Uma semana se passara. Henry já havia voltado para casa de Mary, e Emma já estava completamente curada. Em fila, todos os soldados olhavam para Regina, que hoje parecia não estar para brincadeiras. Ela iniciou uma pequena saudação, e todos os soldados fizeram o mesmo. 

— Dormiram bem? - Ela falou, num tom irônico. 

— Como assim, dormimos bem? Dormimos cerca de três horas e foi isso! - August falava indignado. 

— É esse o objetivo ,soldados.  Mas verão que essas caras cheias de cansaço valerão a pena para passarem na missão sem morrerem, ou sem matarem alguém inocente. Irão fazer um percurso. Durante toda a semana. Irão passar cada dia tendo como alimentação apenas um pedaço de pão, dormem 3 horas por noite e têm de fazer caminhadas de até 40 km numa mata fechada, em meio à escuridão, sem lanterna, sem tirar os coturnos* e sem reclamar. - Ela parou por segundos ao ver o desespero e a confusão na cara de cada soldado. - O objetivo é somente fazer-vos capazes de tomar decisões rápidas em meio a situações de caos, como um tiroteio com terroristas em poder de reféns, mesmo estando cansado, com fome e sede. Espero de vocês algo humanamente impossível ou exageradamente difícil, pois são unidades e homens que irão se deparar com situações onde nem os policiais ou militares normais conseguem ajudar. 

— Mas porquê numa mata fechada? - Emma finalmente disse algo. - Nós vamos para a Síria, não para a Amazónia. 

— Porque, Swan, nós não estamos na Síria. Não há prédios desmoronados por todo o lado. Não há isso aqui! Se vocês conseguirem sobreviver numa mata, que... vamos admitir, é muito pior que a Síria, vocês conseguirão fazer tudo! E se mais alguma vez duvidar do que eu falo, irá ser quem lida o caminho! - Regina se aproximou de Emma, estando praticamente nariz a nariz com ela. - Então é melhor fechar a boca e pensar antes de argumentar, não é mesmo, soldada? - E a encarou. Desviou o olhar em direção ao chão. Os seus olhos de raiva tinham se tornado olhos de dó por segundos, mas logo voltou à fúria habitual.

— Na verdade, a Síria é pior que uma mata fechada! - Ela falou novamente, sem se importar com as consequências. 

— Como assim? Na Síria não há animais que te possam despedaçar ou envenenar. Ou não há chances de morrerem com uma fútil fruta venenosa, e... - A loira interrompeu o discurso da general. 

— Mas no entanto, há mais locais estratégicos e mais possibilidade de uma boa camuflagem, devido às grandes folhas e árvores, o que não há na Síria!

— Swan, entenda! Isso não é um treino de luta, a não ser que você o queira. Se trata de sobrevivência. Numa mata, no meio do verde, você só terá acesso a frutos que você não tem como saber se são venenosos ou não, então nem os vai comer. É a mesma coisa quando você tiver na missão. Vai ter que comer o que tiver, pois não acredito que vá entrar numa loja para comprar um saco de maçãs. Entende Swan? Isso é só um exemplo! Como já referi, pense antes de reclamar. - Emma engoliu em seco ao entender que não deveria ter dito aquilo. Enquanto isso, Regina continuou a falar. - Eu irei com vocês, claro. Tenho que ter a certeza de que não farão nada idiota e que completam o treino cumprindo as devidas regras. São vocês que irão escolher o que levar. Quem trouxer menos coisas úteis, é quem lida o caminho. Caso todos forem razoáveis, quem o fará será a Swan, que se mostrou bastante confiante ao comentar o meu método de treino. - Ela falou tudo num tom de durona, sem medos. - Agora vão. Têm 1 hora antes de partirmos. Nos encontramos aqui, e quem tiver nem que seja um minuto atrasado, é desqualificado da missão! - Todos saíram do local, deixando Regina sozinha.

— Hey... - David colocou a mão no ombro de Regina, que se virou de frente para ele. - Desculpa ter que fazer algo assim. Vai ver que é o melhor para eles. 

— Mas não é para mim! Todos eles me vão odiar, e certeza que ficaram desconfiados sobre mim... Vão achar que eu não os irei ajudar, e só atrapalhar. 

— Mas é exatamente isso que vai ter que fazer. Atrapalhar. Eles têm que ficar preparados para qualquer tipo de coisa, lembra? 

— Você está me obrigando a fazer isso com sua própria filha... Você não tem dó? David! Eu não tenho dó com ninguém, mas a Emma tem um filho! 

— Regina, essa é a questão, o propósito do treino. Se Emma não tiver realmente pronta, a missão pode levá-la à morte! Isso pode acontecer com qualquer um, e não apenas com minha filha. E porque você está tão preocupada com ela, assim? 

— Você nunca iria entender, David... E não me obrigue a te dizer. Já me está obrigando a fazer coisas a mais... - A morena virou as costas, e cabisbaixa, também saiu do local. 

X

— Emma? 

— Oi, August. Pode entrar!

— O que foi aquilo ainda à pouco? 

— O quê? - Ela parecia confusa. 

— O quê? Aquela discussão toda com Regina... pareciam duas crianças lutando! ~

— Não tenho culpa que ela seja assim... Os métodos dela é que são maus... não posso fazer nada. 

— Emma... você sabe que os métodos dela não são assim tão maus, certo? Eu não gosto dela, Swan, acredita que não, mas eu vejo agora o por quê dela fazer isso... esses treinos intensivos vão ser úteis para nós... E eu não posso negar mesmo odiando ela. - Ela não falou nada, apenas continuou arrumando as coisas em sua pequena mala. 

X

Após passar o tempo, todos os soldados se encontravam no local referido. Regina analisava o que cada um havia posto em sua mala. Ao terminar, ela bateu levemente palmas. 

— Parabéns, todos vocês trouxeram pelo menos os materiais mais importantes. Esses serão os únicos que poderão usar. Não podem emprestar ao colega, ou ao namorado, ou ao amigo, ou ao primo. O que quer que for que vocês sejam uns para os outros, não há empréstimos, entendido? 

— Sim, mas general, aqui ninguém é gay! - Um dos soldados falou, fazendo os outros rir, exceto Emma e Regina. 

— Mas aqui também ninguém pediu sua opinião. - A loira riu de lado e encarou o chão.

— Dirigam-se todos até à carrinha. Emma vai lidar o caminho junto comigo. Então também vai no assento do passageiro da frente. Todos vocês, entrei e não se esqueçam de trancar as portas e colocar os cintos de segurança. Qualquer guerrinha entre vocês vai ser resolvida com um soco na cara dos envolvidos. - Todos eles fizeram o que lhes era mandado. Entraram na carrinha, fecharam as portas e colocaram o cinto. Regina entrou no lugar do condutor e Emma ao seu lado. 

— Pensei que iria ter que lidar o caminho sozinha. 

— E você ia, Miss Swan... mas você foi a única que trouxe tudo o que era necessário... não sei como fez isso, mas mesmo assim eu te dei uma chance.... Considere isso como um presente de boas vindas... e de desculpas... novamente.

Emma olhou por segundos para a morena, mas logo desviou o olhar. Começaram o caminho até a mata, que duraria algumas horas.