Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 13
Capítulo 13




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Contamos a Diretora o que tinha ocorrido, das energias e tudo o que eu conseguia me lembrar de sentir, contei sobre como fora com o professor Neville, claro que não claramente, apenas falei do toque e do tão próximo ele conseguiu chegar. Era estranho pensar nisso, repensar nesse momento, com toda certeza eu mandaria algo para  a Carla, acho que agora eu comecei a entender tudo o que ela dizia. Senti minha garganta se apertar. 

A Diretora falava o que achava que estava ocorrendo, mas sua voz era como um eco distante em uma caverna. Eu a olhei me sentindo meio tonta, olhei Nyack, ele estava bem, por que só comigo, por que eu estou assim?

'Porque você é nossa caçadora, ele nosso recipiente' eu levei a mão até a garganta tentando puxar ar, uma risada 'Agora ninguém irá escapar de nós' olhei a Diretora e olhei Rony, ele estava parado com os baços cruzados, assim ele até parecia ser alguém forte.

— Agnes! - Nyack me tocou a troca de energias - Agnes, você está bem?

— Eu preciso... - olhei Rony - Preciso que ele saia - o ruivo franziu o cenho e olhou a Diretora, aquela mulher não mudava de expressão nunca - Por favor, Ronald... 

— Vá! Não deixe que nenhum puro-sangue entre - ele confirmou e saiu. Olhei a Diretora - Você é como um vampiro necessitando de sangue, Agnes. 

— A voz - olhei Nyack, os olhos dele pareciam mais claros - A voz disse que eu sou a caçadora e você o recipiente - olhamos a Diretora.

— O que, exatamente, isso quer dizer? - meu companheiro de maldição perguntou.

— Não tenho certeza. - ouvimos vozes de fora, olhei para  aporta, eu reconhecia aquela voz. Nyack me olhou curioso, por que ela tinha voltado? Por que ela estava aqui quando deveria estar com a família?

Um corpo caiu, a porta se abriu, pudemos ver o corpo de Rony no chão, não estava desacordado, mas com toda  a certeza tinha levado um belo gancho da Carla. Agora a Diretora estava assustada, o que me fez rir.

— Agnes! - minha amiga correu até mim - Você está bem? - confirmei - ela olhou Nyack e a Diretora - Eu acho... Eu acho que encontrei alguém que pode dizer o que aconteceu com vocês. - eu e Nyack nos olhamos curiosos, a Diretora ainda fitava o corpo de Rony no chão.

— O que você...

— Ah... Aquilo? Apenas um golpe trouxa - ela me olhou e riu, eu não pude conter o riso.

Ela disse que tinha encontrado alguém? Mas quem? Quem poderia ter ideia do que estava acontecendo? 

Estranho... Perto da Carla eu não sinto a falta de ar, será que por eu a conhecer a tanto tempo ou existe algo mais?

— Ele aceitou vir até aqui, espero que não tenha problema que eu o tenha trago, Diretora.

— Não, não tem... Mas como você veio?

— Meus pais, eles estão ai - ela deu de ombros - Meu pai falou que seria nostalgico aparecer por aqui. - ela riu.

— E sua mãe? - Nyack perguntou, pela primeira vez parecia curioso sobre algo.

— Ela não estudou aqui, estudou em Beauxbatons. - ele levantou as sobrancelhas dando a volta com os olhos.

Carla nos levou até a região em volta do Castelo, me contou que não sabia se podia entrar com o homem, então apenas pediu par ao pai cuidar dele e ter certeza de que este não fugiria. De fora o pai da minha amiga sorriu de leve para mim, ele me conhecia e aos meus pais, já os levamos uma vez para uma comemoração trouxa do meu aniversário, eles claramente ficaram um pouco espantados com tanta coisa sendo feita manualmente, mas acharam no minimo curioso como eu conhecia tanta gente velha, pelo que Carla me contou falavam muito disso. 

O outro homem era mais baixo, mas um dia fora forte, ele era índio, então com certeza fora algum guerreiro de tribo. Ele tinha o cabelo ainda bem preto, mas já não era jovem, não, com toda a certeza não era, ele olhou a Diretora, não, ele a admirou por longos segundos conforme nos aproximavamos. 

Olhei a mulher que ao observar o homem  os olhos se arregalaram. Ela nos olhou, disfarcei não ter visto o que aconteceu com os dois. Carla estava distraída demais com Rony explicando que eu que a tinha ensinado aquilo que com toda a certeza não reparou no ocorrido. 

— Agnes, Diretora - Carla deu um pulo para ficar ao lado do homem - Este é Raoni.

— É um prazer conhecê-lo - falei, ele esticou a mão, mas eu não podia apertá-la, Rony o cumprimentou, o senhor me observou e ao ruivo. - Desculpe, não estou em condições de ter contato com outros bruxos.

— Ah... Entendo - ele olhou a Diretora que estava em silêncio até o momento.  - Potira, quanto tempo...

Todos nos entreolhamos, quem era Potira?

— Você não tinha tantas rugas nesse rosto grande, Raoni - olhamos a Diretora, esse era o nome dela? Estavamos todos surpresos até o pai de Carla estava com os olhos arregalados em completa surpresa.

— Você ainda está linda. - certo, certo, certo, os dois estavam flertando ali na nossa frente quando eu estava louca para poder tocar as pessoas sem que eu quase morresse.

— Desculpem, não quero ser o chato da história - Nyack falou - Mas e sobre a maldição, a Carla disse que o senhor pode nos ajudar.

— Sim, claro, me desculpem. - o homem sorriu - Ajudar é um termo muito forte, não sei reverter a maldição, mas sei como ela funciona.

— Vamos para dentro - eu falei abruptamente, algo na floresta não estava legal, algo que Peru também sentiu e ficou inquieto. - Por favor. - um pressentimento ruim atingiu meu corpo me fazendo estremecer.

Todos começaram a ir para dentro do Castelo, eu fiquei parada observando a  mata. Algo me chamava lá para dentro, não era uma voz, ou um canto, nada que realmente falasse meu nome ou pedisse para eu ir até o que quer que fosse, era apenas uma energia muito forte que pedia para eu entrar em meio as árvores e alcançá-la. Meus pés se moveram sem que eu percebesse, Peru voou e começou a me puxar usando o bico no meu cabelo, eu não o segui, continuei indo para a floresta. Eu não sabia o que ia encontrar ali, na verdade eu nem sabia porque estava entrando ali, mas eu estava e aquilo parecia ser o certo a fazer. Minha garganta se fechou novamente, uma energia que eu precisava pegar, agora eu entendia esse sentimento. Olhei para trás, eu não conseguia mais ver o Castelo, Peru tinha me abandonado e eu estava em meio a floresta selvagem sozinha. Eu ouvia os animais, mas não era como se quisessem me atacar ou se sentissem ameaçados, eu era como mais um deles em meio as enormes árvores e em meio as folhas secas. 

Algo pegou minha mão, um choque percorreu meu corpo, minha garganta se abriu como se eu tivesse acabado de nascer e tivesse dado a primeira inspiração fora do útero, tudo ardeu e foi desobstruído com violência, meus olhos se encheram com lágrimas. 

Olhei quem tinha me segurado.

— Você...

— Você está maluca, por acaso?

— Você não devia estar em casa?

— Vem, vamos voltar para o Castelo.

— Leo! Me solta! - o que ele estava fazendo? Por que raios estava me levando de volta para o Castelo? - Eu pedi para me soltar! - uma onda de choque saiu do meu corpo e atingiu o dele, ele me soltou rapidamente e ficou me encarando. - Por que está fazendo isso?

— Porque sua amiga prometeu arrancar meus testículos se eu deixasse algo acontecer com você - ele revirou os olhos - Mas quer saber, se mate ai na floresta, eu não ligo - ele me deu as costas.

Olhei em volta, o encantamento no meio da mata tinha passado... O que quer que tenha me seduzido já tinha partido.

— Espera - ele me olhou - Eu não sei sair daqui.

— Então aconselho a ficar bem perto de mim - ele sorriu - Sangue-ruim - eu o fuzilei, ele riu.

Fiquei em silêncio e o seguindo.

— Como me encontrou?

— Eu faço esse caminho quando volto sozinho, tem um portal não muito distante daqui que sai diretamente na casa do meu avô - ele deu de ombros - Eu não queria encarar outro almoço em família então resolvi voltar.

Eu continuei em silêncio.

— E por que você não está me atacando ou algo do tipo?

— Digamos que eu aprendi a lição - ele me mostrou uma cicatriz no braço - Meu pai não é o melhor em dar castigos, mas com toda certeza ele sabe nos fazer aprender.

— Ele... te fez isso? - ele confirmou como se aquilo fosse normal. - Leo, isso não é bom. - ele me olhou - Sabe, o que você fez não foi a melhor coisa do mundo - ele revirou os olhos - Mas você não merecia isso, em troca, a menos que eu tivesse feito isso, ai tudo bem - eu ri, ele riu junto.

— Carla comentou que tinha encontrado alguém que poderia te ajudar - ele e Carla estavam conversando? - A pessoa foi útil?

— Não sei - ele me observou - Ia descobrir quando algo me chamou para cá - ele olhou na direção da trilha que seguia, para mim uma trilha completamente desconhecida. Passos na mata, eu me aproximei dele com medo que riu.

— Agnes, a menina que lutou contra mim está com medo de uns barulhinhos da floresta?

— Não diga barulhinhos, pode ser uma onça!

— Pode, mas você tem uma varinha e mágica, pode ter certeza que você ganharia contra uma onça.

— Agnes! - Nyack...

— Nyack!

— Agnes!

Ele surgiu a nossa frente depois de passar por algumas árvores que pareciam ter brotado perto demais uma da outra. Ele encostou em uma e logo afastou a mão.

— Merda! - ele olhou a mão e depois olhou para nós dois - O que ele está fazendo aqui?

— Ele me ajudou - falei e olhei Leo - Dessa vez ele me ajudou.

Leo ignorou Nyack e continuou andando, Peru veio voando quando me aproximei do Castelo, a julgar a velocidade com a qual ele me atingiu diria que ia passar direto e entrar na mata, Carla vinha correndo atrás dele seguida por Rony e pelo pai, os três nos olharam do alto do Castelo. 

— A Diretora ficou preocupada - Rony falou olhando Nyack - Vocês não deviam sair correndo por ai assim.

— Eu não estava correndo - falei - A propósito, obrigada por em ajudar, Leo.

Carla nos observou e cruzou os braços, ele passou por ela e bagunçou seu cabelo, eu a olhei e lancei o mesmo o olha que ela me lançava quando falava que alguém estava a fim de mim.

— Nem me olhe assim, não tem nada.

— Sei - eu ri - Agora vamos, eu não aguento mais não responder por mim mesmo.

— Posso falar com o Harry e ver como ele resistia ao Voldemort. - Rony falou - Acho que pode te ajudar.

Agradeci.

Na sala da Diretora Raoni estava sentado de frente para ela, os dois riam enquanto conversavam, deviam estar se lembrando de algo de muito tempo atrás, talvez daqui muitos anos eu e Carla fossemos assim, nos encontrássemos pelo mundo e relembrássemos nossas aventuras quando mais jovens, na verdade, eu esperava muito que eu  e ela continuássemos amigas para o resto de nossas vidas e além se fosse possível. Ela é o tipo de pessoa que vale a pena. 

Carla me lançou um olhar que mostrava uma enorme interrogação, eu a tinha ficado encarando enquanto divagava em minha mente, apenas balanceia  cabeça e sorri para ela que riu de volta.

— Então... - olhamos Raoni - Eu ouvi falar dessa maldição da minha época de estudante aqui - deve fazer muito muito tempo - Relatos bem antigos falam sobre a sua utilização e quando foi criada. É uma maldição da época dos primeiros bruxos - todos na sala nos olhamos, menos a Diretora, ela continuava olhando o antigo amigo, aquele olhar, eu já o tinha visto com a mesma intensidade antes, mas não tinha certeza onde - E, não, não foram eles que criaram.

— Calma... - Rony se ajeitou em seus próprios ombros - Está dizendo que foi uma maldição criada pelos trouxas?

— Exatamente - eu e Nyack nos entreolhamos - Os trouxas tinham medo dos bruxos, sempre tiveram e eu não tiro a razão deles, então para se protegerem criaram a Maldição do Vampiro de Energia. - franzi o cenho - Aqueles com a maldição sugam as energias puras dos bruxos e as armazenam para que os trouxas possam usá-las contra nós - olhei Nyack, ele fitava o chão.

— Como que se retira essa energia do recipiente armazenado? - perguntei, Nyack me olhou, evitei desviar meu olhar do índio idoso. 

— Quebra-se o recipiente.

Meus olhos se arregalaram, Nyack nos deu as costas e saiu, todos o olharam. Droga!

— Carla - ela me olhou com pena nos olhos - Vá ver o Leo, eu cuido do Nyack.

— O Leo? - ela olhou par aos outros na sala.

— Ele me tocou na floresta - ela me analisou.

— E as vozes?

— Elas não me atacam mais - ela sorriu - Agora eu... sinto as energias... - ela entendeu o que eu quis dizer.

Carla não hesitou saiu correndo, o pai a acompanhou pelos corredores do Castelo, Rony ainda pensava. Comentou que falaria com Harry e Hermione para ver se descobriam uma forma de cancelar essa maldição, ele também se retirou.

— Senhor Raoni - ele em olhou - Quando diz sugar a energia, quer dizer...

— Todo o poder bruxo da pessoa - ele falou e suspirou - Aquele garoto, o Leo, você sentiu? - confirmei, apertei minhas mãos com força e segurei o ódio dentro de mim - Eu não vou embora tão cedo, Agnes, se depois quiser vir falar comigo...

— Obrigada. - olhei o casal que eu deixaria a sós.

Corri pelos corredores tentando imaginar onde Nyack estaria, a escola estava bem vazia ainda então seria fácil ficar sozinho em algum lugar, mas eu sabia onde ele estaria, por alguma razão aquele lugar atraia nós dois. Me aproximei da árvore do pátio central, olhei par ao alto, ele estava bem lá em cima. Eu a escalei do melhor jeito trouxa que eu conseguia me lembrar de fazer na casa do meu avô, me sentei em um galho do lado oposto da árvore, nossas costas separadas pelo tronco, ele ficou em silêncio e aquilo me incomodava. Peru pousou em meu colo eme olhou, fiz carinho em suas costas.

 - Não se preocupe - falei, pude ouvir Nyack se mexer - Vai dar tudo certo, nenhum recipiente vai ser quebrado.

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque eu estou te prometendo isso, Nyack - ele me olhou, eu o olhei com dificuldade - Você é um dos meus poucos amigos aqui...

— amigos? - ele riu, aquilo me incomodou - Nós não somos amigos, Agnes - eu parei de fazer carinho em Peru que me encarou - Apenas carregamos a mesma maldição, o que é um saco, cuidamos das mesmas crianças e só, nada além disso, então não se iluda pensando que somos amigos.

— Mas conversamos e nos damos bem, isso faz de nós amigos, não faz?

— Não, isso apenas faz de nós pessoas educadas - ele se virou no galho iria descer - Então se tiver de fazer qualquer coisa contra mim, pode fazer, não vai estragar nossa amizade, já que ela nem existe.

O observei descendo.

— E mais uma coisa... - eu o olhei do alto - Esse pássaro distância os homens de você.

Olhei Peru que o encarava como que entendendo o que ele tinha falado, abracei Peru e o apertei contra meu peito, não importa o que um cara como ele diga, Peru nunca vai se afastar de mim, eu espero. A bolinha azul esfregou o rosto contra o meu e se aconchegou no meu abraço.

Preferi ficar ali sozinha com meu companheiro penudo ao invés de descer e conversar com os outros. Tinha sido um golpe ouvir aquilo, eu realmente achava que eu e Nyack eramos amigos, eu me preocupava com ele e pensei que fosse reciproco, considerando os avisos que ele me deu e as ajudas que ofereceu, mas se não eramos amigos, o que somos então? somos realmente apenas dois amaldiçoados ligados por algo desconhecido? Somos apenas dois conhecidos que carregam o mesmo carma... 

E as mensagens de preocupação, se ele não era meu amigo, por que se preocupava... 

— Você meu amigo, não é, Peru? - passei a mão pela cabeça do pássaro, ele se mexeu aceitando o carinho - Claro que é. - sorri tristonha para ele.


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