Barreiras Culturais. Volume 2 escrita por Richard Montalvão


Capítulo 23
Capítulo 23 - Fugindo de tudo.




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 Cometi vários erros em tão pouco tempo, mas o pior de todos foi deixá-lo sozinho justamente na hora mais complicada. 
    Ao retornar para o apartamento de Sung-Yong-hyung, fomos surpreendidos, ele tinha juntado suas coisas e partiu, apenas um bilhete foi deixado para trás. Fiquei desesperado ao ver o bilhete e não consegui ler, pois estava escrito em coreano, gritei Sung-Joon, que estava no corredor, ele prontamente adentrou o apartamento, entreguei a carta e pedi para ele ler.

—"Me desculpe, mas não tenho coragem para enfrentar tudo isso agora, preciso me afastar. Fábio, não entenda de forma errada, não é de você que estou me afastando, e sim dos problemas que virão. Adeus, por enquanto. Yoon Sung-Yong."

    Um aperto no peito, era como se eu estivesse tendo um ataque cardíaco, mas o real problema era o fluxo de emoções que queriam sair ao mesmo tempo. Sung-Joon percebeu meu estado, logo me abraçou na tentativa de ser um apoio, mesmo assim, eu não conseguia me controlar e chorava muito. 
    Demorou um tempo para eu conseguir me acalmar, Sung-Joon foi de grande ajuda, sem ele por perto não sei o que eu teria feito. Muitos não entenderiam, o que sinto por Sung-Yong-hyung, não é apenas amor, desejo etc... Vai além disso, muito além. Antes eu não sofria tanto, pois sempre saberia onde encontrá-lo, entretanto, desta vez, ele partiu sem deixar pistas de onde está.

      Não deveria sofrer tanto por Sung-Yong-hyung, principalmente na frente de Sung-Joon. Conseguia ver um pouco de insatisfação no seu olhar, não posso culpá-lo, afinal de contas tínhamos acabado de chegar num acordo, e eu estava ali sofrendo por uma pessoa que deveria ser apenas meu amigo.

—Não aguento mais isso, Sung-Joon. Nunca imaginei que sofreria tanto neste país.

— Não fique assim. Eu ainda estou aqui, e não pretendo partir.

    Sung-Joon tinha razão, eu estava muito focado em Sung-Yong-hyung, e acabei me esquecendo do quão importante ele é para mim.

—Eu sei. E agradeço por estar, caso contrário já teria feito alguma besteira.

    Ele pareceu preocupado, sabia exatamente o que a "besteira" significava. Por isso me abraçou, e depois olhando em meus olhos disse:

—Nunca mais pense em algo assim.

    Sung-Joon parecia convicto, tinha um olhar de repreensão, era como um sermão, um aviso para que eu nunca desista de nada. Eu me sentia estranho, talvez dominado, pois a beleza de Sung-Joon era como uma arma. 
    Já estava quase amanhecendo quando voltamos para o apartamento de Sung-Joon, tive pena dele, pois agora ele precisaria trabalhar e estudar durante o dia, fazer tudo isso sem ter tido uma noite de sono é péssimo, mas não poderia tomar o lugar dele, caso contrário, eu faria sem questionar. Ele sempre veste um terno para trabalhar no escritório de advocacia do pai, tão lindo, arrumado e cheiroso. Acabo ficando um pouco abalado quando ele está vestido assim, meu coração acelera, uma timidez surge em mim, e para piorar a situação ele sempre se aproxima.

—Como estou?

—Be-Bem... Está muito bem.

—Por que está nervoso?

—Não estou nervoso, apenas...

—Eu já percebi. Você sempre fica tímido quando estou de terno. Fico tão diferente assim?

—Sim. Parece outra pessoa.

—Para o bem ou para o mal?

—Não se preocupe, você continua bonito, é apenas bobagem minha.

    Não era exatamente bobagem, pois sempre que vejo Sung-Joon de terno, eu lembro do dia em que fui amarrado, e de todas as situações que passamos. Ele fica muito atraente de terno, isso não posso negar, mas acabo me lembrando daquele Sung-Joon frio e sem um pingo de compaixão. Isso seria algo para superar, pois de agora em diante estarei ao lado dele por mais tempo. O fato de não saber o paradeiro de Sung-Yong-hyung, me deixava mais apreensivo, pois sempre tinha ele como um apoio caso algo desse errado.
    Não consigo me conformar com o distanciamento de Sung-Yong-hyung, pois sempre me lembro das coisas que ele me disse. Ele realmente sente algo por mim, e eu não quero ficar longe dele, não posso ficar, ele não é independente como Sung-Joon, ele precisa de mim, e eu preciso dele.

Continua no volume 3.


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Notas finais do capítulo

Decidi finalizar o volume no capítulo 23, pois não sei quando terei tempo para escrever uma continuação. Já tenho ideias para o volume 3, talvez uma busca por Sung-Yong, e/ou um possível retorno de Fábio para o Brasil.

Gostaria de alguns comentários, se possível. ^^



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