- Não nessa vida, idiota. - Eu disse me virando e ignorando a grande e conhecida limousine preta. Ela começou a se mover lentamente ao meu lado e eu desejei entrar por um minuto ao sentir meu sapato corroer meus pés, mas desisti ao lembrar que Chuck estava lá dentro.

- Não vai dizer que sentiu minha falta? - Ele falou se debruçando um pouco mais na janela.

- Não gosto de mentiras. - Sorri levemente.

- Mas está mentindo agora. - Ele sorriu sarcasticamente.

- O que você esperava Chuck? O que você realmente esperava? Que ficaria dois meses sem dar as caras, sem dar um telefonema, sem mandar um email, nem ao menos um sinal de fumaça, e que eu te receberia de braços aberto? Era isso que você realmente esperava? - Eu disse maneando a cabeça negativamente e mudando minha direção, sabendo que ele teria que entrar na contra-mão para me acompanhar. Para minha surpresa, ele saiu da limousine e começou a correr, milagrosamente, pegando meu pulso logo depois.

- Eu precisava de um tempo para mim, é só... as coisas aconteceram tão rápido. Eu... - Eu não precisava ouvir ele me dizendo que sente muito.

- Sentir muito não é nada mais que sua obrigação. Não haja como se isso já te tornasse merecedor de perdão, porque apenas te torna um ser humano. Agora se me dá licença, eu vou seguir em frente, quer você queria, quer não. - Me desvencilhei das mãos do Chuck e não o vi me seguir novamente. Não que eu esperasse que ele o fizesse é só que... esquece.

A minha casa não fica tão longe assim da escola, mas o caminho me deu tempo o suficiente para pensar. Acho que estava um pouco neurótica, pois preferi não pegar um táxi, apenas liguei para a Dorota vir me encontrar na frente de Tiffany's para podermos tomar um Latte depois, mas até agora, nada. A rua ela completamente imunda, assim como as pessoas que transitavam nela. Eu deveria atirar nelas. Bufei baixo me virando para voltar para escola e congelei por um momento ao ver quem estava escorado na parede, ao meu lado.

- Por que você sempre vem aqui e por que isso parece tão normal? - Carten falou se indireitando e colocando as mãos no bolso.

- Por que você não está na cadeia ou bem longe daqui e por que isso parece tão nojento? Algumas respostas devem ser guardadas para nós para não partir esses frágeis coraçõezinhos. - Eu falei me virando e desejando veemente que ele não me seguisse.

- Não vai me dar boas-vindas? - Ela falou se posicionando do meu lado sem dificuldade.

- Bem vindo. Pode voltar para o seu fim de mundo agora. - Falei calmamente com um leve sorriso no rosto, escutando uma gargalhada divertida vinda dele.

- Não antes de terminar o que eu comecei. - Ele se virou para mim e eu senti meus joelhos valicarem por um segundo, porém continuei andando.

- Boa sorte. Vai precisar dela. - Não precisava me virar para trás para saber que ele estava perto o suficiente para me alcançar. Mas ele não o fez. Continuei andando como se nada houvesse acontecido.

Senti uma corrente de alivio ao entrar em casa e fui até a sala tranquilamente. Dorota me recebeu com um olhar de desculpas e não precisei pensar muito para descobrir o porquê. Olhei para o sofá e Chuck estava sentado nele, com a tradicional postura impecável e um lindo buque de peônias nas mãos.

- Sentir muito é minha obrigação, assim como me desculpar apropriadamente. - Ele falou se levantando e estendendo as flores para mim. Eu as peguei calmamente e as examinei pétala por pétala. 

- Continue assim, quem sabe você consegue? - Eu sorri e subi as escadas, entrando no quarto e fechando a porta atrás de mim.

Deixei meu corpo jogado na cama e meus pensamentos voando. Ouvi meu celular tocar e o peguei vendo o número da S. na tela. 

" Oi B.! Vamos fazer compras? Me encontre nos fundos do shopping, aqueles paparazzis ainda estão atrás de mim, quero ficar fora da vista deles.

Até mais, S."

Dei de ombros trocando de roupa e pegando minha bolsa. Passei pela sala olhando apenas por curiosidade e vendo apenas um vaso de cristal com minhas peônias e suspirando um tanto aliviada.

Cheguei ao local marcado e batia o pé insistentemente fazendo com que o barulho do meu salto agulha ecoasse pela galeria. O lugar estava completamente vazio e nenhum sinal da Serena aparecer. Meu celular tocou e o atendi no segundo toque, mesmo sem reconhecer o número.

- Alô? - Falei calmamente  mirando o chão.

- Oi B., é a S. - Revirei os olhos.

- Eu estou te esperando! Você vai demorar à chegar? - Eu olhei para os lados impaciente.

- Chegar? Aonde? - Ela parecia realmente confusa e eu bufei auditivamente. Que droga, ela não poderia ter esquecido e me deixado meia hora esperando nesse lugar imundo e com cheiro de esgoto.

- No shopping S. - Eu falei em um tom um pouco zangado.

- Shopping? Nós não marcamos shopping hoje. - Minha boca se entreabriu de espanto e meus sangue borbulhou.

- Como não, você me mandou uma mensagem marcando! - Eu me virei e continuei a bater os pés.

- Ah, era sobre isso que eu queria falar. Meu celular foi roubado, acredita? - Roubado? Mas então quem teria me...

Olhei para o inicio do beco e vi uma sombra vindo na minha direção. Fechei meus olhos com força como uma criança de 4 anos esperando que aquilo sumisse da minha frente. Por incrível que pareça, não funcionou. Ele continuou se aproximando a eu comecei a correr. 

- B.? B.? O QUE ESTÁ ACONTECENDO? - Eu ouvi Serena gritando. Tentei falar algo, mas antes que conseguisse senti algo me dando uma rasteira e cai, vendo o meu celular deslizar delicadamente para longe. Coloquei a mão no meus joelho instintivamente ao sentir ele doer e olhei para ela, que estava ensanguentada. Gemi baixo pela dor e pela minha meia calça favorita ter rasgado com a queda. Mais pela meia calça, acredite. - BLAIR! FALA ALGUMA COISA O QUE HOUVE? - O vulto pisou no meu celular e transformando ele em vários pedaços inúteis de plástico. Tentei me afastar, mas ants que fosse possível, senti uma pancada forte na minha cabeça e tudo ficou simplesmente... escuro.

Serena van der Woodsen

- BLAIR? - Ouvi o conhecido barulho de quando o celular é desligado. Nunca gostei que as pessoas desliguem antes que eu possa me despedir, acho um tanto soberba e autoafirmativo. Mas algo me dizia que a Blair não desligou propositalmente. Quem teria marcado um encontro com a B. depois de roubar meu celular e por que? Droga. Droga, a resposta é tão obvia mas não deixa de ser assustadora. Para quem eu devo ligar. Policia? Pode ser uma opção, mas eu preciso de alguém com tempo, disposição e motivação o suficiente para encontrar a B. antes que seja tarde demais. 

- Maninha. Posso saber a que devo o milagre de uma ligação sua? - Ouvi a voz sarcastica do Chuck do outro lado da linha e pela primeira vez não senti vontade de castra-lo. Fiquei aliviada.

- Acho que o Carten pegou a B. - Eu falei rápido e tive como resposta um grande silêncio.

- Por que você acha isso? - Quase sorri ao ver que a voz dele era muito preocupada e nervosa. Sabe, Chuck e Blair é algo tão perfeito e tão épico. Apenas eles não admitem, o que me dá vontade de mata-los dolorosamente. Eles são tão perfeitos um para o outro.

- Alguém roubou meu celular e marcou um encontro com a B. no meu nome. Eu ligue pra ela e... - Fui interrompida.

- Eu vou matar aquele idiota do Carten. - Pi. Pi. Pi. O que deu nas pessoas hojes? Todos resolveram desligar na minha cara? Ótimo. Eu precisava de mais alguém para me acompanhar, e Chuck pelo jeito já estava longe então...

- Oi S. - Ouvi a voz do Nate e abafei um suspiro.

- Nate, eu preciso de ajuda. Eu acho que o Carten pegou a B. - O conhecido silêncio se tomou novamente.

- Aquele filho da puta. - Pi. Pi. Pi. Conti meu instinto de jogar o celular na parede e apenas sentei. Eu precisava pensar em uma maneira de ajudar. 

Primeiro, liguei para a policia. Me segurei para não chamar eles de incompetentes e dizer que se eles tivessem prendido aquele... o Carten, nada disso estaria acontecendo, afinal, não queria parar na cadeia por desacato. E depois, mandei a noticia para o maior meio de comunicação de Manhattan: a Gossip Girl. Ela pode ser uma vadia, mas quanto mais gente ficar sabendo do desaparecimento da Blair e mais gente ficar atenta, mais chances de encontra-la. É claro que liguei para Dorota, para a mãe e o pai da B. 

Abri meu email e vi algo da Gossip Girl, e pela primeira vez fiquei muito feliz. O abri e li ele com cautela.

"Olá Upper East Siders. Lembram do Carten? Então, ele finalmente deu as caras. Não apenas a cara, mas um belo sumiço na nossa querida Queen B. Parece que ela está em grandes apuros, mas fiquei sabendo que a tropa de resgate já está pronta.

Flagrado: Chuck Bass entrando na sua famosa limousine com cara de poucos amigos. Na verdade, ele parecia verdadeiramente puto. O primeiro principe encantado  já está indo salva a princesa. Isso mesmo, primeiro.

 Nate entrando em um táxi, mas parecia levemente mais desesperado. A equipe de resgate está pronta, mas onde estará o bandido?

Posso garantir que vi Carten em um carro sem placa indo para o norte. Não é no norte que ele tem uma casa de campo? 

Se virem uma garotinha frágil por ai, avisem a mim. Temos que proteger a B., afinal, ela é um patrimônio de escandalosos nacional. E mais uma vez, temos a certeza: a polica de Nova York é menos eficiente que a Gossip Girl, ou seja, eu mesma.

E para Serena, por que não deixa de ser irrelevante e faz alguma coisa útil? Você pode matar o Carten, pois você já matou pessoas antes, correto?

Por enquanto, você sabem que me ama.

XOXO. Gossip Girl."

Bufei e levante da cadeira. A Gossip Girl estava certa, eu faria alguma coisa útil. Blair sempre foi minha melhor amiga, e Carten quer matar ela, então eu mato ele. Talvez não, mas vou fazer alguma coisa definitivamente. Ninguém sabe como ela está, mas isso vai acabar bem. Tem que acabar bem. Espero que acabe bem. Suspirei saindo pela porta e levando apenas esperança e um tubo de spray de pimenta.