Blair Waldorf

- Senhorita Blair, quer as camas na mesma distribuição de sempre? – Eu vi Dorota me seguindo enquanto eu inspecionava cuidadosamente cada detalhe do meu soirée.  Tudo tinha que estar simplesmente perfeito.

- Parece bom. Eu quero as manicures aqui as 17:00 em ponto. Se elas se atrasarem dois segundos, estão demitidas. – Ela só assentiu. – Ah, e é claro, as frutas ficam bem no meio, ali. – Apontei para o centro do cômodo. Aquilo era tão relaxante. Perfeito. Tudo estava exatamente da maneira que eu imaginei que estaria. Talvez melhor. É claro, eu sempre consigo me superar.  Confesso que tinha uma coisa que estava me intrigando: o que diabos o Chuck ia fazer no Red Carpet? Se ele quer estragar minha festa, espero que não se iluda muito. Só Deus sabe o quão difícil é tirar-me do foco. Ele não irá conseguir.

Subi as escadas de dois em dois degraus. Fui até meu closet e tentei escolher uma roupa. Passei rapidamente os cabide a parei justo naquele vestido. Aquele lindo vestido de renda. As lembranças vieram rapidamente.

“ - Sabe Chuck, eu também sei dançar. – olhava as mulheres que dançavam sensualmente no palco. Eu consigo fazer isso.

- Sério? Então por que não vai até lá. – ele retrucou com um sorriso zombeteiro, olhando para o palco.

- Não! Só estou dizendo que também sei fazer isso. – Olhei para ele e ele tinha um olhar de “eu sabia que você não faria isso”. – Você realmente não acredita que eu suba lá? – Ele olhou para mim com o mesmo sorriso. E o mesmo olhar.

- Eu sei que você não sobe. – eu estava caindo na armadilha do Bass. Mas pela primeira vez, eu não me importava. Quando todos pensam que Blair Waldorf não faria isso, adivinha? Eu faço.

- Fique de olho na minha champagne...”

Balancei a cabeça esperando que as lembranças sumissem e coloquei o vestido no seu lugar novamente. Foco, Blair Cornelia Waldorf. Foco. Seja uma boa menina e ache o vestido perfeito para você usar nessa noite perfeita e pense em um plano perfeito para que o Chuck não atrapalhe seu soirée perfeito. Peguei um vestido cinza com rendas no busto, um laço na cintura de mais solto para baixo dela. Hm... parecia bom. Testei alguns penteados e decidi apenas arrumar meus cachos e por uma linda tira amarela com um nó pare dar um detalhe. Um sapato Prada azul marinho, quase preto na verdade... bem, tanto faz, completava meu look.

Desci as escadas para certificar que tudo estava preparado, afinal, daqui uma hora todas as garotas estariam ali, preparadas para gravar qualquer pequena falha. E eu nunca deixaria elas encontrarem uma.

- Olá B.! – Vi as garotas falando em coro enquanto entravam no soirée. – Nossa! Está tudo tão... perfeito! – Para sua tristeza, sim. Nada que você possa por na Gossip Girl, sua vadiazinha.

- Oh, obrigado Kati. Entrem. –  falei calmamente enquanto elas ocupavam as espreguiçadeiras e sofás que haviam ali.

A tarde passou tranquilamente até o evento principal. Conversamos, rimos, aproveitamos as manicures a massagistas e comendo frutas. Mas de noite, é claro, saímos do nosso maravilhoso casulo para deixar nosso lado mal finalmente livre. Entramos no Red Carpet. A agitação, a música. Tudo perfeito para o meu famoso Verdade ou Conseqüência.

- Então B., que tal você abrir o jogo. – Kati disse enquanto vinha com uma taça de gin na mão.

- Não poderia ser diferente, querida. – Peguei uma taça também. O lugar estava cheio. Ótimo, quanto mais, melhor...

- Então ótimo. Porque não começa... beijando o Chuck? – O que? Quando? Como? Por quê? Quem? WTF?

- Desculpe, não posso sair por ai procurando o Bass e... – fui interrompida.

- Quem disse que você precisa procurar bobinha, ele está logo ali. – Susie disse apontando para uma mesa com muita gente conhecida. Muitos garotos conhecidos. E um garoto muito conhecido.

- Olhe e aprenda, Little S. – Segui até a mesa lentamente. Você sabe aqueles filmes em que o ator faz o caminho até a morte e tudo acontece em câmera lenta? Eu me sentia assim. A diferença é que tudo acontecia muito rápido. Adrenalina. Ela substituiu o sangue que estava nas minhas veias e as idéias passavam tão rápido na minha mente que eu não consegui acompanhar. Tentei focar em só um pensamento. Ironicamente, o meu pensamento era como o sorriso dele ficava mais bonito a medida que eu me aproximava. É, acho que é melhor eu ficar sem pensar.

- Não pense que eu vou gostar disso, Bass. – Eu disse quando finalmente fiquei de frente com ele. O que diabos você está pensando agora, Bass? Como eu queria descobrir. Quando ele foi falar algo eu simplesmente o agarrei. Eu não sabia qual seria minha reação se ele falasse algo. Ainda mais sem saber o que ele poderia falar. Ele ficou estático por alguns segundos, assustado com a minha atitude. Bem, se serve de consolo, eu também estava assustada. Mas logo ele correspondeu. Foi nessa hora que tudo parou. Eu não ouvia mais os gritos, a música, nada. Aquele beijo fez minha cabeça girar com uma velocidade tão grande que por um momento, achei que fosse desmaiar. Quanto tempo ficamos nos beijando? Sei lá, um minuto? Uma hora? Um século? Eu não sabia e não fazia diferença. Eu só não queria que acabasse. Que dane-se as garotas, meu ego, meu orgulho, o ar... o ar. Ok, eu estou ficando totalmente sem ar.

- Você acaba de me roubar um beijo, Waldorf? – Ele pediu quando a falta de fôlego finalmente nos obrigou a nos separarmos.

- Eu avisei para não pensar que eu ia gostar disso. – E sai. Sai porque a voz dele me fez lembrar o quanto eu sofri por esse desgraçado.

Participei de todas as outras conseqüência e mais nenhuma envolvia o Chuck. Aquelas amadoras sofreram tanto comigo. Voltamos para casa, mas minha cabeça ainda girava. Talvez pelas bebidas, ou apenas porque a adrenalina ainda não tinha baixado totalmente.

Dormi. Na verdade não imaginei que ia ser tão fácil, mas soi tão simples, eu deitei e acordei apenas no dia seguinte.

Acompanhei as garotas até a porta enquanto ouvia o quanto a noite tinha sido perfeita. Não queria ficar em casa. Ou em qualquer lugar que me deixasse pensar, para ser completamente sincera. Que droga, por que eu não podia voltar a ser a Blair Bitch que não se importa com ninguém e não tem uma única pessoa no pensamento por mais de 30 segundos?

Me vesti com roupas pesadas, pois estava nevando em NY, e fui até o Central Park de táxi. Parei na frente do lago e vi os patos. Livres, não tem que enfrentar julgamentos. Sim, eu estou no fundo do poço. Falando coisas piegas, desejando ser como os patos do Central Park, mas o que interessa?

- Blair? – Me virei e vi o Nate, parado com a neve nos cabelos.

- Ah, oi. – Tentei sorrir.

- Você está assim por causa dele, não está? – Ele perguntou se aproximando.

- Não, é claro que não. – Joguei mais um pedaço de pão e tentei me distrair com a luta dos patos pelo pedaço do pão e torci para lágrimas não escorrerem pelos meus olhos.

- B.,  eu estou disposto a esperar até você superar tudo isso. Eu ainda te amo. – Nate... como eu queria que ele tivesse me dito isso há alguns anos. Ele me beijou. A neve, o beijo, ele... tudo perfeito. Se tivesse acontecido há anos atrás.

- Desculpe Nate, eu ainda não posso. – Eu disse quando nos afastamos.

- Eu sei disso. E já disse que vou esperar. – Ele disse com um sorriso calmo no rosto enquanto murmurei um obrigado.

Voltei para casa, em pânico. Não sabia o que fazer, como fazer. Não sabia como encarar o Chuck, ou qualquer um para ser sincera. Mas tinha uma pequena noção do que fazer.

Chuck Bass

Aquela merda de beijo não saia da minha cabeça. Por mais que eu tentasse, ele continuava lá. Ouvi meu celular tocar e estiquei a mão num movimento automático.

“Olá crianças! Parece que flashback está na moda. E já temos adeptos dessa nova moda aqui no Upper East Side. Esse post trás fortes emoções. Vai fazer alguns queixos caírem e alguns corações se partirem. Então, se você é Chuck Bass, Serena van der Woodsen ou Jenny Humphrey, não leia esse post.

Uma das minhas fontes, me mandou isso:

Flagrados no Central Park: Nate e Blair tendo um acerto de contas. Parece que o nosso It Couple está de volta.

Não acreditam? Aqui está a prova:

Bem, eu avisei C., S. e J.

XOXO. Gossip Girl.”

Joguei o celular na parede. Conseqüência? Mil pedaços de plástico espalhado pelo quarto.

- QUE MERDA! QUE MERDA! – Passei a mão pelo hack derrubando e quebrando tudo que via pela frente. Ela não pode fazer isso comigo, não pode. Sai sem pensar. Meu destino? A casa da Blair. Ela ia ter que me ouvir dessa vez.

- Quem é? – um homem atendeu a campainha.

- É Chuck Bass, eu preciso falar com a Blair. – eu disse esmurrando a parede.

- Ela não está. Volte mais tarde. – Dei um soco mais forte. Ela estava, ela tinha que estar.

- Eu sei que ela está ai. Eu sou Chuck Bass, até você deve saber o que isso significa. – Estava perdendo a pouca paciência que eu tinha.

- Não posso fazer nada senhor... – eu estava pronto para arrombar a porra do portão quando uma vozinha feminina com um sotaque conhecido tomou o interfone.

- Entre senhor Bass. – Dorota disse enquanto o portão se abria

Ela me recebeu no hall e sua face era preocupada.

- Eu sei que como todos por aqui o senhor lê Gossip Girl. – Ela sabia da existência da Gossip Girl? – E eu vi o último post, o que explicou muito sobre a atitude da senhorita Blair.

- Que atitude? – ela se virou e pegou um recibo.

- Essa. – Ela me passou a pequena folha

 

"AirFrance

 

Passagem para Paris/França

Voo: 6475

Horário: 12:00

 

A AirFrance linhas aéreas agradeçe

a sua compra"

 

- Por favor, não deixe ela fazer essa besteira, eu não consegui fazer ela desistir. Você é o único que pode. - Ela parecia nervosa. Falou algo que começou com " Na Polônia" e terminou com "Então eu vim para a América" mas não tinha tempo para prestar atenção.

Olhei no relógio e descobri que tinha exatos 30 minutos para atravessar Nova York numa segunda-feira e impedir que a Blair fugisse. Eu não ia deixar ela fugir de mim de novo.