Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 12
Capítulo 12




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Acordei  levei um tempo para entender o que acontecia, o professor estava com o braço esticado para fora da cama e eu também, nossos dedos quase se tocavam, eu sentia algo como uma eletricidade ser passada dele para mim, me afastei rapidamente me levantando o que ocasionou com minha cabeça batendo no ninho do Peru e caindo no chão com um enorme barulho, o professor abriu os olhos sonolentos, pareceu levar tempo para entender o que acontecia. Ele me olhou assustado e para minha cama cheia de gravetos e Peru voando bravo. 

— Está tudo bem? - ele perguntou se sentando.

— Está, eu só... me assustei. - me levantei, eu odiava dormir com o conjunto completo do pijama, mas julgando quem era minha companhia era pelo menos mais correto. - Ontem eu dei uma olhada nas mudas - ele pareceu não entender, o professor se levantou, virei meu rosto rapidamente tentando esconder minha vergonha, ele estava apenas com um short - E elas estavam muito bem, aquele espaço que criou para elas ficou ótimo.

— Você acha? - eu o olhei depois de achar ter controlado minha vermelhidão. Confirmei - Eu pensei em ir comprar algumas coisas para fortalecer as plantas e aproveitar e conhecer a cidade mais próxima.

— Existe um produto trouxa que é muito usado nas plantas e faz muito bem para elas - ele pareceu interessado - Se quiser posso ver com meu avô se ele consegue para você.

— Ótimo, perfeito, qual o nome do produto?

— Esterco.

— E é bom mesmo? - confirmei - Veja com ele e depois me passa.

Ele se retirou do quarto, aproveitei para me trocar e mandar uma mensagem para meu avô. Ele logo me respondeu.

"Pensei que viria para casa no feriado"

"Tive alguns problemas na escola, preferi ficar e resolver"

"Está tudo bem?"

"Está sim"

Desci para o café depois de arrumar o ninho do Peru que já se ajeitava ao meu ombro. Vazio como no dia anterior, era muito estranho, mas eu não podia fazer muito. Hermione me convidou e aos outros alunos para sentarmos todos na mesma mesa, eramos tão poucos que cabiamos. Eu me sentei ao lado de Rony que me cumprimentou com um largo sorriso que eu devolvi com um mais tímido, a mão dele estava apoiada ao lado da minha e novamente senti aquela leve energia passar dele para mim, ele me observou observando nossas mãos.

— Alguma coisa errada? - eu olhei para os alunos a nossa volta, eles não sabiam do que estava acontecendo, molhei os lábios nervosa e me estiquei até a orelha dele.

— Você não está sentindo? - ele cerrou o cenho. - Sua energia, ela está passando para mim. 

Ele olhou nossas mãos e aproximou a sua ainda mais da minha, fechei meus olhos com medo de ele me tocar, mas ele logo afastou e me olhou com os olhos arregalados, ele sentira.

— Depois vemos isso direito.

Confirmei.

Não falamos mais da maldição durante o café. Harry comentava sobre como teria gostado se Alvo tivesse mandado algum professor tomar conta dele com a Diretora fizera comigo, pelo menos se não o protegesse ele se sentiria mais confiável. A Diretora deu um grito para nós dizendo nos ouvir o que fez os cinco estrangeiros da mesa rirem. 

OS alunos os enchiam de perguntas sobre como tinha sido participar da guerra e todo o resto, perguntas que Neville recebera em suas aulas quando perguntava se alguém tinha alguma duvida e todas eram sobre onde ele arranjou coragem para lutar em uma guerra. Eu também me perguntava aquilo, provavelmente eu não seria forte para conseguir ferir alguém. Mas o professor sempre respondeu com "É como sair na chuva sem guarda-chuva, saiu para s emolhar. Se você está no meio da guerra é matar ou morrer, eu felizmente sobrevivi" Ele era paciente para responder isso todas as mil vezes que perguntavam.

Depois do café peguei minha vassoura e resolvi que daria uma volta pela área do campo. Não sou a melhor em cima de uma vassoura, mas eu gosto da sensação de estar no ar, apesar de preferir estar no alto dentro de um avião, é no minimo mais seguro, ou pelo menos você tem mais proteção. Os treinos com tempo de chuva eram horríveis, eu sempre odiava ter de ir para essa aula quando via o tempo fechado. A professora contava casos de bruxos que foram eletrocutados durante tempestades o que sempre me deixava com mais vontade de fingir estar mal e ir para a enfermaria.

Peru voava ao meu lado calmo, vez e outra dava uns mergulhos que o fazia voltar com algo no bico, normalmente lagartas. Eu observava a floresta, era densa, era possível ouvir os pássaros e alguns animais caçando, alguns macacos alertando o grupo do perigo, era relaxante ficar ali. 

— Agnes! - olhei Neville, ele estava sobre uma vassoura, parecia tão inseguro quanto eu, o que era engraçado - Você está ocupada?

— Não, apenas sentindo a floresta - falei e observei Peru pousando na ponta da vassoura - Por quê?

— Podemos ir agora  acidade?

— Claro... - eu virei a vassoura - Quer ir voando?

— Já estamos aqui mesmo.

Eu acelerei, não era rápida, mas não queria ter de passar mais tempo no alto. Peru tentou ficar deitado, mas o vento não o ajudava, eu o coloquei no meu bolso e então continuei pelo caminho. Eu não costumava ir a cidade voando, era uma cidade magica, era, mas ir por terra sempre parecia mais legal, eu gosto das trilhas e do cheirinho de mato. Carla gostava de usar os portais, mas isso sempre tirava a graça de assustá-la com algum macaco pelas árvores ou dela me assustar com algum galho me dizendo que é uma cobra. 

Pousamos nos arredores da cidade. Peru saiu do meu bolso e pousou na minha cabeça.

— Ali tem um estacionamento - falei.

— Estacionamento?

— É, para deixarmos as vassouras enquanto compramos as coisas. Pensou que iamos ficar carregando isso para cima e para baixo? - ele confirmou me fazendo rir.

Depois de deixarmos as vassouras eu o guiei pelos becos da cidade até chegarmos ao centro, meu corpo estremeceu um pouco com a possibilidade de tocar alguém, mas eu já estava ali então era melhor fazer o que tinha de fazer. 

Levei o professor até uma loja de plantas o professor Filipe sempre dizia que era muito boa para tudo o que você precisasse. Andamos mais um pouco e eu parei de fora de um prédio, Neville me observou, minha mãe trabalhava ali.

— Você se importa de seguir sozinho? - ele me analisou - Vou conversar coma  minha mãe... Se ela estiver aqui...

Ele seguiu em frente e eu entrei no prédio, alguns funcionarios já me conheciam, era comum eu ir ali quando não tinha aula, mas durante esse ano não foi bem assim. Dei o nome da minha mãe para a recepcionista, ela fez uma chamada e pediu para eu aguardar. Fiquei próximo ao elevador, demorou muito até eu ver minha mãe saindo dali. Ela vinha com os braços abertos e ia me dar um abraço quando me desviei dela que ficou me encarando como se aquilo fosse a pior coisa, na verdade, era, eu não podia abraçar minha mãe nem dar um beijo nela, nem mesmo a irritar com tapinhas e cutucões.

— A senhora está muito ocupada? - ela negou - Poderia almoçar comigo?

— Claro. Só vou pegar minhas coisas e já saímos.

Confirmei. Ela pareceu perceber minha urgência. 

Quando voltou logo me guiou para um restaurante que eu ainda não tinha experimentado dali. Pediu uma mesa para nós, quando nos sentamos ela olhou em volta parecendo preocupada.

— Aconteceu algo? - ela procurou por alguém - Você não costuma vir sozinha.

— Estou com um professor - falei e suspirei em seguida, ela ia tocar minha mão quando as puxei par amim, ela me olhava sem entender.

— Agnes, o que está acontecendo? Esse professor está te fazendo algo?

— Não, mãe, não! - falei a olhando em desespero - É só que... - eu respirei - É só que esses ultimos meses têm sido bem complicados - ela me olhava pedindo para que eu continuasse. Contei a ela mais ou menos o que estava acontecendo, ela me ouvia sem entender direito.

— Agnes? - olhei assustada quem nos chamou. Professor Neville, minha mãe o observou - A senhora deve ser a mãe dela-  ele esticou a mão cumprimentando minha mãe.

— Sou eu mesma e você deve ser Neville Longbottom - minha mãe sorriu - O famoso - me olhou, eu não entendi aquele olhar. 

Ele sorriu em resposta.

— Já comeu alguma coisa? - ele negou - Então pode se juntar com a gente - eu o olhei, ele sorriu tímido e me olhou, confirmei com a cabeça, ele precisava confirmar tudo o que eu falei para ela - Agnes estava me contando sobre uns eventos na escola, é verdade? Quero dizer, ela recebeu alguma maldição?

— É o que pensamos ser - ele falou cansado de repente - Já chamamos um grupo que pode nos ajudar, talvez estejamos perto de descobrir como parar com tudo isso.

Ele ia pegar minha mão, parou, aquela distância eu podia sentir, a energia fluia dele para mim, observei sua mão próxima a minha por alguns instantes esperando encontrar algo, mas tudo o que percebi foi que minhas pernas voltaram a doer como na primeira manifestação da maldição. 

— Agnes? - minha mãe quase me tocava, Neville a parou, minha mãe o observou e depois a mim. - Não seria melhor ir para casa, ficar com seu avô? Lá você não correria risco algum.

— Mas eu não poderia ajudar nas pesquisas, eu quero continuar na escola.

— Tem certeza? - confirmei. - Vou falar com seu pai e decidimos - ela olhou a hora - Me desculpe por deixá-los aqui, já deu o meu horário. Foi um prazer conhecê-lo, professor Neville, e se cuide Agnes. - confirmei, o professor acenou.

Pouco depois também saímos, o professor tinha umas sacolas nas mãos que não poderiamos levar nas vassouras, as pegamos no estacionamento e fomos para um portal. Eu fui na frente com alguns pacotes, Peru e minha vassoura. Saí em uma trilha próxima a escola.

'Tão perto, mas tão longe. Não se preocupe, logo terá o primeiro'.

Olhei para trás assustada. Neville passava pelo portal e me olhou espantado, olhou para trás e não viu nada.

— Está tudo bem?

— Está, eu só... pensei ter ouvido alguma coisa.

— Deve ter sido algum animal, vamos? Quero te mostrar algumas coisas que comprei.

— Você deve ser o único homem a ficar animado depois das compras - comentei o fazendo rir.

Fomos até a estufa, as mudas já estavam bem maiores. Ele as tirou da área climatizada, pegou alguns vasos maiores, me esticou um par de luvas. Eu o ajudei com a mudança, colocamos terra e ele comprou algo como um adubo mágico que misturamos na terra para as mudinhas. O que sobrou ele colocou nas outras. Fiquei na mesa o observando terminar de cuidar das plantas. Peru decidira ficar na mesa dormindo ao invés de comer insetos na árvore, deve ter ficado cansado de voar e caçar ao mesmo tempo.

— Pronto - Neville tirou as luvas - Acabamos.

— Você gosta muito das plantas né? - falei balançando minhas pernas penduradas na mesa, ele se apoiou ao meu lado e observou.

— Gosto sim - ele me olhou, cruzou os braços - Aqui na América vocês têm muitas plantas que ainda não foram catalogadas, muitas plantas que eram usadas há muito tempo quando não sabiamos direito o que era magia, eu quero encontrar essas e colocá-las no mapa dos bruxos.

— Se não conseguir achar todas, pode deixar que concluo o seu trabalho para você - ele sorriu.

— Você quer mesmo isso?

— Isso?

Ele ficou na minha frente, eu o observei, Peru se aproximou de mim sonolento, encostou na minha perna.

— Trabalhar com plantas. Você poderia ser uma Auror, ou ainda algo mais, você poderia ter a relevância da Hermione, mas quer trabalhar com plantas.

— As plantas têm sua importância, também, professor - ele sorriu - Se não fossem pesquisadores como  você não saberiamos a utilidade de muitas, muitas poções não existiriam. 

— Você tem razão - ele riu um riso gostoso de se ouvir.

O professor ficou quieto por alguns instantes, ele se aproximou e esticou uma mão na minha direção, eu não entendi o que ele queria fazer, me afastei esticando meu pescoço para trás, o professor voltou a se aproximar, sua mão quase tocava meu rosto, eu podia sentir a energia, dessa vez estava mais forte, não foi como quando ele estava dormindo, ou como foi com Rony ou até mesmo entre nós no restaurante, foi algo bem mais forte, minha pele formigou, o professor observava a mão e minha bochecha distanciadas por milimetros apenas e eu já podia sentir meus pelinhos se arrepiando. Neville deu mais um passo na minha direção, a outra mão também ficou a poucos milimetros do meu rosto, apertei a borda mesa com as duas mãos, aquilo estava muito estranho. A porta se abriu, ele abaixou as mãos rapidamente e se afastou um passo, fingiu uma tosse, eu o observava em silêncio e agora percebi que tinha prendido a respiração durante todo esse tempo. Olhei para  a porta, Nyack acompanhado de Rony nos encaravam.

— Atrapalhamos alguma coisa? - Rony perguntou contendo um riso.

— Não, tudo bem - falei descendo da mesa e quase batendo no professor que me observou, eu o observei de volta - E como você está? - olhei Nyack.

Neville se afastou, começou a juntas os vasos vazios onde antes tinha várias mudas, pegou alguns dos instrumentos que usamos antes e começou a pendurar em seus lugares.

— Bem... - ele observou Neville e depois olhou Rony - Ronald me contou sobre vocês - Neville deixou uma das pás metálicas cair - Sobre a coisa da energia que você está sentindo. 

— Você não? - ele negou.

Fui até Nyack, sem precisar estar muito perto eu já sentia  a dele, meu coração acelerou, dei mais um passo e a energia se intensificou. Estiquei uma mão para tocar nele, Nyack arregalou os olhos, toquei em seu pescoço, ele me observava, as energias se misturavam, fluiam tanto de mim para ele como no processo contrário, nossos olhos se encontraram, era uma sensação estranha, era como se realmente estivessemos conectados.

'Estamos quase lá, apenas tenham calma' Nyack apertou meu pulso com as duas mãos, a cor de seus olhos ficou mais forte. Com a outra mão peguei uma das dele, nossos dedos se entrelaçaram. 

Tinhamos nos esquecido dos outros, algo estava rolando, mas era algo que apenas nós dois sentiamos.

Nos afastamos como que se tivessemos nos empurrado, os dois ofegantes. Ele me observava cansado e eu não fazia diferente.

— Não sei o que acabou de acontecer, mas isso foi estranho - Rony falou e olhou Neville, olhei o professor.

— Leve-os para  a Diretora.

— Você não vem? - Rony perguntou.

— Quando acabar eu os alcanço.

Neville ficou me olhando, eu queria que ele fosse coma  gente, mas por alguma razão ele preferiu ficar afastado, será que eu o tinha machucado de alguma forma?


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