam aquele lado da moça. Lysandre ao mesmo tempo se divertia com os “surtos”, mas também se desesperava, pois Alix o fazia principalmente como seu alvo favorito – E de acordo com a mesma, ela apenas se divertia muito com as reações tímidas do albino.

Os dois ao longo dos meses foram se aproximando, lentamente. Ainda era recente para Lysandre a desilusão amorosa que havia sofrido por causa de Lynn. Bem, não era inteiramente a culpa da garota pela mesma não ter correspondido aos seus sentimentos. Alix fora uma pessoa bem compreensiva, estando sempre ao seu lado até em seus momentos mais melancólicos. Ou quando Leigh e Rosalya tiveram sua crise no relacionamento e terminaram. Apesar de não ser algo que o envolvia diretamente, o albino ainda ficara um tanto perdido naquele meio. Bem como quando seu pai adoecera, Alix coincidentemente estava no hospital naquele dia e o vira. Ela lhe ouvira, seus sentimentos e medos. Chegara muito perto de dizer o que realmente sentia pela garota dona dos longos cabelos rosados, mas sabia que não era o momento certo; Lysandre conhecia-se, tinha consciência que se fosse se declarar teria que ser algo, no mínimo, romântico.

Todavia, qualquer plano que fizera para essa tal ocasião ocorrer fora por água à baixo quando o rapaz se acidentara. Lembrava-se que uma das primeiras coisas que vira ao acordar – três dias depois – fora o rosto adormecido de Alix, que estava visivelmente desconfortável sentada na poltrona no canto do quarto hospitalar. Talvez fosse o efeito grogue do sono misturado aos remédios e a anestesia da recente cirurgia que saíra, mas assim que vira a rosada vir ao seu encontro toda sorridente; sua confissão escapara de seus lábios, com a fala meio embolada, porém que não impedira que repetisse mais algumas vezes o bordão “Je t'aime”.

Apenas se calara quando Alix, risonha e enrubescida, lhe beijara com fervor.

Lysandre ainda se envergonhava com a ocasião, mas não poderia estar mais contente.

O albino ainda ficara algumas semanas internado, com constantes visitas dos amigos e familiares. Soubera que o pai estava melhor e ainda conversara seriamente com Nina. Saiu do hospital apenas alguns dias antes do Natal, na qual passara com a família. E então, o Ano Novo chegara e finalmente ele e Alix assumiram o namoro perante ambas as famílias e amigos. Lysandre teve o apoio dos pais e irmão, contudo os pais de Alix ainda tinham um pouco de receio – apesar de aceitarem no final – quanto o namoro da filha, achavam que era cedo demais; e o albino os entendia, respeitava-os assim como era respeitado.

Mas há poucos dias atrás, devido a problemas familiares, Alix tivera que ir para sua cidade natal, Londres, Inglaterra. E desde então dois apenas se falavam por telefones ou videoconferência. Ambos estavam com uma imensa saudade do outro. E naquela data, parecia que o sentimento ridiculamente aumentava em dobro. Porém, o que fez Lysandre ter cuja ideia o irmão não aprovava totalmente – apenas Reine parecia compartilhar sua imensa alegria – fora quando o presente chegara.

A ideia, apesar de muito ser espontânea de sua parte, fora planeja com cuidado.

E Lysandre o revisava mais uma vez em sua cabeça enquanto sentado em um banco no pátio da escola – era hora do intervalo. Ao lado do albino se encontrava seu melhor amigo, o ruivo Castiel que detinha um braço nos ombros delicados de Ekatherine. Acabava de receber a boa notícia do namoro oficial dos dois. O cantor e compositor estava aliviado e feliz pelos amigos, pois assim como Demelza, os queria juntos e bem.

— Lysandre! – o chamado fez com que o rapaz saísse de seus devaneios. Os olhos bicolores se depararam com a figura pequena que saltitava em sua direção com um imenso sorriso. – Lysandre!

— Ah, olá Noémie. – cumprimentou o albino sendo abraçado pela dita cuja.

— Oi, só pra avisar que Leigh chegou e que conversei agora pouco com Alix. ‘Tá tudo pronto! – contou radiante a adolescente dos longos cabelos. Lysandre sorriu.

— Obrigado. – agradeceu levantando-se.

Não tardou com as despedidas dos amigos, que lhe desejaram sorte, e logo se dirigia para a diretoria onde lá encontrara o irmão. Não poderia sair adiantado da escola sem a presença de um responsável, afinal. Quando saíra da escola havia um táxi os aguardando com ninguém menos que Reine no banco de trás, já informando que estava com tudo pronto e ajeitado. Assim, com o coração batendo no peito cada vez mais rápido em ansiedade, seguiram para o aeroporto. Lysandre não fizera questão de mudar de roupa e sua bagagem era mínima, apenas uma sacola lacrada.

Já no aeroporto admitia ter ficado sem jeito na hora da despedida, mesmo sabendo que voltaria durante a noite para Village’s Kiss. Contudo, Reine, como era de seu feitio, quebrara o clima com sua hiperatividade e implicando carinhosamente com o albino. Lysandre tinha consciência que era algo um pouco arriscado, afinal, estava gastando cento e noventa e sete euros com a passagem de avião com um voo que demoraria um pouco mais de hora. Mas como Reine mesmo apontara, quando começava a duvidar se estava fazendo o correto, aquilo tudo poderia valer à pena.

E quando já estava acomodado dentro do avião recebera uma mensagem de Pierre, o irmão mais velho – super protetor – de Alix. O mais velho se oferecera para ajudar em seu intento. Além de Pierre, Leigh e Reine, as outras únicas pessoas que sabiam eram Ekatherine – que muito lhe ajudou na hora de escolher o presente para a namorada –, Castiel e Noémie – a melhor amiga de Alix.

O plano era simples... Se tudo desse certo.

Lysandre nem percebera quando o tempo passara tão rápido, mas o avião já pousava. Quem o recebera ao desembarcar era Pierre. O homem sempre lembrava ao músico em como parecia uma versão masculina de Alix, ambos tinham os mesmos cabelos rosados e olhos intensos e azuis. No caminho até o restaurante os dois trocaram poucas palavras, revisando alguns detalhes adicionais.

Ah, cara... O que não faço para ver minha irmã feliz, hun? – Pierre riu ainda um pouco descrente que estava ajudando com tudo isso. Mas gostava do menor ao seu lado e também nunca vira a irmã tão feliz antes desse namoro.

Lysandre fora deixado em um restaurante onde logo foi conduzido por um funcionário para dentro do local reservado exclusivamente para aquela ocasião. Enquanto o albino se preparava, Pierre buscava a irmã e levando consigo o pacote lacrado que recebera do menor. Pierre sabia que a Alix adoraria a surpresa, além de uma pervertida também era uma romântica enrustida.

Lysandre esperou por quase trinta minutos, ansioso como nunca antes. As mãos tremiam levemente ao mesmo tempo em que o coração disparava. Estava em um canto mais obscuro do local onde fora conduzido. Era um pequeno salão, com as luzes baixas e uma sacada com uma bela vista para a Tower Bridge sobre o rio Thames. Havia uma mesa posta e decorada com velas e pétalas de rosas. Em cima da mesa uma caixa pequena e singela estava posta com um papel decorado em cima da mesma.

E observando todos os detalhes do lugar fora quando uma moça pequena e de mechas rosadas passou pela porta. Lysandre simplesmente perdera o fôlego ao ter os olhos desiguais sobre a forma esbelta de Alix. A mesma vestia a primeira parte do presente do albino, um vestido azul de cetim com as mangas compridas apesar de serem largas nos pulsos; não era curto de mais, ia até umas três palmas depois dos joelhos. A gola era quadrada deixando o colo um pouco exposto, tinha a parte do tronco estreito e com pedrinhas o decorando enquanto do quadril para baixo era solto.

Simplesmente bela, pensou o rapaz encantado pela beleza da menor.

Viu quando Alix teve seus olhos azuis presos na caixinha em cima da mesa. A moça olhou em volta, mas não conseguira localizar o albino que ainda mantinha-se escondido. Mordendo os lábios rosados, a garota andou até a mesa e delicadamente pegara o papel primeiramente, lendo o poema ali contido. Os olhos ficaram nublosos, mas o sorriso era grande de mais para ser qualquer outra coisa senão um indício de felicidade. Um pouco afobada abrira a caixinha de veludo vendo o colar gracioso com um pingente redondo com uma pedrinha brilhante.

Lysandre, sorrindo, saiu de seu esconderijo andando até a namorada que o olhava emocionada. Sem pronunciar nada pegara a joia e posicionando-se atrás da moça que entendendo colocou o cabelo para o lado. O colar frio fez contato com a pele cremosa causando um arrepio em Alix, a mesma que sentiu ter sua cintura abraçada e um cálido beijo ser colocado em seu pescoço desnudo.

— Lysandre... Você realmente quis dizer aquilo? No seu poema? – Alix não pode deixar de indagar com a voz evidentemente embargada pelas emoções.

— Cada uma delas. – respondeu o maior em um sussurro rente a orelha da moça.

Virando-se ainda que se mantivesse abraçada, Alix envolvera os braços finos nos ombros do albino, rindo. Acariciou com as pontas dos dedos o rosto másculo, apreciando o sentimento que a envolvia. Seus olhos se encontraram com os de Lysandre, vendo lá o sentimento fervente como lava sendo refletido de igual modo ao seu. Poderia ser nova demais, poderia ter muito que aproveitar na vida. Mas talvez algo dizia que tudo poderia ficar bem no final, se apenas esse homem estivesse consigo. Além disso, eles não careciam de pressa...

Alix sabia o que responder. Ela beijou-o.

— Sim, eu aceito.


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Notas finais do capítulo

Olá sweets!
É, eu tô um pouquinho atrasada, nee? Normalmente eu deixo os capítulos programados para postar no inicio da tarde, mas houve um probleminha... Eu não conseguia aceitar o resultado em que estava dando o capítulo do Lysandre. Sério, acho que eu o refiz umas três vezes até chegar nesse resultado... E acho que não está lá muito bom, mas me digam vocês, tá?!
Enfim... É, só uns esclarecimentos... Como Village's Kiss é apenas uma cidade fictícia, não tem como eu saber sobre essas coisas de horas de vôos e por isso eu usei como referência Paris... Então, de Paris para Londres, pelo o que pesquisei dá uma hora e pouco - nas melhores das hipóteses. Paris é uma hora adiantada que Londres, só pra vocês saberem. Ah, sim, 197 euros é o preço médio da passagem de avião por lá, equivale a 756 reais e alguns quebrados... Hun, só mais uma coisa, o livro que o Lys ganhou realmente é Alice no País das Maravilhas em seu título original. Bem apropriado, visto que o nome Alix é em francês medieval e significa Alice ^^''
Heheh, eu meio que me empolguei ao escrever o texto e acabou sendo mais de dois mil palavras ¬¬
Ah, mas vocês entenderam nee? A fala final e o pingente, nee? O que eles representam e tudo... Mas não julguem, lembrem do Leigh e Rosalya, é a mesma situação em AD! u.u
Acho que era só isso, espero que tenham gostado!
O próximo é: |Nathaniel|
Até logo, Kunimitsu.



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