Tempo Ruim escrita por helenabenett, Lyra Parry


Capítulo 15
Meio Psicopata


Notas iniciais do capítulo

É impressionante como eu nunca faço nada
É sempre a confusão que vem até aqui
Falo isso para o meu psiquiatra
Mas é claro, ele não entende



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— E aí, Luke, tudo bem? Amei aquela série de exercícios que você me passou, mano. Tu deveria fazer é educação física em vez de engenharia.

—Que isso, brother – diz um embaraçado Luke – Estou aqui é para ajudar mesmo.

—E o grupo de lutas? Estava pensando em entrar... Tem muitas gatinhas por lá?

—Nem de longe. Só tinha uma moça muito linda. Sua amiga, aliás.

—A Maga não está no grupo de lutas mais?

—Não. – Disse o rapaz tristemente.

—Mas ela parecia gostar tanto... Sabe o que houve?

—Ela não assumiu, mas acho que foi por minha causa.

—O que você fez?

—Você é um rapaz bem curioso.

—Ela é minha amiga, sabe? Mas é muito fechada. Notei que ela estava triste, imaginei que você a tinha deixado. Foi o que houve, não foi?

—Foi o contrário, meu amigo.

—Estranho, ela parecia estar completamente apaixonada por você. Nunca a ouvi  falar tão bem de um rapaz.

—Estranho, você disse que ela era muito fechada, agora diz que ela vivia falando de mim. –Disse o rapaz rindo, mas com uma certa malicia.

Cebola amaldiçoou-se internamente. Não era como manipular garotas tolas, ele era um homem inteligente. Deveria ser tratado como tal.

—Isso só demonstra o quanto ela gostava de você. Mesmo sendo tão fechada e cautelosa ela não perdia uma oportunidade de te enaltecer.

—Então, por que ela me deixou?

—Pensei que tivesse mais experiência com mulheres, Luke. Ela quer que você vá atrás dela, insista. Mulheres amam atenção, adoram nos fazer de cachorrinhos...

—Não acho que a Maga seja esse tipo de mulher.

—E mulher lá tem tipo, Luke? Tem coisas que são intrínsecas delas.

—Por que está me incentivando a ir atrás dela? Pensei que fosse amigo do Cassio, e é óbvio que ele é louco por ela.

—O Cascão? Não me faça rir. Eles são como irmãos, por isso ele morre de ciúmes dela. Você sabia que ele está solteiro há quase dois meses? E ouviu falar de algo entre os dois? Isso é picuinha que as mina fofoqueira faziam pra se divertir, por que a ex namorada dele era quase uma psicopata de tão ciumenta. Os dois nunca tiveram nada.

Luke já tinha visto os dois juntos. Vira nos olhos de Maga a paixão que esta sentia pelo sujinho e pode ver de perto, igualmente, a paixão do rapaz. Porém, apesar de sua razão dizer que por algum motivo tolo Cebola ou o estava enganando ou estava enganado, seu coração lhe dizia que devia ir atrás da Magali. Deveria tentar mais uma vez. E se o que ele via entre ela e o Cassio fosse apenas fruto de seu ciúme? E Maga não valia, de qualquer forma, a luta? Quando a moça o dispensou ele cordialmente beijou sua mão, deu as costas e nunca mais retornou. Certamente não foi inteligente se retirar do campo de batalha tão facilmente. Não. Ele ia tentar pelo menos mais uma vez.

—Poxa, Cascuda... Você melhorou muito nesse negócio de corrida– disse um arfante Cebolinha.

—Pois é, Cê. Agora eu tenho muito mais tempo– disse a moça tristemente.

—E o Cascão também. Por que vocês terminaram mesmo?

—Eu não quero falar sobre isso. Quanto mais com você.

Eles se sentaram no parque. Cascuda estranhara o pedido de Cebola para correr no parque com ela. Cê não era nada atlético e certamente não tinha nenhum apreço particular por ela. Ele sempre fora cordial, mas nunca tentara ser mais do que amigo do seu namorado. O que ele poderia querer com ela agora?

—Se lembra de quando você o deixou?

Maria ruborizou-se. Será que Cassio havia contado o motivo? É bem provável, afinal, ele sempre contara tudo ao Cebola. Ela não se dignou a responder.

—Sabe, Maria, queria ouvir sua versão dessa história. Afinal eu conheço apenas o lado do Cascão. Você sabe que ele me contou, ele sempre me conta tudo...–Disse o rapaz com um sorriso confiante.

—Que importância teria isso agora?

—Toda a importância. O que o Cascão está vivendo agora é muito similar. E além do mais, Maria, que diferença faz agora conversarmos sobre isso? Talvez você se sinta melhor, talvez eu possa lhe ajudar. Confie em mim.

Maria realmente precisava desabafar. Ela não tinha muitas amigas, e era orgulhosa demais para conversar com as poucas que tinha. E além do mais, o rapaz já sabia de tudo. Pelo menos ele conheceria o seu lado da história.

—Como você sabe, eu o deixei por outro homem. O nome do rapaz em questão era Lucas. Sabe, ele era lindo. Um homem negro, alto e sedutor. Tinha uma voz máscula e forte – ela olhou para seu interlocutor que não parecia nem um pouco constrangido ou impressionado com tais declarações– ele era bem intenso, sabe?  Um pouco grosso, mesmo, mas tinha um grande coração. Às vezes eu acho, que ainda sou apaixonada por ele Cê. Apesar de tudo, eu ainda não o esqueci. Talvez, nunca esqueça. A coisa toda foi muito simples, entende? Eu o conheci e em pouquíssimo tempo ele já havia roubado totalmente meu coração do Cassio. Eu... Eu pelo menos tive mais coragem que ele. No dia em que tive certeza que estava apaixonada pelo Lucas eu já me dirigi ao Cas e terminei tudo. Fui sincera: “Estou te deixando por outro homem” e foi só. Eu fiquei um tempo com o Lucas. Aqueles meses que fiquei fora da turma, que todos pensavam que era por causa do Cas, mas na realidade... Eu estava vivendo  uma loucura de amor que não me sobrava tempo para mais nada. Só que eu sou uma mulher muito ciumenta, Cê. E o Lucas não é do tipo e nunca será do tipo de homem que se conforma em ter só uma mulher. Isso me doía muito. Ele tentava esconder o máximo que podia de mim, para não me magoar, por que sei que no fundo ele também me amava. Mas ele não podia ficar só comigo, não conseguia, e eu até sei que ele tentou. Por fim, depois de muitas cenas, ele decidiu que era melhor que nos separássemos. – A moça terminou a narrativa com lágrimas nos olhos.

O rapaz a enlaçou em um abraço calmo, até que os soluços terminassem e os olhos da moça secassem.

—Eu deixei o Cas, você entende? Um homem bom, que me amava, por um rapaz que não conseguia ficar mais que dez minutos longe de um rabo de saia. Eu magoei o Cascão profundamente e nunca me perdoarei por isso.

—E o que o Cascão fez quando notou sua tristeza e sua solidão?

—Ele... Ele veio atrás de mim. Consolou-me sem nenhuma segunda intenção. Disse-me que o Lucas era um babaca que não merecia minhas lagrimas. Ele cuidou de mim, das minhas feridas e nunca esperou nada em troca.

Aquela declaração trouxe mais uma torrente de lágrimas que foram pacientemente consoladas por Cebolinha.

—Sabe Maria... Você notou que o Cas não está com a Maga, não notou? Apesar das declarações que ele fez a você, aparentemente o que ele sente pela Magrela não é correspondido. Você sabe que se fosse, ele teria me contado. O Cassio está sozinho e arrasado como você estava quando o Lucas lhe deixou. Mas ele não tem nem ao menos o consolo que você teve sabendo que o rapaz lhe correspondia. A única coisa que ele tem é a tristeza e a solidão. Ele precisa de você, Maria. Como você precisou dele. Você o deixara na mão?

—Nunca. Obrigada, Cê. Sempre pensei que você era um babaca egoísta. Acho que no fundo eu sempre estive errada.

O rapaz limitou-se a sorrir.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários gente! Logo estou postando mais. :D



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